Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
PLANO DE MILITARES GOLPISTAS É RESULTADO DE IMPUNIDADE HISTÓRICA. SEM ANISTIA!
O Instituto Vladimir Herzog vem a público para manifestar enorme consternação com as revelações trazidas a público pela Polícia Federal (PF) na manhã de hoje, 19 de novembro. Segundo a PF, havia uma ação criminosa planejada dentro do Palácio do Planalto em novembro de 2022, quando o então presidente Jair Bolsonaro havia sido derrotado nas eleições presidenciais.
O general da reserva Mário Fernandes, os tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra Azevedo e Rafael Martins de Oliveira, e o agente da Polícia Federal Wladimir Matos Soares elaboraram um plano batizado como “Punhal Verde e Amarelo” para executar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
O recém-descoberto esquema dos militares, a ação terrorista em Brasília da semana passada e os ataques antidemocráticos do 8 de janeiro são fruto de um longo processo de omissão e falta de responsabilização judicial de criminosos golpistas que atentam livremente contra o Estado Democratico de Direito há pelos menos seis décadas.
A falta de políticas eficazes contra quem ataca os princípios do Estado Democrático de Direito tem não somente facilitado a impunidade, como também garantido que grupos que estão diretamente ligados aos ataques criminosos e anti-democráticos encontrem lugar nos espaços de poder.
Um dos envolvidos nos planos de assassinato de Lula, Alckmin e Moraes, o general Mário Fernandes atuou como secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência da República em 2020 e janeiro de 2023, e assessorou, durante o governo Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.
Como se não bastasse, a Polícia Federal aponta ainda no relatório de investigação que o monitoramento das autoridades teve início logo após reunião na residência de Walter Braga Netto, Ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, no dia 12 de novembro de 2022, cerca de um mês antes da data prevista para a realização dos crimes.
Se faltava alguma prova da relação de ações golpistas com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o movimento extremista liderado e permanentemente alimentado por ele, não há mais razão para postergar as já urgentes medidas adequadas de responsabilização e punição a ele e a outros agentes públicos envolvidos nesses atos criminosos.
Por tudo isso, o Instituto Vladimir Herzog conclama as autoridades responsáveis a agir de forma célere e rigorosa contra a ameaça de grupos que se movem nas sombras, confiantes na proteção que receberam por décadas. Para reafirmar o compromisso com a justiça e a democracia, o Brasil não pode permitir que essa história se repita. E, para isso, é absolutamente imperativo responsabilizar os agentes que estiveram envolvidos nessas ações golpistas e afastar qualquer possibilidade de anistia.
https://vladimirherzog.org/plano-de-militares-golpistas-e-resultado-de-impunidade-historica/