Carlos Newton
Em agosto, o ministro Raul Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), já tinha atendido pedido feito pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, e mandou retirar da internet vídeos em que Lula da Silva (PT) chama Bolsonaro de genocida. Mesmo assim, em discurso feito neste sábado em Taboão da Serra, região metropolitana de São Paulo, o candidato petista voltou a classificar Bolsonaro de genocida, atribuindo a ele o assassinato de um camponês no interior de Mato Grosso, em briga causada por discussão política.
Isso significa que Lula extrapolou deliberadamente os limites da campanha, porque tem pleno conhecimento da decisão do ministro do TSE, mas está se recusando a cumpri-la.
EQUILÍBRIO EMOCIONAL – O incidente comprova que Lula não está bem, como diz o rival Ciro Gomes (PDT), pois demonstra que não consegue manter o equilíbrio emocional necessário a esta fase da campanha.
Em sua recente decisão, o ministro Raul Araújo já havia reiterado que “imputar a Bolsonaro o atributo de genocida poderia configurar crime de injúria ou difamação”, assinalando que “cabe aos candidatos orientar suas condutas para evitar discurso de ódio”.
Nas ocasiões anteriores, Lula se referia à pandemia de Covid, e o ministro considerou exagerado acusar Bolsonaro de genocida, pois significava que o presidente teria agido propositadamente para causar as mortes pela Covid. Tanto é assim que, na mesma decisão, o magistrado liberou que o chefe do governo fosse chamado de “covarde” e “mentiroso”.
BRIGA DE RUA – A nova acusação de Lula também soa exagerada, porque o camponês petista foi morto numa briga de rua regada a cachaça, depois de tentar esfaquear o adversário bolsonarista, que era seu colega de trabalho no corte de árvores para expandir uma fazenda mato-grossense.
O fato concreto é que os dois candidatos favoritos estão transformando a própria campanha numa briga de rua. E quem mais tem contribuído para o acirramento do radicalismo é justamente Lula, numa atitude injustificável, porque vem liderando com facilidade as pesquisas eleitorais e está numa situação bem mais confortável do que o principal adversário.
Esta é a realidade da atual política brasileira, onde a campanha eleitoral é movida a ódio, para que os eleitores desprezem os melhores candidato e acabem por escolher o “menos ruim”, entre os dois piores.
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P.S. – Assim, ao analisar o “novo normal” da política brasileira, pode-se dizer, sem medo de errar, que nisso tudo há algo de podre, mas muito podre mesmo. No horário gratuito, fica demonstrado o baixíssimo nível dos candidatos. No caso dos supostos políticos que concorrem a senador, deputado federal e deputado estadual, a campanha fica parecendo um programa de humorismo que não tem a menor graça. Dá até vontade de chorar. (C.N.)