Nicholas Shores
Veja
Prestes a ser instalada no Senado, a CPI da Braskem será palco de enfrentamentos políticos entre o autor do pedido de criação da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), e Rodrigo Cunha (Podemos-AL), aliado de Arthur Lira (PP-AL) e do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC (PL).
Calheiros exige que JHC revogue o acordo que chama de “pífio” com a Braskem. Como reparação aos danos socioambientais e econômicos da exploração de sal-gema, a petroquímica se comprometeu a pagar 1,7 bilhão de reais à capital alagoana. Recebeu os terrenos onde haviam sido construídas habitações, a anistia pelo afundamento do solo e a garantia de que o caso contra a empresa não será reaberto no futuro.
QUESTÃO DE ORDEM – Já Rodrigo Cunha apresentou uma questão de ordem contra a criação da CPI (que acabou rejeitada), alegando que a participação do rival emedebista confundiria os papéis de “investigador e investigado”.
Afirmou que Calheiros teria uma suspeição para apurar a crise atual por ter sido presidente da Salgema S/A entre 1993 e 1994. Trata-se da antiga estatal que, depois de privatizada, originou a Braskem.
Ao falar sobre o cargo, Calheiros diz que, no governo de Itamar Franco, foi nomeado vice-presidente executivo da Petroquisa, uma antiga subsidiária da Petrobras.
DIZ CALHEIROS – “Como executivo da Petroquisa, eu representava a Petroquisa nas ações em todas as empresas petroquímicas. (E) eu não fui diretor, eu fui do conselho de administração de todas as empresas de que a Petroquisa participava (entre elas a Salgema S/A)”, afirma.
A biografia de Calheiros no site da Câmara dos Deputados lista todos os cargos ocupados no período. Eles não aparecem, contudo, em sua biografia na página do Senado.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Essa CPI vai ser mais uma brigalhada dos infernos no Congresso. E isso é muito bom, porque traz à tona a podridão nos políticos. O acordo assinado pela Prefeitura com a Braskem é indecente, porque isenta a empresa de responsabilidade e a enriquece, pois ela rapidamente se tornou dona dos terrenos onde existiam cinco bairros em área nobre de Maceió e que já contam com serviços de energia, abastecimento de água e saneamento. Ou seja, depois que a mina parar de afundar, é só construir novas residências e sair vendendo. Ah, Brasil… (C.N.)