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terça-feira, novembro 30, 2021

Programa conecta estudantes de baixa renda que desejam ingressar na faculdade com doadores interessados em transformar o futuro desses jovens

"Apadrinhe um Aluno" é uma iniciativa da Kroton, detentora da Unime, que visa democratizar o acesso à educação superior



Novembro de 2021 - Em comemoração ao Dia de Doar, celebrado nesta terça-feira (30), a Kroton, detentora da Unime, apresenta o seu projeto social "Apadrinhe um Aluno". O objetivo é realizar o apadrinhamento de jovens que sonham em estudar e ter uma profissão, mas que não possuem condições para financiar uma graduação em uma instituição privada.

Para tornar o acesso à educação uma realidade, o programa conecta pessoas interessadas em contribuir com a transformação do país por meio educação e amplia as oportunidades de jovens de baixa renda a ingressarem no ensino superior por meio da Ampli - edtech da Kroton, que oferece cursos 100% digitais no conceito mobile first. Com apenas R﹩ 5 reais por dia, o doador pode financiar um período pré-definido de estudos (18 meses, 2 anos ou 3 anos) ou também estipular um valor fixo de doação, por meio de pix, cartão de crédito ou boleto bancário. Além disso, é possível também indicar uma pessoa para receber a graduação.

Atualmente, 32 milhões de brasileiros estão fora do ensino superior, sendo que apenas 21,4% de jovens entre 18 e 24 anos estão matriculados em cursos de graduação, de acordo com os dados do IBGE. "A missão da Kroton é levar a muitos a transformação que é acessível a poucos, e o Apadrinhe o Aluno faz parte dos nossos esforços para cumprir esse dever. Nós sabemos que a educação é a única forma de termos um país mais justo e menos desigual, e é por meio dela que conseguimos mudar a realidade de jovens que não possuem condições financeiras favoráveis para iniciar os estudos, e contribuímos para transformar a trajetória de suas vidas e família", comenta Leonardo Queiroz, vice-presidente de crescimento da Kroton, detentora da Unime.

Segundo dados do IBGE, a taxa de desemprego entre pessoas com ensino superior é de 6%, contra 14% do trabalhador sem diploma. Para apoiar os estudantes na jornada de formação profissional, o modelo acadêmico da Kroton, detentora da Unime, integra competências alinhadas às demandas do mercado de trabalho, que são mapeadas continuamente mediante pesquisas e engajamento com empregadores. Além de fornecer uma ferramenta de empregabilidade exclusiva para os alunos que disponibiliza vagas de emprego em diversas empresas e conteúdos que visam capacitar os candidatos para que tenham maiores chances de contratação.

Para mais informações do projeto e para realizar doações acesse: Doe Ampli .

Sobre a Unime

Fundada em 2000, a União Metropolitana para o Desenvolvimento da Educação e Cultura (Unime) já transformou a vida de milhares de alunos, oferecendo educação de qualidade e conteúdo completo ao aluno em seus cursos de graduação, pós-graduação, extensão, presencial ou a distância.

Presente no estado da Bahia, a Unime presta inúmeros serviços gratuitos à população por meio dos Núcleos de Prática Jurídica, Hospital Veterinário, Clínicas-Escola de Odontologia, Fonoaudiologia, Fisioterapia e Nutrição, locais em que os acadêmicos desenvolvem os estudos práticos. Focada na excelência da integração entre ensino, pesquisa e extensão, a Unime oferece formação de qualidade e tem em seu DNA a preocupação em compartilhar o conhecimento com a sociedade também por meio de projetos e ações sociais. Em 2010, a Unime passou a integrar a Kroton. Para mais informações, acesse o site e o blog da Unime.


Sobre a Kroton


A Kroton nasceu com a missão de transformar a vida das pessoas por meio da educação, compartilhando o conhecimento que forma cidadãos e gera oportunidades no mercado de trabalho. Parte da holding Cogna Educação, uma companhia brasileira de capital aberto dentre as principais organizações educacionais do mundo, a Kroton leva educação de qualidade a mais de 936 mil estudantes do ensino superior em todo o País. Presente em 1.672 municípios, a instituição conta com 131 unidades próprias, sob as marcas Anhanguera, Pitágoras, Unic, Uniderp, Unime e Unopar e é, há mais de 20 anos, pioneira no ensino à distância no Brasil. A Kroton possui a maior operação de polos de EAD no país, com 2.259 unidades, e oferece no ambiente digital 100% dos cursos existentes na modalidade presencial. Com a transmissão de mais de 1.000 horas de aulas a cada mês em ambientes virtuais, a Kroton trabalha para oferecer sempre a melhor experiência aos alunos, apoiando sua jornada de formação profissional para que possam alcançar seus objetivos e sonhos. Para mais informações acesse Kroton .

Contatos para a imprensa:

Ideal H+K Strategies

Atendimento PR: Juliete Neves

Telefone: (71) 99271 7248

Vereador é preso em flagrante por tentativa de feminicídio em Fortaleza

 

Blog da Noelia Brito


Posted: 30 Nov 2021 03:49 AM PST



Foto: Reprodução 


O vereador de Fortaleza Ronivaldo Maia (PT) foi preso em flagrante na tarde desta segunda-feira, 29, suspeito de tentativa de feminicídio contra uma mulher de 37 anos. Há quatro dias o vereador havia divulgado um vídeo pelo fim da violência contra a mulher

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, a Polícia Militar recebeu informações de que um casal discutia dentro de um veículo, em uma das ruas do bairro Conjunto Ceará, quando a mulher, de 36 anos, saiu do automóvel, e o parlamentar teria acelerado o carro passando por cima da vítima, conforme informações de testemunhas.

A mulher foi socorrida por familiares. Já o vereador foi localizado, pela composição policial, em um posto de combustível ainda no Conjunto Ceará.

Ronivaldo Maia foi conduzido para a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Fortaleza. A equipe de policiais civis foi ao hospital para onde a mulher foi levada e realizou investigações para identificar testemunhas do fato.

O vereador publicou, há apenas quatro dias, um vídeo fazendo campanha pelo fim da violência contra mulheres. Em vídeo no último dia 25, o político discursa Câmara Municipal de Fortaleza (CMFor).

"Neste dia, anualmente lançamos a campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, observados sob a égide da campanha do secretário-geral da ONU “UNA-SE pelo Fim da Violência contra mulheres, observados sob a égide da campanha do secretário-geral da ONU 'UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres até 2030'", escreveu no Instagram.

A assessoria do parlamentar disse, em nota que "Ao longo de sua trajetória, o vereador carrega em uma de suas principais bandeiras a defesa da mulher. Lembramos que o parlamentar luta pelos direitos das mulheres, em especial nas que sofrem violência doméstica. Tendo inclusive diversos projetos de lei nesse sentido”.

PF cumpre mandados em Serrinha em combate a supostos desvios na saúde

PF cumpre mandados em Serrinha em combate a supostos desvios na saúde
Foto: Divulgação / PF

A Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação para combate do desvio de verbas federais destinadas a ações de enfrentamento à pandemia da Covid-19. Ao todo são cumpridos 12 mandados de busca e apreensão, sendo sete em Serrinha, na região sisaleira; além de Manaus (AM) e Araranguá (SC). Durante a ação, os agentes fizeram buscas na residência do prefeito Adriano Lima.

 

Denominada de Saturação, a operação começou em novembro do ano passado quando foi descoberto um grupo de agentes públicos municipais que teria desviado milhões de reais ao permitir, de forma dolosa, que o Município de Serrinha, mediante dispensa de licitação, contratasse, por três vezes, uma empresa de fachada formalmente sediada em Manaus.

 

Conforme a PF, já em março de 2020, a empresa manauara foi contratada pela prefeitura de Serrinha por duas vezes: a primeira para fornecer monitores paramétricos de sinais vitais e bombas de infusão, e a segunda para fornecer ventiladores pulmonares. Em abril de 2020, ela foi novamente contratada, dessa vez para fornecer máscaras de proteção facial.

 

Feita em parceria com a Controladoria Geral da União (CGU), a operação identificou superfaturamento dos produtos supostamente fornecidos pela empresa de Manaus, além de fortes indícios de fraude nas três dispensas de licitação abertas pelo Município de Serrinha. Quanto aos ventiladores pulmonares e bombas de infusão, contratados por R$ 724 mil, os investigadores apuram se os equipamentos foram efetivamente entregues ao município.

 

Em nota, a PF informou que “até o presente momento, diante da indisponibilidade de informações e documentos, desconhecem-se as marcas, as especificações, o estado de conservação e até mesmo a quantidade de ventiladores supostamente fornecidos pela empresa contratada". "Não há, portanto, como se aferir se houve sobrepreço”, declarou.

 

Em relação aos monitores multiparamétricos, apurou-se um sobrepreço de 446,27% e suspeita de uso de empresa “noteira” para inflar o valor dos produtos. Quanto às máscaras, apurou-se um sobrepreço de 118%.

 

Os crimes investigados são fraude à licitações e sobrepreço/ superfaturamento, crime de responsabilidade, corrupção passiva e ativa. Os mandados judiciais foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região e outra parte expedida pelo Juízo da 3º Vara Criminal Federal de Feira de Santana.

Bahia Notícias

Nota da redação deste Blog

África do Sul confirma que indicação de Crivella para embaixada foi retirada pelo governo brasileiro

 




Pedido seguia sem resposta há cinco meses. Diplomatas consultados pelo RJ2 dizem que quando um pedido fica sem resposta, é porque o indicado não foi aceito pelas autoridades do outro país.

Por Erick Rianielli

O presidente Jair Bolsonaro retirou a indicação do ex-prefeito do Rio Marcelo Crivella (foto), do Republicanos, ao cargo de embaixador na África do Sul. A informação foi antecipada pelo jornal Folha de São Paulo e confirmada pelo RJ2.

A informação foi confirmada por meio de uma nota da embaixada da África do Sul, que disse ter recebido uma nota do governo brasileiro retirando o pedido de agrément para Crivella fosse aceito como embaixador.

O Palácio do Itamaraty esperava uma resposta da África do Sul desde junho, o chamado agrément, um consentimento para que um determinado diplomata estrangeiro seja nomeado e comece a trabalhar em outro território.

Diplomatas dizem que quando esse pedido fica sem resposta, é porque o indicado não foi aceito pelas autoridades do outro país.

Depois de cinco meses sem resposta, o governo brasileiro então, retirou a indicação de Crivella, e ele não vai pra África do Sul.

O RJ2 procurou a assessoria do ex-prefeito Marcelo Crivella, que não quis se posicionar.

O Ministério das Relações Exteriores disse que não se manifesta sobre pedido de agrément antes de sua concessão por governo estrangeiro. O governo brasileiro também não informou um novo nome para ser embaixador na África do Sul.

RJ2 / G1

Ministérios e corrupção




O que impede que coalizões não degenerem em acordos escusos?

Por Marcus André Melo (foto)

Duas manchetes —uma internacional, outra doméstica— dão o mote para uma coluna sobre a formação de governos em contextos multipartidários. A primeira: "Alemanha finalmente escolhe o sucessor de Merkel". Pela primeira vez o país terá uma "coalizão semáforo" com três partidos: SPD, Verdes e Liberais (FDP). A segunda: "Minha reeleição na Câmara não depende da reeleição de Bolsonaro, diz Lira".

Sob o parlamentarismo, a formação de governos tipicamente envolve acordos formais programáticos como também a divisão de pastas ministeriais, como mostrei neste espaço em 14/2. Nos casos em que não se formam maiorias, o governo continuará minoritário, mas alguns partidos fora da coalizão assinam acordo de não obstrução, garantindo a investidura.

O acordo tem 155 páginas e levou 32 dias para ser forjado; deverá ser ratificado em convenções pelo SPD e FDP e pelos afiliados dos Verdes. Ele estabelece uma repartição dos 16 ministérios: sete para o SPD, cinco para os Verdes e quatro para o FDP. O FDP jogou mais uma vez como kingmaker: com 11% das cadeiras, exigiu a pasta mais importante, a das Finanças. A economia foi o pomo da discórdia, como em 2017, quando o FDP se retirou da negociação depois de 171 dias por discordância sobre como conduzi-la.

Sim, é claro que em sistemas presidencialistas, o(a) chefe do Executivo não depende do Legislativo nem para investidura no cargo nem para sobrevivência nele. Mas um divórcio completo só emerge em casos excepcionais. Apenas quando o(a) presidente opta por governar sem uma coalizão formal e sem uma agenda de governo é que o divórcio se instala. Afinal, o Executivo dispõe de um arsenal de instrumentos para a formação de maiorias, inclusive a distribuição do portfolio ministerial entre os partidos que lhes dão sustentação parlamentar. Como na Alemanha.

A principal clivagem entre nós é governo versus oposição; não é entre partidos. O presidente sequer tem partido, algo inconcebível nas democracias.

A questão então é por que esses acordos têm degenerado entre nós em arranjos predatórios e não estão ancorados em contratos programáticos?

A explicação é obviamente complexa e há muitas variáveis envolvidas, mas duas são fundamentais: os partidos e as instituições de controle latu senso. Em democracias como a Alemanha, estas não só punem os desmandos como têm efeito dissuasório sobre a prática de delitos. Quando são efetivas, elas eliminam o chamado problema de ação coletiva da corrupção: o incentivo à prática de atos ilícitos quando se assume que todos os demais atores do jogo também o farão.

O pior dos mundos é quando postos destas instituições entram na barganha política.

Folha de São Paulo

O labirinto da pornografia

 



Da espiral da dependência de conteúdos pornográficos brotam terríveis patologias sociais: violência, abuso sexual, pedofilia. 

Por Carlos Alberto Di Franco (foto)

A pornografia é um negócio poderoso e devastador. Causa dependência, desestrutura a afetividade, desestabiliza a família e passa uma pesada conta no campo da saúde mental. Mas o mais grave, de longe, é a estratégia de “mesmitificação” do material pornográfico. Eliminou-se o carimbo de proibido. Deu-se ao conteúdo pornográfico um toque de leveza, de algo sexy e divertido. Na prática, no entanto, a pornografia tem a garra da adicção e as consequências psicológicas, afetivas e sociais da dependência mais cruel. Joga o usuário num labirinto sombrio. Na era da internet, a pornografia invadiu computadores, implodiu relacionamentos e algemou muita gente. A pornografia produz uma imagem cínica do amor e transmite uma visão da sexualidade como puro domínio do outro.

Norman Doidge, importante psiquiatra canadense, tem tratado do tema com clareza e realismo. Mostrou, por exemplo, o que acontece no cérebro do consumidor assíduo de pornografia. A repugnância inicial aos conteúdos pornográficos, fruto dos naturais filtros morais, vai cedendo espaço ao acostumamento. O usuário demanda uma dose cada vez maior e mais “sofisticada” para obter os mesmos resultados. É a espiral da dependência. E dela brotam terríveis patologias sociais: violência, abuso sexual, pedofilia.

Frequentes denúncias de pedofilia na internet demonstram que a rede está se transformando no principal meio de aliciamento e exploração sexual de crianças. Apesar de proibidas pelas legislações, imagens de crianças em cenas de sexo pipocam constantemente na internet.

Abusadores criminosos põem à disposição do público arquivos com fotos pornográficas. Depois de localizadas, elas passam a circular entre usuários da rede e até em locais que poderiam ser considerados públicos. A crescente presença da pornografia infantil tem chocado a sociedade.

O problema, independentemente da justa indignação da opinião pública, não é de fácil solução. Envolve, de fato, inúmeras dificuldades de caráter político e operacional. Um mundo que não é capaz de estabelecer uma política unitária no combate às drogas dificilmente conseguirá desenhar uma plataforma comum na guerra à pornografia.

Na verdade, medidas preventivas são bastante limitadas. Policiar um sistema tão vasto e com tantos recursos técnicos seria uma tarefa extremamente cara e de resultados incertos. Embora seja possível bloquear o acesso aos sites publicamente conhecidos como pornográficos, os programas de filtros, apresentados como uma alternativa para impedir o acesso às páginas inconvenientes, diminuem o problema, mas não bloqueiam a perversa criatividade dos delinquentes do ciberespaço.

Algumas medidas, no entanto, podem e devem ser adotadas. A Polícia Federal tem feito um trabalho excelente, responsável e competente. A frequente identificação e prisão de predadores da internet é alentadora. Os responsáveis pela divulgação de pornografia infantil, racismo, publicidade de drogas ou outros crimes devem ser rigorosamente punidos. Denunciar é um dever.

Afinal, a rede mundial não pode ser transformada num instrumento da patologia e do crime.

Mas a raiz do problema, independentemente da irritação que eu possa despertar em certas falanges politicamente corretas, está na onda de baixaria e vulgaridade que tomou conta do ambiente nacional. Hoje, diariamente, na televisão, nos outdoors, nas mensagens publicitárias, o sexo foi guindado à condição de produto de primeira necessidade.

Atualmente, graças ao impacto da TV e da internet, qualquer criança sabe mais sobre sexo, violência e aberrações do que qualquer adulto de um passado não tão remoto. Não é preciso ser psicólogo para que se possam prever as distorções afetivas, psíquicas e emocionais dessa perversa iniciação precoce. Com o apoio das próprias mães, fascinadas com a perspectiva de um bom cachê, inúmeras crianças estão sendo prematuramente condenadas a uma vida “adulta” e sórdida. Promovidas a modelos e privadas da infância, elas estão se comportando, vestindo, consumindo e falando como adultos. A inocência infantil está sendo impiedosamente banida. Por isso, a multiplicação de descobertas de redes de pedofilia não deve surpreender ninguém. Trata-se, na verdade, das consequências criminosas da escalada de erotização infantil promovida por alguns setores do negócio do entretenimento.

Os problemas levantados pelo mau uso da internet, embora gravíssimos, são infinitamente menores que os benefícios trazidos por este notável canal de aproximação dos povos, de democratização dos conhecimentos e de globalização da solidariedade. Seus desvios não serão resolvidos por meio de ineficazes tutelas governamentais. Você, e só você, pode defender sua família.

Chegou para a família a hora do diálogo, da formação e do protagonismo responsável. A educação para o exercício da liberdade é o grande desafio dos nossos dias. A aventura da liberdade responsável, desguarnecida de ilusórias intervenções do Estado, acabará gerando uma sociedade mais consciente e amadurecida.

O Estado de São Paulo

Recordando Holodomor e celebrando a democracia liberal




Recordar a tragédia do Holodomor implica recordar as trágicas consequências do totalitarismo soviético. Por contraste, implica também celebrar a democracia liberal — assente na recusa do estado total. 

Por João Carlos Espada, professor 

1 Realizou-se na passada quarta-feira, 24 de Novembro, na Universidade Católica Portuguesa, um debate sobre a tragédia do Holodomor, a fome premeditadamente produzida em 1932-33 na Ucrânia pelo regime comunista soviético que gerou milhões de mortes. A iniciativa contou com a colaboração do Instituto + Liberdade, dirigido por Carlos Guimarães Pinto, que trouxe à Universidade Católica a exposição itinerante internacional “Totalitarismo na Europa” — inaugurada em Portugal no Palácio da Bolsa, no Porto, em Agosto, depois na Universidade de Coimbra, agora aberta ao público na Católica de Lisboa, graças ao generoso Anfitrião, Paulo Pinto, professor da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica e director do Cultura at Católica.

O debate, num vasto auditório totalmente preenchido, contou com eloquentes intervenções de Carlos Guimarães Pinto, Aline Beuvink, Rita Seabra Brito, João Pereira Coutinho e José Miguel Sardica. Não seria possível resumir aqui a riqueza e profundidade das intervenções então apresentadas.

2 Mas talvez seja possível recordar aqui que esta evocação da tragédia do Holodomor foi inserida numa Aula Aberta da cadeira de Mestrado e Doutoramento do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica intitulada “Tradition of Liberty” (que tenho o prazer e privilégio de leccionar). Trata-se de uma cadeira sobre ideias políticas — história das ideias políticas, sobretudo, embora não exclusivamente, no século XX. Não se trata, por isso, de uma cadeira de História dos acontecimentos políticos do século XX.

No entanto, no centro da cadeira “Tradition of Liberty” sobre as ideias políticas está a premissa fundamental de que as ideias têm consequências. E as ideias políticas têm e tiveram retumbantes consequências políticas — algumas delas simplesmente trágicas.

3 Não é por isso por acaso que a cadeira “Tradition of Liberty” começa com um primeiro capítulo, designado “The Total State vs. Liberal Democracy”, dedicado ao “Manifesto Comunista” de Marx e Engels publicado em 1848; em seguida ao artigo de Benito Mussolini na Enciclopédia Italiana, em 1932, sobre “A doutrina do fascismo”; e, finalmente, à conferência de Carl Schmitt, de 1931, sobre “Quando o Parlamento não pode ser soberano”.

Estes três textos, que são apresentados na íntegra aos alunos e não através de interpretações pessoais do docente, convergem na defesa do que os próprios autores designaram como “Estado Total”: a ditadura do proletariado, na expressão de Marx e Engels; o ‘estado totalitário’, na designação de Mussolini; o ‘estado total’, na designação de Schmitt. Todos estes autores escreveram contra a democracia liberal, que apelidaram de “burguesa, oligárquica e capitalista”. E todos eles defenderam como alternativa um ‘estado total’.

4 Esta ideia do ‘estado total’ traz-nos de volta à tragédia do Holodomor. Trata-se de uma das mais chocantes expressões de como as ideias têm consequências. A fome na Ucrânia nos anos 1932-33 não foi resultado de causas naturais. Ela foi inteiramente provocada pela vontade política em nome de uma ideia — a ideia de destruição da propriedade privada, em nome da imposição de um novo modo de produção colectivista, alegadamente ditado pelo rumo inexorável da história e cientificamente interpretado pelo novo estado total, a ditadura do proletariado, liderada pela sua vanguarda, o partido comunista.

5 É incontornável recordar aqui o filósofo austro-britânico Karl Popper (1902-1994), um dos mais devastadores críticos dos totalitarismos, da chamada esquerda e da chamada direita, (também ele incluído na cadeira “Tradition of Liberty”). Disse Popper sobre Karl Marx que o dogmatismo ideológico marxista assentava na teoria alegadamente científica de que a história tinha um sentido pré-determinado — o comunismo — que Marx teria decifrado. Popper mostrou que essa teoria não podia ser científica, uma vez que, não possuindo horizonte temporal definido, não admitia a possibilidade de ser refutada pelos factos.

Popper alertou em seguida para as devastadoras consequências (a)morais do historicismo marxista, alegadamente científico. Marx desprezara o papel das escolhas morais das pessoas, considerando-as uma ‘ilusão moralista e burguesa’. Os valores morais seriam meros produtos da época histórica e serviam apenas para justificar os interesses materiais das classes sociais.

Karl Popper argumentou em seguida que este alegadamente científico relativismo historicista abria caminho à tirania do capricho, ou da vontade liberta de qualquer escrúpulo moral, ou do estado total.

6 A tragédia do Holodomor foi uma terrível expressão de como as ideias têm consequências — e de como o chamado “socialismo científico” de Marx, Engels, Lenine e Staline destruiu todas as fronteiras morais.

7 Vale a pena recordar que, no dia seguinte ao evento sobre o Holodomor na Universidade Católica, ocorreu o 25 de Novembro — aniversário da restauração da democracia entre nós, em 1975, e, por coincidência este ano, também Thanksgiving Day na América — “Land of the Free, Home of the Brave”. As duas datas celebram a democracia liberal, assente na limitação do poder e na rivalidade civilizada entre pelo menos dois partidos rivais, um ao centro-direita outro ao centro-esquerda, sob o primado da lei.

Sintomaticamente, o Thanksgiving Day é agora contestado pela esquerda radical americana, que o acusa de “burguês, oligárquico e capitalista”. Entre nós, o 25 de Novembro é usualmente esquecido pela esquerda radical — que o acusa de “burguês, oligárquico e capitalista”. Mas há também agora entre nós cronistas auto-designados de “direita” (qual delas? seria útil perguntar), que acusam o 25 de Novembro de ter sido “burguês, oligárquico e capitalista” — e, ainda por cima, “de esquerda”.

Tal como os da extrema-esquerda, estes autores de uma auto-designada “direita” (qual delas?, volto a perguntar) argumentam que teria sido preferível ter havido em Portugal, em Novembro de 1975, um confronto entre extrema-esquerda e extrema-direita. Mário Soares, Sá Carneiro, Adelino Amaro da Costa, Ramalho Eanes, Ernâni Lopes e Aníbal Cavaco Silva felizmente salvaram-nos desses tribalismos terceiro-mundistas rivais.

8 E é de terceiro-mundismo que se trata, quando assistimos hoje à identificação do chamado “centro” como lugar de cobardia, ou como recusa da rivalidade entre partidos de centro-esquerda e de centro-direita. Nas democracias liberais ocidentais (por contraste com as pseudo-democracias do terceiro-mundo lideradas por “Generais Tapioca”), o “centro” não designa um partido nem uma coligação de partidos. Apenas designa um chão comum de acordo constitucional, sobre o qual necessariamente devem concorrer partidos rivais, um ao centro-direita, outro ao centro-esquerda.

Winston Churchill — um orgulhoso “burguês, capitalista e parlamentar” — explicou isso muito bem em Outubro de 1943 no discurso sobre a reconstrução do Parlamento britânico, entretanto destruído pelos bombardeamentos aéreos do ardentemente anti-burguês “nacional-socialismo dos trabalhadores alemães” (liderado pelo Cabo Hitler). O Parlamento britânico, disse Churchill, devia ser reconstruído na sua tradicional disposição rectangular, de forma a manter clara a sua função moderadora, pluralista, liberal e democrática: de um lado está o partido do Governo, do outro está o partido da Oposição — cuja principal missão consiste em controlar o Governo no Parlamento e em preparar-se para destituir o Governo vigente nas próximas eleições.

Por outras palavras, ambos rivalizam entre si e simultaneamente subscrevem entre si as ancestrais regras civilizadas da soberania do Parlamento. Por este duplo motivo — de rivalidade política e de convergência constitucional (dificilmente entendível pelos tribalismos do terceiro mundo dos Generais Tapioca) — o líder do Governo e o líder da Oposição lideram lado a lado a procissão dos deputados da (eleita) Câmara dos Comuns em direcção à (não eleita) Câmara dos Lordes, para assistirem ao Discurso da Rainha.

9 Para concluir, tenho o prazer de enfrentar a pergunta que Karl Marx, Benito Mussolini e Carl Schmitt (podíamos acrescentar Friedrich Nietzsche, para não ter de mencionar os menores Cabo Hitler ou os camaradas Lenine e Staline) dirigiram às democracias “burguesas, oligárquicas e capitalistas”: “Quem e em nome de quê definiu as regras das democracias burguesas, oligárquicas e capitalistas?”

A resposta do Ocidente — liberal, democrático, anti-autoritário — é basicamente pluralista. As nossas regras constitucionais não foram inventadas por ninguém, por nenhuma revolução nem mesmo por nenhum déspota esclarecido do chamado Iluminismo continental. Elas simplesmente emergiram gradualmente, através de reformas e não de revoluções, fundadas nos preceitos morais herdados de Atenas, Roma e Jerusalém.

Observador (PT)

Emendas opacas - Editorial




São disparatados argumentos do Congresso para não revelar beneficiários de verba

É descabido que o comando do Congresso se mostre disposto a descumprir a determinação do Supremo Tribunal Federal de dar publicidade total às emendas de relator, utilizadas como moeda de troca na negociação entre o governo Jair Bolsonaro e os partidos aliados.

Em petição encaminhada ao STF, assinada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), com o apoio do congênere da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pretende-se manter em segredo os parlamentares beneficiados pelas emendas de relator (RP9, no código orçamentário) em 2020 e 2021.

A justificativa esdrúxula é a de que a norma não pode retroagir, pois não havia previsão legal de publicidade antes da decisão da corte. Seria uma impossibilidade "fática e jurídica" identificar os solicitantes dos recursos.

Eis, de início, a confissão de que não houve cuidado mínimo no trato dos recursos abrigados nessas emendas, cujo volume se expandiu até os R$ 16,8 bilhões de 2021.

Seria também uma inovação na lógica parlamentar —nunca se viu no mundo um político que envia recursos para seus redutos e prefere permanecer incógnito.

Há algo de muito estranho, pois, nesse desejo de anonimato. O temor de rebelião na base pela revelação de privilégios na alocação dos valores pode ser o menor dos problemas para as lideranças.

Do ponto de vista jurídico, é insustentável o argumento de que a lei não exigia transparência. Os princípios de publicidade e impessoalidade no uso de recursos públicos estão na Constituição e norteiam todo o Orçamento.

Se o detalhamento dos pedidos e uso das verbas não estava codificado como no caso das emendas individuais e de bancada, é porque as RP9 antes eram utilizadas como mero mecanismo de ajuste técnico, em montantes modestíssimos.

O agigantamento do seu uso decorre do modus operandi dos atuais comandantes do varejo político, que obtiveram poderes inéditos.

Não se trata, por fim, de uma tentativa de criminalizar as emendas de relator, como disse Arthur Lira, numa generalização que só se preza ao ilusionismo retórico.

O que se quer é criminalizar aquelas que apresentarem motivos para tal —e para que isso seja possível é preciso saber os nomes dos solicitantes, para onde foram direcionados os recursos do erário e a quem beneficiaram.

Ao menos o freio imposto pelo Supremo já suscita mudanças. Serão revelados as entidades e os municípios beneficiados nos últimos dois anos e doravante também os parlamentares envolvidos nos pedidos. De todo modo, a corte não pode aceitar o meio-termo e deve manter a exigência de transparência total do que já foi feito.

Folha de São Paulo

Democracia brasileira, coitadinha




Um relatório divulgado em Estocolmo pelo Idea (Instituto Internacional para a Democracia e a Assistência Eleitoral) aponta a decadência da democracia brasileira.

Por Fernando Gabeira (foto)

Na semana passada, escrevi um longo artigo sobre isso. Reconheço que Bolsonaro é um dos principais responsáveis, da gestão da pandemia aos ataques à imprensa e ao STF. No meu entender, contudo, Bolsonaro não inventou a decadência da democracia brasileira. Apenas aproveitou-se dela para aprofundá-la ainda mais com seus impulsos autoritários.

Gostaria de anotar alguns pontos que escapam ao radar dos grandes observadores internacionais, coisas miúdas do cotidiano, que, de certa maneira, são o dínamo da decadência, pois têm o poder de arruinar o apoio popular à democracia.

O clima de Brasília mudou nos últimos tempos. Formou-se uma frente bastante ampla de parlamentares, e até setores da Justiça, destinada a favorecer a impunidade.

Durante muito tempo, vigorou o orçamento secreto, uma aberração no sistema democrático. Em menos de dois meses, surgiram duas propostas de emenda constitucional com o mesmo apelido: PEC da Vingança. Uma delas visava ao Ministério Público; a outra, ao próprio STF. Nesta última, então, a vingança parecia mais explícita: queriam aposentar exatamente a ministra Rosa Weber, que bloqueou o orçamento secreto.

É vingança, vingança, vingança, como dizia a antiga canção popular. No momento, discutem a vingança que impediu a sabatina de um candidato ao STF: André Mendonça. Foi indicado por ser terrivelmente evangélico, e querem que a sabatina seja realizada no Dia do Evangélico.

Não pode haver impedimento a um evangélico em qualquer cargo do governo. Mas escolher um ministro apenas por sua fidelidade a uma confissão religiosa distorce completamente o sentido de formação de um tribunal superior baseado no saber jurídico.

Por falar em Justiça, aqui e ali surgem casos de pessoas presas por roubar comida. Em Minas, estava presa desde julho uma mulher acusada de roubar água da Companhia de Saneamento de Minas Gerais.

Enquanto isso, o senador Flávio Bolsonaro consegue no STJ anular todas as provas contra ele acumuladas pelo Ministério Público do Rio. É um trabalho de Sísifo: recolhem-se as provas, e as instâncias superiores mandam jogá-las no lixo.

A própria campanha presidencial, que teoricamente aponta para o futuro, apresentou problemas no trato com a democracia. Bolsonaro visitou os Emirados Árabes e o Bahrein e relativizou as ditaduras do Oriente Médio.

Por sua vez, Lula, em Madri, comparou Daniel Ortega com Angela Merkel e não aceitou a tese de que é possível ser contra o embargo americano a Cuba e, simultaneamente, condenar a repressão às manifestações políticas na Ilha.

Entre os livros que saíram sobre o declínio da democracia, logo após a eleição de Trump, um deles pode ser usado ao alinhar tantas pequenas preocupações. Chama-se “O povo contra a democracia”, de Yascha Mounk. O livro mostra como “o toma lá dá cá” da política exclui o povo da tomada de decisões, criando um sistema de direitos sem democracia.

Aventureiros do tipo Bolsonaro prometem restituir o poder ao povo lutando contra as instituições, dispostos a criar uma democracia sem direitos.

Por isso sempre relembro que a política mesquinha e autorreferenciada que se faz em Brasília é, no fundo, uma política suicida. Favorecer um processo de decadência que coloque o povo contra a democracia cairá na cabeça de todos nós, menos, é claro, na do ditador de plantão e de sua tropa de apoio.

Com as mudanças que uma campanha presidencial promete, será possível reduzir o abismo entre o sistema político e o povo? Uma questão-chave é como se relacionar com o Parlamento sem ser engolido pela voracidade fisiológica ou bloqueado pela sabotagem destrutiva.

É uma linha muito tênue, um desafio a nossa sobrevivência como regime democrático.

O Globo

A esquerda que enxerga além




Movimentações atuais miram o futuro sem Lula

Por Bruno Carazza* (foto)

Na recém-lançada biografia Lula: Volume I, o jornalista Fernando Morais conta que, após deixar a cela da PF em Curitiba, o petista se dirigiu aos manifestantes que o acompanharam em vigília nos 581 dias de prisão. Depois do discurso inflamado, “Lula dá um beijo cinematográfico em Janja, desce a escadinha do palanque e, sem precisar anunciar a ninguém, pisa no chão como candidato a presidente do Brasil”.

Morais estava certo. A anulação dos processos contra Lula automaticamente definiu a escolha da esquerda para 2022. Líder com folga nas pesquisas, o recente périplo internacional mostra o apetite do petista por obter um terceiro mandato e, assim, terminar sua carreira política por cima.

O retorno de Lula reenergiza a militância e pode reverter a tendência de queda de votos nesse campo observada desde que ele passou a faixa para Dilma Rousseff, em 2011.

Computando os votos para deputado federal, verificamos que o conjunto de partidos inclinados à esquerda (PT, PSB, PDT, Psol, PV, Cidadania, PC do B, Rede, PCB, PSTU e PCO) viu seu eleitorado subir de 17,1 milhões de votos em 1998 para 31,3 milhões com a primeira vitória de Lula, em 2002.

A partir daí, ampliaram seu cacife gradativamente até atingir 38,1 milhões de votos no fim do segundo mandato lulista, em 2010. Sem Lula no páreo, contudo, os eleitores da esquerda recuaram para 31,2 milhões em 2014 e, no último pleito, 28,3 milhões de votos.

Mais do que a redução de sua força eleitoral, há uma dinâmica partidária nessa movimentação. O PT e seu satélite mais fiel, o PC do B, perderam cerca de 6 milhões de votos entre 2002 e 2018. Mas não há vácuo de poder, e esse espaço foi parcialmente ocupado pelo crescimento de PSB, Psol, Rede e - em 2018, com a candidatura de Ciro Gomes - PDT.

Esse fenômeno pode estar associado a diversos fatores, e merece ser estudado mais a fundo. A experiência de quase 13 anos no poder, que exigiu o pragmatismo de alianças ao centro e ao Centrão, pode ter afastado eleitores mais puristas. Escândalos de corrupção também teriam cobrado seu preço. A recessão legada pelo partido, por sua vez, pode ter despertado a vontade de se buscar alternativas econômicas em outras siglas ou candidatos. Uma outra hipótese seria a dificuldade do PT em se modernizar e assumir o protagonismo no debate de novos temas mais progressistas.

Há uma passagem na biografia em que Lula, após ler um livro na prisão, pergunta a um dos seus advogados: “Doutor, me explique uma coisa: o que é essa história de pauta identitária?” O fato de a principal liderança do partido estar tão por fora de um dos principais itens da agenda de seu campo político sugere como o PT pode ter envelhecido.

Em meio a todos esses processos, parcela expressiva dos antigos eleitores do PT buscou refúgio em novas (Rede e Psol) ou renovadas agremiações (PSB e PDT).

Outra dinâmica a se observar é a dificuldade que o PT tem de formar e lançar uma nova geração de políticos de relevância nacional. A entressafra fica clara quando se observa que, apesar de possuir uma bancada de 53 deputados e 6 senadores, eles perderam o comando da mobilização contra Bolsonaro no Congresso.

Na Câmara, a liderança da oposição vem sendo exercida por Alessandro Molon, enquanto o líder da minoria é Marcelo Freixo - ambos do PSB. No Senado, embora a minoria ainda seja capitaneada por um petista (Jean Paul Prates), o líder da oposição é Randolfe Rodrigues (Rede), um dos principais protagonistas da CPI da Covid, maior ação parlamentar contra Bolsonaro.

Na nova geração de quadros petistas, Fernando Haddad desponta como rara exceção - apesar de o livro de Morais deixar claro que a opção preferencial de Lula para substituí-lo na disputa de 2018 era o baiano Jaques Wagner e que, acompanhando as eleições da prisão, o petista demonstrou muita contrariedade com a forma como o ex-prefeito conduziu a campanha.

Embora seja o partido mais popular no eleitorado, com o retorno de Lula às disputas eleitorais os nomes mais promissores que surgiram nos últimos anos no espectro da esquerda estão se acomodando fora do PT, como Guilherme Boulos, no Psol, Manuela D’Ávila, no PC do B, e um extenso grupo que vai dos citados Molon e Freixo a Flávio Dino e Tabata Amaral, no PSB.

A intensa negociação do PSB tentando trazer para o seu lado o tucano Geraldo Alckmin e, assim, ocupar o posto de vice na chapa de Lula é a prova mais evidente de como os demais partidos estão se posicionando visando o futuro pós-Lula.

O retorno de Lula mexe com o jogo eleitoral do ano que vem. Mas, independentemente do resultado em 2022, no campo da esquerda as movimentações já ocorrem mirando o dia em que seu principal jogador pendurar as chuteiras.

*Bruno Carazza é mestre em economia e doutor em direito, é autor de “Dinheiro, Eleições e Poder: as engrenagens do sistema político brasileiro” (Companhia das Letras)”. 

Valor Econômico

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