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sábado, junho 21, 2008
PF vasculha gabinetes de deputados na Câmara
Tarso descarta vínculo político
O ministro Tarso Genro (Justiça) negou ontem que a Operação João de Barro, deflagrada pela Polícia Federal, tenha objetivos políticos às vésperas das eleições municipais, ou mesmo tenha sido tomada de forma “arbitrária” pela própria PF. Tarso disse que as operações da Polícia Federal em 119 prefeituras brasileiras são conseqüência de ações do TCU (Tribunal de Contas da União) em Minas Gerais e da CGU (Controladoria Geral da União). “Todas as buscas, mandados de prisão e investigação, não têm destinação voltada a qualquer região, facção política ou ideológica. Obedece estritamente o trabalho dos órgãos técnicos do governo. Essas operações são normais, vão continuar e queremos que sejam ancoradas no sucesso do ponto de vista técnico, jurídico e de proteção da intimidade das pessoas”, afirmou. A operação cumpre 231 mandados de busca e apreensão e 38 de prisão temporária em sete Estados. O desfalque atingia as chamadas Transferências Voluntárias, que compreendem recursos financeiros repassados pela União aos Estados, Distrito Federal e municípios em decorrência da celebração de convênios ou empréstimos cedidos pela Caixa Econômica Federal e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). De acordo com a polícia, parte dessas transferências se destinam a custear obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Ao descartar qualquer vínculo político na operação, Tarso disse que os inquéritos da Operação João de Barro foram baseados em aspectos técnicos das investigações. “Estes inquéritos têm fundamento técnico nos próprios órgãos de controle da União Federal. Nada tem a ver com decisão arbitrária da PF ou muito menos do Ministério da Justiça a respeito da busca de responsáveis por determinados atos ilícitos que aparecem nesses inquéritos.” O ministro afirmou que, no total, 1.000 policiais federais foram deslocados para a Operação João de Barro, que investigou 119 prefeituras do país. Tarso disse que a PF também deflagrou nesta sexta-feira outras duas operações, em Santa Catarina, São Paulo e Mato Grosso para o combate à lavagem de dinheiro e narcotráfico. “São operações realizadas de maneira transversal na máquina pública, com articulação permanente do Ministério da Justiça e o Ministério Público Federal”, justificou. O ministro afirmou que, na Operação João de Barro, a Polícia Federal cumpriu a determinação do novo diretor-geral da instituição, Luiz Fernando Corrêa, de não expor os presos ou investigados pela PF. “Conseguimos aplicar de maneira integral o manual da PF com os indicativos de não expor as pessoas que estão sendo presas, ou fazê-lo o mínimo possível, para que não funcione como punição antecipada”.
Justiça e Câmara autorizaram ação
O ministro Tarso Genro (Justiça) disse ontem que o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e a Justiça Federal autorizaram a ação da Polícia Federal para cumprir mandados de busca e apreensão de documentos nos gabinetes dos deputados João Magalhães (PMDB-MG) e Ademir Camilo (PDT-MG) “ O Congresso não é foco, a operação foi realizada por determinação da Procuradoria Geral da República e do Ministério Público Federal. Foi feita a operação a partir de relação direta dele com o presidente Chinaglia, que determinou a operação dentro da Câmara, em dois gabinetes”, afirmou o ministro. Tarso disse que também comunicou o ministro Márcio Fortes (Cidades) de que a PF realizaria busca e apreensão de documentos na sede do ministério. A Polícia Federal realiza hoje uma operação para combater o desvio de dinheiro público para casas populares e estações de tratamento de esgoto em vários municípios. A operação, batizada de João de Barro, cumpre 231 mandados de busca e apreensão e 38 de prisão temporária em sete Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e no Distrito Federal. Cerca de 1.000 policiais federais trabalham na operação. Segundo o ministro, o grande efetivo de policiais envolvidos na operação foi conseqüência dos mandados de prisão, busca e apreensão expedidos pela Justiça. “A mobilização dos agentes se dá de acordo com o número de mandatos expedidos, nada tem a ver com a natureza das obras [do PAC].” O ministro negou que o foco no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) tenha qualquer relação com a celeridade concedida pelo governo ao programa. Tarso saiu em defesa das obras do programa ao afirmar que as irregularidades podem ser registradas em qualquer ação executada pelo Poder Executivo. “Não tem a ver com a celeridade prestada pelo governo [ao PAC]. Mas sim ao órgãos originários da execução. Acho que [o governo] tem que apressar as obras de contratação dentro de toda legalidade e cautela”.
Presos servidores suspeitos de desviar recursos do PAC
A Polícia Federal prendeu ontem três servidores públicos federais suspeitos de envolvimento em fraudes de empréstimos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e na Caixa Econômica Federal, dentro da Operação João de Barro. Os nomes dos servidores são mantidos em sigilo pela PF, mas os três são funcionários comissionados do Ministério das Cidades, Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e Secretaria do Tesouro Nacional. A PF suspeita que os servidores agilizavam a aprovação de convênios e empréstimos nos dois bancos para a execução de obras em diversos municípios brasileiros —algumas previstas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Também há indícios de que os três poderiam antecipar informações a lobistas vinculados a empresas que executavam as obras do programa nos Estados e municípios. Segundo a PF, um grupo de lobistas cooptava funcionários públicos para agilizar projetos e obras do governo por meio de convênios e financiamento às prefeituras. O grupo conseguia direcionar licitações para que empresas participantes do esquema fossem beneficiadas nas obras. Os projetos acabavam executados com recursos inferiores aos liberados pelo governo, com a diferença sendo distribuída entre os participantes das fraudes. O desfalque atingia as chamadas Transferências Voluntárias, que compreendem recursos financeiros repassados pela União aos Estados, Distrito Federal e municípios em decorrência da celebração de convênios ou empréstimos cedidos pela Caixa e BNDES. De acordo com a polícia, parte dessas transferências se destinava a custear obras do PAC.
Fonte: Tribuna da Bahia
Falta infra-estrutura na PRF para fiscalizar as estradas no São João
Marcelo Brandão e Carmen Azevêdo
No primeiro dia de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF) nas rodovias que cortam a Bahia, durante o feriado prolongado de São João, o órgão admitiu que dispõe de infra-estrutura insuficente para verificar o consumo de bebida alcoólica nas BRs neste período. São apenas 26 etilômetros, conhecidos popularmente como bafômetros – quantidade considerada pequena para fiscalizar os seis mil quilômetros de rodovias. A PRF reconhece ainda que o contingente de policiais também está abaixo do ideal.
O prejuízo só não será maior porque, ao menos ontem, não se via condutores consumindo cerveja ou licor na saída da BR-324, que liga Salvador a Feira de Santana. Também não foram flagrados motoristas cometendo a infração em postos de gasolina, restaurantes e lanchonetes. A constatação foi feita um dia após o presidente Lula sancionar a lei que proíbe condutores de consumirem qualquer quantidade de bebida alcoólica em trechos rurais dessas rodovias. Ontem, apenas uma pessoa foi notificada nas proximidades de Eunápolis (veja boxe).
Apesar de considerar pequeno o contigente de policiais, o inspetor Antônio Jorge Azevedo Barbosa, superintendente da PRF, acredita que o cumprimento da lei pode reduzir a quantidade de acidentes. Com isto, “sobrariam” policiais para trabalhar na prevenção, fiscalizando bares e restaurante, em vez de atuar no socorro das vítimas e registro de ocorrências.
O inspetor George Paim, chefe da delegacia da PRF de Simões Filho, responsável pela fiscalização da BR-324, onde ocorre o maior fluxo de veículos durante o São João, admitiu que o ideal seria que cada viatura da corporação contasse com um bafômetro. Em sua jurisdição, Paim tem apenas um etilômetro para fiscalizar toda a BR-324 e um trecho da BR-101. Para policiar todo estado, a superintendência dispõe apenas de um equipamento para cada posto da PRF.
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Auto de constatação de embriaguez
O inspetor George Paim, chefe da delegacia da PRF de Simões Filho, revelou uma preocupação maior com a fiscalização do consumo de álcool dos motoristas durante as festas juninas, em função da tradição de licor e quentão, bebidas destiladas com alto teor alcoólico. O policial explicou que os motoristas que apresentarem qualquer indício de alcoolemia serão convidados a realizar o teste do bafômetro. Caso um condutor se negue a fazer o exame, o patrulheiro poderá lavrar um auto de constatação de embriaguez, procedimento válido legalmente.
Se o policial detectar sinais de embriaguez, como hálito de álcool, olhos avermelhados, face ruborizada ou voz embargada, será lavrado o auto de constatação. O condutor alcoolizado será multado em R$955 e conduzido à delegacia da Polícia Civil, onde será lavrado um termo circunstanciado, para que ele responda judicialmente por crime de trânsito. O infrator também responderá a processo administrativo no Departamento de Trânsito (Detran), podendo ter a carteira de habilitação cassada.
Bares e restaurantes que estiverem comercializando bebidas alcoólicas ilegalmente serão multados em R$1.500. O inspetor Paim explicou que apenas os estabelecimentos que recolhem Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) podem vender bebidas com álcool, porque são considerados urbanos. Já os que pagam Imposto Territorial Rural (ITR) não podem vender qualquer bebida com teor alcoólico, porque são tidos como imóveis rurais.
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NÚMEROS DA PRF
Contingente: 630 patrulheirosNúmero de bafômetros: 26Rodovias fiscalizadas: BR-324, BR-101, BR-242, BR-116, BR-407 e BR-367Extensão da malha: 6 mil quilômetros
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Venda liberada em área urbana
Estabelecimentos comerciais situados em muitos trechos da BR-324 vendiam bebidas alcoólicas normalmente, ontem pela manhã, um dia após a promulgação da lei. A explicação para o comércio de bebidas está na modificação do texto original da Medida Provisória 415, que impedia totalmente a venda nas rodovias federais. Agora, em trechos urbanos das estradas, será permitida a venda de bebidas com teor alcoólico, enquanto que a proibição continua valendo para zonas rurais.
O comerciante Edemir Luchini, proprietário da Churrascaria Laçador, situada num posto de combustíveis no km-35 da BR-324, comercializava bebidas alcoólicas normalmente. Ele mostrou o documento de IPTU do município de Candeias, que lhe possibilita vender bebidas como cerveja e destilados. Apesar de ser considerado um estabelecimento urbano, a churrascaria fica em um trecho da rodovia onde não se vê qualquer sinal de cidade nas proximidades, apenas uma vasta paisagem rural.
Já em outros estabelecimentos da região, como na loja de conveniência do mesmo posto de combustível, não estavam sendo vendidas bebidas alcoólicas. A equipe da reportagem do Correio da Bahia percorreu cerca de 50km da BR-324 e, na maioria dos bares, restaurantes e mercearias, bebidas com teor alcóolico eram vendidas sem problemas, porque a maioria fica próxima de algum município e recolhe IPTU.
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Transporte clandestino impera
Cilene Brito
Apesar da intensificação da fiscalização dos ônibus intermunicipais pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), motoristas que praticam o transporte clandestino na região da Brasilgás, na BR-324, atuaram livremente ontem. A presença dos policiais não intimidou condutores de veículos de passeio, vans e topics.
O Correio da Bahia flagrou muitos deles disputando passageiros, no próprio ponto, a poucos metros das viaturas, sem o menor constrangimento. Driblando a fiscalização, os condutores escondiam os veículos e embarcavam os passageiros em pontos afastados e em vias vicinais das proximidades, dentro da área urbana.
Mesmo com a disponibilidade de alguns assentos, muitos ônibus que passavam pela Brasilgás eram orientados a seguir direto, até o próximo ponto. Por conta disso, poucas pessoas conseguiram embarcar, gerando grande irritação. Mesmo sabendo das restrições, muitos passageiros foram até o local para “aventurar” a viagem. A estudante Deise Capinan, 28 anos, resolveu ir para Cruz das Almas na manhã de ontem. Sem conseguir encontrar passagens na rodoviária, ela não pensou duas vezes em tentar a viagem em um veículo clandestino. A poucos metros dos policiais, um motorista acertava o preço da viagem. “Esse é o único jeito. Não vou ficar aqui”, justificou.
Pelo menos três equipes da PRF faziam a fiscalização do local. Nenhum agente da Agerba, agência que regula o transporte intermunicipal na Bahia, estava no ponto. O órgão estima que cerca de cinco mil veículos façam esse tipo de transporte no estado. A clandestinidade atuava de forma ainda mais explícita em um ponto de ônibus que fica a menos de 100m do posto da PRF de Simões Filho, onde não havia fiscalização permanente. Lá, o operador de painéis Jailton Ávila, 40, embarcou para o município de Elísio Medrado, em um Corsa que apresentava pneus carecas. “Tenho que chegar lá o mais rápido possível. Não pára nenhum ônibus aqui”, explicou.
O chefe da delegacia da PRF de Simões Filho, o inspetor George Paim, disse que a proibição de alguns ônibus na Brasilgás foi uma forma de tentar obrigar os passageiros a irem até a rodoviária. Ele reconhece a dificuldade de combater o transporte ilegal, ressaltando que a PRF não pode atuar fora das rodovias. “Eles (os clandestinos) estão embarcando passageiros na área urbana e muitos utilizam rotas alternativas para evitar passar pela fiscalização”, explica.
Paim ressalta ainda que era necessário o reforço de agentes da Agerba na operação, já que as penalidades aplicadas pelo órgão são maiores. “A nossa multa é de R$85 e não fazemos a apreensão do veículo”, salienta. Já o diretor executivo da Agerba, Antônio Lomanto Netto, garante que as fiscalizações estão sendo realizadas por equipes itinerantes. Ele pontua, entretanto, que a operação é uma responsabilidade da PRF. “Estamos prestando um apoio”, observa.
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Motorista notificado na BR-101
Apenas um motorista foi notificado ontem pela Polícia Rodoviária Federal: Maurício Silva Dória, 32 anos, condutor do veículo Fiat/Strada branco, placa JOV-4838, abordado pelos policiais no posto de fiscalização localizado no km-720 da BR-101. Por meio do teste com bafômetro, os policiais verificaram que o motorista apresentava 0.26 mg/l (ou quatro decigramas de álcool por litro) no sangue. O condutor foi multado com base no Artigo 165 do Código Brasileiro de Trânsito.
A infração é considerada gravíssima e determina multa no valor de R$957,70 e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. A legislação prevê recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo até que seja apresentado condutor habilitado. Caso a abordagem tivesse ocorrido anteontem, Dória não teria sido notificado, pois que ainda vigorava o limite mínimo de seis decigramas.
Na tarde de ontem, a equipe de reportagem esteve também em quatro postos de gasolina da BR-324 e não constatou motoristas consumindo bebida alcoólica, apenas passageiros dos veículos. A maioria deles conhecia a nova regra. “Já ouvi falar sim. Mas, na verdade, nunca bebo quando estou dirigindo. Para mim, não muda nada”, afirmou o representante comercial Carlos Veiga, 50 anos, que parou no Makro Posto para abastecer. No posto Caramuru, km-12 da rodovia, dois frentistas atestaram o fato. Ao contrário de feriados anteriores, eles não notaram motoristas bebendo.
“Normalmente no São João, eles param aqui com som alto, consumindo bebida, principalmente licor e cerveja. Desta vez, não vi”, diz Perivaldo Caldas, 31 anos. “Acho que o pessoal está com medo, por causa da história da proibição da venda de bebida na estrada”, completou Edson dos Santos, 50 anos. Também no posto de Porto Seco Pirajá, o segurança Paulo Silva, 53, concordou. “Hoje está muito fraco, acho que as pessoas já estão sabendo mesmo”.
Fonte: Correioda Bahia
Primeiros 28 suspeitos foram presos. Mas a lista pode crescer
A Operação João de Barro é ação de maior vulto da Polícia Federal este ano por envolver grandes somas de recursos do governo federal em obras do PAC – R$ 3 bilhões para construção de casas populares, escolas, praças públicas e estações de tratamento de esgoto – e alcançar 119 Prefeituras do país. Destas, 114 ficam em Minas, onde as investigações tiveram início há dois anos – embora os primeiros indícios tenham surgido em 2002. Até o início da noite de ontem 28 pessoas haviam sido presas e quase uma centena de pedidos de prisão envolvendo prefeitos estavam parados no Tribunal Regional Federal da 3ª Região à espera de resposta do judiciário. A operação pode resultar na cassação dos mandados dos deputados João Magalhães e Ademir Camilo e de prefeitos de vários partidos, entre eles um do PT, o de Palmas, Raul Filho.
As operações da Polícia Federal desencadeadas em 2008 ainda não produziram o impacto das ações de anos anteriores – Hurricane, Navalha e Xeque-Mate – que estremeceram os três poderes da República, mas marca nova ofensiva contra a corrupção, em que transparece a preocupação com as garantias individuais.
– Não há mais exposição do preso, que provocava uma punição antecipada – disse ontem o ministro da Justiça, Tarso Genro, em entrevista coletiva dada uma hora antes da Polícia Federal apresentar o resultado da operação.
Manual de regras
Genro fez questão de colocar ao seu lado o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, o diretor-executivo, Romero de Menezes e o superintendente de Minas, David Salem. Queria demonstrar que a polícia está executando um manual de regras que preserva os direitos dos presos e, ao mesmo tempo, que não há direcionamento político nas operações. Ao contrário de outras ocasiões, ele avisou com antecedência o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, que os gabinetes parlamentares seriam alvos de buscas. Mas frisou que o Congresso não é foco de uma nova ofensiva da Polícia Federal.
– As buscas e mandados não se destinam a facções políticas – disse o ministro ao ressaltar que as investigações tiveram a participação de outros órgãos de controle da corrupção.
Segundo ele, o resultado da operação recomenda que o governo deve agir com mais cuidado e cautela na liberação de recursos para obras do PAC, sem interromper o programa.
– É preciso travar uma luta sem trégua, longa e permanente contra a corrupção – disse.
Ele explicou que a Operação João de Barro se soma a outras dezenas de ações da Polícia Federal para combater o crime organizado, o tráfico de drogas, a corrupção e delitos ambientais na região da Amazônia Legal. Segundo o ministro, o aparato repressivo do governo está cada vez mais instrumentalizado – seja através de equipamentos tecnologicamente avançados como o grampo telefônico ou pelo reforço do efetivo policial – para enfrentar o crime.
Várias frentes
Entre mais de 50 operações desencadeadas este ano, a Polícia Federal já atacou em várias frentes. Na sexta-feira passada, a Operação Higia desbaratou um grupo que desviava recursos da área de saúde no Rio Grande do Norte, prendendo 13 pessoas, entre elas o assessor parlamentar Lauro Maia, filho da governadora Wilma Faria. Há duas semanas, no Rio de Janeiro, a Operação Segurança Pública S/A terminou com a prisão do deputado Álvaro Lins (PMDB) e a descoberta de um esquema de arrecadação de propinas na Secretaria de Meio Ambiente através das delegacias de polícia. Na Operação De Volta Pra Passárgada, os federais prenderam pela segunda vez o prefeito de Juiz de Fora, Carlos Alberto Bejani (PTB) que, da cadeia, se viu obrigado a renunciar. A mais longa e duradoura operação da PF, a Arco de Fogo, destinada a interromper o desmatamento, está há três meses em vigor, e deve durar um ano.
Fonte: JB Online
As INELEGIBILIDADES deveriam ser aumentadas
Vices sem votos não poderiam chegar ao Poder
Aldo Rebelo (ex-stalinista, agora no PC do B) nunca foi candidato a prefeito de São Paulo. Essa hipótese ou possibilidade seria a última, apenas para se "blindar" (a palavra da moda) para se reeleger deputado em 2010.
Queria ser vice de qualquer um dos candidatos, examinava qual o melhor para suas ambições. Analisou como Dona Marta está junto a Alckmin nas pesquisas, "aceitou" ser vice dela. Com "relutância".
Ser vice de Dona Marta tem ainda uma outra esperança maravilhosa para o seu futuro ou sua carreira. Dona Marta é uma das "selecionadas" para presidenciável em 2010.
Assim, Aldo Rebelo está com a chance quase positiva de vir a ser prefeito de São Paulo a partir de março de 2010, quando Dona Marta (se for eleita agora) terá que se desincompatibilizar. Quase certo.
Outro ex-stalinista, Alberto Goldman, é vice do governador José Serra. Como este deixará o cargo, seguro e garantido, Alberto Goldman, em março de 2010, "pula" de vice para "governador".
Conclusão: a partir de março de 2010, o maior estado da Federação (São Paulo) e a maior capital do País (São Paulo) terão "governador" e "prefeito" comunistas.
Não tenho nada contra o fato de Alberto Goldman e Aldo Rebelo, comunistas, serem governadores ou prefeitos. Mas não com aspas e sem disputarem eleições, sem votos, sem povo e sem urna. Mas "governadores" e "prefeitos" sem o aval do povo e do voto? Ignomínia democrática.
(A legislação brasileira deveria ser igual à dos Estados Unidos, o outro grande presidencialismo do mundo ocidental. Lá, quem se elege para um cargo parlamentar tem que cumprir o mandato. Deputados [representantes] e senadores não podem ser secretários de Estado, equivalente aos nossos cargos de ministros, secretários estaduais ou municipais. Aqui, o cargo parlamentar é trampolim. O cidadão se elege para um cargo e ocupa outro).
O melhor exemplo é o de Dona Marina, apesar da consideração que tenho por ela. Foi eleita para o Senado, tomou posse, se licenciou, ficou quase 6 anos ministra. Foi substituída por um deputado estadual que jamais imaginou que seria ministro. O mundo todo copia o que é bom. Por que não fazemos o mesmo?
Amanhã começam as convenções para a escolha dos candidatos a prefeito do Rio. Alguns partidos apenas ratificarão nomes, são candidatos únicos, muitos sem chance sequer de chegarem ao segundo turno. O PT-PT homologará o nome de Molon, apenas para constar.
O Psol ratificará Chico Alencar, é o único e excelente candidato do partido, prejudicado pela divisão e esquartejamento da mesma área. São os equívocos do pluripartidarismo-presidencialista. Fernando Gabeira também não tem problemas de legenda (mas com o PSDB?), embora não tenha votos para chegar ao segundo turno.
O "bispo" Crivela, que se dizia favorito, desgastado totalmente pelo "cimento social" (ligadíssimo à crueldade contra civis que foram "entregues" a traficantes para serem torturados e mortos), também tem legenda garantida. Votos? Em 2004 também era favorito e perdeu, o que se repetirá, para sorte do Rio.
Jandira Feghali tem legenda, repercussão e votos, será ratificada pelo PC do B. Fortíssima, vai para o segundo turno, e aí será ainda mais forte. Portanto a única convenção importante de amanhã: a do PMDB. Facilitada pela decisão U-N-Â-N-I-M-E pelo candidato próprio. E como só existem dois candidatos ELEGÍVEIS, Jorge Coutinho e Marcelo Itagiba, de forte militância, lógico, um dos dois será o candidato.
PS - Compreensão e colaboração para um jornalista de "O Globo": quando vetou a candidatura fortíssima de Vladimir Palmeira, José Dirceu não era "poderoso chefe da Casa Civil". Esse veto ocorreu em 1998, Vladimir era favorito para governador, Dirceu só chegaria ao Poder em 2003. Se perdendo totalmente pela arrogância, que procurava esconder.
Anthony Garotinho
Digam o que disserem, assumiu o comando da convenção do PMDB. Deixou longe o governador e o presidente da Alerj.
No dia 16 de março, a respeito da possibilidade de qualquer cidadão se candidatar aos cargos mais diversos, desde que NÃO ESTIVESSE CONDENADO POR SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO, coloquei a seguinte hipótese: "Se Fernandinho Beira-Mar resolvesse se candidatar a qualquer cargo, ele seria ELEGÍVEL. Pois apesar de preso há dezenas de anos, não tem nenhuma condenação transitada em julgado".
Há 15 dias reforcei a tese, com outro exemplo indiscutível e irrefutável: "Se o casal Nardoni (um deles, o pai ou a madrasta, suspeitos e acusados de matarem a menina Isabella) decidisse ser vereador ou prefeito, estaria ELEGÍVEL. O casal é apenas suspeito".
Anteontem, os representantes dos 26 TREs se reuniram e lançaram uma espécie de protesto ou rebeldia santa. Decidiram não cumprir o que o TSE de Brasília resolveu. E não registrarão candidatos de FICHA SUJA.
Claudio Santos, presidente do Colégio dos Presidentes de TREs, garantiu que "não estão obrigados a cumprir a ORIENTAÇÃO do TSE". E citou o meu exemplo de Fernandinho Beira-Mar, o que agradeço.
Além do mais, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tomou essa decisão de FAVORECER os que têm fichas sujas por míseros 4 a 3, o que significa que não há C-O-N-V-I-C-Ç-Ã-O.
Com isso, cria-se expectativa interessante, curiosa e inédita. A decisão desse conflito entre TSE e TRE irá para o Supremo.
Vários ministros do Supremo fazem parte do TSE, acredito que eles votaram pelo VETO a candidatos de FICHA SUJA, a definição ficou.
O presidente Lula provavelmente irá rever o que anunciaram: sua intenção de pedir o AGRAVAMENTO dos que pedem INDENIZAÇÃO MORAL a jornalistas. 99 por cento deles são LITIGANTES DE MÁ-FÉ.
Nem precisam da indenização, raramente têm honra a defender, exercem uma forma de CENSURA À IMPRENSA. O objetivo de quase todos é o mesmo: se ganharem, RECEBEM de órgãos que não podem PAGAR. Se perderem, não perdem nada, mas exerceram a coação.
Interessante mas revelador: o presidente Chávez esteve em Cuba, já foi noticiado. O que não disseram: ele não se interessou em conversar com Raul, o irmão, que está na presidência para valer.
Chávez contou a Fidel seus contatos com as Farc idealistas, a impossibilidade de manter a ligação com eles. E as declarações públicas. Esperava aprovação ou reprovação do "comandante", apenas silêncio.
Com a repercussão terrível das ROUBALHEIRAS do prefeito Bejani, os habitantes de Juiz de Fora (uma das cidades mais progressistas e mais agradáveis do Brasil) tentam movimentos de recuperação.
Todos querem um grande nome para vencer em outubro e não ficar enriquecendo durante 4 anos. Pensam logo em Itamar Franco, que não admite nem conversar. Terminaria por onde começou.
Além do mais, o presidente Lula poderia tomar como base seu próprio comportamento. O senhor Mangabeira Unger disse do presidente Lula, como pessoa e como presidente, o INACREDITÁVEL.
Hoje é ministro. (Duplamente, ocupa dois cargos). O presidente poderia ter movido processo contra ele. Outro que também ATACOU dura e violentamente o presidente Lula, agora também é ministro, intimíssimo do presidente. Seu nome: Geddel Vieira Lima.
Hoje, dia 21, começa o inverno, termina o prazo para inscrição na Academia, vaga de Zelia Gattai. Os inscritos são os mesmos do primeiro momento. Os que se elegeriam facilmente não quiseram.
Impressão geral: ninguém se elegerá nos diversos escrutínios, terão que marcar nova data. Alguns falam que têm 13 votos, outros vão a 16, tudo distante da realidade "imortal".
Ontem, houve reunião no PMDB do Rio. Foi dito que era para "coordenação da convenção de domingo, amanhã". Para surpresa dos que não foram, quem coordenava? Jorge Picciani.
Ele falou e falou muito, apesar de só estarem presentes 5 pessoas. O presidente da Alerj, o secretário do partido, Carlos Alberto Muniz (ainda? Quando fui cassado em 1966 era do MDB e ele já secretariava), e os 3 candidatos, quer dizer, 2.
Os dois eram Marcelo Itagiba e Jorge Coutinho, mas Eduardo Paes também foi, ninguém pode impedir, o que fazer?
O presidente da Alerj elogiou Itagiba e Jorge Coutinho, textual: "Por causa deles dois, o PMDB terá candidato próprio". Disse que ainda não decidira em quem votar, mas seu filho deputado federal votará em Itagiba.
Jorge Coutinho, um militante histórico e grande figura, pediu a palavra, disse, "não sou mais candidato, apoiarei integralmente Marcelo Itagiba". Alguma dúvida sobre o "candidato próprio"?
XXX
Messi, grande craque da Argentina (e péssimo artilheiro), falou muito, mas depois do jogo.
1 - Jogamos melhor do que o Brasil, merecíamos ter ganho.
2 - Dominamos o jogo todo, o Brasil só teve duas chances de marcar.
3 - Perdemos inúmeras oportunidades, poderíamos ter ganho até com facilidade.
XXX
Quase tudo é verdade, mas perder oportunidades (não fazer gols), tem que ser colocado no "superávit primário". (Como fazem na economia brasileira). Messi continuou o elogio à sua própria seleção.
Não discuto a qualidade do futebol do Messi, principalmente correndo e driblando, driblando e correndo. Mas chutando, que calamidade. O próprio Messi perdeu 3 gols, que ele deve passar dias, semanas e meses vendo na TV para compreender como isso pode acontecer.
O primeiro inacreditável e ininteligível. Quase em frente ao gol, sozinho, Messi chutou com violência, e em vez da bola ir para a frente (1 metro) foi na horizontal, lateral para o Brasil. O outro, sozinho e sem marcação, também diante do gol, chutou para o alto. O terceiro, no fim do jogo, seria a vitória. Estava tão fácil, que se jogou no chão, ficou deitado se lamentando.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Uma grande mea culpa
BRASÍLIA - Coube a Pedro Simon fazer mea culpa de vastas proporções, esta semana, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. Nada pessoal que o senador está quase chegando a santo, certamente já beatificado. Ele sustentou, com rara coragem e muita emoção, que antes de criticar o Judiciário por andar invadindo suas prerrogativas o Legislativo deveria olhar para o próprio umbigo e reconhecer a falta de cumprimento de suas obrigações.
Discutia-se a incursão do Tribunal Superior Eleitoral na questão do registro de candidatos às eleições de outubro. A Constituição de 88, completando vinte anos, determinou que o Congresso votasse lei complementar regulamentando formas e mecanismos para qualquer cidadão registrar-se na Justiça Eleitoral. Como até hoje nenhum projeto foi aprovado, o TSE avocou a tarefa, apesar de decidir, pela maioria de um voto, que os registros só serão negados a candidatos condenados criminalmente, com sentença transitada em julgado.
Mesmo assim, a mais mais alta corte eleitoral do País encontra-se em vias de determinar aos juízes de primeira instância que, sem poder negar o registro, divulguem as chamadas fichas sujas dos candidatos, ou seja, os processos respondidos por eles.
O Senado acordou para mais esse vazio e Pedro Simon justificou: "Aquilo que não fazemos, o Judiciário faz". Lembrou que coisa igual aconteceu diante de outra exigência constitucional não cumprida, sobre a natureza dos mandatos. Sem decidir se os mandatos pertencem aos partidos ou aos mandatários, o Congresso assistiu o Judiciário determinar sua perda nos casos em que seus detentores mudassem de partido, situação que aflige mais da metade dos parlamentares.
Outra crítica do senador gaúcho respingou na Câmara, porque projetos de reforma política aprovados no Senado, até a toque de caixa, dormem nas gavetas da outra casa, sem votação prevista. É o caso da limitação de o Executivo baixar medidas provisórias. Exageros aconteceram, porque os senadores chegaram a realizar oito sessões extraordinárias numa única noite, para apressar a restrição ao poder de o presidente da República editar textos até inconstitucionais. No entanto, a Câmara ainda não se manifestou.
No auge da discussão sobre o registro de candidaturas, houve apoio dos senadores presentes à sugestão de Simon: por que não inverter-se a equação, com os candidatos pedindo registro, mas exigindo da Justiça que se pronuncie de imediato sobre os processos abertos contra eles, ainda não julgados? Essa fórmula serviria para agilizar juízos e tribunais, que também mereceram reparos por parte do senador. Não há como justificar atrasos de vinte ou mais anos na apreciação de processos. Se houver necessidade, que se altere o Código de Processo Penal.
Estão metendo a mão
Trata-se de crime o que andam fazendo os planos de saúde, aumentando aleatoriamente as prestações dos associados, em especial aqueles maiores de 60 anos. Os salários sobem, no máximo, com a inflação, exceção dos pensionistas e aposentados, garfados pelo governo desde o ano passado. Mas os planos de saúde registram reajustes de até 20%, adotados de forma unilateral, até sem comunicação prévia.
Dizem existir uma lei proibindo esse assalto, mas deve ser a "lei Conceição", aquela que, se subiu, ninguém sabe, ninguém viu. O triste é que no Congresso nem se toca no assunto. Deputados e senadores estão cobertos por planos especiais. Os outros que se danem...
Só cabem dois
Em São Paulo, aguarda-se com nervosismo o resultado da mais recente pesquisa de opinião a respeito das preferências do eleitorado para a prefeitura da capital. Só tem lugar para dois, prevendo-se que nenhum candidato vencerá no primeiro turno. Marta e Geraldo? Kassab e Marta? Geraldo e Kassab?
Há quem imagine que do conflito entre os tucanos, até agora indefinido, resulte o esvaziamento tanto do atual prefeito, que é do DEM, quanto do ex-governador. Mas Marta sente que, solitária, apenas com o PT, perderá percentuais.
Pode parecer missão impossível, mas é por aí que Paulo Maluf pretende desencadear invulgar campanha, que apenas começou com a mirabolante proposta de oito pistas de rolamento construídas sobre o leito dos rios. Só falta oferecer um helicóptero para cada família.
Para que japoneses?
A história é velha, mas pertinente. Israel Pinheiro perdia os cabelos para implantar Brasília, tirada do nada. Tudo eram problemas. Na hora em que levaram a ele a questão do abastecimento da nova capital, em especial no tocante a frutas, verduras e legumes, o velho mineiro respondeu que naquele particular já tinha solução. Havia convidado um grupo de japoneses para instalarem-se na periferia da cidade.
Aliás, no dia seguinte eles viriam apresentar o primeiro diagnóstico a respeito do que poderia ser feito. O chefe da delegação, mesmo cerimonioso, foi taxativo. A terra ao redor de Brasília era a pior possível, não havia jeito de torná-la produtiva e seus colegas já pensavam em retornar a São Paulo.
Israel, manhoso, procurou falar das vantagens deles permanecerem, mas, diante da irredutibilidade, acabou explodindo: "Ora, se a terra fosse boa, para que eu ia chamar japoneses? Vocês têm que ficar e provar serem diferentes."
Ficaram e provaram.
Fonte: Tribuna da Imprensa
PSDB fecha aliança formal com PT em Aracaju
"Temos fama de ficarmos em cima do muro e sempre entrarmos aos 45 do segundo tempo, mas hoje (ontem) quero dizer que estamos entrando no início do jogo", assegurou Miriam Ribeiro. Já o deputado federal Albano Franco (PSDB) disse que "o partido teve tempo de conversar com todos os grupos, ouvir todas as propostas, e esta posição que tomamos é porque não pretendemos mudar o que está dando certo".
Para o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, a campanha será marcada pelo reencontro histórico entre o PCdoB e o PSDB. Já o governador Marcelo Deda (PT), que compareceu à solenidade, comemorou a adesão, chamando essa aliança de "a união das forças do bem e do progresso".
Fonte: Tribuna da Imprensa
TREs vão levar em conta ficha suja
O presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, que compareceu ao encerramento do encontro em um hotel de Copacabana (Zona Sul), reafirmou que a tendência da Corte é considerar que a vida pregressa não é condição de inelegibilidade sem a condenação com trânsito em julgado. No entanto, ele lembrou que os juízes regionais gozam de autonomia e estão livres para tomar as decisões.
No entanto, admitiu, é grande a chance de os candidatos recuperarem o registro ao recorrer ao TSE. "Do ponto de vista técnico, a resposta formal do TSE é apenas uma diretriz. Sinaliza como o TSE entende a matéria e como, provavelmente, vai se comportar no julgamento de eventuais processos (recursos por parte dos candidatos)", disse Britto, que evitou classificar a medida do Colégio como inócua.
O presidente do TRE do Rio (TRE-RJ), Roberto Wider, lembrou que a resolução do TSE não pode inibir um movimento que, apesar de ter começado no Rio, conta com o apoio da maior parte dos magistrados responsáveis pelos tribunais nos estados e da sociedade.
Presidente do TRE do Rio Grande do Norte e do colégio, o desembargador Cláudio Santos lembrou que candidatos já foram diplomados na prisão. "Precisamos evitar isso, que é inaceitável". Questionado se a divergência entre o TSE e os juízes regionais não vai provocar uma batalha jurídica nas eleições deste ano, Ayres Britto foi evasivo: "A minha expectativa é de que as coisas sejam equacionadas com bom senso".
A resolução do Colégio também determina que juízes e servidores da Justiça Eleitoral facilitem o acesso aos processos eleitorais que dizem respeito aos antecedentes dos pretendentes a candidaturas. Ayres Britto, repetiu que deverá levar para o plenário do TSE "nos próximos 10 ou 15 dias" uma proposta de revisão da resolução 22.718 que limita a entrevista de pré-candidatos e levou a promotoria de São Paulo a representar contra o "O Estado de S.Paulo", a "Folha de São Paulo" e a revista "Veja" na Justiça.
O ministro lembrou que sua posição a favor da inexistência de impedimentos para a imprensa escrita, que não se utiliza de concessões públicas, é conhecida por decisões que já tomou. No entanto, ressaltou que não levará uma proposta à Corte.
"Na verdade, eu vou encontrar um espaço na pauta de reuniões do TSE para propor uma rediscussão da matéria. A minha tendência todo mundo conhece. Vamos ver se a oportunidade favorece um repensar coletivo nessa perspectiva de saber se a resolução é compatível ou não com a Constituição, que trata a imprensa como irmã siamesa da democracia. Não há liberdade de informação, senão com a imprensa livre", disse. Os magistrados do colégio de presidentes dos TREs também enviou ao TSE um pedido para proibir que mensagens eleitorais sejam enviadas por celulares.
Fonte: Tribuna da Imprensa
PF desbarata bando que deu golpe no PAC
BRASÍLIA - A Polícia Federal (PF) desbaratou ontem um esquema de desvio de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), montado por empresários e lobistas com a participação de deputados, prefeitos e funcionários públicos. A organização criminosa já controlava R$ 700 milhões de recursos públicos destinados à construção de casas populares e a obras de saneamento básico.
Mais R$ 2 bilhões em recursos públicos, provenientes de emendas parlamentares e de financiamentos da Caixa e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), estavam na mira da quadrilha. Esse dinheiro deverá ficar retido durante as investigações, para evitar novos desvios.
A operação da PF, batizada de "João de Barro", envolveu mil agentes, mobilizados para cumprir 38 mandados de prisão e 230 mandados de busca e apreensão em sete estados - São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Goiás e Tocantins e Distrito Federal. No total, 119 prefeituras são alvo das investigações, a maior parte em Minas Gerais.
Deputados
Dentre as diligências cumpridas pelos agentes, foram vasculhados os gabinetes de dois deputados federais, João Magalhães (PMDB-MG) e Ademir Camilo (PDT-MG). Os agentes chegaram cedo ao Congresso e apreenderam caixas de documentos, levadas para a Superintendência da PF em Brasília.
Os dois são suspeitos de apresentar emendas para destinar recursos do orçamento para prefeituras de cidades mineiras onde a organização atuava com mais freqüência. Em troca, de acordo com as investigações, receberiam propina equivalente a 10% do valor da obra.
De acordo com policiais federais, os dois serão investigados pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, tráfico de influência e concussão. Dos 38 mandados de prisão, apenas 26 foram efetuados até o final do dia. Entre os presos, um funcionário do Tesouro Nacional, um servidor do Ministério das Cidades e outro da Codevasf, órgão vinculado ao Ministério da Integração Nacional.
As investigações mostram que eles eram encarregados de analisar os projetos e liberar os recursos para as obras. Eles são acusados de repassar informações privilegiadas para os empresários interessados nesses empreendimentos. Nos próximos dias, novas prisões podem ser efetuadas.
Além dos 12 acusados que permanecem foragidos, a PF poderá obter autorização judicial para prender prefeitos envolvidos. Os pedidos já foram feitos à Justiça, mas ainda não foram analisados. Os investigadores não revelaram, porém, quantos podem ser presos nem quais as cidades administram.
De posse dos documentos e computadores apreendidos, a PF pretende agora colher mais provas contra os envolvidos e descobrir quanto exatamente foi desviado pela organização.
Princípio
O esquema montado por três grandes grupos de empresas começou durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Os empresários e lobistas mantinham sob seu controle funcionários públicos federais e municipais, encarregados de analisar os projetos de interesse das empresas e repassar informações privilegiadas para o grupo.
Quando o dinheiro estava prestes a ser liberado, os lobistas ou mesmo parlamentares, faziam a aproximação dos empresários com os prefeitos. Dava-se então o acerto para o direcionamento das licitações. Vencida a concorrência, essas empresas tocavam as obras ou contratavam outras para o serviço.
Em vez de cumprir o determinado, as empresas entregavam as obras com padrão de qualidade abaixo do combinado. O dinheiro que não era gasto era rateado entre os envolvidos - empresários, prefeitos, funcionários públicos, fiscais e parlamentares.
As investigações começaram no Tribunal de Contas da União (TCU), a partir de denúncia veiculada pela imprensa, em 29 municípios mineiros. Comprovado o direcionamento das licitações, a PF de Governador Valadares (MG) foi acionada.
Quando os policiais detectaram o envolvimento de deputados, que têm foro privilegiado, o caso foi remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro que relata o caso, Cezar Peluso, encaminhou para a primeira instância as investigações de funcionários públicos e empresários e para a Justiça Federal as denúncias contra prefeitos. De acordo com o superintendente da PF em Minas, David Salem, serão abertos 200 inquéritos, um para cada obra fraudada.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Senadores fazem vigília à espera de empréstimo para o RS
Como o plenário estava totalmente vazio, a dupla de senadores foi obrigada a se revezar na tribuna para evitar que a sessão caísse. Sem a solidariedade de Heráclito Fortes, Simon teria de sustentar sozinho a sessão, enquanto assessores do Ministério da Fazenda e da Casa Civil da Presidência da República tentavam agilizar o envio da documentação ao Congresso.
Com 78 anos, o senador gaúcho passou quase sete horas no plenário e deu exemplo de pura resistência. "Vou passar a bola para tu um pouco", afirmou para Heráclito, fazendo uma rápida pausa para almoçar algumas torradas com queijo. Ao final, as críticas ácidas ao governo, que pontuaram seus discursos, se transformaram em palavras de agradecimento ao presidente Lula e à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Emocionado com o desfecho das horas de pressão, Simon reconheceu que estava em uma encruzilhada. Se a mensagem não chegasse antes do encerramento da sessão, o empréstimo poderia ser inviabilizado, pois os prazos ficariam estreitos para sua aprovação.
Nesse caso, ele teria de culpar o governo pelos prejuízos aos gaúchos e ao estado. Agora, depois da leitura feita hoje, a mensagem segue para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que já tem como relatora a senadora petista Serys Slhessarenko (MT).
Simon chegou ao plenário às 9h30, após receber do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, a garantia de que o pedido seria enviado ainda pela manhã. Mas passou a desconfiar quando a procuradora-geral-adjunta da Fazenda Nacional, Liana Veloso, comunicou que a documentação só chegaria às 13 horas, horário esticado para as 15 horas, deixando os senadores irritados.
"Não vivi momento tão triste como este, tão grosseiro e tão vulgar. O Lula está numa vaidade exagerada e temo porque parece que Sua Excelência é homem do bem e do mal. E a gente que o assessora vive momentos muito difíceis. Ah, prepotência e complexo de grandeza!", ironizou Simon.
Já Heráclito Fortes cancelou três vôos para seu estado para socorrer o colega, com quem conviveu de perto no MDB e PMDB. "Isso tudo serve de alerta ao governo federal para que não proceda assim outras vezes", disse o senador.
Fonte: Tribuna da Imprensa
sexta-feira, junho 20, 2008
Salários de servidores são reajustados
O projeto abre crédito suplementar ao Ministério do Planejamento no valor de R$7,56 bilhões em 2008, referente ao total dos reajustes que vão ser repassados aos servidores. “Agora as medidas provisórias são desnecessárias. Elas poderiam gerar uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade) da oposição no Supremo Tribunal Federal (STF). Para evitar problemas, combinamos com a oposição que viria o projeto de lei. Com o acordo, os projetos tramitaram normalmente e foram aprovados sem polêmica”, disse a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), líder do governo no Congresso.
Com a aprovação, os projetos seguem agora para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Após a sanção, o governo vai retirar as MPs que concediam os reajustes que estão em tramitação na Câmara. O Orçamento da União para este ano prevê R$3,4 bilhões para todos os reajustes do funcionalismo, enquanto o aumento salarial dos militares vai custar aos cofres públicos cerca de R$4,2 bilhões. Com a suplementação extraordinária, o governo cumpre o acerto firmado com os servidores para o pagamento do reajuste. Em relação aos militares, o aumento salarial médio será de 47,19%.
Os percentuais variam de 35,01% para os oficiais generais de quatro estrelas até 137,83% para soldados e recrutas. O reajuste será retroativo a janeiro de 2008 e será pago escalonadamente até julho de 2010. Com o aumento, o soldo dos recrutas sobe de R$235,20 para R$471. Já os 800 mil servidores civis beneficiados receberão reajustes que variam de 9% a 105%, de acordo com cada categoria. O projeto atinge 17 categorias do funcionalismo público fe-deral. (Folhapress)
Fonte: Correio da Bahia
TREs divergem sobre divulgação de ‘ficha suja’ de candidatos
RIO DE JANEIRO - Reunidos ontem e hoje, em Copacabana, no Rio de Janeiro, os presidentes de tribunais regionais eleitorais (TREs) de todo o país discutem a possibilidade de uma decisão conjunta em torno da divulgação das listas com as fichas sujas de candidatos nas eleições deste ano. O presidente do TRE do Rio, Roberto Wider, anunciou em entrevista que as fichas dos candidatos fluminenses serão divulgadas no site do órgão. O desembargador lembrou que qualquer pessoa que entre na vida pública por concurso precisa apresentar a ficha limpa. “Por que os políticos não?”, questionou. Dentro das possibilidades do tribunal, Wider promete liberar, até julho, os dados sobre os candidatos que respondem a processos judiciais. “Espero que outros tribunais também divulguem, porque o eleitor tem o direito de conhecer seus candidatos”.
No primeiro dia da reunião do Colégio de Presidentes dos TREs, o presidente do TRE do Rio recomendou que os juízes de registro enviem a lista de candidatos com “ficha suja” para a Associação de Magistrados Brasileiros (AMB), para que a entidade divulgue o conteúdo aos eleitores. “A exigência da ficha limpa é uma forma de colaborarmos para a melhoria do padrão ético-político da nossa sociedade”, afirmou.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou anteontem que não vai divulgar a “ficha suja” dos candidatos. O desembargador Roberto Wider diverge e expôs os seus argumentos. Defendeu que a recente resposta do TSE à consulta sobre a possibilidade de impugnação da candidatura de candidatos com “ficha suja” não pode mudar o entendimento dos juízes regionais e indicou que recusará candidatos com ficha criminal. Caberá a eles o recurso no TSE, mas o eleitor já teria sido alertado sobre os antecedentes do candidato.
Divergências - A opinião de Wider, no entanto, está longe de ser unânime. O presidente do Colégio de Presidentes dos TREs, Cláudio Santos (do Rio Grande do Norte), afirma que não é papel do tribunal entrar na seara de orientar em quem o eleitor não pode votar. Para o presidente do TRE do Rio Grande do Norte, Cláudio Santos, a elaboração de uma eventual lista de candidatos processados pela Justiça Eleitoral poderia “jogar todos que respondem a processo numa vala comum”.
Santos utilizou ainda um exemplo extremo como argumento para defender a modificação dos critérios de escolha de candidatos pela Justiça Eleitoral: “Vou dar um exemplo radi-cal. Se hoje o Fernandinho Beira-Mar quiser ser candidato e procurar um partido, poderia ser, porque ele não foi efetivamente condenado. Há uma necessidade de se fazer alguma coisa”.
Os magistrados também aprovaram uma moção de apoio ao presidente do TSE, ministro Carlos Ayres Britto, por sua intenção de veicular propaganda institucional alertando o eleitor sobre o tema. O ministro participará hoje do último dia do encontro no Rio. (AG e AE)
Fonte: Correio da Bahia
Opinião - Na vereda do risco
O destrambelhado Jânio Quadros armou duas crises emendadas, de tosco formato provinciano, modelo que dera certo no trânsito pelo governo de São Paulo, mas que deixou para o país a trágica herança de décadas de desajuste.
A bem dizer, foram duas traições no mesmo embornal da mania do golpe para o exercício do poder sem os embaraços do Congresso e da imprensa livre. No lance preparatório traiu o seu companheiro de chapa, o impecável ex-governador de Minas, Milton Campos, das melhores figuras humanas da nossa história republicana.
Como repórter que acompanhou a correria pelo país na caça ao voto, a bordo de um lerdo e confiável DC-3 da finada Varig, testemunhei a farsa das deferências do comediante, nos rapapés de seu jeito exótico ao mineiro que cumpria a missão recebida, enquanto tramava na sombra o apoio à maroteira do Jan-Jan, o movimento popular, fabricado em casa, do Jan-Jan, que por sua vez entregava a inviável candidatura do marechal Teixeira Lott às traças da derrota certa.
Crise em dose dupla. A renúncia surpreendente, como chilique depois de noite de insônia, comunicada em curto documento em linguagem rebuscada, atirou o país no mais grave momento da sua história, a um passo de um confronto militar que racharia as Forças Armadas, deixando seqüelas que só o tempo cicatrizaria.
A deslealdade que derrotou Milton Campos se não emplacou o golpe do retorno incondicional, na recaída a uma ditadura de fato, montou o cenário para a crise da posse do vice Jango Goulart e do seu frágil governo, com a seqüência de turbulências que alcançaram os quartéis. Jango jamais avaliou o que custou a sua posse, enquadrada na experiência parlamentarista que era a sua tela protetora. Com a antecipação do plebiscito, em campanha regada por milhões de origem suspeita, o enterro do parlamentarismo desembocou no golpe militar de 1° de abril de 1964 com a ditadura do rodízio dos cinco generais presidentes, com fôlego de gato para quase 21 anos de um balanço contraditório: êxitos inegáveis na economia, com fases de grandes obras – de que é exemplo a administração do ministro Mario Andreazza, nos Transportes, nos dois anos e meses do mandato do general Médici. que riscou o mapa do país de estradas, construiu a ponte Rio-Niterói e, do lado do avesso, um catastrófico desempenho na área política. Ditadura, à paisana ou fardada, no fundo são irmãs siamesas.
O AI-2 do governo inaugural do general-presidente Castelo Branco liquidou com os partidos criados na alvorada democrática da Constituição de 1946 com as sobras das rivalidades municipais, que sobreviveram ao massacre.
Um erro crasso e sem remédio e que resistiu a todos os remendos e mesinhas e marcha na cadência da crise ética que avilta o Poder Legislativo, com a decadência dos costumes e a gastança do dinheiro público para a farra das mordomias, das vantagens e de trampas como a verba indenizatória e os R$ 61 mil mensais para contratar assessores para os gabinetes individuais de senadores e deputados, inclusive dos campeões das ausências.
O Congresso que empurra para o amanhã que nunca chega, a reforma política moralizadora, tão imprescindível quanto inviável é o que convém ao governo, a todos os governos. A virtual inexistência de partidos que se dêem ao respeito, que não se lambuzem com o mel dos escândalos da maior safra de todos os tempos – desde a chegada de Cabral ao segundo mandato do presidente Lula que se auto-elogia nos improvisos diários como o detentor de todos os recordes de realizações que refundam o país – bloqueia as tímidas tentativas moralizadoras.
E o governo e o Congresso vão levando a democracia tão duramente conquistada para a vereda do risco. E que é assunto para mais uma conversa.
Fonte: JB Online
Polícia Federal busca 38 suspeitos de desviar verbas do PAC
BRASÍLIA - A Polícia Federal deflagrou nesta manhã desta sexta-feira uma operação denominada João-de-Barro de combate a fraudes em licitações públicas em prefeituras de diversos municípios do País. Os suspeitos estariam envolvidos num esquema de desvio de verbas do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), do governo federal, por meio de fraudes em licitações de obras. A suspeita é que a quadrilha tenha movimentado cerca de R$ 2,7 bilhões nos últimos meses.
Cerca mil agentes da PF cumprem 231 mandados de busca e apreensão e 38 mandados de prisão em oito Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e no Distrito Federal.
Os mandados de busca foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), pois a PF busca provas em diversos órgão públicos, inclusive em alguns ministérios localizados em Brasília.
Nesta primeira fase da operação, o delegado Alessandro Moreti, responsável pelo caso, ainda não pediu para Justiça expedir nenhum mandado de prisão para foro privilegiado porque pretende agora coletar dados para numa segunda etapa pedir a prisão de vários prefeitos envolvidos no esquema fraudulento.
A operação partiu de informações coletadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que comprovou desvio de verbas públicas destinadas à construção de casas populares e estações de tratamento de esgoto em vários municípios.
O desfalque atingia as chamadas Transferências Voluntárias, que integram o PAC, e que são recursos financeiros repassados pela União aos Estados, Distrito Federal e Municípios em decorrência da celebração de convênios ou empréstimos cedidos pela Caixa Econômica Federal e BNDES.
Por causa do desvio de recursos, as obras não apresentaram o padrão de qualidade e quantidade previsto no projeto original.
De acordo com a PF, até o momento, os projetos apresentados pelo esquema receberam o repasse de 700 milhões de reais. A operação pode impedir que mais 2 bilhões de reais tenham o mesmo destino.
(C ominformações da Globonews e Portal Terra)
Fonte: JB Online
O princípio da Máfia
Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - O agrônomo e engenheiro Hélio Tollini, ex-secretário-geral do Ministério da Agricultura, hoje presidente da Associação dos Produtores de Algodão, definiu em audiência pública no Senado a saia justa em que os Estados Unidos colocaram o Brasil e demais nações em desenvolvimento.
Os americanos deram de ombros, mesmo derrotados em longo processo na Organização Mundial do Comércio, que censurou os subsídios concedidos por Washington aos seus produtores agrícolas. O protecionismo continua o mesmo, tendo em vista a aplicação do "princípio da Máfia" pelo governo daquele país.
Qual é o "princípio da Máfia"? De tentarem parecer muito mais fortes do que são, junto aos amigos e aliados, mas, no reverso da medalha, darem a entender aos adversários que são muito mais fracos do que na realidade.
Assim, os Estados Unidos estimulam as nações ricas que também praticam o protecionismo a não cederem à pressão das nações subdesenvolvidas, prejudicadas pelos subsídios, muito menos a respeitarem decisões de organismos internacionais. Querem demonstrar que podem tudo.
A estratégia muda diante de países como o Brasil, autor da ação contra o protecionismo americano dado ao algodão lá produzido: tentam convencer-nos de que os subsídios nada significam, que beneficiam apenas meia dúzia de pobres catadores, sem expressão comercial.
Trata-se de um golpe baixo, desferido pelos que necessitam desesperadamente exportar sua produção, com base em números irrefutáveis. A população nos países ricos cresce bem menos do que no resto do mundo. Dos seis bilhões de habitantes do planeta, hoje, prevê-se que passarão a oito bilhões, em 2025.
A grande maioria nos países em desenvolvimento ou pobres, que precisarão consumir mais alimentos. Mas se produzirem em seus próprios territórios, deixará os ricos sem poder exportar seus excedentes cada vez maiores. Em grandes dificuldades, portanto. Sendo assim, subsidiam sua agricultura para dar-lhe condições de competitividade, ainda que em detrimento dos demais países e suas populações.
Qual a saída? Para Hélio Tollini, não adianta ficar xingando mãe, avó e bisavó dos ricos, que não estão nem aí para os protestos. A solução é dupla: retaliar e negociar. Sem devolvermos a agressão arriscamo-nos a perder a força e o respeito, adquiridos após penosa contenda na Organização Mundial de Comércio. Mas também não podemos dar tiros em nossos pés, ou seja, sairmos prejudicados pelas nossas próprias represálias, se apenas nos circunscrevermos a elas. É quando entra a negociação, caso a caso, envolvendo governos e associações.
Tomara que o renomado técnico agrícola tenha razão e que, no fim de prolongado diálogo, venhamos a obter algum resultado. Sem perder a evidência de que, se eles lutam pela própria sobrevivência, nós também...
E os assassinos
A premissa é de ter sido inaceitável a ação de um tenente e um grupo de soldados do Exército que, numa das favelas do Rio, entregaram três rapazes à sanha de uma quadrilha de narcotraficantes. Nada mais justo do que a indignação geral diante dessa execrável ação dos militares. Precisam ser punidos.
Agora, seria bom que a mídia, tão eficientemente dedicada a desvendar e a denunciar o episódio, voltasse sua atenção também para a outra face da moeda. Quem matou e torturou os três indigitados jovens? Quem pratica todos os dias esses atos de barbárie inadmissível? Quem ocupa favelas e periferias, estabelecendo nelas um governo paralelo e contestador da lei e da ordem?
O ministro da Defesa e o comandante do Exército pediram desculpa às famílias das vítimas e à população. Fizeram o mínimo esperado. Tomara que suas providências impeçam a repetição do acontecido no Rio.
Mas seria preciso igual preocupação para identificar, prender e condenar os assassinos e os torturadores. Eles e todos os outros animais que transformaram a antiga capital federal em campo de batalha.
Tem alguma coisa errada nessa história do combate do poder público contra o narcotráfico. Identificadas estão as quadrilhas e seus chefes, por mais difícil que pareça. Impossível também não será chegar aos mentores, aos que financiam o crime. Como, da mesma forma, puxar a meada pelo fio exposto, os usuários de drogas. Eles não são apenas pobres coitados, doentes e vítimas dos tempos modernos. São participantes, financiadores até mesmo dos assassinos dos três rapazes.
O estudo do Direito
Ninguém melhor do que Saulo Ramos para exprimir com palavras simples e diretas evidências que muitos procuram tumultuar e complicar. Ao criticar a sentença de juízes que pretendem censurar a imprensa escrita por entrevistar políticos, candidatos ou não às eleições, falou o ex-ministro da Justiça:
"Essa rapaziada não estuda bem o Direito. Entrevista em jornal não é propaganda eleitoral, nem antes nem depois da lei eleitoral. A liberdade de expressão do jornal é total." Mais falou, mas nem precisava o renomado mestre. Basta ler a Constituição, no artigo quinto e no capítulo da Comunicação Social. Foi cruel e veraz ao acrescentar ser falta de estudo o equívoco de alguns juízes eleitorais, "que assistem muita televisão e lêem poucos livros".
Salvo pelo príncipe japonês
Apesar de haver prometido ao governador Aécio Neves comparecer ao jogo da seleção brasileira com os argentinos, quarta-feira, em Belo Horizonte, o presidente Lula não foi. Acabou salvo pelo príncipe herdeiro do Japão, em visita ao Brasil, ao qual ofereceu jantar de gala, na mesma noite.
Há cem anos que os japoneses têm contribuído de forma exemplar para o progresso do Brasil. Mais um agradecimento se inclui em nossa conta devedora. Sem a visita de Nahurito a Brasília cairia o presidente Lula na armadilha do Mineirão, já que os torcedores mineiros parecem estar aprendendo as lições dos irreverentes cariocas, que vaiam até minuto de silêncio.
Por: Tribuna da Imprensa
Militares indiciados por morte de jovens
Os 11 militares investigados pela morte de três jovens do Morro da Providência, no Rio, presos temporariamente desde o último domingo, foram indiciados ontem por homicídio triplamente qualificado - cometido por motivo torpe, com meio cruel e sem chance de defesa das vítimas.
Além disso, quatro deles tiveram a prisão preventiva decretada pelo juiz Edmundo Franca de Oliveira, da 2ª Auditoria Militar do Rio, para impedir que atrapalhem a investigação. Os jovens foram entregues pelos militares a traficantes do Morro da Mineira, após terem sido detidos por desacato.
"Todos tinham conhecimento do resultado que aconteceria com a entrega dos jovens aos traficantes. Houve tempo suficiente para que tomassem atitude, nem que fosse avisar ao comando superior", afirmou o delegado Ricardo Dominguez, responsável pelo indiciamento.
Se forem condenados pela Justiça, a pena poderá ser de 36 a 90 anos de prisão. No inquérito, finalizado ontem em 200 páginas, o delegado pediu à Justiça civil a preventiva dos 11 militares e a quebra do sigilo telefônico de alguns deles.
Para o delegado, a "ordem dada pelo tenente Vinícius Guidetti foi ilegal". Segundo ele, os militares estavam na base de comando, no Santo Cristo, descansando antes de assumir um novo turno na Providência. Guidetti, então, reuniu os subordinados e mandou que subissem com os jovens no caminhão do Exército.
"Eles sabiam que não era a rotina. Não haveria sentido sair no momento do descanso, muito menos fora da rota normal. Deveriam sair do Santo Cristo para a Central do Brasil, não para o sambódromo."
Na opinião de Dominguez, a hipótese mais provável é a de que o elo entre militares e traficantes tenha sido o soldado José Ricardo Rodrigues, cuja família mora em uma Favela do complexo do São Carlos. Ele teria sido chamado pelo tenente para servir de guia até o Morro da Mineira. "A conclusão é que houve um contato prévio (com o tráfico). O meio utilizado não ficou claro", disse.
O indiciamento dos 11 homens por homicídio triplamente qualificado vai gerar controvérsias em torno da intenção deles, segundo especialistas ouvidos pela reportagem. "O delegado entendeu que os militares assumiram o risco da morte dos jovens ou quiseram o resultado morte", explicou o jurista Alberto Toron.
"Com esse indiciamento, a polícia entende que eles devem ser enquadrados como partícipes no crime a que responderão os traficantes", disse o criminalista Cristiano Avila Maronna. No entanto, se ficar comprovada a versão do tenente Guidetti, pela qual a intenção era dar apenas "um susto" nos rapazes, os militares podem ser enquadrados em um crime menos grave.
O objetivo de sua defesa é justamente mostrar que, "para ele, era impossível ocorrer as mortes dos rapazes. Ele não teve nem a vontade, nem a previsão de que isto aconteceria", disse o advogado Figueiredo Rocha.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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