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quinta-feira, janeiro 06, 2022

Temor de violência eleitoral faz Exército mudar seu planejamento preventivo para 2022


A invasão do Capitólio e a bolsonarização de Trump

A invasão do Capitólio é o exemplo temidos pelos militares

Igor Gielow
Folha

Temendo incidentes de violência na eleição de outubro ou depois do pleito, o Exército Brasileiro decidiu alterar o seu cronograma de trabalho em 2022. Todos os 67 exercícios militares principais previstos para o ano, que se concentram no último trimestre, foram adiantados e deverão ser executados até no máximo setembro.

Depois disso, todo o efetivo da Força tem de estar à disposição para eventuais necessidades. Já houve situações semelhantes na década de 1990, mas decorrentes de falta de dinheiro para manter todas as operações e o trabalho na eleição. Mudança por risco percebido é algo inédito.

POLARIZAÇÃO – As conversas do Alto-Comando do Exército sempre giram em torno do tema da polarização, levando em conta o cenário atual das pesquisas eleitorais.

Ou seja, uma disputa em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sai com favoritismo, buscando ganhar no primeiro turno, e na qual o atual titular do Planalto, Jair Bolsonaro (PL), ainda ocupa a segunda posição, apesar da precariedade da curva de seus números.

Generais e outros oficiais temem que a animosidade que consideram inevitável entre os dois grupos possa descambar para incidentes pontuais de violência ou contaminar discussões nas disputas estaduais — levando ao eventual pedido de socorro às Forças Armadas, que já estarão mobilizadas para o pleito deste ano.

EFEITO TRUMP – Mais reservadamente ainda, esses chefes militares especulam como os apoiadores de Bolsonaro, que veem como mais radicalizados neste momento, irão reagir se o líder perder a eleição ou nem se qualificar a um eventual segundo turno.

É o famoso “cenário Capitólio”, embora haja dúvidas acerca do real risco de isso acontecer nos dois meses restantes deste mandato do capitão reformado do Exército, em que pese a incerteza acerca das mais bolsonaristas polícias militares.

O termo é referência ao episódio de um ano atrás, quando em 6 de janeiro de 2021 partidários de Donald Trump invadiram o Congresso americano e interromperam a sessão que ratificaria a derrota do presidente republicano para o democrata Joe Biden, ocorrida no novembro anterior.

PIOR CENÁRIO – Há meses, políticos e militares discutem a hipótese, ante a desidratação da aprovação e da intenção de voto de Bolsonaro, que segundo o Datafolha tem os mesmos 22% nos dois quesitos.

O ex-ministro da Defesa e da Segurança Pública Raul Jungmann alertou em um artigo na Folha, em junho passado. “Imaginemos o seguinte cenário: o atual presidente não se reelege e, como já vem fazendo, acusa o sistema eletrônico de votação de fraude, exigindo a anulação do pleito. Seguidores radicais seus, dentre eles militantes, policiais, caminhoneiros etc., entram em choque com manifestantes da oposição”, especulou.

Nessa visão, o governador do estado em que o fato ocorre entra em pânico e pede uma GLO (Operação de Garantia da Lei e da Ordem) para conter a crise. Bolsonaro se recusa a mandar as Forças Armadas, o chefe estadual procura ajuda do Supremo e um gravíssimo impasse constitucional está colocado.

HIPÓTESE IMPROVÁVEL – No meio de tudo, estariam os militares. Segundo a reportagem ouviu de altos oficiais, não só do Exército mas também de outras Forças, tal hipótese é vista como bastante improvável.

Eles citam o fato de que as manifestações golpistas do presidente no 7 de Setembro passado não descambaram para violência, apesar das ameaças de caminhoneiros presentes em Brasília.

A ausência de incidentes naquele momento foi um momento de alívio para os militares, altamente expostos desde que o capitão reformado do Exército deu um caráter fardado a seu governo com o apoio do setor, povoando ministérios e órgão com oficiais da reserva — mas também da ativa, o que causou uma associação inevitável.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Hipótese improvável ou não, é conveniente que todas as precauções sejam tomadas, mas não é necessário usar balas de ponta oca, altamente mortíferas, para enfrentar eleitores revoltados, mas desarmados. (C.N.)


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