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terça-feira, junho 11, 2024

Leopoldo Passos não pode ser candidato a prefeito de Jacobina

 Foto: Divulgação

O ex-prefeito de Jacobina Leopoldo Passos11 de junho de 2024 | 19:01

Leopoldo Passos não pode ser candidato a prefeito de Jacobina

EXCLUSIVAS

O ex-prefeito de Jacobina Leopoldo Passos, que estava em plena pré-campanha, está impossibilitado de concorrer às eleições municipais de 2024. A partir de agora, não poderá realizar nenhum ato político partidário, nem mesmo exercer seu direito ao voto.

A confirmação se deu após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atualizar a certidão de quitação eleitoral onde deixa claro a suspensão dos direitos políticos. Ex-prefeito do município de Jacobina nos anos de 1997 a 2000 e 2000 a 2004, Leopoldo possui contra si uma condenação por ato de improbidade administrativa com trânsito em julgado datado de 04 de abril de 2020, no âmbito do Supremo Tribunal Federal.

O processo que deixou Leopoldo inelegível até abril de 2025 foi em relação a uma denúncia de fraude em licitação na compra de frangos para o programa Panela do Povo.

À época, o ex-prefeito foi condenado sob a acusação de ter adquirido sem licitação 16 mil quilos de frango para a merenda escolar através desta autarquia municipal.

Veja abaixo a certidão de quitação eleitoral:

Política Livre

CNJ vê ‘indícios’ de peculato e vai sugerir à PGR e a Toffoli investigação sobre Moro

 Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O senador Sergio Moro (União Brasil)11 de junho de 2024 | 20:05

CNJ vê ‘indícios’ de peculato e vai sugerir à PGR e a Toffoli investigação sobre Moro

BRASIL

O Conselho Nacional de Justiça vai encaminhar à Procuradoria-Geral da República o acórdão da inspeção realizada no berço da Operação Lava Jato – incluindo o juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba e os gabinetes da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre – documento com indicação de suposta ligação do ex-juiz Sergio Moro, hoje senador (União-PR), com crimes de peculato-desvio, prevaricação, corrupção privilegiada ou passiva.

Por 9 votos a 5, o Plenário do CNJ aprovou o relatório de correição elaborado pela equipe do ministro-corregedor Luís Felipe Salomão, destacando que as informações levantadas pela Corregedoria Nacional de Justiça devem ser levadas à PGR para que, ‘caso entenda pertinente e no uso da autonomia e competência, apure as hipóteses de ilícitos penais em tese identificadas’.

Com a publicação do acórdão, a remessa à PGR deve ocorrer nos próximos dias.

Anexados ao documento, estão dois relatórios: o relatório preliminar, de setembro de 2023, e o relatório complementar, datado de abril – este aborda a hipótese criminal de peculato-desvio e ‘delitos adjacentes’.

Um documento elenca cinco hipóteses criminais envolvendo a tese de suposto ‘conluio’ entre o ex-juiz Sergio Moro, o ex-procurador Deltan Dallagnol e a juíza Gabriela Hardt.

O objetivo da aliança, segundo o relatório, seria um ‘desvio’ da ordem de R$ 2,5 bilhões. O montante teria como destino os cofres da polêmica fundação da Lava Jato, que nunca saiu do papel.

A PF descreve que, entre 2016 e 2019, Moro, Hardt e Deltan teriam promovido desvios ‘por meio de um conjunto de atos comissivos e omissivos’.

Para ilustrar o documento distribuído a todos os conselheiros do CNJ que estão julgando a Lava Jato e seus personagens, um gráfico exibe o ‘fluxo de eventos’ descritos na hipótese criminal.

Os relatórios são assinados pelo delegado de Polícia Federal Élzio Vicente da Silva, designado para a equipe de correição, primeiro como diretor do Departamento de Segurança Institucional do Poder Judiciário e ‘atualmente em missão operacional no gabinete do ministro Dias Toffoli, no Supremo Tribunal Federal, em colaboração na Corregedoria Nacional’.

O gabinete de Toffoli também receberá cópias dos documentos por causa da conexão da inspeção com a reclamação na qual o ministro determinou a anulação de todas as provas do acordo de leniência da Odebrecht em razão de suposto ‘conluio’ entre a força-tarefa da Operação Lava Jato e o juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba.

O processo e a inspeção no berço da Lava Jato estão ligados. Foi no bojo da reclamação relatada por Toffoli que foram anuladas as ações contra Rodrigo Tacla Duran – advogado apontado como operador de propinas da Odebrecht. Ele foi pivô de um tenso embate entre o juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba e a 8ª Turma do TRF-4, o que motivou a abertura da correição sob comando do ministro-corregedor Salomão.

‘Conluio’

No centro da suspeita de suposto conluio para o desvio da multa da Petrobrás, a Polícia Federal sustenta que Moro, então juiz titular da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba, ‘foi o responsável por instaurar, voluntariamente, o processo sigiloso para permitir o repasse não questionado de valores’ para a Petrobras. Moro rebate. ‘Mera ficção.’

À época, segundo o documento, os investigados já sabiam das apurações dos EUA sobre a petrolífera e tinham a ‘intenção de promover o direcionamento’ de parte da multa que seria aplicada à empresa ‘vítima’ de delitos que a Lava Jato descobriu – corrupção, lavagem de dinheiro e cartel das gigantes da construção, no período entre 2003 e 2014.

A juíza Gabriela Hardt foi citada por ter homologado, em 2019, o acordo que previa o repasse dos recursos para a fundação da Lava Jato – iniciativa que acabou barrada pelo Supremo Tribunal Federal. A imputação foi o que pesou mais para o decreto de afastamento da magistrada, ato monocrático de Salomão derrubado pelo CNJ.

COM A PALAVRA, O SENADOR SERGIO MORO

Quando o relatório da correição foi divulgado, em abril, o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro, reagiu com ironia. “Mera ficção.” Ele afirma que ‘nenhum centavo foi desviado’.

O fato objetivo descrito no relatório provisório da Corregedoria do CNJ – ainda pendente de aprovação – é que foram devolvidos diretamente de contas judiciais da 13 Vara de Curitiba para a Petrobras, vítima inequívoca dos crimes apurados na Operação Lava Jato, cerca de R$ 2,2 bilhões, sem que nenhum centavo tenha sido desviado. Idêntico procedimento foi adotado pelo STF à época.

O juiz Sergio Moro deixou a 13 Vara em outubro de 2018, antes da constituição da fundação cogitada para receber valores do acordo entre a Petrobras e autoridades norte-americanas e jamais participou da discussão ou consulta a respeito dela. A especulação de que estaria envolvido nessa questão, sem entrar no mérito, não tem qualquer amparo em fato ou prova, sendo mera ficção.

Pepita Ortega/EstadãoPoliticaLivre

Leilão do arroz dá vexame, secretário é demitido e o governo ameaça repetir

Publicado em 11 de junho de 2024 por Tribuna da Internet

Charge do J.Caesar (Veja)Guilherme Mazui
g1 — Brasília

O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou nesta terça-feira (11) a anulação do leilão do governo para compra de arroz importado. Segundo ele, um novo procedimento, “mais ajustado”, será realizado. A medida foi tomada após suspeitas de irregularidades no leilão para compra de 263 mil toneladas de arroz realizado na última quinta-feira (6).

“Pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos, para que a gente possa ter as garantias de que vamos contratar empresas que tenham capacidade técnica e financeira […]. A decisão é anular este leilão e proceder um novo mais ajustado, vendo todos os mecanismos possíveis para a gente contratar empresas com capacidade de entregar arroz com qualidade, a preço barato para os consumidores”, declarou Pretto no Palácio do Planalto.

LULA ENDOSSOU – Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira, o presidente Lula endossou a decisão de anular e convocar um novo leilão. Ele, Pretto e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, participaram de reunião com Lula antes do anúncio da suspensão.

No leilão realizado na semana passada, o preço médio de cada saco de arroz de 5 quilos atingido foi de cerca de R$ 25. Segundo o portal Globo Rural, empresas sem histórico de atuação no mercado de cereais participaram do certame e arremataram lotes.

O governo decidiu importar arroz poucos dias depois do início das enchentes no Rio Grande do Sul. O estado é responsável por 70% da produção nacional do grão, mas já havia colhido 80% do cereal antes das inundações.

SEM ESTOQUES – No dia 7 de maio, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o governo decidiu comprar arroz para evitar alta de preços diante da dificuldade pela qual o estado passava para transportar o grão para o restante do país.

Na ocasião, ele disse também que nenhum atacadista, naquele momento, tinha “estoques para mais de 15 dias”. Segundo Teixeira e Fávaro, o governo identificou que a maior parte das empresas que participou do leilão tinha “fragilidades” para operar um volume tão grande de arroz e de dinheiro.

“Ninguém vai pagar sem que o arroz esteja aqui, entregue”, disse o ministro da Agricultura, que prometeu “régua mais alta” no próximo leilão.

TUDO DE NOVO – O edital do novo leilão será feito com auxílio da Controladoria-Geral da União (CGU), da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Receita Federal.

O governo deseja avaliar antes do pregão se as empresas habilitadas têm condições técnicas e financeiras de executar os contratos. Os ministros explicaram que, no modelo do leilão anulado, o governo soube após o pregão as informações das empresas. “Não podemos ficar sabendo depois do leilão quem que se habilitou e quem que ganhou”, disse Fávaro.

A falta de experiência das empresas vencedoras chamou atenção no mercado, conforme o Globo Rural. Também gerou mal-estar o fato de a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e da Foco Corretora de Grãos terem intermediado parte da venda. As empresas, que receberiam comissões pelo leilão, foram criadas em 2023 por Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor de Neri Geller, que até esta terça era secretário de Política Agrícola do governo federal.

NEGÓCIO DE FAMÍLIA – Conforme Globo Rural, França também é sócio de Marcelo Geller, filho de Neri, em uma empresa aberta em 2023. Ele também foi colega de Thiago dos Santos, atual diretor de operações e abastecimento da Conab. Pretto afirmou que ainda vai avaliar a permanência de Santos no cargo.

Nesta terça-feira, em razão da polêmica em torno do leilão para importação de arroz, o ministro da Agricultura anunciou a saída de Neri Geller do cargo de secretário de Política Agrícola.

Segundo o ministro, Neri Geller colocou o cargo à disposição do governo e foi demitido.

APOIADOR DE LULA – “Hoje [terça-feira], pela manhã, o secretário Neri Geller me comunicou, fez ponderação, quando filho dele estabeleceu sociedade com esta corretora do Mato Grosso, ele não era secretário de político agrícola. Não há fato que desabone ou que gere qualquer tipo de suspeita, mas que de fato gerou transtorno, e por isso colocou cargo a disposição”, afirmou Fávaro.

Segundo o portal Globo Rural, há no governo federal uma avaliação de possível conflito de interesses por parte do ex-secretário, uma vez que uma corretora de um ex-assessor de Neri Geller está envolvida no leilão.

Geller, ex-ministro da Agricultura e ex-deputado federal, foi um dos nomes ligados ao agronegócio que apoiou Lula na eleição de 2022.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
 É um vexame atrás do outro. Não precisava nada disso. O Brasil é o décimo maior produtor, o transporte é por via rodoviária e já está se normalizando. Qualquer problema o próprio governo poderia comprar diretamente dos produtores asiáticos, como Bangladesh, Vietnã, Tailândia e Indonésia(C.N.)


Polícia Federal deixa no cofre R$ 4 milhões que foram “esquecidos” por aliado de Lira

Publicado em 11 de junho de 2024 por Tribuna da Internet

Montante de R$ 4 milhões foi apreendido pela PF em cofre durante a Operação Hefesto em Maceió (AL) em 2023 — Foto: Reprodução/G1

Polícia Federal não sabe o que fazer com esses R$ 4 milhões

Malu Gaspar
O Globo

A Polícia Federal (PF) está há quase nove meses sem conseguir cumprir uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou a devolução de todos os bens apreendidos em uma operação sobre aliados do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), por suspeitas de desvios de verbas do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) em Alagoas.

Estão sem destino R$ 4 milhões encontrados no cofre da empresa de um aliado de Lira e que, em tese, deveriam ser devolvidos ao dono, depois que o ministro Gilmar Mendes anulou a operação e mandou destruir todas as provas produzidas pela PF no caso que ficou conhecido como dos “kits robótica”.

NINGUÉM APARECE – O dinheiro está depositado em uma conta judicial desde setembro do ano passado e até agora não apareceu ninguém para reivindicá-lo. Para policiais federais ouvidos pela equipe do blog, isso acontece porque os envolvidos no caso não tem como comprovar a origem dos valores.

Os milhões foram encontrados dentro de um cofre em uma propriedade do policial civil e empresário Murilo Sergio Jucá Nogueira Junior, de 45 anos, durante a operação Hefesto, realizada em junho de 2023.

Segundo a prestação de contas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Junior doou R$ 4 mil para Lira nas eleições de 2022 e recebeu o mesmo valor por ceder uma picape Toyota Hilux para sua campanha.

KITS ROBÓTICA – Ele foi um dos investigados no inquérito que apurou um esquema de direcionamento de licitações para a Megalic, empresa de um outro aliado de Lira que teria desviado R$ 8,1 milhões do FNDE durante o governo Jair Bolsonaro.

O Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a suspender os contratos e os repasses para a aquisição dos kits com verbas de emendas do orçamento secreto carimbadas para o FNDE, que seriam destinadas a 43 municípios alagoanos.

Mas as investigações foram interrompidas porque o ministro Gilmar Mendes mandou anular e destruir as provas do caso, além de arquivar o inquérito.

TESE DA DEFESA – O ministro acolheu a tese da defesa de Lira de que a operação não poderia ter sido realizada pela Justiça Federal de Alagoas e sim remetida ao STF, uma vez o inquérito citava autoridades com foro privilegiado – como o próprio presidente da Câmara e o deputado Gilvan Máximo (Republicanos-DF).

Entre as provas colhidas pela PF estavam áudios coletados com autorização judicial a partir do celular de Luciano Cavalcante, ex-assessor da liderança do PP quando era comandada por Lira. Cavalcante também foi assessor do pai de Lira, Benedito de Lira, no Senado. O teor dos áudios jamais foi conhecido, pois o caso tramitava em sigilo.

Com a decisão de Gilmar, o dinheiro poderia ter sido recuperado por Murilo Junior ou por quem comprovasse ser seu dono, mas está até hoje “perdido” na conta judicial.

ORIGEM ILÍCITA – Diante da suspeita de origem ilícita jamais reivindicado, o Ministério Público Federal poderia, por exemplo, pedir a abertura de uma nova investigação para apurar se houve lavagem de dinheiro.

Mas isso não foi feito, e a probabilidade de que uma nova investigação seja autorizada é muito pequena, já que Gilmar arquivou o inquérito e anulou as provas.

O ministro só não conseguiu apagar e nem destruir os R$ 4 milhões. Esses ficaram como lembrança do escândalo que por muito pouco não complicou a vida de Arthur Lira.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Excelente matéria de Malu Gaspar. Mostra a conivência e a cumplicidade da Justiça brasileira em atos de corrupção. Em tradução simultânea, foi tudo perdoado porque os criminosos foram presos por agentes federais de Alagoas, ao invés de serem presos por agentes federais de Brasília. E ainda chamam isso de Justiça. (C.N.)  


Excelência Reconhecida: Nota Máxima do MEC para o Curso de Gestão Pública na ANASPS".

É sempre uma grande conquista quando uma instituição de ensino recebe reconhecimento pela excelência em sua atuação. Hoje, fui agraciado com a notícia de que o curso de Gestão Pública da ANASPS, onde estou matriculado, obteve a nota máxima do Ministério da Educação (MEC). Essa é uma conquista que não apenas enche de orgulho todos os envolvidos, mas também destaca a qualidade do ensino oferecido por essa instituição.

Receber a nota máxima do MEC não é algo que acontece com frequência, e isso apenas ressalta o comprometimento e a dedicação de todos os profissionais envolvidos no processo educativo. Desde os professores, que compartilham seu conhecimento e experiência, até os funcionários administrativos, que garantem o bom funcionamento da faculdade, todos contribuem para o sucesso do curso.

É importante reconhecer e agradecer a todos aqueles que tornaram possível esse feito notável. Cada aula ministrada, cada projeto desenvolvido e cada desafio superado foram fundamentais para alcançarmos esse nível de excelência. É uma honra fazer parte de uma comunidade acadêmica tão comprometida com a qualidade do ensino e com o desenvolvimento dos seus alunos.

Que essa conquista seja apenas o começo de uma jornada de sucesso contínuo. Que possamos continuar crescendo e alcançando novos patamares de excelência, sempre em busca do melhor para nós mesmos e para a sociedade que servimos. Parabéns a todos nós pela nota máxima do MEC, e que possamos continuar trilhando esse caminho de sucesso juntos.

Clima tenso entre Bolsonaro e Kassab vai pressionar Tarcísio a se posicionar


Notícias - Gilberto Kassab | O Anhanguera

Kassab aposta em Tarcísio e virou seu principal assessor

Ana Luiza Albuquerque
Folha

A reunião foi tensa. Deputados estaduais alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) haviam sido chamados pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao Palácio dos Bandeirantes, diante de pressões públicas do grupo às vésperas da votação da privatização da Sabesp. Tarcísio queria aparar as arestas.

No encontro, irritado com críticas à gestão da segurança pública, que os deputados acreditavam que deveria ser mais dura contra o crime, o governador chegou a bater na mesa.

CRÍTICAS A KASSAB – Um dos incômodos manifestados pelos quatro deputados do PL presentes, Lucas Bove, Tenente Coimbra, Gil Diniz e Major Mecca, era compartilhado com o próprio Bolsonaro e voltaria a ser motivo de desgaste muitas vezes: o poder reservado ao secretário Gilberto Kassab (PSD).

Homem forte da gestão Tarcísio, Kassab é presidente do PSD, partido que comanda três ministérios no governo Lula (PT). Os parlamentares disseram ao governador que era inaceitável ter Kassab como seu secretário de Governo, considerando a relação próxima com a administração petista e as críticas públicas que ele já havia feito a Bolsonaro.

Tarcísio respondeu que não faria mudanças porque confiava em Kassab e disse que ele tinha um papel importante em azeitar o relacionamento com o governo federal.

MOMENTO DE IRRITAÇÃO – Naquela época, ao fim de 2023, o ex-presidente vivia mais um momento de irritação com Kassab. Ele tinha a expectativa que o PSD criasse dificuldades para a aprovação no Senado da indicação do então ministro da Justiça Flávio Dino para o STF (Supremo Tribunal Federal) —seu nome acabou sendo avalizado com 47 votos a favor e 31 contrários.

Desde o início da gestão Tarcísio, a figura de Kassab tem sido o calcanhar de aquiles do governador entre bolsonaristas. Eles avaliam que o ex-ministro de Dilma Rousseff (PT) concentra muito poder e influência sobre o governador. Um exemplo frequentemente citado é a indicação de Paulo Sérgio de Oliveira e Costa para a chefia do Ministério Público no estado —Costa foi secretário de Kassab na prefeitura.

Kassab é responsável por trabalhar nas relações entre o Palácio dos Bandeirantes e prefeitos e deputados, além de controlar a verba de emendas e convênios. Durante o governo Tarcísio, o PSD quase quintuplicou o número de prefeitos filiados em São Paulo.

OUTRA MANOBRA – Em março deste ano, começaram a circular rumores de que Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil de Bolsonaro, ocuparia o mesmo cargo na gestão Tarcísio, no lugar de Arthur Lima (PP), braço direito do governador. O movimento, que não se concretizou, seria uma tentativa de impulsionar uma figura política mais forte na pasta e delimitar o espaço de Kassab.

Quando bolsonaristas fustigam o governador por fazer gestos ao centro — como nas últimas semanas, após Tarcísio participar de um jantar organizado pelo apresentador da TV Globo Luciano Huck—, Kassab não escapa da crítica.

Na semana passada, por exemplo, o pastor Silas Malafaia citou o secretário ao defender à Folha que Bolsonaro desse “uma prensa” em Tarcísio. “Bolsonaro tinha que chamá-lo e dizer assim: ‘Amigão, você tem que escolher o que você quer. Se você quer ser aliado do Kassab, então segue seu caminho'”, afirmou.

HAVIA SABOTAGEM? – A irritação de Bolsonaro com Kassab nasceu na Presidência: ele avaliava que o presidente do PSD tinha feito de tudo para sabotar seu governo. No primeiro ano da gestão, parlamentares da sigla votaram muitas vezes alinhados aos projetos defendidos pela administração federal, mas a pandemia da Covid-19 mudou esse cenário.

O afastamento da legenda do governo federal ficou claro durante a CPI da Covid, refletido nas atuações combativas do presidente Omar Aziz (PSD) e do senador Otto Alencar (PSD).

Ao mesmo tempo, Kassab passou a fazer críticas públicas à gestão. Em entrevista ao UOL, em outubro de 2021, questionado se Bolsonaro era o pior presidente da história, ele respondeu: “Dos presidentes com quem convivi, com certeza”.

MAIS UM PROBLEMA – A CPI do 8 de janeiro agravou o incômodo de Bolsonaro, que atribui a Kassab o relatório final. O texto, que pedia o indiciamento de 61 pessoas, entre elas o próprio ex-presidente, foi aprovado por todos os parlamentares do PSD que integravam a comissão. A sigla também ficou com a relatoria, sob responsabilidade da senadora Eliziane Gama (PSD).

Em fevereiro de 2024, como mostrou o Painel, Bolsonaro compartilhou com aliados uma mensagem crítica a Kassab: “Para manter seus três ministérios no governo Lula, Kassab se comporta como ventríloquo de toda a podridão da esquerda. A única preocupação desse farsante são seus três ministérios”.

No mesmo mês, o jornal O Estado de S. Paulo revelou um áudio em que Bolsonaro falava sobre as eleições em Presidente Prudente (SP) e dizia que não apoiaria ninguém do “PSD do Kassab”. Hoje, o entorno do ex-presidente minimiza a afirmação e diz que ele se referia apenas às eleições na cidade.

CAMPANHA PASSADA – Visto como um notório estrategista político, Kassab se aproximou de Tarcísio durante a campanha, em 2022. Pessoas próximas aos dois afirmam que o então ministro de Bolsonaro precisava da orientação de alguém que conhecesse bem o estado. Ainda que o PL do ex-presidente estivesse na coligação de Tarcísio, quem esteve envolvido nas eleições diz que o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, atuou pela reeleição de Rodrigo Garcia (sem partido).

Embora a relação entre Tarcísio e Valdemar esteja mais azeitada hoje, os dois eram desafetos. Isso porque, no primeiro mandato de Dilma, quando diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Tarcísio promoveu demissões de apadrinhados de Valdemar, o que foi tratado como uma “faxina” anticorrupção.

Sem o apoio de Valdemar na corrida eleitoral, Tarcísio também sentiu que seu próprio partido não se engajou como esperado na campanha. Figuras da política estadual avaliam que o Republicanos não via o ex-ministro como alguém que tinha raízes no partido —o entendimento era o de que a sigla não teria tanta influência sobre a administração.

KASSAB À DISPOSIÇÃO – Em meio a esse cenário, Kassab estava ali para oferecer sua experiência e seus contatos. Além de ter rompido com Garcia, seu ex-secretário, há mais de 10 anos, o presidente do PSD viu em Tarcísio um quadro com grande potencial.

Felício Ramuth, que era até então o pré-candidato do partido, tornou-se vice de Tarcísio, e Kassab passou a atuar como o principal articulador político da campanha do governador. Ele percorreu todo o estado e atraiu centenas de prefeitos que passaram a se engajar a favor do aliado de Bolsonaro. “Eu tive relevância no projeto, me envolvi muito”, diz Kassab à Folha. “Era Tarcísio governador e Bolsonaro presidente.”

Com a ajuda de Kassab e Bolsonaro, Tarcísio foi eleito. No discurso de posse, o governador agradeceu ao ex-presidente e a figuras do PSD que o apoiaram —entre elas, o próprio Kassab. Era o prenúncio da corda bamba sobre a qual o governador caminharia ao longo do governo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Kassab sabia o que estava fazendo quando desprezou Lula e colou em Tarcísio de Freitas. Ou seja, ao invés de se ligar a um futuro incerto, devido ao envelhecimento de Lula, preferiu apostar num político mais jovem e promissor. Sua opção faz sentido. (C.N.)

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