Pedro do Coutto
No meio da tarde desta quinta-feira, a atmosfera política do país passou a sinalizar tendência a uma nova tempestade institucional, com as declarações do deputado Eduardo Bolsonaro admitindo a possibilidade do retorno de um novo AI-5. Como esta matéria terá desdobramentos, escreverei sobre ela amanhã.
Vamos focalizar hoje os reflexos do novo corte da taxa Selic, que desceu de 5,5% para 5%. Reportagem de Renato Jakitas, em O Estado de São Paulo de ontem, focaliza o tema que foi destacado como manchete de página.
JUROS NEGATIVOS – A matéria tem base em informação do próprio Banco Central, que teria avançado uma página na classificação da rentabilidade de diversos meios de poupança e aplicação no mercado financeiro. Uma simulação relativa ao investimento conservador das cadernetas de poupança e também dos fundos TI ressalta que o resultado será possivelmente negativo ainda em 2019.
Nesse caminho a rentabilidade aparente perderia para um universo real incapaz de superar a taxa de inflação, mesmo a que é apresentada pelo IBGE. O tema é bastante sensível já que as cadernetas de poupança estão atingindo um saldo de 818 bilhões de reais.
A comparação leva em conta o índice inflacionário como falei e assim em valores reais uma aplicação de 1 mil reais poderá transformar-se em 998 reais.
CONSEQUÊNCIAS – Os reflexos no mercado de capitais são muitos e batem exatamente na parte sensível que está no bolso ou nas bolsas das pessoas físicas. A reportagem, inclusive, chama atenção para as consequências que vão atingir os saldos dos investidores. A Selic possui vínculo com a poupança, na medida em que ela causa um reflexo que seria acrescido pela Taxa de Referência. Mas como a Taxa de Referência atualmente é igual a zero, os poupadores terão que se restringir ao quadro comparativo que a reportagem do Estado de São Paulo publica.
Em síntese, a matéria sustenta que os fundos de renda fixa serão os mais atingidos, restando como instrumento capaz de elevar a rentabilidade uma ida à Bolsa de Valores de São Paulo.
ESPECULAÇÕES – A Bovespa é mais rentável, porém implica num risco que pode sensibilizar negativamente os capitais nela injetados. O mercado de ações é marcado também por especulações.
Por falar nisso, as declarações do deputado Eduardo Bolsonaro dão margem a especulações políticas em variadas formas.
Uma delas logo se faz sentir, traduzindo forte preocupação com o destino democrático do Brasil. Mas temos o exemplo de um passado que durou 21 anos e que tantos danos causou a população do país.