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sexta-feira, fevereiro 21, 2020

Mancada do general Heleno obriga governo a recuar e manter acordo com o Congresso


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Heleno demonstra uma ingenuidade política constrangedora
Carlos Newton
O velho ditado está cada vez mais atual – “se você diz o que quer, ouve o que não quer”. As afirmações calamitosas do general Augusto Heleno, que é uma espécie de Rasputin imberbe no governo Bolsonaro, exercendo uma influência fora do normal, fizeram o Planalto recuar e manter o acordo sobre o Orçamento impositivo, que inclui a liberação das emendas dos parlamentares para obras em seus redutos eleitorais, uma tradição do Congresso.
Como se sabe, o ministro do Gabinete Institucional da Presidência ultrapassou os limites republicanos, ao afirmar que o governo não podia aceitar chantagem de parlamentares, acrescentando que o povo sairá às ruas para pressionar o Congresso.
INGENUIDADE – Se fosse conhecedor da política brasileira, o general Augusto Heleno não demonstraria tanta ingenuidade. Muitos presidentes em crise julgaram que o povo sairia às ruas para prestigiá-los. Isso ocorreu com João Goulart, que na época de sua queda tinha 70% de apoio popular.
Logo em seguida, aconteceu com Jânio, que não tinha maioria no Congresso e resolveu renunciar, na esperança que o povo o carregasse nas ruas de volta ao Planalto, conforme ocorrera com seu ídolo Fidel Castro no início da revolução cubana.
O líder político fica esperando o povo, mas ele não aparece. E quando enfim o povo resolve sair às ruas, à vezes há um fenômeno inverso e não acontece nada, fica tudo como está.
EXEMPLO DO MONSENHOR – Em Natal, por exemplo, o monsenhor Walfredo Gurgel, ferrenho anticomunista do PSD, governava o Estado no início do regime militar e houve uma enorme passeata contra a ditadura. Seus assessores indagaram se não ia mandar a polícia intervir. E ele respondeu:
“Já está quase na hora do almoço. Daqui a pouco bate uma fome no povo e todo mundo volta para casa…”
Não deu outra. As ruas foram ficando desertas e o monsenhor também foi almoçar. Mas ficou o exemplo de que, em política, não se deve contar muito com o apoio popular. Essa presunção do general Heleno, portanto, não tem fundamento na realidade. O importante seria Bolsonaro e seus ministros resolverem parar de dizer asneiras e montar uma base majoritária no Congresso.
AMADORISMO – É preciso entender que, em qualquer setor da vida, o amadorismo jamais dá bons resultados. Um exemplo claro foi a nomeação do general Braga Netto para a Casa Civil, com a responsabilidade de cuidar da Articulação Política com o Congresso, devido ao fracasso de outro militar, o general Eduardo Ramos.
Com toda certeza, a Articulação Política não pode ficar a cargo de amadores, porque requer profissionalismo e conhecimento específico. Essa expectativa de que a militarização do Planalto possa melhorar suas relações com o Congresso é de uma infantilidade constrangedora.
Com auxiliares e conselheiros que recomendem essa direção, o presidente Jair Bolsonaro nem precisa de inimigos. A piada é velha, mas se aplica concretamente na situação atual do governo. E assim la nave va, cada vez mais fellinianamente.

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