Carlos Newton
Antigamente, falava-se muito nos malefícios do capitalismo selvagem, que aprofunda as desigualdades sociais e considera normal que haja a convivência entre a riqueza total e a miséria absoluta. Em meados do século passado, no mundo mais desenvolvido houve uma reação a esse estado de coisas, o capitalismo se humanizou e surgiram as sociais-democracias, que procuram conciliar o que há de melhor no capitalismo e no socialismo.
E hoje os países mais avançados do mundo são os europeus, com destaque para as nações nórdicas, onde a inclemência do frio impõe a solidariedade social.
MENOS DESIGUALDADE – Em busca do Estado do Bem-estar Social (Welfare State), muitas nações se preocuparam em reduzir as disparidades sociais, especialmente as diferenças entre os menores e os maiores salários, enquanto no Brasil ocorria exatamente o contrário. E o próprio Supremo transformou em direitos adquiridos as inaceitáveis desigualdades salariais.
Essas iniciativas sociais dos países desenvolvidos surpreendem quem é oriundo do Terceiro Mundo. O jogador Raí, por exemplo, ficou encantado quando foi jogar em Paris e descobriu que sua filha era colega e estudava na mesma classe da filha de sua empregada, algo impossível de acontecer aqui no Brasil.
CARACTERÍSTICAS – Na verdade, o Brasil não se assemelha em nada aos países europeus, que têm população estagnada ou em declínio. No século passado, tínhamos o maior índice de crescimento populacional do planeta. Em 1970, o genial Miguel Gustavo lembrava que éramos “90 milhões em ação” e hoje já somos 210 milhões. Em menos de 50 anos, a população mais do que dobrou, é a quinta maior do mundo.
Com riquezas naturais espantosas e sem um governo nacionalista desde a gestão de Itamar Franco, o Brasil se tornou presa fácil do capitalismo financeiro, passou a praticar as maiores taxas de juros já vistas, virou o paraíso dos rentistas, como diz Paulo Guedes, que não ousa nem jamais ousará fazer críticas ao banqueiros que exploram (em todos os sentidos) o país.
UM FARSANTE – Paulo Guedes, conforme já assinalamos aqui, é um farsante, já foi banqueiro e jamais enfrentará os colegas de profissão. A pergunta-chave, que ele jamais fará, é a seguinte: Por que o Brasil pratica juros compostos enquanto os países desenvolvidos operam com juros simples?
Em 1987 e 1988, fiz a cobertura da Constituinte pela revista Manchete e o empresário Adolpho Bloch então me pediu que lutasse pela limitação dos juros. Era um bom combate e me empenhei nisso. Atuei ao lado do deputado Fernando Gasparian, o grande defensor da limitação dos juros na Frente Parlamentar Nacionalista, recriada por Miguel Arraes. Vivíamos incomodando os relatores da Comissão de Economia, que eram José Serra, Francisco Dornelles, Fernando Bezerra Coelho e Benito Gama.
Fomos vitoriosos, a Constituição limitou os juros em 12% ao ano, mas a lei nunca pegou. Ao contrário, o que passou a vigorar foram os juros estratosféricos que todos conhecem e atualmente são de 300% ao ano, nos cartões de crédito e cheques especiais, para uma inflação anual de 4%. Aliás, hoje estão “baixos”, porque já foram de 500% ao ano e arruinaram muitas empresas e famílias.
JUROS COMPOSTOS – Nos países ditos civilizados, o que se pratica são os juros simples, calculados ao ano, como ocorre na nossa Matriz, os EUA. Mas aqui na Filial, sucessivos governantes vêm permitindo que os banqueiros cobrem os juros que bem entendem, num regime de “laisser faire” (“deixa rolar”, em tradução livre) que não pode ser admissível num país importante como o Brasil, que é a nona economia do mundo e o quinto maior em extensão territorial e número de habitantes.
Se o sistema financeiro do Brasil passasse a operar em juros simples, os três níveis de governo (federal, estadual e municipal), os empresários e os brasileiros em geral sairiam imediatamente do sufoco e o país voltaria a crescer como ocorreu de 1950 a 1980, com média de 7,4% ao ano, quando era a nação que mais se desenvolvia no mundo.
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P.S. 1 – O presidente Bolsonaro e os oficiais-generais que o cercam precisam acordar para a realidade. Livrem-se do banqueiro Paulo Guedes. Coloquem um anúncio nos jornais: “Procura-se uma economista que realmente queira salvar o Brasil”. E mandem o presidente do Banco Central baixar uma prosaica portaria, determinando que passem a ser praticados juros simples nas operações financeiras aqui no Brasil. Apenas isso.
P.S. 1 – O presidente Bolsonaro e os oficiais-generais que o cercam precisam acordar para a realidade. Livrem-se do banqueiro Paulo Guedes. Coloquem um anúncio nos jornais: “Procura-se uma economista que realmente queira salvar o Brasil”. E mandem o presidente do Banco Central baixar uma prosaica portaria, determinando que passem a ser praticados juros simples nas operações financeiras aqui no Brasil. Apenas isso.
P.S. 2 – Como este é o problema mais importante do país, voltaremos ao assunto amanhã, para mostrar que o Brasil tem solução e tudo só depende da autoridade do presidente Jair Bolsonaro, que não pode se tornar protetor dos banqueiros mais exploradores da História Universal contemporânea. (C.N.)