Carolina LinharesFolha
“Quem não é indígena não pode sugerir ou ditar regras de como devemos nos comportar ou agir em nosso território e em nosso país. Temos capacidade e autonomia para falar por nós mesmos”, escrevem lideranças indígenas em carta ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). O texto, assinado pelos povos Aruak Baniwa e Apurinã, do Amazonas, pede que Bolsonaro cumpra com suas promessas de dialogar e respeitar a democracia —”estamos organizados com lideranças e povos capazes de diálogo com o presidente”.
As lideranças classificam como “ação ditatorial” as medidas tomadas pelo governo em relação à política indigenista. Bolsonaro retirou da Funai a demarcação de terras indígenas e o licenciamento ambiental de empreendimentos que possam atingir povos indígenas. As atribuições passam ao Ministério da Agricultura.
NO PASSADO – “Essa prática já aconteceu no passado na história Brasileira como uma tentativa agressiva de nos dizimar”, diz a carta. Segundo o texto, os indígenas têm 13% do território nacional e não 15%, como diz o presidente. Afirmam ainda que isso foi o que restou de uma terra antes 100% indígena.
“Não somos nós que temos grande parte do território Brasileiro, mas os grandes latifundiários, ruralistas, agronegócios, etc que possuem mais de 60% do território.”
Para Marcos Apurinã, Bonifácio José e André Baniwa, que assinam a carta, o argumento de vazio demográfico, usado por Bolsonaro para questionar a extensão das terras demarcadas, é velho e falso. “Serve apenas para justificar medidas administrativas e legislativas que são prejudiciais aos povos indígenas. As nossas terras nunca são vazios demográficos. Foram os indígenas que ajudaram a proteger as fronteiras brasileiras na Amazônia”, afirma a carta.
“EM NOSSAS CASAS” – “Não estamos nos zoológicos, senhor presidente, estamos nas nossas terras, nossas casas, como o senhor e como quaisquer sociedades humanas que estão nas suas casas, cidades, bairros”, diz o texto.
É uma referência à fala de Bolsonaro de que os índios não deveriam viver isolados, como se estivessem em um zoológico. Porém, rever a política de não contato adotada pela Funai hoje preocupa especialistas indigenistas.
“Não aceitamos mais política de integração, política de tutela e não queremos ser dizimados por meios de novas ações de governo […]. Queremos continuar sendo indígenas, com direito a nossa identidade étnica, assim como somos brasileiros.”
O CASO DAS ONGS – As lideranças indígenas também questionam o discurso de Bolsonaro de que os indígenas são manipulados por ONGs, afirmando que as políticas públicas é que são “ineficientes, insuficientes e fora da realidade”.
A carta lembra ainda o papel das terras indígenas para preservação da biodiversidade, purificação do ar, proteção ambiental, “promovendo constantes chuva com qual as plantações e agronegócios da região do sul e sudeste são beneficiadas”.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A questão indígena é um problema delicadíssimo, de repercussão internacional. São raríssimas as tribos ainda arredias, quase todas já tiveram contato com a chamada “civilização”. Os índios querem autonomia para resolver sozinhos os seus problemas, o que significará que suas riquezas serão exploradas economicamente. Este é o objetivo de Bolsonaro, mas precisa combinar antes com os índios, caso contrário eles criarão um problema enorme. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A questão indígena é um problema delicadíssimo, de repercussão internacional. São raríssimas as tribos ainda arredias, quase todas já tiveram contato com a chamada “civilização”. Os índios querem autonomia para resolver sozinhos os seus problemas, o que significará que suas riquezas serão exploradas economicamente. Este é o objetivo de Bolsonaro, mas precisa combinar antes com os índios, caso contrário eles criarão um problema enorme. (C.N.)