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sexta-feira, janeiro 28, 2022

Desmatamento recorde na Amazônia expõe fracasso absoluto da política ambiental

Publicado em 27 de janeiro de 2022 por Tribuna da Internet

Desmatamento da Amazônia cresceu em julho 278% em relação a 2018 | Hypeness  – Inovação e criatividade para todos.

Enquanto o desmatamento avança, cai o número de multas

Deu em O Globo

Os dados sobre desmatamento divulgados pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) são tão contundentes quanto reveladores. Comprovam a incapacidade do governo Bolsonaro de frear a devastação em três anos de mandato. Em 2021, a Amazônia Legal perdeu 10.362 quilômetros quadrados de floresta nativa, área correspondente à metade de Sergipe.

A destruição, a maior em dez anos, é 29% superior à verificada em 2020, ano que já havia batido recorde. Ainda que dezembro tenha registrado redução significativa no desmatamento (49%), o recuo não foi suficiente para salvar o acumulado anual.

PARÁ NA DIANTEIRA – Não é apenas o número geral que preocupa. Segundo o Imazon, entre os nove estados que compõem a Amazônia Legal, apenas o Amapá não apresentou aumento na devastação. Mais uma vez, o Pará lidera o ranking das motosserras, com 4.037 quilômetros quadrados de florestas derrubadas, ou 40% do total. O Amazonas, segundo da lista, foi o que registrou maior crescimento na área devastada.

Evidentemente, esses números revelam o fracasso do governo Bolsonaro em conter a devastação, apesar dos compromissos assumidos na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, no ano passado, e das cobranças cada vez mais veementes da comunidade internacional.

De nada adiantou mudar o ministro do Meio Ambiente. É verdade que Joaquim Leite não encarna o modelo tóxico de Ricardo Salles, mas a política ambiental — ou a falta dela — continua sob estrita responsabilidade de Jair Bolsonaro.

MENOS MULTAS – E Bolsonaro não parece nem um pouco preocupado com danos ao meio ambiente. Prova disso foi seu discurso durante a abertura do Circuito Agro, na segunda-feira, em que comemorou a redução no número de multas a propriedades rurais.

“Paramos de ter grandes problemas com a questão ambiental, especialmente no tocante à multa. Tem que existir? Tem. Mas conversamos e nós reduzimos em mais de 80% as multagens (sic) no campo”, disse.

A declaração demonstra que Bolsonaro encara a multa ambiental como “problema”, não como instrumento para desestimular a destruição de florestas. A multa existe porque alguém desrespeitou a lei. Não é por acaso que, ao longo de três anos, promoveu o desmonte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), responsáveis por multar “a torto e a direito”, como já disse.

ERA DA ILEGALIDADE – O presidente tirou o poder de fiscais e incensou garimpeiros, madeireiros ilegais e grileiros. A todo momento, o governo dá a deixa: pode desmatar à vontade, que nada acontece.

O problema não é apenas a ausência de uma política ambiental consistente para reduzir o desmatamento, ou até mesmo a crônica escassez de recursos orçamentários para implementá-la. Falta mesmo é disposição para mudar o quadro.

O discurso de Bolsonaro no evento de crédito agrícola não dá esperança de que em 2022, um ano eleitoral, as motosserras se calarão.

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