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quinta-feira, janeiro 06, 2022

Saldo recorde da balança reflete as características da economia brasileira - Editorial




O recorde da balança comercial registrado no ano passado — um superávit de US$ 61 bilhões, o maior da série histórica — precisa ser encarado de forma serena. Não se trata de uma vitória, mas de um reflexo das características da economia brasileira, tanto positivas quanto negativas.

No campo positivo, o saldo comprova a força do país como grande exportador de matérias-primas. O resultado deriva da alta no preço de produtos como soja e minério de ferro no mercado internacional, decorrente da recuperação econômica desigual e dos gargalos logísticos que sucederam à pandemia. Como o volume nas vendas não cresceu, a tendência é que neste ano as exportações sejam mais modestas.

Ainda no campo positivo, a corrente comercial — soma de exportações e importações — cresceu 36%, para US$ 500 bilhões, demonstrando maior integração do país nos fluxos globais de mercadorias e serviços. A alta de 38% nas importações, para perto de US$ 220 bilhões, resulta da recuperação da atividade em relação à base deprimida pela recessão pandêmica de 2020.

No campo negativo, o resultado ficou aquém das projeções iniciais do Ministério da Economia, sobretudo em virtude da necessidade maior de importações de energia e da variação cambial. O próprio ministério reconhece que o desempenho neste ano será inferior. Parte da responsabilidade caberá à desaceleração da economia da China, nosso maior parceiro comercial.

Seria um erro considerar que, quanto maior o saldo comercial, melhor para o país. É verdade que o Brasil depende de capital externo para investimentos que dinamizem sua economia. E que a balança comercial contribui para reduzir a necessidade de captar recursos no mercado internacional. Mas essa necessidade é hoje menor do que já foi no passado, sobretudo em virtude das reservas acumuladas (elas fecharam 2021 em US$ 362 bilhões).

O maior problema da nossa economia continua a ser a dificuldade de gerar um nível de poupança interna que nos permita reduzir essa dependência de capital externo. O saldo positivo da balança comercial não resolve essa deficiência.

A necessidade de atrair recursos externos também obriga o governo a manter os juros mais altos, encarecendo o crédito e a produção. Seria mais saudável para o país se as contas públicas apresentassem superávits consistentes ao longo do tempo. Isso permitiria que o governo usasse os recursos excedentes para assegurar sua poupança externa (foi o que a China fez para acumular suas reservas). Com nossa dificuldade crônica para enxugar a máquina pública e manter o Estado num tamanho compatível com a geração de riqueza pela sociedade, tal estratégia é inviável. Daí ainda dependermos tanto dos saldos comerciais e das exportações de matérias-primas.

O Globo

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