A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, pediu demissão nesta terça-feira em uma carta destinada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), Bazileu Margarido, e o presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e secretário-executivo do ministério, João Paulo Capobianco, também se demitiram.
Em sua carta de demissão, Marina Silva destaca que sua saída tem caráter "pessoal e irrevogável", mas também alegou dificuldades enfrentadas "há algum tempo".
"Essa difícil decisão, sr. Presidente, decorre das dificuldades que tenho enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental federal", escreveu Marina Silva.
A ministra não fornece detalhes sobre as dificuldades, mas lembra que durante os anos em que ocupou a pasta, o presidente foi "testemunha das crescentes resistências encontradas por nossa equipe junto a setores importantes do governo e da sociedade".
"As difíceis tarefas que o governo ainda tem pela frente sinalizam que é necessária a reconstrução da sustentação política para a agenda ambiental", afirmou.
Leia também na BBC Brasil: Saída de ministra 'faz parte do jogo administrativo', diz Nelson Jobim
De acordo com a assessoria de imprensa do governador Sérgio Cabral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria pedido e recebido a permissão para convidar para o cargo o secretário do Rio de Janeiro, Carlos Minc. O Planalto não confirma.
Choques
Na semana passada, o Programa da Amazônia Sustentável (PAS) foi criticado por ambientalistas por, de acordo com eles, não trazer novidades importantes em relação à defesa da floresta amazônica e dar mais espaço a obras do que à preservação.
A coordenação do programa foi entregue ao ministro dos Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger.
Recentemente, Marina Silva se envolveu também em uma polêmica pública com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, que defendera a expansão do plantio de cana em áreas degradadas da Amazônia.
Em 2006, a área da ministra já havia sido alvo de críticas pela suposta lentidão do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) na concessão de licenças ambientais para obras de infra-estrutura.
Na época, ela disse à BBC considerar "errada" a idéia de tornar o Ibama mais flexível para facilitar o desenvolvimento econômico.
Repercussão
Na opinião do professor da London School of Economics (LSE), Anthony Hall, pesquisador de questões ligadas à floresta amazônica há mais de 20 anos, a saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente afeta a imagem que o mundo tem do Brasil no que diz respeito às questões ambientais.
"Eu acho que sua saída vai ser interpretada como um enfraquecimento da preocupação do governo com o meio ambiente e com a conservação da floresta", afirmou Hall em entrevista à BBC Brasil.
O WWF-Brasil (Fundo Mundial para Natureza) lamentou a saída de Marina Silva do ministério.
"Trata-se de uma clara demonstração de que a área ambiental não tem espaço no atual governo", afirmou Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil.
Para ONG The Nature Conservancy no Brasil a saída de Marina Silva poderá aumentar a pressão externa contra a produção de biocombustíveis.
Segundo a representante da ONG no Brasil, Ana Cristina Barros, em um momento em que o país está na agenda internacional por conta das críticas ao avanço da agricultura para a produção de etanol, "a indicação de que o Brasil vai fragilizar as regras ambientais vai ser muito percebida".
Já os produtores rurais ouvidos pela BBC Brasil esperam que a demissão da ministra Marina Silva melhore o diálogo do setor produtivo agrícola com a área de meio ambiente do governo.
"Espero que quem assumir estabeleça um diálogo. O Brasil não pode abrir mão da sua vocação para produzir alimentos", disse o deputado Homero Pereira (PR), presidente licenciado da Famato (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso).
"Ela era muito radical, tinha tudo para fazer uma boa gestão, o setor sempre esteve pronto (para dialogar), mas o diálogo era impossível", disse Glauber Silveira, presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja do Mato Grosso).
Considerada um símbolo da luta pela conservação da floresta amazônica, Marina Silva tem uma imagem positiva no exterior.
Em janeiro deste ano, a ministra chegou a ser citada pelo jornal britânico The Guardian em uma lista das "50 pessoas que podem ajudar a salvar o planeta".
Fonte: BBC Brasil
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