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sexta-feira, setembro 23, 2022

Eleições 2022: Câmara deve abarcar Centrão maior e esquerda sem crescimento, diz estudo




Por Giordanna Neves e Sofia Aguiar 

Com o fim das coligações para as eleições proporcionais, a tendência é que a composição da Câmara no ano que vem abarque um Centrão maior e uma esquerda sem crescimento substancial. Este ano, a direita e a centro-direita lançaram 5.004 candidatos na disputa - 1.197 a mais do que em 2018 -, enquanto a esquerda e a centro-esquerda lançaram 2.367, dois a menos do que o pleito nacional anterior. O levantamento é da Action Relações Governamentais, elaborado a pedido da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE) e obtido pelo Broadcast Político.

O crescimento significativo no lançamento de candidatos à Câmara é uma estratégia das legendas para alcançar o quociente eleitoral, número que o partido (ou federação) deve atingir para ter direito a ocupar as vagas em disputa. Até 2018, as siglas contavam com as coligações, que eram junções entre as legendas para atingir a meta - calculada a partir da divisão do número de votos válidos em cada circunscrição eleitoral pelo total do número de vagas. Em 2017, o Congresso estabeleceu o fim do mecanismo.

As mudanças nas regras eleitorais com a extinção das coligações trouxe uma maior disseminação dos votos e lançamento de candidatos. Para driblar a dificuldade em atingir o quociente eleitoral, agora de forma individual, candidatos migraram para partidos com maior força de elegibilidade, por exemplo, siglas que integram o bloco do Centrão.

De acordo com o levantamento da Action, segundo dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em comparação com 2018, a esquerda foi o único campo que lançou menos candidatos nas eleições de 2022. No último pleito, o bloco lançou 1.067 e, neste ano, 842; ou seja, 225 candidatos a menos em 2022.

Em contrapartida, em 2018, a direita lançou 1.757 em 2018 e 2.190 em 2022 - 433 nomes a mais. O chamado centro lançou 1.468 nomes em 2018 e 1.876 em 2022, uma diferença de 408 candidaturas. Já a centro-direita foi a que registrou maior diferença positiva, com 2.050 candidatos lançados a deputado em 2018 e, neste ano, 2.814, uma diferença de 764 nomes a mais. Por fim, a centro-esquerda lançou 1.302 candidatos em 2018 e 1.525 em 2022 - 223 nomes a mais. O estudo considera apenas candidaturas válidas, que não foram impugnadas.

A fim de comparação, o núcleo duro do Centrão - formado por PP, PL e Republicanos - lançou 542 candidatos em 2018 e 1.459 em 2022. Já o PT, PSB e PROS, siglas que apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida ao Planalto, lançaram 849 candidatos em 2018 e 1.036 em 2022.

Com a redução de candidatos pela esquerda e aumento da concorrência, a avaliação do consultor da FPE Pedro Hummel é de que partidos deste espectro ideológico não aumentem a base parlamentar. “Mesmo que a esquerda lance nomes fortes em cada um dos Estados, a gente pode esperar no mínimo uma manutenção do número de vagas”, explicou.

O consultor da FPE João Hummel classifica tal tendência como uma diminuição do “universo da representatividade em termos de partido”. O consultor explica a dinâmica: “Candidatos que não teriam chance de atingir o quociente por partidos como MDB e PSDB, por exemplo, vão para outros partidos, principalmente para partidos como PL, PP, PR, PSD. O que a gente vê com esses movimentos? Esses nomes mudaram para esses partidos, e a esquerda não fez isso. A esquerda continuou dividida”, diz. “Agora, a esquerda vai ter que fazer o quociente sozinha”, emendou.

João avalia ainda que essa redução de representatividade deve atingir, principalmente, Estados menores, como o Distrito Federal. “Em Brasília, eu faço um diagnóstico de que três partidos possam fazer as oito vagas. Porque eu sou, por exemplo, o político que precisa de 190 mil votos no quociente eleitoral e eu fazia 80 mil votos. Eu era o único do meu partido e vou ter que arranjar mais 8 pessoas que vão fazer 100 mil votos. Eu teria que pagar a campanha deles. Vou conseguir? Não, então mudo de partido e vou para aquele que tinha pessoas que eu realmente fiz a coligação da outra vez”, exemplifica o consultor.

Já em Estados maiores, como São Paulo, João pontua ser mais fácil atingir o quociente. “Em São Paulo, eu tenho 71 candidatos para fazer 300 mil votos. É fácil, não é difícil. É muita gente com pouco voto e eu consigo chegar no quociente eleitoral”, explica.

O cientista político e vice-presidente da Arko Advice, Cristiano Noronha, também avalia que, apesar de não haver pesquisas que mensuram o desempenho dos candidatos à Câmara, existem indicativos que revelam que o índice de renovação na Casa tende a ser baixo e os partidos do Centrão devem crescer, enquanto a esquerda não deve ter aumento substancial.

Noronha cita algumas premissas que exemplificam a tese. Primeiro, segundo ele, não existe atualmente um sentimento antipolítica como vigorou em 2018 e a disputa está dividida entre polos já conhecidos. O fato de o Centrão ter se fortalecido neste período, após parlamentares terem sido alvos de escândalos de corrupção, também é ponto-chave. A reestruturação acontece diante da entrada de novos nomes nas legendas e da reaproximação com o governo federal e acesso a postos estratégicos.

O cientista político leva em conta ainda o fato de que há, hoje, aproximadamente 400 deputados em busca da reeleição. "Eles obviamente tendem a ter uma vantagem competitiva significativa em relação aos que não têm mandato parlamentar”, explicou.

A estimativa, na avaliação do especialista, é de que a esquerda na Câmara deve ter entre 120 a 150 votos. Mesmo com a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o bom desempenho nas pesquisas de intenção de voto ao Planalto, o jogo de forças na Casa não deve ser favorável à esquerda. “Mesmo quando o Lula teve uma extraordinária popularidade, as esquerdas atingiram 179 deputados na Câmara, ou seja, esse foi o número máximo, quando o Lula tinha 85% de avaliação ótima ou boa”, explicou Noronha.

Se eleito este ano, o petista terá o desafio de costurar apoios. “Para atingir pelo menos a maioria absoluta ali, eles vão precisar de pelo menos 130 votos. E esses votos eles vão ter que buscar onde? Vão ter que buscar nesses partidos do Centrão”, completou o especialista.

Estadão / Jornal do Brasil

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