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quarta-feira, junho 30, 2021

O novo normal no Brasil são as narrativas, as sentenças interpretativas e as notícias apelativas


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Charge do Duke (O Tempo)

Luís Ernesto Lacombe
Gazeta do Povo

São muitas narrativas. Estão prontinhas para enganar principalmente os leitores de manchetes. Mentiras completas e meias verdades que arrastam os desavisados, desatentos e desinformados e estimulam os já mal-intencionados. Há uma turma que se especializou nisso, em tentativas de assassinato de reputação. Sua falta de caráter, sua leviandade, desonestidade, seu mau-caratismo não têm limites.

Grande parte da imprensa, infelizmente, está nessa, como cúmplice até de senadores da República, de juízes da suprema corte, de uma oposição destrutiva, até de parlamentar que se diz governista.

ASSASSINATO DE REPUTAÇÕES – Não se constrange com a inconsistência, com linhas tortas que não estão nem aí para a realidade, por falas que não resistiriam a duas ou três perguntas que um bando não quer fazer e tenta impedir que se façam.

Há uma turma que se especializou nisso, em tentativas de assassinato de reputação. Sua falta de caráter, sua leviandade, desonestidade, seu mau-caratismo não têm limites

Quem pode perguntar? De quem desejam “respostas”? É sério que acham normal a tentativa de impor narrativas contra aqueles que definem como seus inimigos? Políticos, jornalistas, médicos, cientistas, empresários… Não é como nas guerras, que têm regras. Está valendo tudo. E eu pergunto: é assim que vamos estabelecer a moralidade pública, a ética?

CRITÉRIOS E LIMITES – Quem somos nós, afinal? Quais são os critérios, os parâmetros, os referenciais, as leis, os códigos, as regras que usamos para decidir o que é legal e moral, ou ilegal e imoral? O que está atrelado ao bem, o que está atrelado ao mal? Quem tem o direito de definir isso? Quanta manipulação, quantas interpretações equivocadas, grosseiras, maldosas serão permitidas, em doses de veneno distribuídas diariamente, a todo instante?

Há falsas promessas de salvação e segurança. E toda indecência e todo indecente devem ser rechaçados. Chega de narrativas! Não podemos aceitar passivamente a condenação a um mundo de enganações e mentiras.


Ex-Prefeito de Gloria Bahia, Ademir Vieira Barros, morre vítima da COVID-19

 https://pa4.com.br/

O ex-prefeito de Glória, Bahia, morreu nesta quarta-feira (30), vítima da Covid-19. Ele estava internado há alguns e não resistiu à gravidade da doença.

Em nota, a OAB-Subseção de Paulo Afonso lamentou a morte do ex-prefeito que era pai da advogada Yada Barros.

“Nossos pêsames a toda família. Muita força, muita coragem, e perante a ineficácia de qualquer consolo na perda, relembre quem foi a pessoas que partiu, sabendo que na saudade, memória e amor dos que ficaram, ela viverá para sempre. Que Deus conforte a todos”, diz trecho.

Ademir Viera Barros foi prefeito do município de Glória no período de 1993 a 1996. Nos últimos anos trabalhou na 6ª Ciretran de Paulo Afonso.

 

Faroeste: Juiz preso tinha 'arsenal eletrônico' em cela por 'crer na impunidade', diz MPF


por Cláudia Cardozo

Faroeste: Juiz preso tinha 'arsenal eletrônico' em cela por 'crer na impunidade', diz MPF
Foto: Divulgação

A situação do juiz Sérgio Humberto de Quadros Sampaio se agravou após a prisão do empresário Luiz São Tadeu, realizada no último dia 17 de junho. O juiz está preso desde novembro de 2019, quando foi deflagrada a Operação Faroeste, para acabar com um esquema de corrupção no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Na noite desta terça-feira (29), o Ministério Público Federal (MPF) pediu a manutenção da prisão de seis réus ao Superior Tribunal de Justiça (STJ): desembargadora Maria do Socorro Santiago, Adailton e Geciane Maturino, Antônio Roque, Márcio Duarte e o juiz Sérgio Humberto.

 

Segundo a subprocuradora da República, Lindôra Araújo, “melhor sorte não resta à situação prisional de Sérgio Humberto”, e a manutenção da prisão do magistrado é necessária para garantir a ordem pública e a colheita de provas. O juiz é acusado de desconsiderar decisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em uma disputa de mais de 300 hectares de terras no oeste baiano. Em troca, o juiz receberia vantagens indevidas.

 

O empresário Luiz São Tadeu foi preso após a realização de uma operação controlada a partir da ação de um delator oriundo da advocacia. De acordo com as investigações, o empresário cobrou o pagamento de sacas de soja para beneficiar o juiz, mesmo estando preso (veja aqui). Outro fator citado pelo Ministério Público Federal foi a “certeza da impunidade” que o magistrado teria por manter em sua cela, na Sala de Estado-Maior, um "arsenal" de aparelhos eletrônicos, como carregadores, pen drives, HD externo, modem 4g e fones de ouvido de celulares. O juiz está custodiado junto com o advogado Márcio Duarte e com o servidor Antônio Roque, também presos na Operação Faroeste


Materiais apreendidos na cela de Sérgio Humberto

 

Os investigadores apontam que o magistrado morava em uma mansão, possuia três relógios Rolex e joias Cartier, além de carros de luxo, como uma BMW, um Porsche Cayenne, um Hyndai Tucson, um Honda HRV, além de uma moto Harley Davidson. Vale lembrar que o juiz também é acusado de usar uma pessoa extremamente pobre como laranja para obter os valores ilícitos. Ainda pesa no pedido de manutenção da prisão o fato de Sérgio Humberto ser suspeito de ter ameaçado de morte o delator Júlio César Cavalcante (veja aqui). “Assim, conclui-se, por essencial, que, em liberdade, Sérgio Humberto ficará desimpedido para retornar ao local dos fatos diretamente ou indiretamente, impondo terror judicial a comunidade local, num cenário em que 03 (três) são as vítimas fatais confirmadas em derredor dos fatos em apuração”, diz a subprocuradora no pedido de manutenção da prisão.

Bahia Notícias

Faroeste: Maria do Socorro utilizou nome de empregada para comprar obras de arte

Faroeste: Maria do Socorro utilizou nome de empregada para comprar obras de arte
Foto: Divulgação

A desembargadora Maria do Socorro Santiago, ex-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), teria usado o nome de uma empregada doméstica para pagamentos de obras de arte com o objetivo de lavagem de dinheiro. O uso do nome da doméstica foi descoberto pelo Ministério Público Federal (MPF) no curso da Operação Faroeste. A desembargadora foi presa no final de novembro de 2019, após tentar destruir provas e descumprir as medidas cautelares impostas pelo ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

 

O MPF pediu a manutenção da prisão da desembargadora por mais 90 dias por sua atuação no esquema de venda e compra de sentenças de uma disputa de mais de 300 mil hectares de terras no oeste baiano. De acordo com a subprocuradora da República, Lindôra Araújo, Maria do Socorro atuou no julgamento de um recurso administrativo para favorecer o grupo do “quase-cônsul” da Guiné Bissau, Adailton Maturino. O recurso garantiu uma sobrevida a Portaria 105/2015 da Corregedoria das Comarcas do Interior, com a expedição de ofícios, mesmo sem a publicação da decisão, para diversos órgãos de controle, “para neutralizar todas as pessoas que não compactuassem com o plano criminoso de Adailton Maturino”. A portaria foi anulada posteriormente pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

 

Após o fim do mandato, a desembargadora também tentou revogar uma liminar para beneficiar o grupo de Maturino. “Agregue-se a isso o fato de que Maria do Socorro tem, no seu genro, Márcio Duarte, ativo operacional, cuja função é captar vantagens indevidas para ela, em troca de decisões judiciais, numa engenharia financeira de dissimulação patrimonial, ruído com a medida de busca e apreensão em desfavor deles”, diz a petição. Segundo o MPF, a desembargadora movimentou mais de R$ 1,790 milhão sem origem/destino destacado, tinha em seu poder centenas de joias, obras de arte, cerca de R$ 100 mil em espécie e escrituras de imóveis.

Bahia Notícias

Luis Miranda afirma ter recebido oferta de propina em caso Covaxin, diz revista

por Folhapress

Luis Miranda afirma ter recebido oferta de propina em caso Covaxin, diz revista
Foto: Pedro Valadares/ Câmara dos Deputados

Após avisar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre possíveis irregularidades na compra da vacina Covaxin, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) teria recebido uma oferta de propina para não atrapalhar a negociação.

 

Segundo reportagem da Revista Crusoé, poucos dias depois de falar com o mandátario, Miranda participou de uma reunião na região do Lago Sul, em Brasília, com Silvio Assis, lobista ligado ao deputado Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara dos Deputados.

 

Durante a reunião, Miranda recebeu uma oferta milionária para que ele e o irmão, o servidor do ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, não se envolvessem no caso da vacina indiana. De acordo com a revista, durante a conversa não foram citados valores, apenas a possibilidade de pagamento em troca do silêncio dos irmãos.

 

Cerca de um mês depois deste primeiro encontro, o deputado Miranda participou de uma nova reunião, no mesmo local, com Assis. Desta vez, o líder do governo Ricardo Barros esteve presente. De acordo com a reportagem de Patrik Camporez, Ricardo Miranda guardou os registros das conversas realizadas via Whatsapp que viabilizaram a reunião.

 

Uma nova oferta de propina foi feita para que o deputado Miranda e seu irmão não atrapalhassem as negociações envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin. Desta vez, a conversa teria sido mais direta e Miranda recebeu a oferta de cerca de US$ 1 milhão pela "parceria" no negócio.

 

À revista, Assis confirmou ter se encontrado com Miranda, mas negou que tenha conversado sobre a compra de vacinas. Já o deputado afirmou que prefere falar sobre o assunto somente à Polícia Federal.

 

Em postagem no Twitter, porém, Miranda não confirmou que recebeu oferta de propina. Após a publicação da reportagem da Crusoé, o deputado disse que a revista "é responsável por suas matérias e certamente arcará com o que escreve! Não quero ser usado para criar narrativas e volto a afirmar que todas as minhas conversas com Ricardo Barros foram republicanas e não vou me pronunciar sobre fatos que não posso provar!" (saiba mais aqui).

Bahia Notícias

Empresário que negociou Covaxin tem histórico de investigações, diz jornal

Empresário que negociou Covaxin tem histórico de investigações, diz jornal
Laboratório Bharat Biotech, que fabrica a Covaxin | Foto: Divulgação

Sob os holofotes da CPI da Covid por intermediar a compra da vacina indiana Covaxin junto ao Ministério da Saúde, o empresário Francisco Emerson Maximiano conta com ampla rede de contatos, que vai do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) a membros do PT.

 

Segundo O Globo, Maximiano já foi alvo de investigações que envolvem negócios com os Correios, Petrobras, governo do Distrito Federal e o Ministério da Saúde. A defesa dele nega irregularidades.

 

Antes de ser alvo da CPI, Maximiano estava sob investigação da Polícia Federal em Brasília por suspeitas de pagamento de propina envolvendo um contrato dos Correios. Em fevereiro, ele foi intimado a prestar depoimento.

 

O inquérito identificou que ele movimentou R$ 22 milhões entre 2013 e 2015, período em que declarou rendimentos de apenas R$ 523 mil. A discrepância foi classificada pela Receita Federal como "nitidamente incompatível".

 

Maximiano tem relação com o filho mais velho do presidente Bolsonaro, Flávio. Ainda segundo o Globo, ele buscou ajuda para conseguir reunião com o mandatário do BNDES.

 

Ele também costurou relações durante o governo de Michel Temer (2016 a 2018).

 

Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, fechou contrato com o governo do Distrito Federal para fornecer kits de testes para detecção da Covid-19.

 

Em Brasília, fechou negócios com o poder público. Em 2016, o vereador de Americana Alexandre Romano (PT) afirmou que repassava ilícitos de Maximiano a um diretor dos Correios, para viabilizar a contratação de uma empresa de Max.

 

O empresário também fechou contrato de R$ 549 milhões, em 2015, com a Petrobras, em outra empresa sua, a Global Gestão em Saúde. No entanto, a estatal rescindiu o acordo por entender que o programa de medicamentos continha falhas. A Petrobras multou a Global em R$ 2,3 milhões e proibiu a empresa de firmar novos contratos.

Bahia Notícias

Na hora do adeus, Marco Aurélio deixa como herança o ‘Estado de Coisas Inconstitucional’

Publicado em 30 de junho de 2021 por Tribuna da Internet

Às vésperas da despedida, ministro começou a criar moda…

J. R. Guzzo
Estadão

O ministro Marco Aurélio, que se prepara para se aposentar do STF e entregar ao Brasil, com a sua saída, a melhor realização dos 31 anos que passou no cargo, parece ter guardado para essas últimas horas o pior que poderia fazer para fechar a sua carreira. Pensava-se que a chave de ouro tinha sido a sua ordem para tirar de uma cadeia de segurança máxima, tempos atrás, um dos mais notáveis criminosos que constam nas anotações da polícia, o traficante André do Rap – que sumiu do mapa e está solto até hoje.

Que nada. Antes de ir para casa, o quase ex-ministro conseguiu se superar e criar uma alucinação jurídica que não existe em nenhum lugar do mundo – o “Estado de Coisas Inconstitucional”.

TOQUE DE “RECOLHER” – Essa aberração impõe uma espécie de toque de recolher, ou estado de sítio, para todo e qualquer setor da administração pública que, segundo algum dos onze ministros, esteja com problemas. Não é preciso que alguém, ali, desrespeite qualquer dos 250 artigos da Constituição; basta que o PSOL, o PT ou coisa parecida – sempre eles – queiram bloquear o que está sendo feito na área e exigir uma intervenção do STF.

Uma vez decidido pelos ministros que há um “Estado de Coisas Inconstitucional” em algum pedaço da máquina do Estado, é o tribunal que passa a mandar ali, diretamente ou através de interventores nomeados por ele. Não há nenhuma sílaba na Constituição que permita uma coisa dessas.

AI-5 DOS PRESÍDIOS – Algumas semanas atrás, Marco Aurélio baixou o “Estado de Coisas Inconstitucional” nas penitenciárias brasileiras – todas, sem exceção, das que investem fortunas nos presídios e cumprem todos os requisitos legais em sua manutenção, como as de São Paulo, até os mais sinistros chiqueiros onde se enfiam presos por esse interiorzão afora.

O ministro disse que é tudo igual; deu três meses para o governo apresentar um “plano” que “resolva completamente”, nos próximos “três anos”, um problema de séculos. O interventor encarregado de mandar na área é o Conselho Nacional de Justiça – uma aglomeração de burocratinhas que jamais colocaram o pé num xadrez em toda a sua vida.

Agora, com a aposentadoria roncando no calendário, Marco Aurélio inventou o “Estado de Coisas Inconstitucional” para a covid e o seu tratamento.

AI-5 DA SAÚDE – Se o plenário do STF aceitar esse novo surto, os “entes federados”, sob “a coordenação do Executivo” ficam obrigados, entre outros disparates, a fazer “análise diária dos impactos na redução dos casos, fornecer “máscaras de pano multicamadas” para 210 milhões de pessoas, adotar “medidas de bloqueio”, orientar a população a ficar em casa e outros despropósitos que circulam entre a ignorância, a burrice e a preguiça mental.

Marco Aurélio não ouviu, ao baixar essa sua bula, o Conselho Federal de Medicina ou qualquer outra entidade da área médica ou científica; apenas executou o pedido de “18 entidades de trabalhadores”.

Mergulhado na sopa ideológica que o STF cozinhou em torno da covid, o ministro acabou se metendo numa sinuca de bico.

QUEM VAI MANDAR? – Marco Aurélio denuncia a “inação” do governo federal mas nada diz sobre o fiasco das autoridades locais a quem o próprio STF deu autonomia plena para gerir a covid. Não foram elas que criaram o “Estado de Coisas Inconstitucional”? E agora: quem vai mandar na área? Os mesmos que fracassaram? Marco Aurélio não sabe.

Também não sabe quem vai fazer, na prática, “a política concertada” que, segundo ele, é indispensável para lidar com a epidemia. O ministro diz apenas que o STF vai atuar “incentivando a formulação e a implementação de políticas públicas”. Fica reservado ao “Legislativo e ao Executivo” o “campo democrático das escolhas”. Deu para entender alguma coisa de útil?

Ao elogiar o Partido Comunista da China, Lula deu uma excelente ajuda a Jair Bolsonaro

Publicado em 30 de junho de 2021 por Tribuna da Internet

Luiz Inácio Lula da Silva

Lula disse invejar o ditatorial Partido Comunista da China

Merval Pereira
O Globo

A base da estratégia político-eleitoral do presidente Jair Bolsonaro é colocar-se como único capaz de derrotar Lula e o PT nas urnas, para o bem do país, que, caso contrário, cairá nas mãos dos “comunistas”. Parte dos eleitores foi para Bolsonaro em 2018 devido a esse temor, e as Forças Armadas acreditam que o comunismo é uma ameaça real, não um fantasma alimentado por Bolsonaro.

O desastre do governo já fez com que, segundo recente pesquisa do Ipec, mais de 50% dos seus eleitores tenham desistido de mantê-lo no poder, muitos dispostos a votar no PT desta vez.

O ENIGMA DA CHINA – Sabemos que a China hoje é mais capitalista do que comunista, por isso é um erro estratégico fatal tratarmos a segunda maior economia do mundo como uma inimiga, deixando de lado a oportunidade de compartilhar os avanços tecnológicos e de nos beneficiarmos dos avanços da economia do nosso maior parceiro comercial.

Mas apostar que a China quer se integrar efetivamente ao sistema econômico ocidental, aceitando as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) ou submetendo-se, embora relutantemente, às normas da Organização Mundial da Saúde (OMS) durante esta pandemia da Covid-19, não significa esquecer que a China é uma ditadura que precisa ser pressionada para que os princípios da democracia avancem, impedindo, ou tornando mais constrangedor, o cerceamento da liberdade de expressão, como fizeram agora com o Apple Daily em Hong Kong.

DISSE LULA – Contrapondo-se à posição esdrúxula do governo brasileiro em relação à China, o ex-presidente Lula deu uma entrevista ao jornal chinês Guancha, em que afirma que aquele país “estabeleceu um modelo de desenvolvimento para o mundo inteiro” e disse esperar que os países aprendam com o exemplo chinês.

Vá lá, mas nunca é demais lembrar que o desenvolvimento econômico chinês, embora louvável, tem aspectos inaceitáveis, como o uso de trabalho escravo, de trabalho infantil, o desrespeito pela propriedade intelectual, para citar pontos cruciais. Além de níveis de pobreza e desigualdade interna dos piores no mundo, mesmo que seja admirável o resgate de milhões de chineses da pobreza extrema nos últimos anos.

Mas foi no aspecto político que Lula errou feio. Ele afirmou que a China “é capaz de lutar contra o coronavírus tão rapidamente porque tem um partido político forte e um governo forte, porque o governo tem controle e poder de comando. O Brasil não tem isso, nem outros países”. Ora, é justamente “controle e poder” de comando que caracterizam uma ditadura.

IMPOSIÇÃO DE IDÉIAS – Partido único com governo forte é a receita perfeita para a imposição de ideias e decisões do Partido Comunista da China, que comemorará seu centenário nesta sexta-feira, 1º de julho. É verdade que, não apenas no Brasil, a relação entre democracia e capitalismo já não é mais tão absoluta quanto foi nos últimos anos do século passado.

Buscam-se modelos para aperfeiçoar a democracia representativa, que tem como um dos pilares a ideia de “uma pessoa, um voto”, criticada na China, pois não levaria às escolhas mais corretas, muito sujeitas a pressões financeiras. Os estudiosos ocidentais do modelo chinês acreditam que eles caminham para a implantação de um sistema político baseado na meritocracia, que resultaria num Parlamento que mais legitimamente representaria o conjunto da população, em contraposição aos formados pelos que se elegem pela força do dinheiro, ou por um dom natural de oratória, ou por ser famosos em seu ofício.

SELEÇÃO NATURAL – Há quem, na China, defenda que essa meritocracia já vem sendo adotada pelo sistema de “seleção natural” de dirigentes dentro do Partido Comunista. O afunilamento na escolha levaria os melhores a galgar degraus na hierarquia.

Não me parece uma solução aceitável, pelo menos no mundo ocidental. O que temos de fazer é buscar a legitimação da democracia representativa por reformas estruturais na educação e na distribuição de renda e das regras eleitorais, para que o cidadão tenha capacidade de escolher melhor candidatos melhores. E não alcançaremos isso com partido único e governo forte.

Bolsonaro tenta eximir-se pela fuga mas não pode ignorar denúncias de alta corrupção

Publicado em 30 de junho de 2021 por Tribuna da Internet

Charge do Amarildo (diariodocentrodomundo.com.br)

Pedro do Coutto

O presidente Jair Bolsonaro recorreu ao escapismo banal no caso do contrato projetado através do Ministério da Saúde com a vacina indiana Covaxin e afirmou absurdamente não ter como saber o que acontece nos bastidores dos ministérios. Não tem a menor veracidade a sua versão, o que o deixa muito mal, mais uma vez, diante da opinião pública, da população em geral e do eleitorado brasileiro.

Ele pode não saber o que acontece em matéria de pequenos movimentos administrativos, mas quando os movimentos nos ministérios ganham a dimensão que alcançou a denúncia do servidor Luis Ricardo Miranda e do seu irmão, o deputado Luis Miranda, ele não pode agir como se não tivesse ouvido nada. Seria impossível. A obrigação da qual se encontra revestido pelo seu mandato é a de apurar imediatamente as denúncias.

VIDAS EM JOGO – Era se basear, inclusive, numa escala de preços facilmente identificável comparativamente. O preço unitário da vacina indiana era de US$ 15, várias vezes maior do que o preço das vacinas dos laboratórios que chegaram até a oferecer a aquisição de imunizantes antes da pandemia se alastrar. Uma transação orçada em R$ 1,6 bilhão não pode ser considerada pelo Planalto como um fato menor ou um acontecimento de simples rotina administrativa. Além de tudo, estavam e ainda estão em jogo milhares de vidas humanas.

O preço extorsivo, é claro, viria a reduzir parcelas enormes do povo da contaminação que ameaça a saúde e a vida. No O Globo a reportagem é de Melissa Duarte, edição de ontem. Na Folha de São Paulo, de Daniel Carvalho e Fábio Pupo. No Estado de São Paulo, do repórter Vinícius Valfré. Em síntese, foi mais um desastre do governo que até hoje, concretamente, não conseguiu elaborar sequer um projeto de grande porte, e não chegou a consolidar um planejamento global de efeito econômico e social para o país.

CONTRADIÇÕES – Pelo contrário, os episódios se sucedem, expondo uma sequência de contradições entre os compromissos da campanha eleitoral de 2018 e as ações do presidente da República. Se Bolsonaro não pode saber o que acontece nos ministérios, quem poderá ?

Os irmãos Miranda, vale acentuar, levaram a sombra da suspeita ao presidente no dia 20 de março. Passaram mais de três meses. Nesse meio tempo a bomba explodiu na Esplanada de Brasília e deixou o governo numa posição terrível, não conseguindo explicar de forma convincente o que aconteceu no Palácio do Planalto.

Bolsonaro não tem justificativa para alegar o desconhecimento que diz tê-lo separado da realidade. Verifiquem os leitores que ele não nega o conteúdo da denúncia, mas diz que não sabia do conteúdo que lhe foi levado. Portanto, ele não nega a forte sombra de suspeita. Não é por aí. Incrível a sucessão de fatos que abalam esse governo e que está prestes a desmoronar.


terça-feira, junho 29, 2021

Contrato da vacina Covaxin só foi suspenso pelo governo, “temporariamente”, nesta terça-feira

Publicado em 29 de junho de 2021 por Tribuna da Internet

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Charge do Brum (Tribuna do Norte)

Lorenna Rodrigues
Estadão

O Ministério da Saúde decidiu suspender temporariamente o contrato para comprar 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, fabricada pelo laboratório indiano Bharat Biothec. A decisão ocorre um dia após o presidente Jair Bolsonaro ser alvo de uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal (STF) acusado de prevaricação.

Senadores apontam que o presidente ignorou alertas, feitas ainda em março, de que haveria corrupção no processo de contratação do imunizante, que foi intermediado pela Precisa Medicamentos. Esta foi a primeira reação prática do governo após as suspeitas de irregularidades, que o Palácio do Planalto tem negado existir.

ASSINADO EM FEVEREIRO – O acordo do Ministério da Saúde com a Precisa foi assinado em 25 de fevereiro e prevê pagar R$ 1,6 bilhão. O valor por dose (US$ 15) é o mais caro dos seis imunizantes que o País comprou até agora. A decisão de suspender o contrato ocorreu após recomendação da Controladoria-Geral da União (CGU), que vai fazer um pente-fino no processo de contratação da vacina.

“Por orientação da CGU, por uma questão de conveniência e oportunidade, decidimos suspender o contrato para que análises mais aprofundadas sejam feitas. Por outro lado, o Ministério da Saúde vai fazer uma apuração administrativa para verificar todos os aspectos da temática que foram suscitadas a partir do final da semana passada”, afirmou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em entrevista no Palácio do Planalto.

DEZ DIAS, NO MÁXIMO – O ministro da CGU, Wagner Rosário, disse que a suspensão do contrato vai durar apenas enquanto o órgão analisa se houve irregularidades na contratação, o que espera concluir em, no máximo, dez dias. “A gente suspendeu como medida preventiva, visto que há uma denúncia de irregularidade que não conseguiu ser ainda bem explicada pelo denunciante. Abrimos uma investigação preliminar na semana passada, uma auditoria específica em relação ao contrato”, afirmou Rosário, que concedeu entrevista ao lado de Queiroga.

Em depoimento à CPI na sexta-feira, 25, Luis Ricardo Fernandes Miranda, chefe do setor de importação do Ministério da Saúde, afirmou ter sofrido pressão de superiores para acelerar a compra do imunizante indiano. O servidor apontou uma tentativa de pagamento antecipado e, ao lado do irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), se reuniu com Bolsonaro em março para apontar indícios de corrupção no acordo.

Na ocasião, segundo o deputado, o presidente atribuiu às suspeitas a “mais um rolo” do deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), ex-ministro da pasta e atual líder do governo na Câmara. Ainda segundo Miranda, Bolsonaro disse que acionaria a Polícia Federal para investigar o caso, mas nenhuma investigação foi aberta na época.

IRREGULARIDADES – Além do preço mais alto e a pressão para acelerar o negócio, o contrato do governo para adquirir a Covaxin também levantou suspeitas de senadores por ter sido o único firmado por meio de uma empresa intermediária. Todos os outros foram negociados diretamente com laboratório fabricantes ou que produzirão os imunizantes no País. A Precisa Medicamentos não atuava até então no ramo de vacinas.

O contrato, assinado em fevereiro, previa que a primeira remessa, de 4 milhões de doses, seria enviada ao Brasil ainda em março. Sem aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, porém, o prazo foi desrespeitado. A Precisa só conseguiu uma autorização da agência para importação excepcional dos imunizantes no início do mês, mas com uma série de exigências que ainda não foram cumpridas, como a apresentação de um plano de monitoramento dos pacientes que receberem as doses.

Assim, nenhuma unidade do imunizante chegou a ser enviado ao País. O governo afirma também não ter pagado nada pelas doses até o momento. O dinheiro, porém, já foi empenhado (reservado) no Orçamento.

PRECISA INSISTE – A decisão do Ministério da Saúde também ocorre no mesmo dia em que a Precisa submeteu um novo pedido de autorização emergencial para que a Covaxin seja usada no País.

Para o senador Humberto Costa (PT-PE), que integra a CPI, o governo admite que há irregularidades ao suspender o contrato. “Essa decisão é o reconhecimento de uma culpa”, disse ele em entrevista à CNN Brasil.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
 O que mais impressiona é a certeza que o empresário Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos, tem a respeito de sua impunidade, devido ao apoio da família presidencial. O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) levou-o pessoalmente ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES), Gustavo Montezano. Mas, curiosamente, diz que já esqueceu o assunto tratado… (C.N.)

 

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