Rodrigo Augusto PrandoEstadão
Enfim, houve o desfecho da crise entre o presidente Bolsonaro e o partido pelo qual se elegeu, o PSL. Há tempos, as condições de temperatura e pressão não eram normais: Bolsonaro e os seus queriam dominar a legenda, bem como os recursos do Fundo Partidário. E o presidente do partido, Luciano Bivar, não queriaperder o poder e nem o controle dos cerca de R$ 1 bilhão de dinheiro público até 2022.
A relação entre bolsonaristas e bivaristas foi marcada por atritos, insultos e manobras políticas de cada lado.
PROBLEMAS – Já fora do PSL, Bolsonaro poderia fundar outro partido ou ser acolhido em outra legenda, sem risco de perder o seu mandato, conforme o entendimento da Justiça Eleitoral para os cargos majoritários (prefeito, senador, governador e presidente). Contudo, o mesmo não ocorrerá com deputados – cuja eleição é proporcional – e, sem justa causa, podem perder seu mandato.
Sem achar um partido sem dono para chamar de seu, preferiu criar a Aliança pelo Brasil. Doravante, as manobras políticas e jurídicas pulularão no cenário em tela. O PSL deixou de ser nanico e cresceu quantitativamente (eleitos e recursos) a reboque do bolsonarismo, todavia, o partido não teve um salto qualitativo, com falhas na articulação política em prol do governo e muitas personalidades que deram um tom personalista, amador e até burlesco na ação política parlamentar.
Mesmo assim, o PSL, junto com o Novo, foi o partido mais fiel ao governo. Bolsonaro, sabemos, elegeu um estilo confrontador que mantém os atores políticos, a sociedade e as instituições em constante tensão.
PARA SER DONO – Como será o governo sem o PSL? Provavelmente, não muito diferente deste primeiro ano: avesso à construção de uma base de apoio e jogando, segundo seu entendimento, todos que não são bolsonaristas raiz na vala do que chamam de “velha política”. E, convenhamos, Bolsonaro nunca foi fiel à ideologia partidária ou mesmo aos partidos políticos.
Afirmou-se que o presidente queria um partido que não tivesse “dono”. Na verdade, ele queria era ser dono de um partido, como outros conhecidos caciques da política brasileira.