José Dirceu, ex-ministro chefe da Casa Civil
A descoberta pela Petrobras do poço Tupi, na Bacia de Santos, é uma prova concreta da maturidade da empresa brasileira e uma grande vitória de nossa tecnologia. Além de ampliar nossas reservas em quase 60% - elas são hoje de 14,4 bilhões de barris e serão acrescidas em 5 bilhões a 8 bilhões de barris - garantindo auto-suficiência ao país, trata-se de petróleo leve, do qual o Brasil é carente. O óleo do poço Tupi vai melhorar nosso mix e permitir a produção de derivados, a custos menores. Devemos deixar de importar óleo leve e de ter déficit na balança comercial nesse item, consolidando nossa posição de exportador de derivados e de petróleo pesado.
O governo brasileiro decidiu que o leilão da nona rodada - 41 blocos - fica suspenso, em defesa do interesse nacional. O objetivo, como afirmou a ministra Dilma Rousseff, a quem coube o anúncio da descoberta, é preservar as reservas e construir uma política nacional de produção de óleo e de auto-suficiência. Esse fato demonstra nossas potencialidades. Temos óleo, gás, capacidade hidrelétrica, biomassa e todas as condições tecnológicas e financeiras para gerar 5 mil megawatts de energia a mais por ano.
O cenário seria completamente outro tivesse sido a Petrobras privatizada, como defenderam os neoliberais batendo no seu monocórdio jargão. Nossas reservas estariam em mãos de empresas estrangeiras; a pesquisa, abandonada, como aconteceu nos demais setores privatizados; e o Brasil, dependente do petróleo importado, ou controlado pelas grandes empresas petroleiras do mundo. Ou seja, um país sem futuro.
Hoje, podemos comemorar essa descoberta graças à retomada dos investimentos da Petrobras, a reorientação de seu foco estratégico e gestão profissional. Temos uma das maiores empresas de petróleo do mundo, com um amplo domínio da tecnologia de extração de gás e óleo, que está sempre em desenvolvimento. Um exemplo é a própria descoberta do poço Tupi, abaixo das reservas de sal.
Com água, petróleo, gás, biomassa e urânio, nosso país se qualifica para estar na vanguarda da produção de energia, limpa e auto-sustentável. Essa extraordinária descoberta faz ressurgir o tema da integração sul-americana, com a retomada da proposta de criação da Petrosur, ou Petroamazonas, apresentada na Conferência Ibero-Americana em Santiago do Chile, na semana passada. Na verdade, a cada dia fica mais evidente a necessidade de uma política comum energética não apenas no Mercosul, mas no continente. Precisamos unificar nossas linhas de transmissão, construir hidrelétricas em conjunto, retomar, por exemplo, o projeto de Corpus, e dar continuidade ao projeto de um gasoduto que unifique nossa região e mercados produtores e consumidores.
Duas boas notícias, paralelas à Cúpula, chamaram a atenção pelo caráter integracionista: o financiamento, pelo BID, de uma linha de 500 kV unindo a hidrelétrica de Itaipu a Assunção, capital do Paraguai, e a proposta do Brasil de adiantar US$ 50 milhões por ano ao Paraguai, como compra antecipada de energia elétrica.
São medidas importantes. Mas o que o Mercosul e a América do Sul necessitam mesmo é do Banco do Sul e de um Fundo de Compensação para financiar e apoiar, a fundo perdido, o desenvolvimento dos países da região. Particularmente nas áreas onde há restrições e estrangulamentos, como as de energia e transportes, para dar dois exemplos.
O Brasil, com a Petrobras, está credenciado para ser o elo dessa integração energética. Sem isso, não podemos falar em uma Comunidade das Nações Sul- Americanas, sonho de nossos libertadores e de todos os povos latino-americanos.
Fonte: JB Online
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quinta-feira, novembro 15, 2007
Opinião - Três lições inesquecíveis
Olavo de Carvalho, filósofo
O espetáculo reconfortante da humilhação pública do senhor Hugo Chávez foi um dos mais instrutivos das últimas semanas. Com ele aprendemos três lições: sobre o que é democracia, sobre o que é um rei e sobre como funciona (ou não funciona) a cabeça de um revolucionário. A primeira delas devemos ao presidente José Luis Zapatero, a segunda, a Juan Carlos de Bourbon, e a terceira, ao próprio senhor Chávez.
(1) Ao exigir o respeito devido ao seu antecessor José Maria Aznar, que ali fora ofendido por um orador insolente, o senhor Zapatero mostrou a diferença - que nem sempre há, mas deveria haver - entre esquerda democrática e esquerda revolucionária. Esta última acredita que seus projetos sociais são tão sublimes que fazem dela "o primeiro escalão da espécie humana", como dizia Che Guevara, condição que a autoriza a ignorar solenemente os deveres morais e legais que pesam sobre as pessoas comuns e a investe do direito de mentir, trapacear, roubar e matar ilimitadamente em nome das belezas imaginárias de um futuro hipotético. Já a esquerda democrática, consciente da fragilidade das idéias humanas, pode lutar pelos seus projetos com entusiasmo, mas sabe que eles valem menos do que a regra do jogo em que concorrem com os do adversário. Para o revolucionário, só o que importa é modificar a sociedade - se não a natureza humana - de maneira integral e irreversível, passando por cima de tudo e de todos. O democrata, de direita ou de esquerda, sabe que nenhuma mudança introduzida por um governo é tão inquestionavelmente boa que deva a priori estar vacinada contra a possibilidade de que o governo seguinte a reverta. Zapatero mostrou que, na ordem democrática, ninguém tem a última palavra.
(2) Um rei não é um governante. É o comandante vitalício das Forças Armadas, o garantidor da autoridade dos governos sucessivos, o guardião de uma ordem que permanece enquanto os políticos passam. Com sua inesperada intervenção, o rei Juan Carlos não entrou no mérito do assunto em debate. Apenas garantiu, contra a insolência de um monólogo ditatorial histérico, o direito do seu chefe de governo à palavra. Não faltarão na mídia brasileira desinformantes cínicos o bastante para tentar impingir ao leitor um relato invertido, fazendo de Chávez o indiozinho indefeso, oprimido pela prepotência do colonizador. Mas a seqüência das imagens mostra claramente que foi Chávez o primeiro a oprimir o interlocutor, só se detendo, atônito, ante a entrada em cena de uma personalidade mais forte.
Se as palavras dessa personalidade foram exemplarmente abruptas e cortantes, isso só mostra que não é próprio da função real tagarelar, mas tapar a boca dos tagarelas que se arrogam o monopólio da fala.
(3) Quanto ao senhor Hugo Chávez, fazendo diante da reprimenda aquela expressão inconfundível de perplexidade e medo, mostrou algo que há anos venho dizendo: todos esses líderes revolucionários, a começar por Fidel Castro, pelos chefes das Farc e pela multidão dos nossos terroristas indenizados por seus próprios crimes, são indivíduos fracos, covardes, frouxos, bons para atirar em manifestantes desarmados ou para matar pelas costas adversários desprevenidos, mas incapazes de qualquer ato de genuína coragem, que por definição é sempre um ato solitário. Valentes diante dos holofotes ou fortalecidos pela proteção de uma rede internacional de cúmplices, tão logo se vêem abandonados à própria sorte só o que sabem fazer é implorar como Che Guevara: "Não me matem! Não me matem!". Mostra-me os teus heróis e eu te direi quem és.
Fonte: JB Online
O espetáculo reconfortante da humilhação pública do senhor Hugo Chávez foi um dos mais instrutivos das últimas semanas. Com ele aprendemos três lições: sobre o que é democracia, sobre o que é um rei e sobre como funciona (ou não funciona) a cabeça de um revolucionário. A primeira delas devemos ao presidente José Luis Zapatero, a segunda, a Juan Carlos de Bourbon, e a terceira, ao próprio senhor Chávez.
(1) Ao exigir o respeito devido ao seu antecessor José Maria Aznar, que ali fora ofendido por um orador insolente, o senhor Zapatero mostrou a diferença - que nem sempre há, mas deveria haver - entre esquerda democrática e esquerda revolucionária. Esta última acredita que seus projetos sociais são tão sublimes que fazem dela "o primeiro escalão da espécie humana", como dizia Che Guevara, condição que a autoriza a ignorar solenemente os deveres morais e legais que pesam sobre as pessoas comuns e a investe do direito de mentir, trapacear, roubar e matar ilimitadamente em nome das belezas imaginárias de um futuro hipotético. Já a esquerda democrática, consciente da fragilidade das idéias humanas, pode lutar pelos seus projetos com entusiasmo, mas sabe que eles valem menos do que a regra do jogo em que concorrem com os do adversário. Para o revolucionário, só o que importa é modificar a sociedade - se não a natureza humana - de maneira integral e irreversível, passando por cima de tudo e de todos. O democrata, de direita ou de esquerda, sabe que nenhuma mudança introduzida por um governo é tão inquestionavelmente boa que deva a priori estar vacinada contra a possibilidade de que o governo seguinte a reverta. Zapatero mostrou que, na ordem democrática, ninguém tem a última palavra.
(2) Um rei não é um governante. É o comandante vitalício das Forças Armadas, o garantidor da autoridade dos governos sucessivos, o guardião de uma ordem que permanece enquanto os políticos passam. Com sua inesperada intervenção, o rei Juan Carlos não entrou no mérito do assunto em debate. Apenas garantiu, contra a insolência de um monólogo ditatorial histérico, o direito do seu chefe de governo à palavra. Não faltarão na mídia brasileira desinformantes cínicos o bastante para tentar impingir ao leitor um relato invertido, fazendo de Chávez o indiozinho indefeso, oprimido pela prepotência do colonizador. Mas a seqüência das imagens mostra claramente que foi Chávez o primeiro a oprimir o interlocutor, só se detendo, atônito, ante a entrada em cena de uma personalidade mais forte.
Se as palavras dessa personalidade foram exemplarmente abruptas e cortantes, isso só mostra que não é próprio da função real tagarelar, mas tapar a boca dos tagarelas que se arrogam o monopólio da fala.
(3) Quanto ao senhor Hugo Chávez, fazendo diante da reprimenda aquela expressão inconfundível de perplexidade e medo, mostrou algo que há anos venho dizendo: todos esses líderes revolucionários, a começar por Fidel Castro, pelos chefes das Farc e pela multidão dos nossos terroristas indenizados por seus próprios crimes, são indivíduos fracos, covardes, frouxos, bons para atirar em manifestantes desarmados ou para matar pelas costas adversários desprevenidos, mas incapazes de qualquer ato de genuína coragem, que por definição é sempre um ato solitário. Valentes diante dos holofotes ou fortalecidos pela proteção de uma rede internacional de cúmplices, tão logo se vêem abandonados à própria sorte só o que sabem fazer é implorar como Che Guevara: "Não me matem! Não me matem!". Mostra-me os teus heróis e eu te direi quem és.
Fonte: JB Online
"Essas propostas não valem dois mil réis", ataca Pedro Simon
Karla Correia
BRASÍLIA Apontado como personagem ativo da manobra que permitiu ao governo a aprovação da CPMF na CCJ, na última terça-feira, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) - um dos dois congressistas substituídos na comissão para garantir um placar favorável à PEC que prorroga o tributo até 2011 - acredita que apenas derrubando o chamado imposto do cheque o Congresso terá a chance de discutir uma proposta de reforma tributária ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Simon nega ter ajudado o governo na CCJ. Afirma que a CPMF é o último projeto da atual administração capaz de fazer o Planalto se esforçar na negociação com o Parlamento e que, por isso, o Senado terá de saber aproveitar o momento para fazer valer sua força. Desacredita as ofertas feitas pelo governo em troca da manutenção da CPMF e se diz "livre de pressões" para votar a favor da proposta.
O senhor ajudou o governo na votação da CCJ?- Não, nunca. Na semana passada, eu estava no cafezinho do Senado e a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) veio me perguntar como eu iria votar na CCJ. Eu disse: "Voto contra". Ela veio argumentando, mas eu mantive meu voto contra. Ela avisou que o governo iria me substituir na comissão. Ok, mas aí foi a minha vez de deixar claro que meu voto vai continuar sendo contra a CPMF no plenário. Não sei de onde o líder do PMDB tirou que eu não teria condições de votar, eu sou contra. A bancada tomou sua posição, eu mantive a minha.
Mas não houve nenhuma pressão, nem do governo de seu Estado, que tem uma situação fiscal complicada?- Ninguém me procurou. Ninguém do Palácio do Planalto, nem a governadora veio me procurar.
O senhor ficou magoado por conta da manobra do governo, que lhe substituiu na CCJ pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO)?- Não, não teve nenhum problema. Eu mesmo disse para a Roseana: podem me tirar. Eu não vou ficar chorando por conta de uma manobra política. Não dá é para ficarem falando que eu orientei o governo a me trocar pelo Raupp.
Por que o senhor vota contra?- Na verdade, eu vejo com simpatia o imposto do cheque. Até como um tributo permanente mesmo. É uma boa idéia, é um bom imposto, mas só em um contexto de reforma tributária, onde uma montanha de impostos é substituída por cinco, seis tributos, sendo que um deles é do cheque. Mas o governo não vai fazer esse trabalho tendo na mão toda a arrecadação da CPMF. Se essa proposta cair, aí o governo vai ter um fator de pressão para fazer a reforma tributária. Que é o que o país precisa de fato.
Com a CPMF, então, não haverá reforma tributária?- Com certeza não. O governo não quer fazer isso, ele está feliz da vida com o monte de dinheiro que a Receita arrecada. Ficou apavorado agora com a perspectiva de perder R$ 40 bilhões de um tapa só. Se der esse dinheiro para o governo agora, nunca mais na vida ele vai falar em reforma. Se não der, o Planalto vai enlouquecer. E vai negociar.
O Palácio do Planalto agora está voltado para sua própria base, a fim de virar os votos aliados contrários à CPMF. Existe algum argumento que possa convencer o senhor a votar pela prorrogação do imposto?- Nada. Essa é a última vez que o governo Lula vem bater na porta do Senado. Aprovou a CPMF, é tchau. Não vai precisar de mais nada na Casa, até o fim do mandato. Agora, aparecem várias promessas. Inclusive de reforma tributária, mas eu tenho certeza que é só aprovar a CPMF e a reforma ir parar na gaveta.
Então as propostas que o governo está fazendo agora para reduzir os tributos são falsas?- Essas propostas não valem dois mil réis.
Fonte: JB Online
BRASÍLIA Apontado como personagem ativo da manobra que permitiu ao governo a aprovação da CPMF na CCJ, na última terça-feira, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) - um dos dois congressistas substituídos na comissão para garantir um placar favorável à PEC que prorroga o tributo até 2011 - acredita que apenas derrubando o chamado imposto do cheque o Congresso terá a chance de discutir uma proposta de reforma tributária ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Simon nega ter ajudado o governo na CCJ. Afirma que a CPMF é o último projeto da atual administração capaz de fazer o Planalto se esforçar na negociação com o Parlamento e que, por isso, o Senado terá de saber aproveitar o momento para fazer valer sua força. Desacredita as ofertas feitas pelo governo em troca da manutenção da CPMF e se diz "livre de pressões" para votar a favor da proposta.
O senhor ajudou o governo na votação da CCJ?- Não, nunca. Na semana passada, eu estava no cafezinho do Senado e a senadora Roseana Sarney (PMDB-MA) veio me perguntar como eu iria votar na CCJ. Eu disse: "Voto contra". Ela veio argumentando, mas eu mantive meu voto contra. Ela avisou que o governo iria me substituir na comissão. Ok, mas aí foi a minha vez de deixar claro que meu voto vai continuar sendo contra a CPMF no plenário. Não sei de onde o líder do PMDB tirou que eu não teria condições de votar, eu sou contra. A bancada tomou sua posição, eu mantive a minha.
Mas não houve nenhuma pressão, nem do governo de seu Estado, que tem uma situação fiscal complicada?- Ninguém me procurou. Ninguém do Palácio do Planalto, nem a governadora veio me procurar.
O senhor ficou magoado por conta da manobra do governo, que lhe substituiu na CCJ pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO)?- Não, não teve nenhum problema. Eu mesmo disse para a Roseana: podem me tirar. Eu não vou ficar chorando por conta de uma manobra política. Não dá é para ficarem falando que eu orientei o governo a me trocar pelo Raupp.
Por que o senhor vota contra?- Na verdade, eu vejo com simpatia o imposto do cheque. Até como um tributo permanente mesmo. É uma boa idéia, é um bom imposto, mas só em um contexto de reforma tributária, onde uma montanha de impostos é substituída por cinco, seis tributos, sendo que um deles é do cheque. Mas o governo não vai fazer esse trabalho tendo na mão toda a arrecadação da CPMF. Se essa proposta cair, aí o governo vai ter um fator de pressão para fazer a reforma tributária. Que é o que o país precisa de fato.
Com a CPMF, então, não haverá reforma tributária?- Com certeza não. O governo não quer fazer isso, ele está feliz da vida com o monte de dinheiro que a Receita arrecada. Ficou apavorado agora com a perspectiva de perder R$ 40 bilhões de um tapa só. Se der esse dinheiro para o governo agora, nunca mais na vida ele vai falar em reforma. Se não der, o Planalto vai enlouquecer. E vai negociar.
O Palácio do Planalto agora está voltado para sua própria base, a fim de virar os votos aliados contrários à CPMF. Existe algum argumento que possa convencer o senhor a votar pela prorrogação do imposto?- Nada. Essa é a última vez que o governo Lula vem bater na porta do Senado. Aprovou a CPMF, é tchau. Não vai precisar de mais nada na Casa, até o fim do mandato. Agora, aparecem várias promessas. Inclusive de reforma tributária, mas eu tenho certeza que é só aprovar a CPMF e a reforma ir parar na gaveta.
Então as propostas que o governo está fazendo agora para reduzir os tributos são falsas?- Essas propostas não valem dois mil réis.
Fonte: JB Online
Os novos democratas
"Eu agarro o que me serve onde quer que eu o encontre", diz Tartufo, o personagem de Molière que representa o hipócrita ideal. A propósito da Venezuela, estamos assistindo ao fervor democrático de personalidades bem conhecidas, a começar pelo deputado Paulo Salim Maluf. Maluf e outros de seus companheiros se opõem à entrada daquele país no Mercosul, sob o argumento de que, ali, não há democracia. Podemos até mesmo concordar que o populismo de Chávez incomoda, mas incomodavam muito mais à Venezuela, desde a independência, governos despóticos (os famosos caudilhos de Táchira) e corruptos, como os de Juan Vicente Gómez, que se tornou o homem mais rico do país, e Perez Jimenez, brutal e peculatário. Mas houve ali governos realmente democráticos, como os de Romulo Bethancourt e o de Romulo Gallegos.
Outro Pérez, Carlos Andrés, também corrupto, seguiu o Consenso de Washington, levando o povo ao desespero - e provocou a rebelião, chefiada por Chávez e derrotada militarmente. Foi sob o governo democrático de Rafael Caldera que Chávez deixou a prisão e se elegeu presidente, em 1998.
Afirmam que não há liberdade de imprensa na Venezuela, mas não consta que haja ali censura aos jornais. Argumentam com o ato soberano do governo em não renovar a concessão de uma emissora de televisão envolvida diretamente no golpe de estado de 2002. O uso dos canais de televisão é um serviço público e sua concessão é do arbítrio do Estado, conforme as leis. Isso nada tem a ver com liberdade de imprensa. Há, ali, eleições, das quais participa a oposição, com observadores internacionais que têm atestado sua lisura. O plebiscito, embora o contestem, é uma forma de consulta democrática, usada também nos Estados Unidos.
O que mais nos surpreende é que a reação contra a entrada da Venezuela no Mercosul tenha como capitão o senhor Paulo Maluf e outros "democratas" de nossos dias. São tão democratas que apoiaram o golpe militar de 1964 e os sucessivos ditadores, beneficiaram-se do regime de exceção, participaram dos governos ilegítimos e arbitrários, em que havia censores dentro das redações. Serviram a governos tão respeitadores das minorias que levaram à prisão, à tortura e a morte opositores políticos (Rubem Paiva, Mário Alves, Vladmir Herzog, Stuart Angel, Manuel Fiel Filho e tantos outros), financiaram a Oban, sem que nada disso lhes perturbasse a consciência de "democratas". A anistia veio para que esquecêssemos tudo o que houve, mas não a particular democracia dos que hoje vedam a entrada de Chávez no Mercosul.
O senhor Paulo Maluf tem interessante biografia. Nela há mesmo gestos ousados, como o de bater chapa na convenção da Arena em 1978 e "ganhar a eleição" para o governo de São Paulo contra o senhor Laudo Natel, o preferido da Ditadura. Ao comentar aquele episódio, o colunista escreveu, na época, que, ao entender que a convenção era um assalto, o senhor Paulo Maluf havia assaltado o assalto, escamoteando o butim dos assaltantes.
Não nos incluímos entre os chavistas. Não admitimos que ninguém se meta nos assuntos brasileiros, não temos por que nos intrometer nos assuntos internos da Venezuela. O que sempre defendemos, no caso daquele país, é a velha divisa anglo-americana: business is business. Devemos defender a entrada do país no Mercosul porque isso nos interessa, não porque possa interessar a Chávez.
Fonte: JB Online
Outro Pérez, Carlos Andrés, também corrupto, seguiu o Consenso de Washington, levando o povo ao desespero - e provocou a rebelião, chefiada por Chávez e derrotada militarmente. Foi sob o governo democrático de Rafael Caldera que Chávez deixou a prisão e se elegeu presidente, em 1998.
Afirmam que não há liberdade de imprensa na Venezuela, mas não consta que haja ali censura aos jornais. Argumentam com o ato soberano do governo em não renovar a concessão de uma emissora de televisão envolvida diretamente no golpe de estado de 2002. O uso dos canais de televisão é um serviço público e sua concessão é do arbítrio do Estado, conforme as leis. Isso nada tem a ver com liberdade de imprensa. Há, ali, eleições, das quais participa a oposição, com observadores internacionais que têm atestado sua lisura. O plebiscito, embora o contestem, é uma forma de consulta democrática, usada também nos Estados Unidos.
O que mais nos surpreende é que a reação contra a entrada da Venezuela no Mercosul tenha como capitão o senhor Paulo Maluf e outros "democratas" de nossos dias. São tão democratas que apoiaram o golpe militar de 1964 e os sucessivos ditadores, beneficiaram-se do regime de exceção, participaram dos governos ilegítimos e arbitrários, em que havia censores dentro das redações. Serviram a governos tão respeitadores das minorias que levaram à prisão, à tortura e a morte opositores políticos (Rubem Paiva, Mário Alves, Vladmir Herzog, Stuart Angel, Manuel Fiel Filho e tantos outros), financiaram a Oban, sem que nada disso lhes perturbasse a consciência de "democratas". A anistia veio para que esquecêssemos tudo o que houve, mas não a particular democracia dos que hoje vedam a entrada de Chávez no Mercosul.
O senhor Paulo Maluf tem interessante biografia. Nela há mesmo gestos ousados, como o de bater chapa na convenção da Arena em 1978 e "ganhar a eleição" para o governo de São Paulo contra o senhor Laudo Natel, o preferido da Ditadura. Ao comentar aquele episódio, o colunista escreveu, na época, que, ao entender que a convenção era um assalto, o senhor Paulo Maluf havia assaltado o assalto, escamoteando o butim dos assaltantes.
Não nos incluímos entre os chavistas. Não admitimos que ninguém se meta nos assuntos brasileiros, não temos por que nos intrometer nos assuntos internos da Venezuela. O que sempre defendemos, no caso daquele país, é a velha divisa anglo-americana: business is business. Devemos defender a entrada do país no Mercosul porque isso nos interessa, não porque possa interessar a Chávez.
Fonte: JB Online
Bancada baiana se une e apresenta 26 emendas
Parlamentares esperam que estado seja contemplado com até R$400 milhões do Orçamento Geral da União
BRASÍLIA - O trabalho conjunto e apartidário de deputados federais baianos assegurou a inclusão de 26 emendas de interesse do estado no Orçamento da União para 2008, em obras como qualificação social de trabalhadores, revitalização do centro histórico e obras em prol da mobilização urbana dentro da região metropolitana de Salvador. Ontem, foram entregues as 15 emendas negociadas entre os 39 deputados federais baianos e as três referentes à bancada no Senado. Há ainda oito projetos pactuados durante as tramitações da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Plano Plurianual (PPA).
De acordo com o coordenador da bancada baiana, deputado Walter Pinheiro (PT), o montante de recursos destinados a cada emenda será definido pelo relator do orçamento, deputado José Pimentel (PT-CE). “Estamos trabalhando com algo em torno de R$350 a R$400 milhões para a Bahia”, estima Pinheiro. O subcoordenador da bancada, deputado Luiz Carreira (DEM), avaliou como positiva a negociação suprapartidária.
“Nessa hora, as questões partidárias ficam de lado. O que importa é o futuro da cidade e o desenvolvimento do estado”, afirmou. Carreira assinalou que as obras pedidas pelo governador Jaques Wagner (PT) e pelo prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) tiveram prioridade e foram acatadas. O deputado afirmou que essa devia ser mesmo a postura, pois a bancada do estado já agia dessa forma nos orçamentos passados, quando o PFL (hoje DEM) governava o estado.
Entre as obras solicitadas por Jaques Wagner que se transformaram em emendas estão infra-estrutura urbana em Santo Amaro (visando combater a contaminação por chumbo), melhorias nas três universidades federais na Bahia e nas quatro instituições estaduais, parque tecnológico de Salvador (Tecnovia) e infra-estrutura turística na região da Feira de São Joaquim, em Salvador.
Walter Pinheiro crê que a parceria em prol do estado pode ser expandida para agilizar a execução das obras. “Na medida em que a gente trabalha mais unificados, a gente consolida a liberação dos recursos. Trabalha para o longo prazo e de forma planejada”, sugeriu. O coordenador aponta a Ferrovia Bahia Oeste como uma das principais vitórias do processo de emendas de bancadas. “Vai trazer muitos benefícios para a Bahia e o Brasil, tanto do ponto de vista econômico como para o social”.
Os deputados baianos propuseram recursos para: construção do edifício sede do Ministério Público Federal na Bahia, anexo do Tribunal Regional Eleitoral, e aeroporto de Porto Seguro. As emendas dos senadores contemplam a revitalização do Centro Histórico, a recuperação da BR-320 e infra-estrutura urbana em Salvador.
Já as emendas incluídas na LDO e no PPA envolvem melhorias em rodovias, o trem metropolitano de Salvador, e a Vila Olímpica de Salvador, no Parque de Pituaçu, que visa dotar a cidade de equipamentos como uma pista de atletismo compatível para sediar competições de nível internacional. A reunião que definiu as propostas dos deputados durou cinco horas. Walter Pinheiro reconheceu que as conversas entre os deputados tiveram seus momentos mais tensos, mas nada que fuja da naturalidade. “Na hora de defender a sua região, o parlamentar bota mas calor”, minimiza.
Na avaliação do deputado Nelson Pellegrino (PT), as oito emendas para Salvador viabilizadas através de consenso da bancada baiana no Congresso, vão beneficiar a população da cidade. Foram cinco emendas exclusivas para a capital e outras três com impacto direto nela, informou. “Acredito que as emendas acatadas pela bancada vão reforçar Salvador economicamente, propiciando requalificação urbana, com impactos diretos no social”, avaliou Pellegrino. Para ele, a Tecnovia, que será implantado na Avenida Paralela, irá “capacitar a cidade à competição, de forma igualitária, no cenário nacional”.
A emenda que requalifica a Feira de São Joaquim e seu entorno envolve obras de esgotamento sanitário, cobertura do local, construção de um terminal pesqueiro e requalificação e ampliação do pier de atracamento. A terceira emenda se destina a infra-estrutura urbana. Durante a reunião da bancada, o deputado do PT sugeriu esses recursos priorizassem as demandas já elencadas no Orçamento Participativo (OP) da prefeitura, com ênfase, principalmente, nas contenções de encostas.
A quarta emenda, apresentada pelo senador João Durval Carneiro (PDT), se refere à área de pavimentação urbana. Já a quinta viabilizará a implantação de infocentros em toda a cidade. As outras três emendas coletivas que terão impacto em Salvador foram destinadas para a Universidade Federal da Bahia (Ufba), para a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e para um amplo projeto de mobilidade urbana na região metropolitana da capital.
***
Requalificação do Centro Histórico
BRASÍLIA - O Centro Histórico de Salvador foi contemplado pela emenda individual do senador Antonio Carlos Júnior (DEM/BA) ao orçamento da União para 2008. A proposta prevê a destinação de R$ 25 milhões para a área, que começou a ser revitalizada no terceiro governo ACM (1991-94), mas este ano enfrentou novo período de degradação, conforme noticiado pela mídia local e nacional.
“Passagem obrigatória dos turistas que visitam a cidade de Salvador, o Centro Histórico (Pelourinho) é o mais importante ponto de atração turística de Salvador, pelo seu valioso conjunto arquitetônico, pela atividade cultural de seus habitantes e pela atividade cultural, animação e lazer”, afirmou ACM Júnior. A recuperação do Centro Histórico idealizada pelo então governador Antonio Carlos Magalhães tinha como meta impulsionar o futuro, preservando o passado e sua revitalização sempre foi um dos principais projetos de ACM desde o seu primeiro cargo executivo, como prefeito da capital (1967-70).
“O senador ACM, em 91, iniciou o processo de recuperação e já no início de 1993 entregou a primeira etapa”, explicou Antonio Carlos Júnior. Só na parte inicial foram investidos US$30 milhões. A idéia concebida em 1991 pelo então governador ACM era aliar a recuperação do patrimônio físico a atividade econômica que reerguesse socialmente a região. O turismo foi a solução engendrada pelo líder político.
Entre o final do século passado e o começo desta década, o Pelô ganhou o mundo, sendo palco de clipes dos músicos Paul Simon e Michael Jackson, mobilizou a seleção brasileira de futebol na torcida durante os jogos da Copa de 2002 e se transformou no terceiro circuito do Carnaval de Salvador. O programa do governo ACM no Pelourinho e adjacências se desenrolou a partir dos pilares: recuperação dos imóveis, organização de uma atividade econômica e o retorno às condições de habitabilidade. Como ruínas vizinhas terminavam por prejudicar imóveis recuperados, ACM iniciou a restauração por quarteirões. As seis etapas concluídas abrangeram 620 imóveis e infra-estrutura urbana, num investimento de US$72 milhões em recursos estaduais. Junto com a população da área, os servidores públicos passaram a ter acesso a moradias na área. Segundo Antonio Carlos Júnior, depois de ACM “os governadores Paulo Souto e César Borges colaboraram nas outras etapas. Hoje, o Centro Histórico é de alta importância para a cidade.
Contudo, ultimamente, o governo não tem dado a devida importância ao Centro Histórico e isso tem feito a visitação turística ser reduzida”. Para o proponente da emenda, o Centro Histórico entrou em degradação porque não foi dada a continuidade na preservação e manutenção, como limpeza pública, policiamento e manutenção dos imóveis. “É por tudo isso que resolvi apresentar essa emenda para dar sustentabilidade ao funcionamento do Centro Histórico. Com certeza, com a revitalização, o Centro Histórico voltará a ser referência turístico-cultural para a cidade de Salvador”, argumentou ACM Júnior.
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Críticas ao voto da base
BRASÍLIA - O senador Antonio Carlos Junior (DEM-BA) criticou ontem, o voto em separado senador Romero Jucá (PMDB-RR), que defendeu a continuação da CPMF, imposto provisório previsto para acabar este ano. O relatório da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), sobre a PEC da CPMF que pedia o fim da contribuição pela sua inconstitucionalidade, foi rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, anteontem. “No voto, o senador Romero Jucá diz que era importante discutir a alocação de recursos públicos mas o melhor momento para isso seria na avaliação da proposta orçamentária em curso”, avaliou ACM Junior, que participou da sessão da CCJ que discutiu a matéria e votou contra a prorrogação da CPMF.
Outro ponto que Antonio Carlos Júnior considera falho no relatório do senador Jucá é que a extinção da CPMF traria aumento das taxas de juros. “Não vejo como. O superávit primário não está ameaçado, e, portanto, a taxa de juros também não estaria”, explicou. “Preferiríamos estar discutindo o ajuste fiscal e a reforma tributária que o governo teima em não fazer”. Conforme o senador democrata, aprovando o relatório da senadora Kátia Abreu “nós estaríamos iniciando automaticamente um ajuste fiscal sério e uma reforma tributária efetiva”.
“Nós deveríamos estar discutindo ajuste fiscal, reforma tributária para que o país pudesse crescer. Mas nós sabemos que não há boa vontade do governo e não há interesse nenhum em fazê-lo, tanto de controlar gastos, quanto de repartir recursos. As disputas entre União, estados e municípios não serão solucionadas porque não há boa vontade do governo em fazê-lo”, analisou. ACM Júnior negou que a CPMF seja paga somente pelos ricos e afirmou que pobres são tributados indiretamente. “Esse tributo penaliza os mais pobres porque ele vai aumentando os preços dos produtos”, finalizou.
O senador baiano lembrou que o déficit nominal zero, apregoado pelo ex-ministro Delfim Neto, seria a grande proposta para o Brasil poder reduzir a sua taxa de juros e crescer. O governo Lula chegou a cogitá-lo em seu primeiro mandato, mas logo depois desprezou a idéia. “Assim, nós passamos a ter gastos crescentes. As despesas primárias do governo federal em 2003 eram 15,7% do PIB e hoje elas são 18,5%”.
O parlamentar baiano rebateu a tese de Jucá de que não há fontes de compensação para a substituição da CPMF. “Claro, ninguém quer a redução do superávit primário. Contudo, existe um ‘floating’ que é o que fica do que é processado em um ano e não é liberado e o que é liberado. Tem uma diferença que no ano passado atingiu R$15 bilhões. Isso forma superávit financeiro e isso poderia compor o resultado primário. Então, não é verdade que não haja fontes para sustentar a manutenção do resultado primário”, concluiu.
Fonte: Correio da Bahia
BRASÍLIA - O trabalho conjunto e apartidário de deputados federais baianos assegurou a inclusão de 26 emendas de interesse do estado no Orçamento da União para 2008, em obras como qualificação social de trabalhadores, revitalização do centro histórico e obras em prol da mobilização urbana dentro da região metropolitana de Salvador. Ontem, foram entregues as 15 emendas negociadas entre os 39 deputados federais baianos e as três referentes à bancada no Senado. Há ainda oito projetos pactuados durante as tramitações da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Plano Plurianual (PPA).
De acordo com o coordenador da bancada baiana, deputado Walter Pinheiro (PT), o montante de recursos destinados a cada emenda será definido pelo relator do orçamento, deputado José Pimentel (PT-CE). “Estamos trabalhando com algo em torno de R$350 a R$400 milhões para a Bahia”, estima Pinheiro. O subcoordenador da bancada, deputado Luiz Carreira (DEM), avaliou como positiva a negociação suprapartidária.
“Nessa hora, as questões partidárias ficam de lado. O que importa é o futuro da cidade e o desenvolvimento do estado”, afirmou. Carreira assinalou que as obras pedidas pelo governador Jaques Wagner (PT) e pelo prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) tiveram prioridade e foram acatadas. O deputado afirmou que essa devia ser mesmo a postura, pois a bancada do estado já agia dessa forma nos orçamentos passados, quando o PFL (hoje DEM) governava o estado.
Entre as obras solicitadas por Jaques Wagner que se transformaram em emendas estão infra-estrutura urbana em Santo Amaro (visando combater a contaminação por chumbo), melhorias nas três universidades federais na Bahia e nas quatro instituições estaduais, parque tecnológico de Salvador (Tecnovia) e infra-estrutura turística na região da Feira de São Joaquim, em Salvador.
Walter Pinheiro crê que a parceria em prol do estado pode ser expandida para agilizar a execução das obras. “Na medida em que a gente trabalha mais unificados, a gente consolida a liberação dos recursos. Trabalha para o longo prazo e de forma planejada”, sugeriu. O coordenador aponta a Ferrovia Bahia Oeste como uma das principais vitórias do processo de emendas de bancadas. “Vai trazer muitos benefícios para a Bahia e o Brasil, tanto do ponto de vista econômico como para o social”.
Os deputados baianos propuseram recursos para: construção do edifício sede do Ministério Público Federal na Bahia, anexo do Tribunal Regional Eleitoral, e aeroporto de Porto Seguro. As emendas dos senadores contemplam a revitalização do Centro Histórico, a recuperação da BR-320 e infra-estrutura urbana em Salvador.
Já as emendas incluídas na LDO e no PPA envolvem melhorias em rodovias, o trem metropolitano de Salvador, e a Vila Olímpica de Salvador, no Parque de Pituaçu, que visa dotar a cidade de equipamentos como uma pista de atletismo compatível para sediar competições de nível internacional. A reunião que definiu as propostas dos deputados durou cinco horas. Walter Pinheiro reconheceu que as conversas entre os deputados tiveram seus momentos mais tensos, mas nada que fuja da naturalidade. “Na hora de defender a sua região, o parlamentar bota mas calor”, minimiza.
Na avaliação do deputado Nelson Pellegrino (PT), as oito emendas para Salvador viabilizadas através de consenso da bancada baiana no Congresso, vão beneficiar a população da cidade. Foram cinco emendas exclusivas para a capital e outras três com impacto direto nela, informou. “Acredito que as emendas acatadas pela bancada vão reforçar Salvador economicamente, propiciando requalificação urbana, com impactos diretos no social”, avaliou Pellegrino. Para ele, a Tecnovia, que será implantado na Avenida Paralela, irá “capacitar a cidade à competição, de forma igualitária, no cenário nacional”.
A emenda que requalifica a Feira de São Joaquim e seu entorno envolve obras de esgotamento sanitário, cobertura do local, construção de um terminal pesqueiro e requalificação e ampliação do pier de atracamento. A terceira emenda se destina a infra-estrutura urbana. Durante a reunião da bancada, o deputado do PT sugeriu esses recursos priorizassem as demandas já elencadas no Orçamento Participativo (OP) da prefeitura, com ênfase, principalmente, nas contenções de encostas.
A quarta emenda, apresentada pelo senador João Durval Carneiro (PDT), se refere à área de pavimentação urbana. Já a quinta viabilizará a implantação de infocentros em toda a cidade. As outras três emendas coletivas que terão impacto em Salvador foram destinadas para a Universidade Federal da Bahia (Ufba), para a Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e para um amplo projeto de mobilidade urbana na região metropolitana da capital.
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Requalificação do Centro Histórico
BRASÍLIA - O Centro Histórico de Salvador foi contemplado pela emenda individual do senador Antonio Carlos Júnior (DEM/BA) ao orçamento da União para 2008. A proposta prevê a destinação de R$ 25 milhões para a área, que começou a ser revitalizada no terceiro governo ACM (1991-94), mas este ano enfrentou novo período de degradação, conforme noticiado pela mídia local e nacional.
“Passagem obrigatória dos turistas que visitam a cidade de Salvador, o Centro Histórico (Pelourinho) é o mais importante ponto de atração turística de Salvador, pelo seu valioso conjunto arquitetônico, pela atividade cultural de seus habitantes e pela atividade cultural, animação e lazer”, afirmou ACM Júnior. A recuperação do Centro Histórico idealizada pelo então governador Antonio Carlos Magalhães tinha como meta impulsionar o futuro, preservando o passado e sua revitalização sempre foi um dos principais projetos de ACM desde o seu primeiro cargo executivo, como prefeito da capital (1967-70).
“O senador ACM, em 91, iniciou o processo de recuperação e já no início de 1993 entregou a primeira etapa”, explicou Antonio Carlos Júnior. Só na parte inicial foram investidos US$30 milhões. A idéia concebida em 1991 pelo então governador ACM era aliar a recuperação do patrimônio físico a atividade econômica que reerguesse socialmente a região. O turismo foi a solução engendrada pelo líder político.
Entre o final do século passado e o começo desta década, o Pelô ganhou o mundo, sendo palco de clipes dos músicos Paul Simon e Michael Jackson, mobilizou a seleção brasileira de futebol na torcida durante os jogos da Copa de 2002 e se transformou no terceiro circuito do Carnaval de Salvador. O programa do governo ACM no Pelourinho e adjacências se desenrolou a partir dos pilares: recuperação dos imóveis, organização de uma atividade econômica e o retorno às condições de habitabilidade. Como ruínas vizinhas terminavam por prejudicar imóveis recuperados, ACM iniciou a restauração por quarteirões. As seis etapas concluídas abrangeram 620 imóveis e infra-estrutura urbana, num investimento de US$72 milhões em recursos estaduais. Junto com a população da área, os servidores públicos passaram a ter acesso a moradias na área. Segundo Antonio Carlos Júnior, depois de ACM “os governadores Paulo Souto e César Borges colaboraram nas outras etapas. Hoje, o Centro Histórico é de alta importância para a cidade.
Contudo, ultimamente, o governo não tem dado a devida importância ao Centro Histórico e isso tem feito a visitação turística ser reduzida”. Para o proponente da emenda, o Centro Histórico entrou em degradação porque não foi dada a continuidade na preservação e manutenção, como limpeza pública, policiamento e manutenção dos imóveis. “É por tudo isso que resolvi apresentar essa emenda para dar sustentabilidade ao funcionamento do Centro Histórico. Com certeza, com a revitalização, o Centro Histórico voltará a ser referência turístico-cultural para a cidade de Salvador”, argumentou ACM Júnior.
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Críticas ao voto da base
BRASÍLIA - O senador Antonio Carlos Junior (DEM-BA) criticou ontem, o voto em separado senador Romero Jucá (PMDB-RR), que defendeu a continuação da CPMF, imposto provisório previsto para acabar este ano. O relatório da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), sobre a PEC da CPMF que pedia o fim da contribuição pela sua inconstitucionalidade, foi rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, anteontem. “No voto, o senador Romero Jucá diz que era importante discutir a alocação de recursos públicos mas o melhor momento para isso seria na avaliação da proposta orçamentária em curso”, avaliou ACM Junior, que participou da sessão da CCJ que discutiu a matéria e votou contra a prorrogação da CPMF.
Outro ponto que Antonio Carlos Júnior considera falho no relatório do senador Jucá é que a extinção da CPMF traria aumento das taxas de juros. “Não vejo como. O superávit primário não está ameaçado, e, portanto, a taxa de juros também não estaria”, explicou. “Preferiríamos estar discutindo o ajuste fiscal e a reforma tributária que o governo teima em não fazer”. Conforme o senador democrata, aprovando o relatório da senadora Kátia Abreu “nós estaríamos iniciando automaticamente um ajuste fiscal sério e uma reforma tributária efetiva”.
“Nós deveríamos estar discutindo ajuste fiscal, reforma tributária para que o país pudesse crescer. Mas nós sabemos que não há boa vontade do governo e não há interesse nenhum em fazê-lo, tanto de controlar gastos, quanto de repartir recursos. As disputas entre União, estados e municípios não serão solucionadas porque não há boa vontade do governo em fazê-lo”, analisou. ACM Júnior negou que a CPMF seja paga somente pelos ricos e afirmou que pobres são tributados indiretamente. “Esse tributo penaliza os mais pobres porque ele vai aumentando os preços dos produtos”, finalizou.
O senador baiano lembrou que o déficit nominal zero, apregoado pelo ex-ministro Delfim Neto, seria a grande proposta para o Brasil poder reduzir a sua taxa de juros e crescer. O governo Lula chegou a cogitá-lo em seu primeiro mandato, mas logo depois desprezou a idéia. “Assim, nós passamos a ter gastos crescentes. As despesas primárias do governo federal em 2003 eram 15,7% do PIB e hoje elas são 18,5%”.
O parlamentar baiano rebateu a tese de Jucá de que não há fontes de compensação para a substituição da CPMF. “Claro, ninguém quer a redução do superávit primário. Contudo, existe um ‘floating’ que é o que fica do que é processado em um ano e não é liberado e o que é liberado. Tem uma diferença que no ano passado atingiu R$15 bilhões. Isso forma superávit financeiro e isso poderia compor o resultado primário. Então, não é verdade que não haja fontes para sustentar a manutenção do resultado primário”, concluiu.
Fonte: Correio da Bahia
João Henrique prevê eleição disputada
Prefeito diz que não acredita em pesquisas, mas admite que não lidera corrida
Oprefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB), disse ontem que, se por acaso as últimas pesquisas sobre a sucessão municipal divulgadas por setores da imprensa forem verdadeiras, elas apontam para um cenário de forte disputa pela principal cadeira do Palácio Thomé de Souza. Embora reconheça que não esteja liderando a corrida sucessória – ao menos temporariamente, fez questão de ressaltar _ o peemedebista destacou que não acredita nos levantamentos “anônimos” e “suspeitos”. “Acho que daqui para lá falta muito tempo. Muita água vai passar por baixo da ponte”, disse João Henrique, em entrevista concedida com exclusividade ao Correio da Bahia, no gabinete do Palácio Thomé de Souza.
“Se as pesquisas que apontam um verdadeiro empate técnico entre os três primeiros colocados são anônimas, elas são suspeitas. Não creio que sejam verdadeiras, mas se por acaso forem verdadeiras, revelam um quadro de disputa. Não creio nessas pesquisas. Se fosse por pesquisa, Wagner (Jaques Wagner, chefe do Executivo estadual) não era governador. Quando demos apoio a Wagner, ele tinha 10% nas pesquisas, e hoje é governador. Então, essas pesquisas que viraram um instrumento altamente vulnerável e suspeito, não podem ser encaradas, sobretudo quando as pessoas se negam a divulgar a autoria e o nome do instituto. Mas, em todo o caso, a crer nesse cenário _ que acho que é irreal e surreal _, hoje teríamos um quadro de muita disputa em Salvador”, disse o prefeito.
João Henrique admitiu que não lidera a corrida sucessória em Salvador ao comentar as declarações de Wagner de que o ex-prefeito Antonio Imbassahy (PSDB) é, no momento, o favorito no páreo. “(O governador) constatou o óbvio e provisório”, se limitou a dizer. “Entretanto, estamos preparando a cidade para 2008. A qualidade de vida dos seus habitantes está muito melhor do que quando peguei em 2004. E faremos o comparativo (com a gestão passada, a de Imbassahy) de como era a saúde pública, o transporte coletivo, a educação pública, a ação social, a preservação do patrimonio histórico, o tratamento e o respeito dados à cultura da cidade”.
Contraponto - João Henrique, mesmo nos momentos em que falou de administração, procurou o tempo inteiro, na entrevista, contrapor a sua gestão à do antecessor. Durante vários momentos discursou como se estivesse no palanque, com veemência e firmeza. Questionado, por exemplo, se a violência em Salvador aumentou este ano, o prefeito disse que, se o referencial é o número de assaltos a ônibus, a resposta é não.
“Quando nós tomamos posse, era em torno de 20 assaltos a ônibus por dia. Motoristas e cobradores eram assassinados toda semana, e balas perdidas atingiam vítimas inocentes. Hoje, são oito assaltos a ônibus por dia. Conseguimos, nesses dois anos e dez meses de governo, instalar quatro câmeras em cada um dos 700 ônibus. Já são 2.800 câmeras filmando 24 horas. Até o final do governo, a gente quer que os dois mil ônibus de Salvador estejam com câmeras instaladas. Para o próximo ano, quero que o índice de assaltos por ano seja zero. Conseguimos isso com a tinta da caneta (disse, assinando uma folha em branco com seu nome), sem arma de fogo. Só com a tinta da caneta e minha assinatura. Por que prefeitos que sentaram ali (apontando para a própria cadeira) oito anos não fizeram isso?”, questionou. João Henrique disse ainda que não tem dúvidas de que contará com o apoio de Jaques Wagner na campanha à reeleição. Ele disse, no entanto, que não tratou ainda do assunto com o governador. “A gente trata mais de assuntos administrativos.
Porque o tempo da gente é curto, passa tão rápido que a gente trata mais de assuntos administrativos. Mas espero que o apoio seja dado. Ele até já disse em duas ou três oportunidades públicas _ uma delas na inauguração da travessia Plataforma-Ribeira. Três meses atrás anunciou de novo, no mesmo dia que Lula (o presidente Luiz Inácio Lula da Silva) anunciou (o apoio à reeleição) em Brasília. Então, acho que as reiteradas declarações de Wagner não me deixam dúvidas de que vamos ter o apoio do governador e do seu partido, o PT”.
Sobre a situação financeira da prefeitura, assunto que deverá ser um dos mais presentes nas eleições do ano que vem, João Henrique disse que “tudo que é visto sob o ângulo político é exagerado ou distorcido, nunca é visto na dimensão real”. “No momento oportuno, que será a partir de junho de 2008, vamos mostrar a evolução qualitativa que fizemos nessa gestão até o final dela”, declarou, ressalvando que, nos dois primeiros anos de sua administração, não contou com o apoio político do governo do estado, como acontecerá nos dois últimos anos da sua gestão.
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Captação de recursos para a capital
Na manhã de ontem, o prefeito João Henrique Carneiro, ainda estava em Brasília articulando com a bancada baiana no Congresso Nacional a inclusão de emendas ao Orçamento Geral da União (OGU) de 2008 para a capital. Das 16 emendas coletivas dos deputados, o prefeito destacou que quatro delas são destinadas à cidade: a que promete reestruturar a Feira de São Joaquim; a de implantação de obras de mobilidade urbana em toda a região metropolitana; a que destina recursos para obras de infra-estrutura na capital; e a de apoio à pesquisa, inovação e extensão tecnológica para o desenvolvimento social de Salvador. Nenhuma delas tem valor definido. João Henrique deu ênfase especial à emenda apresentada pelo senador Antonio Carlos Júnior (DEM), que destina R$25 milhões para a revitalização do Centro Histórico de Salvador e a do senador João Durval Carneiro (PDT) que aloca R$2 milhões para o banho de asfalto na cidade. “Fiquei positivamente surpreso e feliz com a emenda do senador ACM Júnior destinando um valor considerável ao Centro Histórico, hoje chamado de Centro Antigo. Suprapartidariamente, vários deputados, aliados, adversários ou independentes, apresentaram emendas, tanto individuais quanto coletivas. O próprio deputado ACM Neto (DEM) está deslocando verbas de suas emendas pessoais para Salvador”, reconheceu o prefeito. O deputado democrata, provável candidato do partido a prefeito, foi o único nessa condição nominalmente citado na entrevista pelo prefeito.
João Henrique disse ainda que vários deputados defenderam, de forma suprapartidária, que o dinheiro das emendas viesse, em parte, diretamente para Salvador. “O que notei ontem (anteontem), sinceramente, foi uma preocupação muito grande com Salvador”, disse o prefeito, que levou para Brasília dois volumosos cadernos com sugestões para os parlamentares. Parceria - O peemedebista afirmou que, apesar da parceria política com o governo federal, os investimentos para Salvador liberados através da execução orçamentária deste ano precisam ser mais volumosos. “Para Salvador, todos os investimentos têm que ser vultosos, porque é uma cidade de 2,72 milhões habitantes, que é âncora, que é mãe, que atrai população da Bahia inteira. Saúde de média e alta complexidade só é oferecida em Salvador. Tratamento contra o câncer, só no Aristedes Maltez, que atende 70% dos pacientes vindos do interior. Então, por mais vultosos que sejam os investimentos, sobretudo para a área de saúde pública, eu diria que o prefeito ainda vai pedir mais”.
Apesar disso, João Henrique disse que, este ano, o presidente Lula “atendeu a contento, dentro de suas possibilidades, a Salvador”. “A decisão dele de ontem (anteontem) de, na reunião ministerial, determinar de forma enfática e categórica que o metrô (de Salvador) tem de ser inaugurado em 2008 já teve reflexo na reunião que o secretário Pedro Dantas (Transporte e Infra-estrutura) teve hoje (ontem) pela manhã com o Ministério das Cidades e Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Além disso, receberemos mais nove ambulâncias do Samu na próxima semana. Recebemos mais dois Centros de Especialidades Odontológicas. Vamos inaugurar a pista exclusiva para ônibus no Bonocô na terça-feira. Quem anda de ônibus é trabalhador e não patrão, senão perde o emprego. Numa cidade que já tem 395 mil desempregados, temos de fazer tudo”, declarou.
Sobre a parceria política com o governo do estado, o prefeito disse que já está gerando resultados, apesar dos entraves da burocracia. Ele citou como exemplo a assinatura de um convênio que vai permitir a conclusão de 15 postos de saúde cujas obras, segundo o gestor, estavam paralisadas desde a gestão passada. “O que prejudica muito o governante hoje, no Brasil, é a burocracia. A burocracia é lamentável. Eu diria que de quatro anos de governo dois são de burocracia. Porque é a certidão que falta, é a prestação de contas que não foi encaminhada de forma completa. Aí, começam a pedir novos documentos, outros documentos. É um sem-número de pedidos de documentos quando você presta contas de determinado convênio, seja com governo estadual e, principalmente, com o governo federal”.
***
Petista contradiz prefeito e assume candidatura
O deputado federal Nelson Pellegrino (PT) reafirmou ontem, em Salvador, que a base do partido está empenhada em lançar candidatura própria na sucessão da capital em 2008. De acordo com o parlamentar, que é apontado como um dos pré-candidatos da legenda, o processo de eleição direta (PED) será o balizador sobre o lançamento ou não de “um projeto próprio para a cidade”. Para ele, o atual diretório municipal petista, há um mês do fim do mandato, não reúne condições sólidas para definir sobre o assunto.
De acordo com o deputado, somente a nova direção da sigla vai conseguir mecanismos para obter a unanimidade. “O PT já está em processo de discussão interna sobre a atuação do prefeito João Henrique (PMDB) e sobre a participação no governo. É importante nós lembrarmos sempre que, em momento algum, foi condicionado no processo de repactuação que a manutenção do apoio à administração implicaria em apoio à eleição de 2008. Até porque, é crescente o sentimento da base (partidária) pela definição das estratégias de futuro para, em seguida, intensificar o processo de conversação com os outros partidos”.
Sobre possíveis dificuldades em viabilizar a própria candidatura, Pellegrino garantiu estar conversando com a base. “Nem Cristo conseguiu ser unanimidade”. Portanto, completou, “todos os esforços serão empreendidos para o consenso, para a unanimidade”. Para ele, o momento é de mostrar um projeto consistente para Salvador. “Esse é o momento do PT, que tem o apoio dos governos federal e estadual”.
Na avaliação do parlamentar, um dos maiores entraves enfrentados pela atual administração de Salvador é que nos três últimos anos não foi feito sequer o dever de casa. “O prefeito não recuperou as finanças da cidade. Para gerir uma metrópole complexa como a nossa, precisamos arrecadar bem e gastar bem o que se arrecada”. Como exemplo da “falta de prioridade do prefeito”, Pellegrino citou a área da saúde pública. “A saúde tem vários problemas. Os repasses (constitucionais de 15%) sequer foram atingidos. Não temos a garantia de que todos os empenhos foram realizados”.
Fonte: Correio da Bahia
Oprefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB), disse ontem que, se por acaso as últimas pesquisas sobre a sucessão municipal divulgadas por setores da imprensa forem verdadeiras, elas apontam para um cenário de forte disputa pela principal cadeira do Palácio Thomé de Souza. Embora reconheça que não esteja liderando a corrida sucessória – ao menos temporariamente, fez questão de ressaltar _ o peemedebista destacou que não acredita nos levantamentos “anônimos” e “suspeitos”. “Acho que daqui para lá falta muito tempo. Muita água vai passar por baixo da ponte”, disse João Henrique, em entrevista concedida com exclusividade ao Correio da Bahia, no gabinete do Palácio Thomé de Souza.
“Se as pesquisas que apontam um verdadeiro empate técnico entre os três primeiros colocados são anônimas, elas são suspeitas. Não creio que sejam verdadeiras, mas se por acaso forem verdadeiras, revelam um quadro de disputa. Não creio nessas pesquisas. Se fosse por pesquisa, Wagner (Jaques Wagner, chefe do Executivo estadual) não era governador. Quando demos apoio a Wagner, ele tinha 10% nas pesquisas, e hoje é governador. Então, essas pesquisas que viraram um instrumento altamente vulnerável e suspeito, não podem ser encaradas, sobretudo quando as pessoas se negam a divulgar a autoria e o nome do instituto. Mas, em todo o caso, a crer nesse cenário _ que acho que é irreal e surreal _, hoje teríamos um quadro de muita disputa em Salvador”, disse o prefeito.
João Henrique admitiu que não lidera a corrida sucessória em Salvador ao comentar as declarações de Wagner de que o ex-prefeito Antonio Imbassahy (PSDB) é, no momento, o favorito no páreo. “(O governador) constatou o óbvio e provisório”, se limitou a dizer. “Entretanto, estamos preparando a cidade para 2008. A qualidade de vida dos seus habitantes está muito melhor do que quando peguei em 2004. E faremos o comparativo (com a gestão passada, a de Imbassahy) de como era a saúde pública, o transporte coletivo, a educação pública, a ação social, a preservação do patrimonio histórico, o tratamento e o respeito dados à cultura da cidade”.
Contraponto - João Henrique, mesmo nos momentos em que falou de administração, procurou o tempo inteiro, na entrevista, contrapor a sua gestão à do antecessor. Durante vários momentos discursou como se estivesse no palanque, com veemência e firmeza. Questionado, por exemplo, se a violência em Salvador aumentou este ano, o prefeito disse que, se o referencial é o número de assaltos a ônibus, a resposta é não.
“Quando nós tomamos posse, era em torno de 20 assaltos a ônibus por dia. Motoristas e cobradores eram assassinados toda semana, e balas perdidas atingiam vítimas inocentes. Hoje, são oito assaltos a ônibus por dia. Conseguimos, nesses dois anos e dez meses de governo, instalar quatro câmeras em cada um dos 700 ônibus. Já são 2.800 câmeras filmando 24 horas. Até o final do governo, a gente quer que os dois mil ônibus de Salvador estejam com câmeras instaladas. Para o próximo ano, quero que o índice de assaltos por ano seja zero. Conseguimos isso com a tinta da caneta (disse, assinando uma folha em branco com seu nome), sem arma de fogo. Só com a tinta da caneta e minha assinatura. Por que prefeitos que sentaram ali (apontando para a própria cadeira) oito anos não fizeram isso?”, questionou. João Henrique disse ainda que não tem dúvidas de que contará com o apoio de Jaques Wagner na campanha à reeleição. Ele disse, no entanto, que não tratou ainda do assunto com o governador. “A gente trata mais de assuntos administrativos.
Porque o tempo da gente é curto, passa tão rápido que a gente trata mais de assuntos administrativos. Mas espero que o apoio seja dado. Ele até já disse em duas ou três oportunidades públicas _ uma delas na inauguração da travessia Plataforma-Ribeira. Três meses atrás anunciou de novo, no mesmo dia que Lula (o presidente Luiz Inácio Lula da Silva) anunciou (o apoio à reeleição) em Brasília. Então, acho que as reiteradas declarações de Wagner não me deixam dúvidas de que vamos ter o apoio do governador e do seu partido, o PT”.
Sobre a situação financeira da prefeitura, assunto que deverá ser um dos mais presentes nas eleições do ano que vem, João Henrique disse que “tudo que é visto sob o ângulo político é exagerado ou distorcido, nunca é visto na dimensão real”. “No momento oportuno, que será a partir de junho de 2008, vamos mostrar a evolução qualitativa que fizemos nessa gestão até o final dela”, declarou, ressalvando que, nos dois primeiros anos de sua administração, não contou com o apoio político do governo do estado, como acontecerá nos dois últimos anos da sua gestão.
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Captação de recursos para a capital
Na manhã de ontem, o prefeito João Henrique Carneiro, ainda estava em Brasília articulando com a bancada baiana no Congresso Nacional a inclusão de emendas ao Orçamento Geral da União (OGU) de 2008 para a capital. Das 16 emendas coletivas dos deputados, o prefeito destacou que quatro delas são destinadas à cidade: a que promete reestruturar a Feira de São Joaquim; a de implantação de obras de mobilidade urbana em toda a região metropolitana; a que destina recursos para obras de infra-estrutura na capital; e a de apoio à pesquisa, inovação e extensão tecnológica para o desenvolvimento social de Salvador. Nenhuma delas tem valor definido. João Henrique deu ênfase especial à emenda apresentada pelo senador Antonio Carlos Júnior (DEM), que destina R$25 milhões para a revitalização do Centro Histórico de Salvador e a do senador João Durval Carneiro (PDT) que aloca R$2 milhões para o banho de asfalto na cidade. “Fiquei positivamente surpreso e feliz com a emenda do senador ACM Júnior destinando um valor considerável ao Centro Histórico, hoje chamado de Centro Antigo. Suprapartidariamente, vários deputados, aliados, adversários ou independentes, apresentaram emendas, tanto individuais quanto coletivas. O próprio deputado ACM Neto (DEM) está deslocando verbas de suas emendas pessoais para Salvador”, reconheceu o prefeito. O deputado democrata, provável candidato do partido a prefeito, foi o único nessa condição nominalmente citado na entrevista pelo prefeito.
João Henrique disse ainda que vários deputados defenderam, de forma suprapartidária, que o dinheiro das emendas viesse, em parte, diretamente para Salvador. “O que notei ontem (anteontem), sinceramente, foi uma preocupação muito grande com Salvador”, disse o prefeito, que levou para Brasília dois volumosos cadernos com sugestões para os parlamentares. Parceria - O peemedebista afirmou que, apesar da parceria política com o governo federal, os investimentos para Salvador liberados através da execução orçamentária deste ano precisam ser mais volumosos. “Para Salvador, todos os investimentos têm que ser vultosos, porque é uma cidade de 2,72 milhões habitantes, que é âncora, que é mãe, que atrai população da Bahia inteira. Saúde de média e alta complexidade só é oferecida em Salvador. Tratamento contra o câncer, só no Aristedes Maltez, que atende 70% dos pacientes vindos do interior. Então, por mais vultosos que sejam os investimentos, sobretudo para a área de saúde pública, eu diria que o prefeito ainda vai pedir mais”.
Apesar disso, João Henrique disse que, este ano, o presidente Lula “atendeu a contento, dentro de suas possibilidades, a Salvador”. “A decisão dele de ontem (anteontem) de, na reunião ministerial, determinar de forma enfática e categórica que o metrô (de Salvador) tem de ser inaugurado em 2008 já teve reflexo na reunião que o secretário Pedro Dantas (Transporte e Infra-estrutura) teve hoje (ontem) pela manhã com o Ministério das Cidades e Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Além disso, receberemos mais nove ambulâncias do Samu na próxima semana. Recebemos mais dois Centros de Especialidades Odontológicas. Vamos inaugurar a pista exclusiva para ônibus no Bonocô na terça-feira. Quem anda de ônibus é trabalhador e não patrão, senão perde o emprego. Numa cidade que já tem 395 mil desempregados, temos de fazer tudo”, declarou.
Sobre a parceria política com o governo do estado, o prefeito disse que já está gerando resultados, apesar dos entraves da burocracia. Ele citou como exemplo a assinatura de um convênio que vai permitir a conclusão de 15 postos de saúde cujas obras, segundo o gestor, estavam paralisadas desde a gestão passada. “O que prejudica muito o governante hoje, no Brasil, é a burocracia. A burocracia é lamentável. Eu diria que de quatro anos de governo dois são de burocracia. Porque é a certidão que falta, é a prestação de contas que não foi encaminhada de forma completa. Aí, começam a pedir novos documentos, outros documentos. É um sem-número de pedidos de documentos quando você presta contas de determinado convênio, seja com governo estadual e, principalmente, com o governo federal”.
***
Petista contradiz prefeito e assume candidatura
O deputado federal Nelson Pellegrino (PT) reafirmou ontem, em Salvador, que a base do partido está empenhada em lançar candidatura própria na sucessão da capital em 2008. De acordo com o parlamentar, que é apontado como um dos pré-candidatos da legenda, o processo de eleição direta (PED) será o balizador sobre o lançamento ou não de “um projeto próprio para a cidade”. Para ele, o atual diretório municipal petista, há um mês do fim do mandato, não reúne condições sólidas para definir sobre o assunto.
De acordo com o deputado, somente a nova direção da sigla vai conseguir mecanismos para obter a unanimidade. “O PT já está em processo de discussão interna sobre a atuação do prefeito João Henrique (PMDB) e sobre a participação no governo. É importante nós lembrarmos sempre que, em momento algum, foi condicionado no processo de repactuação que a manutenção do apoio à administração implicaria em apoio à eleição de 2008. Até porque, é crescente o sentimento da base (partidária) pela definição das estratégias de futuro para, em seguida, intensificar o processo de conversação com os outros partidos”.
Sobre possíveis dificuldades em viabilizar a própria candidatura, Pellegrino garantiu estar conversando com a base. “Nem Cristo conseguiu ser unanimidade”. Portanto, completou, “todos os esforços serão empreendidos para o consenso, para a unanimidade”. Para ele, o momento é de mostrar um projeto consistente para Salvador. “Esse é o momento do PT, que tem o apoio dos governos federal e estadual”.
Na avaliação do parlamentar, um dos maiores entraves enfrentados pela atual administração de Salvador é que nos três últimos anos não foi feito sequer o dever de casa. “O prefeito não recuperou as finanças da cidade. Para gerir uma metrópole complexa como a nossa, precisamos arrecadar bem e gastar bem o que se arrecada”. Como exemplo da “falta de prioridade do prefeito”, Pellegrino citou a área da saúde pública. “A saúde tem vários problemas. Os repasses (constitucionais de 15%) sequer foram atingidos. Não temos a garantia de que todos os empenhos foram realizados”.
Fonte: Correio da Bahia
Laudo da perícia confirma uso de ‘chumbinho’ em café
Mariana Rios
Não foi fácil o retorno ontem para o trabalho de Anatália Silva, 46 anos, um dos dez funcionários envenenados com chumbinho no último sábado, na Associação Obras Sociais Irmã Dulce (Aosid), situada no Largo de Roma. Não conteve as lágrimas no trajeto de sua casa, no Uruguai, até o Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiências (CRPD). “Pensei que fosse morrer. Na hora, não sabia da gravidade do atentado sofrido por mim e pelos colegas. Temos um inimigo oculto”, afirmou ontem, antes do depoimento na 3ª Delegacia de Polícia (Dendezeiros). Quinze pessoas já foram ouvidas e o laudo do Departamento de Polícia Técnica (DPT), liberado no final da tarde de terça-feira, confirmou a presença do raticida ilegal no café com leite servido aos cuidadores – responsáveis pelos 120 moradores deficientes do centro.
A suspeita policial é de que o café tenha sido adulterado no próprio setor e não na cozinha da unidade – onde o café é preparado e misturado ao leite. O restante da bebida servida aos moradores do centro e aos funcionários do 1º andar não causou mal-estar aos demais. A aparente ausência de um motivo para o crime intriga o delegado Miguel Cicerelli, já que o ambiente de trabalho era considerado harmonioso e sem conflitos. “Estamos na fase inicial da investigação, que se mostra de alta complexidade: não existem câmeras nem cartão de ponto. Complica ainda mais o fato de qualquer pessoa ter acesso à copa onde foi deixada a garrafa térmica, inclusive pacientes. Vamos analisar todas as frentes: funcionários, possíveis acompanhantes e pacientes. Todo mundo que estava no local é suspeito”, explicou Cicerelli, titular da 3ª DP. O prazo de 30 dias para que o processo seja remetido à Justiça pode ser dilatado. Todas as 40 pessoas que trabalhavam no local devem ser ouvidas.
O que se sabe é que quem colocou o raticida, o fez de forma proposital. O rápido atendimento médico evitou a complicação dos sintomas e até mesmo a morte de algum deles. O laudo não especifica a quantidade de veneno colocada na bebida. Os peritos identificaram em menos de um litro de café com leite, ainda contidos na garrafa térmica, grânulos de coloração cinza escuro. Após análise, foi identifica a substância aldicarbe – princípio ativo do “chumbinho”. As vítimas, que pensaram ter sofrido uma intoxicação alimentar, só souberam que haviam sido envenenadas na segunda-feira.
Menos de cinco minutos depois de beber dois copos de café com leite, Anatália conta que primeiro sentiu “as vistas escurecerem”. Depois, veio a tontura, suor intenso e um terrível mal-estar no estômago. No banheiro, vomitou e mal conseguiu se vestir para chamar ajuda. “Tudo foi muito assustador. Acho que não foram os pacientes. Eles não têm onde conseguir o chumbinho nem a agilidade necessária para colocar o veneno sem ser vistos”, declarou Anatália, que desmaiou ao sair do banheiro. Ontem, um pouco abatida, brincou na delegacia, dizendo que “café agora só em casa”.
Intranqüilidade - O clima ontem foi de alegria pela volta dos colegas, mas também de preocupação. “Espero em Deus que o delegado descubra. Não sabemos a intenção e estamos correndo risco”, explicou Anatália, que estranhou o gosto forte do café, mas disfarçou dobrando a dose do adoçante. A cuidadora Rute Moreira, 52 anos, que também foi ouvida ontem, contou que não tem mais coragem de beber o café servido e optou por um suco que havia comprado. “A gente perde o sono pensando quem teria feito isso. Nos damos bem com todos os colegas”, lamentou Rute.
Para as cinco vítimas reunidas ontem na delegacia o mais doloroso é a angústia de ter, sem nenhuma explicação até agora, um inimigo. “O centro é uma grande família e por isso não consigo entender”, desabafou Maria de Cássia Lima, 41 anos. Os dez funcionários da Aosid intoxicados eram cuidadores, responsáveis pela assistência aos deficientes que moram no centro de reabilitação.
Fonte: Correio da Bahia
Não foi fácil o retorno ontem para o trabalho de Anatália Silva, 46 anos, um dos dez funcionários envenenados com chumbinho no último sábado, na Associação Obras Sociais Irmã Dulce (Aosid), situada no Largo de Roma. Não conteve as lágrimas no trajeto de sua casa, no Uruguai, até o Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiências (CRPD). “Pensei que fosse morrer. Na hora, não sabia da gravidade do atentado sofrido por mim e pelos colegas. Temos um inimigo oculto”, afirmou ontem, antes do depoimento na 3ª Delegacia de Polícia (Dendezeiros). Quinze pessoas já foram ouvidas e o laudo do Departamento de Polícia Técnica (DPT), liberado no final da tarde de terça-feira, confirmou a presença do raticida ilegal no café com leite servido aos cuidadores – responsáveis pelos 120 moradores deficientes do centro.
A suspeita policial é de que o café tenha sido adulterado no próprio setor e não na cozinha da unidade – onde o café é preparado e misturado ao leite. O restante da bebida servida aos moradores do centro e aos funcionários do 1º andar não causou mal-estar aos demais. A aparente ausência de um motivo para o crime intriga o delegado Miguel Cicerelli, já que o ambiente de trabalho era considerado harmonioso e sem conflitos. “Estamos na fase inicial da investigação, que se mostra de alta complexidade: não existem câmeras nem cartão de ponto. Complica ainda mais o fato de qualquer pessoa ter acesso à copa onde foi deixada a garrafa térmica, inclusive pacientes. Vamos analisar todas as frentes: funcionários, possíveis acompanhantes e pacientes. Todo mundo que estava no local é suspeito”, explicou Cicerelli, titular da 3ª DP. O prazo de 30 dias para que o processo seja remetido à Justiça pode ser dilatado. Todas as 40 pessoas que trabalhavam no local devem ser ouvidas.
O que se sabe é que quem colocou o raticida, o fez de forma proposital. O rápido atendimento médico evitou a complicação dos sintomas e até mesmo a morte de algum deles. O laudo não especifica a quantidade de veneno colocada na bebida. Os peritos identificaram em menos de um litro de café com leite, ainda contidos na garrafa térmica, grânulos de coloração cinza escuro. Após análise, foi identifica a substância aldicarbe – princípio ativo do “chumbinho”. As vítimas, que pensaram ter sofrido uma intoxicação alimentar, só souberam que haviam sido envenenadas na segunda-feira.
Menos de cinco minutos depois de beber dois copos de café com leite, Anatália conta que primeiro sentiu “as vistas escurecerem”. Depois, veio a tontura, suor intenso e um terrível mal-estar no estômago. No banheiro, vomitou e mal conseguiu se vestir para chamar ajuda. “Tudo foi muito assustador. Acho que não foram os pacientes. Eles não têm onde conseguir o chumbinho nem a agilidade necessária para colocar o veneno sem ser vistos”, declarou Anatália, que desmaiou ao sair do banheiro. Ontem, um pouco abatida, brincou na delegacia, dizendo que “café agora só em casa”.
Intranqüilidade - O clima ontem foi de alegria pela volta dos colegas, mas também de preocupação. “Espero em Deus que o delegado descubra. Não sabemos a intenção e estamos correndo risco”, explicou Anatália, que estranhou o gosto forte do café, mas disfarçou dobrando a dose do adoçante. A cuidadora Rute Moreira, 52 anos, que também foi ouvida ontem, contou que não tem mais coragem de beber o café servido e optou por um suco que havia comprado. “A gente perde o sono pensando quem teria feito isso. Nos damos bem com todos os colegas”, lamentou Rute.
Para as cinco vítimas reunidas ontem na delegacia o mais doloroso é a angústia de ter, sem nenhuma explicação até agora, um inimigo. “O centro é uma grande família e por isso não consigo entender”, desabafou Maria de Cássia Lima, 41 anos. Os dez funcionários da Aosid intoxicados eram cuidadores, responsáveis pela assistência aos deficientes que moram no centro de reabilitação.
Fonte: Correio da Bahia
Diabetes é responsável por 60% das amputações não traumáticas
Portadores da doença perdem a sensibilidade nos membros inferiores
Camila Vieira
Estatísticas da Internacional Diabetes Federation (IDF) mostram que cerca de 60% das amputações de membros inferiores, não traumáticas, são em pessoas diabéticas. Na Bahia, o número não é diferente. As mutilações ocorrem por conta do pé diabético, uma das mais graves complicações do diabetes melito. Causado por disfunções neurológicas e circulatórias, o mal provoca alterações nos nervos responsáveis pela sensibilidade e, por isso, em muitas situações, os ferimentos não são percebidos, podendo se transformar em úlceras que, na maioria dos casos, resultam na retirada cirúrgica dos membros afetados. O pé diabético também provoca deformidades nos dedos e pés, dificultando o uso de sapatos convencionais.
O problema foi lembrado, ontem, no Dia Mundial do Diabetes. Um dos principais obstáculos enfrentados pelas vítimas do pé diabético, que costuma acometer até 15% dos diabéticos, é a escolha do sapato adequado. Na tentativa de minimizar tal transtorno, o Hospital Salvador oferece a seus pacientes, através do Centro de Diabetes, um atendimento específico: a Oficina de Calçados Especiais e Orteses, que confecciona sapatos e sandálias personalizadas com a função de proteger os pés ou auxiliar pacientes com deformidades.
O cirurgião vascular, Cícero Fidelis, explica que o portador de diabetes pode desenvolver alterações nos pés, originadas de problemas que afetam a circulação e os nervos. Segundo ele, as alterações variam muito. “Vai da simples perda da sensibilidade até uma infecção mais grave que pode resultar na amputação”, diz. Pelo fato do portador da doença não sentir dor, ele recomenda que o próprio paciente observe todos os dias os pés, lave e seque-os bem para evitar aparecimento de micoses ou infecções, corte as unhas retas e utilize um calçado confortável (antes de usá-lo, deve observar se há algum objeto no interior).
Oficina - O médico diz que a vantagem da Oficina de Calçados Especiais e Orteses é que o trabalho é realizado em conjunto com o cirurgião vascular e o técnico que produz o sapato. “Durante a consulta, avalio o pé e em seguida chamo o técnico para informar exatamente como é o calçado ideal para aquele pé”, diz o médico. Os calçados são feitos de acordo com as orientações do médico e têm o objetivo de proteger o pé do diabético de qualquer tipo de atrito – por isso, o técnico retira a medida dos pés dos pacientes, respeitando todas as peculiaridades existentes em cada situação.
Com o passar do tempo, os portadores da doença vão perdendo a sensibilidade no calcanhar e extremidades dos pés e, por causa disso, sofrem pequenas feridas e não percebem. Diferente de uma pessoa saudável, o diabético em casos extremos pode chegar a pisar numa ponta de prego sem sentir nada em função de danos causados aos nervos. Foi o que aconteceu com o comerciante Antônio Carlos Coutinho, 75 anos, que há quatro meses se acidentou com um prego. Depois do acidente, ele há dez anos começou a sentir as complicações do pé diabético. Hoje, acompanhado por um especialista, ele tenta minimizar os problemas usando um sapato adequado e tomando todos os cuidados necessários.
***
Aumento da incidência
Em 2000, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimava em 177 milhões o número de portadores do diabetes, em todo o mundo. Para 2025, a previsão é a de que essa população atinja quase o dobro: 350 milhões de diabéticos. O envelhecimento da população, a urbanização crescente e a adoção de estilos de vida pouco saudáveis como sedentarismo, dieta inadequada e obesidade, são os grandes responsáveis pelo aumento da incidência e prevalência do diabetes.
No Brasil, aproximadamente 6,2 milhões de pessoas acima de 18 anos têm diabetes, de acordo com a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2006) do Ministério da Saúde. De acordo com a coordenadora da política nacional de hipertensão e diabetes, Rosa Sampaio, a população de diabéticos pode ser bem maior. “Acredita-se que esse número ainda não seja o real, porque se estima que metade dos portadores do diabetes tenham a doença e não saibam. Muitas vezes ela só é diagnosticada quando se manifestam as complicações”, explica Rosa Sampaio.
Este será o primeiro ano de vigência da lei 11.347/07, que determina a distribuição gratuita de medicamentos e materiais necessários à sua aplicação e à monitoração da glicemia capilar aos portadores de diabetes inscritos em programas de educação para diabéticos. O Ministério da Saúde regulamentou a lei através da Portaria nº 2.583, de 10 de outubro de 2007, que define elenco de medicamentos e insumos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, nos termos da Lei nº 11.347, de 2006, aos usuários portadores de diabetes melito.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e outras instituições articularam ações para a iluminação do Elevador Lacerda, em Salvador, Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, Museu de Arte de São Paulo (Masp), Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Medicina da USP (na Avenida Dr. Arnaldo). Eles serão iluminados na noite do dia 14 de novembro. Em todo o mundo, diversos monumentos têm a iluminação azul confirmada: Edifício Empire State, Torre Sears, Torre Tokio, Lago de Genebra, Torre de Televisão de Tbilisi, El Obelisco de Buenos Aires, dentre outros.
Fonte: SBD
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CAMINHADA
Com o objetivo de chamar a atenção da população para a importância da prática do exercício físico, o Centro de Diabetes do Salvador realizou, ontem, a caminhada VI Momento Saúde, no Dique do Tororó. A caminhada aberta ao público serviu de alerta à sociedade para a luta dos portadores do diabetes que comemoram os avanços nos tratamentos. A programação contou com sessões de alongamento, exercícios físicos localizados e orientação de profissionais.
Fonte: Correio da Bahia
Camila Vieira
Estatísticas da Internacional Diabetes Federation (IDF) mostram que cerca de 60% das amputações de membros inferiores, não traumáticas, são em pessoas diabéticas. Na Bahia, o número não é diferente. As mutilações ocorrem por conta do pé diabético, uma das mais graves complicações do diabetes melito. Causado por disfunções neurológicas e circulatórias, o mal provoca alterações nos nervos responsáveis pela sensibilidade e, por isso, em muitas situações, os ferimentos não são percebidos, podendo se transformar em úlceras que, na maioria dos casos, resultam na retirada cirúrgica dos membros afetados. O pé diabético também provoca deformidades nos dedos e pés, dificultando o uso de sapatos convencionais.
O problema foi lembrado, ontem, no Dia Mundial do Diabetes. Um dos principais obstáculos enfrentados pelas vítimas do pé diabético, que costuma acometer até 15% dos diabéticos, é a escolha do sapato adequado. Na tentativa de minimizar tal transtorno, o Hospital Salvador oferece a seus pacientes, através do Centro de Diabetes, um atendimento específico: a Oficina de Calçados Especiais e Orteses, que confecciona sapatos e sandálias personalizadas com a função de proteger os pés ou auxiliar pacientes com deformidades.
O cirurgião vascular, Cícero Fidelis, explica que o portador de diabetes pode desenvolver alterações nos pés, originadas de problemas que afetam a circulação e os nervos. Segundo ele, as alterações variam muito. “Vai da simples perda da sensibilidade até uma infecção mais grave que pode resultar na amputação”, diz. Pelo fato do portador da doença não sentir dor, ele recomenda que o próprio paciente observe todos os dias os pés, lave e seque-os bem para evitar aparecimento de micoses ou infecções, corte as unhas retas e utilize um calçado confortável (antes de usá-lo, deve observar se há algum objeto no interior).
Oficina - O médico diz que a vantagem da Oficina de Calçados Especiais e Orteses é que o trabalho é realizado em conjunto com o cirurgião vascular e o técnico que produz o sapato. “Durante a consulta, avalio o pé e em seguida chamo o técnico para informar exatamente como é o calçado ideal para aquele pé”, diz o médico. Os calçados são feitos de acordo com as orientações do médico e têm o objetivo de proteger o pé do diabético de qualquer tipo de atrito – por isso, o técnico retira a medida dos pés dos pacientes, respeitando todas as peculiaridades existentes em cada situação.
Com o passar do tempo, os portadores da doença vão perdendo a sensibilidade no calcanhar e extremidades dos pés e, por causa disso, sofrem pequenas feridas e não percebem. Diferente de uma pessoa saudável, o diabético em casos extremos pode chegar a pisar numa ponta de prego sem sentir nada em função de danos causados aos nervos. Foi o que aconteceu com o comerciante Antônio Carlos Coutinho, 75 anos, que há quatro meses se acidentou com um prego. Depois do acidente, ele há dez anos começou a sentir as complicações do pé diabético. Hoje, acompanhado por um especialista, ele tenta minimizar os problemas usando um sapato adequado e tomando todos os cuidados necessários.
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Aumento da incidência
Em 2000, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estimava em 177 milhões o número de portadores do diabetes, em todo o mundo. Para 2025, a previsão é a de que essa população atinja quase o dobro: 350 milhões de diabéticos. O envelhecimento da população, a urbanização crescente e a adoção de estilos de vida pouco saudáveis como sedentarismo, dieta inadequada e obesidade, são os grandes responsáveis pelo aumento da incidência e prevalência do diabetes.
No Brasil, aproximadamente 6,2 milhões de pessoas acima de 18 anos têm diabetes, de acordo com a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2006) do Ministério da Saúde. De acordo com a coordenadora da política nacional de hipertensão e diabetes, Rosa Sampaio, a população de diabéticos pode ser bem maior. “Acredita-se que esse número ainda não seja o real, porque se estima que metade dos portadores do diabetes tenham a doença e não saibam. Muitas vezes ela só é diagnosticada quando se manifestam as complicações”, explica Rosa Sampaio.
Este será o primeiro ano de vigência da lei 11.347/07, que determina a distribuição gratuita de medicamentos e materiais necessários à sua aplicação e à monitoração da glicemia capilar aos portadores de diabetes inscritos em programas de educação para diabéticos. O Ministério da Saúde regulamentou a lei através da Portaria nº 2.583, de 10 de outubro de 2007, que define elenco de medicamentos e insumos disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, nos termos da Lei nº 11.347, de 2006, aos usuários portadores de diabetes melito.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e outras instituições articularam ações para a iluminação do Elevador Lacerda, em Salvador, Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, Museu de Arte de São Paulo (Masp), Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Faculdade de Medicina da USP (na Avenida Dr. Arnaldo). Eles serão iluminados na noite do dia 14 de novembro. Em todo o mundo, diversos monumentos têm a iluminação azul confirmada: Edifício Empire State, Torre Sears, Torre Tokio, Lago de Genebra, Torre de Televisão de Tbilisi, El Obelisco de Buenos Aires, dentre outros.
Fonte: SBD
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CAMINHADA
Com o objetivo de chamar a atenção da população para a importância da prática do exercício físico, o Centro de Diabetes do Salvador realizou, ontem, a caminhada VI Momento Saúde, no Dique do Tororó. A caminhada aberta ao público serviu de alerta à sociedade para a luta dos portadores do diabetes que comemoram os avanços nos tratamentos. A programação contou com sessões de alongamento, exercícios físicos localizados e orientação de profissionais.
Fonte: Correio da Bahia
Capturado pistoleiro que matou ex-deputado estadual
O assassinato do empresário e ex-deputado estadual Maurício Cotrim foi esclarecido pela Polícia Civil com a prisão do pistoleiro Antônio Medeiros, o “Alemão” ou “Tonho Doido”, anteontem à noite, no município de Eunápolis. Interrogado pelo delegado André Luiz Serra, coordenador regional de Polícia de Guanambi (22ª Coorpin), o pistoleiro apontou como mandante do homicídio um agiota conhecido como “Ricardo Alagoano”, residente em Teixeira de Freitas, que está sendo procurado. O crime aconteceu por volta das 17h35 do dia 14 de setembro deste ano, quando Maurício Cotrim fazia uma caminhada na Praça Dois de Julho, no centro da cidade de Itamaraju, distante 733 quilômetros de Salvador. Alvejado na região do tórax com cinco tiros disparados pelo “carona” de uma motocicleta Honda, preta, ele chegou a ser encaminhado ao Hospital Santa Rita, mas morreu no trajeto. A polícia intensificou as buscas ao comparsa de “Alemão”, de prenome Roque, que pilotava a motocicleta.
Designado pelo delegado-chefe, João Laranjeira, para presidir as investigações, o delegado André Luiz Serra e sua equipe capturaram Antônio Medeiros por volta de 20h. O homicida confessou que estava na garupa da moto, tendo efetuado vários disparos contra Mauricio Cotrim. Declarou ainda que o seu parceiro Roque também disparou alguns tiros contra o ex-deputado estadual.
“Alemão” também confessou que matou o gerente da casa de shows Axé Moi, em Porto Seguro, José Carlos da Silva Moraes, 51, em 18 de setembro deste ano, e um traficante de drogas na cidade de Teixeira de Freitas.
Fonte: Correio da Bahia
Designado pelo delegado-chefe, João Laranjeira, para presidir as investigações, o delegado André Luiz Serra e sua equipe capturaram Antônio Medeiros por volta de 20h. O homicida confessou que estava na garupa da moto, tendo efetuado vários disparos contra Mauricio Cotrim. Declarou ainda que o seu parceiro Roque também disparou alguns tiros contra o ex-deputado estadual.
“Alemão” também confessou que matou o gerente da casa de shows Axé Moi, em Porto Seguro, José Carlos da Silva Moraes, 51, em 18 de setembro deste ano, e um traficante de drogas na cidade de Teixeira de Freitas.
Fonte: Correio da Bahia
Policiais são fuzilados por bandidos na Baixa do Manu
Mauro Coelho e Robério Santos foram internados em estado grave no Hospital Roberto Santos
Os agentes policiais Mauro Sales Escabia Motta Coelho, 47 anos, e Robério Nonato dos Santos, 48, lotados na 11ª Delegacia (Tancredo Neves), foram baleados ontem à noite, quando participavam de uma diligência na Baixa do Manu, uma das áreas de Pernambués conflagradas pela chamada guerra do tráfico. De acordo com boletim médico do Hospital Geral Roberto Santos (Cabula), para onde as vítimas foram socorridas, eram remotas as chances de sobrevivência do agente Escabia, atingido na cabeça e no tórax.
O atentado aconteceu pouco depois das 20h, quando duas equipes da 11ªDP desenvolviam uma operação de caça a suspeitos de homicídio na “Baixa do Manu”. Enquanto um grupo de policiais abordava algumas pessoas em uma viela próxima, Escabia, Robério e dois outros colegas aguardavam na Rua Paulo Valverde, no Volkswagen Gol branco que usava a chapa fria IAV-4302, de Aracaju-SE.
De acordo com testemunhas, o carro foi cercado de repente por mais de dez homens armados, dentre os quais os traficantes conhecidos como “Tutuca”, “Neném” e Arísio. Antes que pudessem esboçar qualquer reação, os policiais foram atingidos por uma saraivada de balas de diferentes calibres, que deixaram marcas também no veículo. Alvejado na cabeça e no tórax, Escabia sofreu perda de massa encefálica e apresentava poucas chances de sobrevida, segundo os médicos. Baleado em várias partes do corpo, Robério perdeu bastante sangue mas seu quadro era considerado estável.
Espólio - Investigações preliminares sugerem que o ataque aos agentes possa estar relacionado à disputa pelo espólio do traficante Rosivaldo Ventura, o “Val Satanás”, morto em agosto do ano passado pela polícia. Apontado como um dos principais líderes do comércio de drogas no bairro de Pernambués, ele deixou seguidores que hoje estariam buscando expandir o negócio, eliminando adversários.
A morte do biscateiro Michel Santos Silva, 26, e a tentativa de homicídio contra o ex-detento João Vagner Lima Santa Rosa, 23, anteontem à noite, no terminal de ônibus do bairro, são, segundo a polícia, um desdobramento da guerra travada entre os bandos rivais estabelecidos em Pernambués.
Fonte: Correio da Bahia
Os agentes policiais Mauro Sales Escabia Motta Coelho, 47 anos, e Robério Nonato dos Santos, 48, lotados na 11ª Delegacia (Tancredo Neves), foram baleados ontem à noite, quando participavam de uma diligência na Baixa do Manu, uma das áreas de Pernambués conflagradas pela chamada guerra do tráfico. De acordo com boletim médico do Hospital Geral Roberto Santos (Cabula), para onde as vítimas foram socorridas, eram remotas as chances de sobrevivência do agente Escabia, atingido na cabeça e no tórax.
O atentado aconteceu pouco depois das 20h, quando duas equipes da 11ªDP desenvolviam uma operação de caça a suspeitos de homicídio na “Baixa do Manu”. Enquanto um grupo de policiais abordava algumas pessoas em uma viela próxima, Escabia, Robério e dois outros colegas aguardavam na Rua Paulo Valverde, no Volkswagen Gol branco que usava a chapa fria IAV-4302, de Aracaju-SE.
De acordo com testemunhas, o carro foi cercado de repente por mais de dez homens armados, dentre os quais os traficantes conhecidos como “Tutuca”, “Neném” e Arísio. Antes que pudessem esboçar qualquer reação, os policiais foram atingidos por uma saraivada de balas de diferentes calibres, que deixaram marcas também no veículo. Alvejado na cabeça e no tórax, Escabia sofreu perda de massa encefálica e apresentava poucas chances de sobrevida, segundo os médicos. Baleado em várias partes do corpo, Robério perdeu bastante sangue mas seu quadro era considerado estável.
Espólio - Investigações preliminares sugerem que o ataque aos agentes possa estar relacionado à disputa pelo espólio do traficante Rosivaldo Ventura, o “Val Satanás”, morto em agosto do ano passado pela polícia. Apontado como um dos principais líderes do comércio de drogas no bairro de Pernambués, ele deixou seguidores que hoje estariam buscando expandir o negócio, eliminando adversários.
A morte do biscateiro Michel Santos Silva, 26, e a tentativa de homicídio contra o ex-detento João Vagner Lima Santa Rosa, 23, anteontem à noite, no terminal de ônibus do bairro, são, segundo a polícia, um desdobramento da guerra travada entre os bandos rivais estabelecidos em Pernambués.
Fonte: Correio da Bahia
De acusados a réus e a condenados?
Por: Carlos Chagas
BRASÍLIA - Na semana que passou os 40 mensaleiros acusados de crime de corrupção foram transformados em réus, por iniciativa do ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal. Iniciam-se contra eles ações penais isoladas, incluindo figuras da estatura do ex-ministro e deputado cassado, José Dirceu, o ex-ministro da Comunicação Social, Luiz Gushiken, o ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha, o atual presidente do PTB, Roberto Jefferson, e mais Marcos Valério, Delúbio Soares, Silvio Pereira, Duda Mendonça e outros, entre empresários implicados, parlamentares no exercício das funções e ex-altos funcionários do PT e aliados.
O rito desses processos é longo e delicado, mas, para apressar o resultado das sentenças, o ministro Joaquim Barbosa autorizou que a maioria seja ouvida nos estados onde residem, por juízes de primeira estância. Haverá prazos para que se defendam das acusações, apresentem testemunhas e encaminhem considerações finais.
Mesmo assim, e sujeitando-se cada um desses processos aos recursos permitidos por lei, é possível que no primeiro semestre do ano que vem o plenário do Supremo Tribunal Federal comece a julgar os mensaleiros. Os que detêm mandato, se condenados, estarão automaticamente cassados. Todos, sem exceção, poderão sofrer penas de detenção e perda de direitos políticos.
A pergunta que se faz é como ficarão as imagens do governo federal e do PT, no caso da condenação de antigos líderes e ex-ministros, já que os referidos processos envolvem um dos maiores escândalos dos últimos tempos, promovido para garantir ao Palácio do Planalto maioria na Câmara dos Deputados.
No primeiro caso, por mais incrível que pareça, nada acontecerá. Pelas pesquisas e pelo próprio ar que a gente respira, a população isenta o presidente Lula de quaisquer responsabilidades e aceita o seu argumento de que nada sabia. Pode constituir-se num absurdo essa realidade, mas não haverá como contestá-la. A armadura que cerca o chefe do governo é feita de material impenetrável.
Quanto ao PT, não será bem assim. O partido manterá sua militância em estado de permanente resistência, mas sairá prejudicado quando se tratar de conquistar votos fora de seu acampamento. O simples fato de não haver surgido um líder alternativo, restando apenas o presidente Lula, dá a medida do que poderá acontecer nas eleições municipais do ano que vem e, em especial, nas eleições gerais de 2010.
Terá funcionado como um tiro saído pela culatra da espingarda o desmembramento individualizado da situação dos 40 réus. Porque na hora de apresentarem suas defesas, será cada um por si e, com todo o respeito, Deus por nenhum.
Na hora de livrarem o pescoço, uns passarão a acusar outros, admitindo-se que revelações nada corriqueiras possam fluir dos processos. Uma espécie de premonição óbvia, sem necessidade de bola de cristal, faz supor que a maioria carregará sua munição sobre José Dirceu. Afinal, ele foi rotulado pelo procurador-geral da República como "o chefe da quadrilha".
Uma atenção especial cerca o processo contra o publicitário Marcos Valério. Se quiser escapar ou, ao menos, receber penas menores, precisará colaborar com a acusação. Mostrar que era, se tiver sido, apenas um instrumento que viabilizava os milhões utilizados para comprar votos e consciências.
Outro réu com significado maior do que os demais é Delúbio Soares, tesoureiro do PT e peça influente na eleição do presidente Lula, em 2002. Trata-se de um arquivo vivo da corrupção nacional e deveria até cuidar-se. Porque muita gente terá ganas de apagá-lo, se souber de sua disposição de não afundar sozinho.
Em suma, a roda começou a girar. O motor é o Supremo Tribunal Federal, mesmo não se constituindo numa delegacia de polícia e, muito menos, num juizado de primeira instância. Ao contrário, é a última, quer dizer, de suas sentenças não haverá recurso. Acaba de transformar acusados em réus e poderá tornar a maioria deles condenados.
Tucanos em confusão
Reconhecem os principais líderes do PSDB que a confusão é geral, no partido. Por ironia, são os tucanos que melhores e mais promissoras opções apresentam, para as eleições presidenciais de 2010. De José Serra a Aécio Neves e a Geraldo Alckmin, entram no jogo com poderosos cacifes. Exceção, é claro, se o presidente Lula acabar cedendo à tentação do terceiro mandato, até por conta do potencial do PSDB.
Apesar disso, hoje, o ninho encontra-se em polvorosa. Ninguém se entende, dos senadores à bancada na Câmara, dos pré-candidatos às prefeituras de capitais, ano que vem, aos presidenciáveis acima referidos.
Podem os tucanos estar vivendo a síndrome da vitória futura, porque no fundo da confusão situa-se mesmo a sucessão presidencial. Serra, Aécio e Alckmin são favoráveis à aprovação da emenda que prorroga a CPMF. Pensam em seus possíveis governos em Brasília, quando necessitarão de recursos em escala cada vez maior. Já os senadores mostram-se divididos.
Dos treze, a maioria opta pela rejeição da CPMF como forma de afirmarem a oposição e se prepararem para crescer no próximo Congresso. Mas senadores existem ligados aos candidatos presidenciais, preferindo servi-los agora para obter dividendos mais tarde. Dividida também se encontra a bancada na Câmara, com o adendo de que, lá, a CPMF foi aprovada com razoáveis votos tucanos.
A direção do partido não controla mais nada. Tasso Jereissati, do Ceará, deve passar a presidência para Sergio Guerra, de Pernambuco, uma evidência de que os paulistas, mesmo predominantes, não são absolutos. Esse é outro fator a explicar o racha que faz as esquadrilhas voarem para todos os lados, senão batendo asas, ao menos batendo cabeça, ensejando à senadora Ideli Salvatti, líder do PT, num perigoso arroubo verbal, dizer não acreditar em fechamento de questão contra a CPMF.
Fonte: Tribuna da Imprensa
BRASÍLIA - Na semana que passou os 40 mensaleiros acusados de crime de corrupção foram transformados em réus, por iniciativa do ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal. Iniciam-se contra eles ações penais isoladas, incluindo figuras da estatura do ex-ministro e deputado cassado, José Dirceu, o ex-ministro da Comunicação Social, Luiz Gushiken, o ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha, o atual presidente do PTB, Roberto Jefferson, e mais Marcos Valério, Delúbio Soares, Silvio Pereira, Duda Mendonça e outros, entre empresários implicados, parlamentares no exercício das funções e ex-altos funcionários do PT e aliados.
O rito desses processos é longo e delicado, mas, para apressar o resultado das sentenças, o ministro Joaquim Barbosa autorizou que a maioria seja ouvida nos estados onde residem, por juízes de primeira estância. Haverá prazos para que se defendam das acusações, apresentem testemunhas e encaminhem considerações finais.
Mesmo assim, e sujeitando-se cada um desses processos aos recursos permitidos por lei, é possível que no primeiro semestre do ano que vem o plenário do Supremo Tribunal Federal comece a julgar os mensaleiros. Os que detêm mandato, se condenados, estarão automaticamente cassados. Todos, sem exceção, poderão sofrer penas de detenção e perda de direitos políticos.
A pergunta que se faz é como ficarão as imagens do governo federal e do PT, no caso da condenação de antigos líderes e ex-ministros, já que os referidos processos envolvem um dos maiores escândalos dos últimos tempos, promovido para garantir ao Palácio do Planalto maioria na Câmara dos Deputados.
No primeiro caso, por mais incrível que pareça, nada acontecerá. Pelas pesquisas e pelo próprio ar que a gente respira, a população isenta o presidente Lula de quaisquer responsabilidades e aceita o seu argumento de que nada sabia. Pode constituir-se num absurdo essa realidade, mas não haverá como contestá-la. A armadura que cerca o chefe do governo é feita de material impenetrável.
Quanto ao PT, não será bem assim. O partido manterá sua militância em estado de permanente resistência, mas sairá prejudicado quando se tratar de conquistar votos fora de seu acampamento. O simples fato de não haver surgido um líder alternativo, restando apenas o presidente Lula, dá a medida do que poderá acontecer nas eleições municipais do ano que vem e, em especial, nas eleições gerais de 2010.
Terá funcionado como um tiro saído pela culatra da espingarda o desmembramento individualizado da situação dos 40 réus. Porque na hora de apresentarem suas defesas, será cada um por si e, com todo o respeito, Deus por nenhum.
Na hora de livrarem o pescoço, uns passarão a acusar outros, admitindo-se que revelações nada corriqueiras possam fluir dos processos. Uma espécie de premonição óbvia, sem necessidade de bola de cristal, faz supor que a maioria carregará sua munição sobre José Dirceu. Afinal, ele foi rotulado pelo procurador-geral da República como "o chefe da quadrilha".
Uma atenção especial cerca o processo contra o publicitário Marcos Valério. Se quiser escapar ou, ao menos, receber penas menores, precisará colaborar com a acusação. Mostrar que era, se tiver sido, apenas um instrumento que viabilizava os milhões utilizados para comprar votos e consciências.
Outro réu com significado maior do que os demais é Delúbio Soares, tesoureiro do PT e peça influente na eleição do presidente Lula, em 2002. Trata-se de um arquivo vivo da corrupção nacional e deveria até cuidar-se. Porque muita gente terá ganas de apagá-lo, se souber de sua disposição de não afundar sozinho.
Em suma, a roda começou a girar. O motor é o Supremo Tribunal Federal, mesmo não se constituindo numa delegacia de polícia e, muito menos, num juizado de primeira instância. Ao contrário, é a última, quer dizer, de suas sentenças não haverá recurso. Acaba de transformar acusados em réus e poderá tornar a maioria deles condenados.
Tucanos em confusão
Reconhecem os principais líderes do PSDB que a confusão é geral, no partido. Por ironia, são os tucanos que melhores e mais promissoras opções apresentam, para as eleições presidenciais de 2010. De José Serra a Aécio Neves e a Geraldo Alckmin, entram no jogo com poderosos cacifes. Exceção, é claro, se o presidente Lula acabar cedendo à tentação do terceiro mandato, até por conta do potencial do PSDB.
Apesar disso, hoje, o ninho encontra-se em polvorosa. Ninguém se entende, dos senadores à bancada na Câmara, dos pré-candidatos às prefeituras de capitais, ano que vem, aos presidenciáveis acima referidos.
Podem os tucanos estar vivendo a síndrome da vitória futura, porque no fundo da confusão situa-se mesmo a sucessão presidencial. Serra, Aécio e Alckmin são favoráveis à aprovação da emenda que prorroga a CPMF. Pensam em seus possíveis governos em Brasília, quando necessitarão de recursos em escala cada vez maior. Já os senadores mostram-se divididos.
Dos treze, a maioria opta pela rejeição da CPMF como forma de afirmarem a oposição e se prepararem para crescer no próximo Congresso. Mas senadores existem ligados aos candidatos presidenciais, preferindo servi-los agora para obter dividendos mais tarde. Dividida também se encontra a bancada na Câmara, com o adendo de que, lá, a CPMF foi aprovada com razoáveis votos tucanos.
A direção do partido não controla mais nada. Tasso Jereissati, do Ceará, deve passar a presidência para Sergio Guerra, de Pernambuco, uma evidência de que os paulistas, mesmo predominantes, não são absolutos. Esse é outro fator a explicar o racha que faz as esquadrilhas voarem para todos os lados, senão batendo asas, ao menos batendo cabeça, ensejando à senadora Ideli Salvatti, líder do PT, num perigoso arroubo verbal, dizer não acreditar em fechamento de questão contra a CPMF.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Conversor de TV digital custará mais do que governo prometeu
SÃO PAULO - O ministro das Comunicações, Hélio Costa, se diz bravo com a indústria de eletroeletrônicos. Ele chegou a anunciar no ano passado que a caixa conversora de TV aberta digital, também chamada set-top box, custaria de R$ 80 a R$ 100, podendo chegar a R$ 30. A pouco mais de duas semanas da estréia das transmissões digitais, os equipamentos mais baratos que apareceram até agora custam R$ 799. Nos últimos dias, ele chegou a ameaçar os fabricantes com a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e com a liberação das importações.
O conversor, que se parece com o decodificador da TV paga, permite receber o sinal digital de televisão aberta, que começará a ser transmitido em 2 de dezembro em São Paulo, e assisti-lo nos aparelhos atuais. Alguns modelos possuem saída analógica, para ser ligada nos televisores de tubo, e outros digitais, para os aparelhos de plasma e cristal líquido. Quem não quiser investir agora, não precisa se preocupar: o sinal analógico continuará a ser transmitido pelo menos até 2016. Para quem tem TV paga, nada muda em 2 de dezembro.
Segundo Thierry Tingaud, vice-presidente da STMicroelectronics, fornecedora de chips para os conversores, devem ser vendidas de 500 mil a 1 milhão de unidades no País durante próximo ano. "Existe uma grande oportunidade no Brasil", afirmou o executivo. A Gradiente, que vai usar os chips fornecidos pela ST, anunciou esta semana um conversor digital a R$ 799, que deve chegar ao mercado na próxima semana.
Na próxima semana, a Semp Toshiba anuncia dois modelos de conversores, um sem saída digital a R$ 799 e outro com saída digital a R$ 1.090. A Sony anunciou um receptor, para ser usado com sua linha de televisores de alta definição, a R$ 999. A LG e a Samsung decidiram ficar fora do mercado de conversores, pelo menos no início, e vão vender somente aparelhos com o receptor integrado.
Nipo-brasileiro
O sistema de TV digital brasileiro tem como base o padrão japonês, chamada ISDB-T, como foi definido no ano passado. Ele incorpora, no entanto, um sistema de compressão de vídeo mais avançada, chamada MPEG-4. O sistema japonês usa o MPEG-2. A ST criou uma plataforma para o conversor, que inclui outros componentes além do conjunto de chips, em um ano. O MPEG-4 é um sistema mais novo que o MPEG-2 e é usado principalmente por empresas de TV por assinatura ao redor do mundo. "O Brasil vai sair na frente de outros países com o uso do MPEG-4 na TV aberta", disse Tingaud.
O MPEG-4 é uma tecnologia mais eficiente de compressão de vídeo, que faz com que o sinal ocupe menos capacidade de transmissão, sem perder a qualidade. Por causa dessa mudança, não teria como importar conversores disponíveis em outros mercados para serem usados no Brasil. Nem mesmo os televisores japoneses funcionariam. Com isso, a ameaça do ministro de abrir o mercado não bate com tanta força na indústria.
O MPEG-4 é uma tecnologia internacional. A única coisa genuinamente brasileira no sistema brasileiro de TV digital é o Ginga, software de interatividade desenvolvido por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e da Universidade Federal da Paraíba. Os conversores anunciados até agora virão sem o Ginga. A interatividade permite serviços parecidos com os da internet, como navegação por meio de menus, questionários e pesquisas em tempo real e até compras. Não será possível fazer isso nos produtos anunciados até agora.
A Sony informou que seu receptor está preparado para receber o Ginga, e o software será instalado no ano que vem, para quem comprar agora. A ST informou que trabalha com pesquisadores da Paraíba para adaptar o Ginga ao seu equipamento. "Teremos uma oferta completa de hardware e software para nossos clientes", disse Ricardo Tortorella, diretor de Vendas e Marketing para a América do Sul da ST.
Sem o Ginga, o principal atrativo da TV digital, pelo menos no começo, será a alta definição. A imagem em alta definição é melhor que a do DVD. A imagem dos televisores atuais são formadas por 480 linhas. Nos aparelhos de alta definição, as imagens têm 1.080 linhas de resolução.
Fonte: Tribuna da Imprensa
O conversor, que se parece com o decodificador da TV paga, permite receber o sinal digital de televisão aberta, que começará a ser transmitido em 2 de dezembro em São Paulo, e assisti-lo nos aparelhos atuais. Alguns modelos possuem saída analógica, para ser ligada nos televisores de tubo, e outros digitais, para os aparelhos de plasma e cristal líquido. Quem não quiser investir agora, não precisa se preocupar: o sinal analógico continuará a ser transmitido pelo menos até 2016. Para quem tem TV paga, nada muda em 2 de dezembro.
Segundo Thierry Tingaud, vice-presidente da STMicroelectronics, fornecedora de chips para os conversores, devem ser vendidas de 500 mil a 1 milhão de unidades no País durante próximo ano. "Existe uma grande oportunidade no Brasil", afirmou o executivo. A Gradiente, que vai usar os chips fornecidos pela ST, anunciou esta semana um conversor digital a R$ 799, que deve chegar ao mercado na próxima semana.
Na próxima semana, a Semp Toshiba anuncia dois modelos de conversores, um sem saída digital a R$ 799 e outro com saída digital a R$ 1.090. A Sony anunciou um receptor, para ser usado com sua linha de televisores de alta definição, a R$ 999. A LG e a Samsung decidiram ficar fora do mercado de conversores, pelo menos no início, e vão vender somente aparelhos com o receptor integrado.
Nipo-brasileiro
O sistema de TV digital brasileiro tem como base o padrão japonês, chamada ISDB-T, como foi definido no ano passado. Ele incorpora, no entanto, um sistema de compressão de vídeo mais avançada, chamada MPEG-4. O sistema japonês usa o MPEG-2. A ST criou uma plataforma para o conversor, que inclui outros componentes além do conjunto de chips, em um ano. O MPEG-4 é um sistema mais novo que o MPEG-2 e é usado principalmente por empresas de TV por assinatura ao redor do mundo. "O Brasil vai sair na frente de outros países com o uso do MPEG-4 na TV aberta", disse Tingaud.
O MPEG-4 é uma tecnologia mais eficiente de compressão de vídeo, que faz com que o sinal ocupe menos capacidade de transmissão, sem perder a qualidade. Por causa dessa mudança, não teria como importar conversores disponíveis em outros mercados para serem usados no Brasil. Nem mesmo os televisores japoneses funcionariam. Com isso, a ameaça do ministro de abrir o mercado não bate com tanta força na indústria.
O MPEG-4 é uma tecnologia internacional. A única coisa genuinamente brasileira no sistema brasileiro de TV digital é o Ginga, software de interatividade desenvolvido por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e da Universidade Federal da Paraíba. Os conversores anunciados até agora virão sem o Ginga. A interatividade permite serviços parecidos com os da internet, como navegação por meio de menus, questionários e pesquisas em tempo real e até compras. Não será possível fazer isso nos produtos anunciados até agora.
A Sony informou que seu receptor está preparado para receber o Ginga, e o software será instalado no ano que vem, para quem comprar agora. A ST informou que trabalha com pesquisadores da Paraíba para adaptar o Ginga ao seu equipamento. "Teremos uma oferta completa de hardware e software para nossos clientes", disse Ricardo Tortorella, diretor de Vendas e Marketing para a América do Sul da ST.
Sem o Ginga, o principal atrativo da TV digital, pelo menos no começo, será a alta definição. A imagem em alta definição é melhor que a do DVD. A imagem dos televisores atuais são formadas por 480 linhas. Nos aparelhos de alta definição, as imagens têm 1.080 linhas de resolução.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Ivo Pitanguy pede fim da banalização da cirurgia plástica
CURITIBA - Patrono da cirurgia plástica no Brasil, o professor Ivo Pitanguy fez um apelo ontem, no 44º Congresso Brasileiro de Cirurgia Plástica, que se realiza em Curitiba (PR), para que não haja banalização do procedimento.
Segundo ele, evitar a banalização é possível com um contato bem próximo entre o médico e o paciente, qualificado por ele como um "contato mágico". "O médico não deve trair essa magia, deve explicar o que vai fazer, e acho que devemos não operar aqueles que nós sentimos que não compreenderam", disse.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Osvaldo Saldanha, essa questão é uma das que mais preocupam as entidades representativas dos médicos. "Defendemos que a população tenha atendimento especializado e, no entanto, há uma invasão muito grande de médicos não qualificados em diversas especialidades, inclusive a cirurgia plástica", salientou. "É preciso ter muito cuidado, tem que saber procurar o profissional, saber se é mesmo especialista, consultar médicos amigos da família e pacientes."
Para ele, uma das referências do profissional sério é saber o que ele está prometendo ao paciente. "A cirurgia plástica é séria, não pode operar e ir para festas, existe riscos, tem que operar em lugares capacitados para ter uma cirurgia de boa qualidade", afirmou.
Para que haja maior compromisso entre médico e paciente, a SBCP passa a colocar à disposição dos cerca de 4 mil associados um protocolo padronizado, que deve ser assinado por ambos. Nesse protocolo serão discriminados todos os procedimentos da cirurgia, desde o pré até o pós-operatório, inclusive com os cuidados que o paciente deve tomar.
"É importante para que o paciente saiba que é atendido por um profissional e esse vai lhe dar as informações precisas", disse. Pitanguy defendeu o direito de todas as pessoas de procurar a satisfação emocional com o bem-estar de seu corpo ou a correção de alguma deformidade. Mas alertou que o profissional precisa estar preparado para sentir se o desejo do paciente realmente trará essa satisfação. "O narcisismo é para um médico psicoterapeuta", acentuou. "Quando chega para fazer determinada cirurgia não indicada, o médico precisa conversar e encaminhá-lo para quem for indicado."
Por isso, ele aconselha que os pacientes procurem cirurgiões que tenham feito a especialização e possuam uma formação ética profunda. "O cirurgião plástico tem que ser um grande médico e não apenas um robô", acentuou.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Segundo ele, evitar a banalização é possível com um contato bem próximo entre o médico e o paciente, qualificado por ele como um "contato mágico". "O médico não deve trair essa magia, deve explicar o que vai fazer, e acho que devemos não operar aqueles que nós sentimos que não compreenderam", disse.
De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Osvaldo Saldanha, essa questão é uma das que mais preocupam as entidades representativas dos médicos. "Defendemos que a população tenha atendimento especializado e, no entanto, há uma invasão muito grande de médicos não qualificados em diversas especialidades, inclusive a cirurgia plástica", salientou. "É preciso ter muito cuidado, tem que saber procurar o profissional, saber se é mesmo especialista, consultar médicos amigos da família e pacientes."
Para ele, uma das referências do profissional sério é saber o que ele está prometendo ao paciente. "A cirurgia plástica é séria, não pode operar e ir para festas, existe riscos, tem que operar em lugares capacitados para ter uma cirurgia de boa qualidade", afirmou.
Para que haja maior compromisso entre médico e paciente, a SBCP passa a colocar à disposição dos cerca de 4 mil associados um protocolo padronizado, que deve ser assinado por ambos. Nesse protocolo serão discriminados todos os procedimentos da cirurgia, desde o pré até o pós-operatório, inclusive com os cuidados que o paciente deve tomar.
"É importante para que o paciente saiba que é atendido por um profissional e esse vai lhe dar as informações precisas", disse. Pitanguy defendeu o direito de todas as pessoas de procurar a satisfação emocional com o bem-estar de seu corpo ou a correção de alguma deformidade. Mas alertou que o profissional precisa estar preparado para sentir se o desejo do paciente realmente trará essa satisfação. "O narcisismo é para um médico psicoterapeuta", acentuou. "Quando chega para fazer determinada cirurgia não indicada, o médico precisa conversar e encaminhá-lo para quem for indicado."
Por isso, ele aconselha que os pacientes procurem cirurgiões que tenham feito a especialização e possuam uma formação ética profunda. "O cirurgião plástico tem que ser um grande médico e não apenas um robô", acentuou.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Governo estaria boicotando relatório sobre tortura
GENEBRA (Suíça) - A Organização das Nações Unidas (ONU) pressiona o governo brasileiro para que aceite divulgar o conteúdo de um relatório até agora mantido em sigilo sobre as condições das prisões brasileiras. Na edição de ontem, o jornal "O Estado de S. Paulo" revelou que um documento do órgão alerta para a existência de uma "tortura sistemática" nas prisões brasileiras, conclusão que o governo não aceita e tenta impedir a publicação do relatório.
Na próxima segunda-feira, a ONU convocou o governo brasileiro para uma reunião em Genebra para discutir a censura do Planalto sobre o documento. Os peritos das Nações Unidas, que estiveram no País visitando as prisões, estão preocupados com o comportamento do governo em tentar evitar a publicação do relatório.
Os peritos revelaram que já haviam notado um comportamento estranho do governo quando foram impedidos de visitar uma das prisões, na Bahia. O documento, além de descrever a situação "desumana" das prisões, alerta que as autoridades sabem da violência e que, em conseqüência, são coniventes com a tortura.
Segundo revelou um alto funcionário da ONU, a imagem do Brasil como um país democrático seria afetada entre os especialistas se o País manter a postura de impedir a publicação do relatório. O principal argumento do Brasil é de que não existe uma política de tortura e que, portanto, a ONU não pode dizer que o problema é sistemático. Para os peritos, com ou sem uma política, a realidade é que as vítimas continuam sendo torturadas.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Na próxima segunda-feira, a ONU convocou o governo brasileiro para uma reunião em Genebra para discutir a censura do Planalto sobre o documento. Os peritos das Nações Unidas, que estiveram no País visitando as prisões, estão preocupados com o comportamento do governo em tentar evitar a publicação do relatório.
Os peritos revelaram que já haviam notado um comportamento estranho do governo quando foram impedidos de visitar uma das prisões, na Bahia. O documento, além de descrever a situação "desumana" das prisões, alerta que as autoridades sabem da violência e que, em conseqüência, são coniventes com a tortura.
Segundo revelou um alto funcionário da ONU, a imagem do Brasil como um país democrático seria afetada entre os especialistas se o País manter a postura de impedir a publicação do relatório. O principal argumento do Brasil é de que não existe uma política de tortura e que, portanto, a ONU não pode dizer que o problema é sistemático. Para os peritos, com ou sem uma política, a realidade é que as vítimas continuam sendo torturadas.
Fonte: Tribuna da Imprensa
Oito sugestões ao País
* Melhoria no salário dos policiais: "A baixa remuneração favorece a corrupção."
* Investigação profunda pela Polícia Militar e pelas Corregedorias das Polícias Militares das mortes causadas por policiais que alegam resistência das vítimas: "Classificar como auto de resistência é completamente inaceitável."
* Mais recursos e mais independência para polícias técnicas.
* Garantir a segurança de testemunhas de execuções: "Elas têm medo, que é aumentado quando a polícia continua na investigação "
* Modificar a relação das corregedorias com as chefias das polícias. "A corregedoria não possui verdadeira independência."
* Garantir o acompanhamento do Ministério Públicos das investigações sobre mortes causadas por policiais.
* Aumentar e qualificar os juízes de execuções penais e garantir mais fiscalização nos presídios. "Os presos temem reportar casos de violência."
* Garantir a segurança e os direitos dos presos. "O governo deve controlar as cadeias. Algumas práticas devem ser encerradas, como no Rio, onde novos presos que não pertencem a nenhuma facção precisam escolher uma ao entrar."
Fonte: Tribuna da Imprensa
* Investigação profunda pela Polícia Militar e pelas Corregedorias das Polícias Militares das mortes causadas por policiais que alegam resistência das vítimas: "Classificar como auto de resistência é completamente inaceitável."
* Mais recursos e mais independência para polícias técnicas.
* Garantir a segurança de testemunhas de execuções: "Elas têm medo, que é aumentado quando a polícia continua na investigação "
* Modificar a relação das corregedorias com as chefias das polícias. "A corregedoria não possui verdadeira independência."
* Garantir o acompanhamento do Ministério Públicos das investigações sobre mortes causadas por policiais.
* Aumentar e qualificar os juízes de execuções penais e garantir mais fiscalização nos presídios. "Os presos temem reportar casos de violência."
* Garantir a segurança e os direitos dos presos. "O governo deve controlar as cadeias. Algumas práticas devem ser encerradas, como no Rio, onde novos presos que não pertencem a nenhuma facção precisam escolher uma ao entrar."
Fonte: Tribuna da Imprensa
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