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quarta-feira, abril 21, 2010

Brasília 50 anos: a história de uma cidade que surgiu do nada

Reprodução / Google Maps

Reprodução / Google Maps / Vista aérea de Brasília: Capital  Federal completa 50 anos Vista aérea de Brasília: Capital Federal completa 50 anos
Brasília 50 anos

A incrível história de uma cidade que surgiu do nada

Em pouco mais de três anos, a capital do Brasil havia mudado do efervescente Rio de Janeiro, para a até então inexistente Brasília

Colaboraram Bruna Righesso e Michele Bravos

Transferir a capital do país para o interior. A ideia era polêmica. Provocava um misto de espanto, descrença, decepção, contrariedade e esperança para os brasileiros da década de 50. Mas o então presidente Juscelino Kubitschek fez o que parecia inconcebível na época. E os sentimentos aos olhos do povo, ao final de todo o processo, eram uma junção de orgulho e surpresa.

A ideia em si não era nova. Afinal, mudar a capital para o interior era um tema recorrente e em pauta desde 1820. Quando, em um discurso, Juscelino falou sobre o assunto, poucos acreditaram que o projeto realmente se concretizaria.

As outras Brasílias que ficaram no papel

Concorreram 26 projetos, dos quais 16 foram eliminados na seleção prévia. Os concorrentes derrotados não se conformaram e criaram uma polêmica que repercutiu na imprensa da época.

Alguns engenheiros e arquitetos consideraram o projeto vencedor apenas rascunhos e esboços de uma ideia sem sentido. Outros acharam genial, brilhante.

(Confira as plantas nas imagens abaixo)

 / 1º lugar - Lucio Costa: Propunha dois eixos principais: o  monumental e o rodoviário Ampliar imagem

1º lugar - Lucio Costa: Propunha dois eixos principais: o monumental e o rodoviário

Outros marcos

Eixo Rodoviário

Os “íntimos” o chamam de Eixão. Em formato de arco ele é uma das principais vias de Brasília. Trata-se de uma via Marginal em cujo perímetro encontram-se as quadras residenciais da Asa Norte e Asa Sul. O tráfego no “Eixão” é intenso, portanto Brasília possui passagens subterrâneas localizadas há cada duas quadras em ambas as Asas para permitir o trânsito de pedestres.

Superquadras

Também como previsto no projeto de Lucio Costa, a cidade se divide não em quadras de tamanho comum, mas nas extensas superquadras que contam com uma via interna que dá acesso a todos os prédios.

Candangolândia

Cidade-satélite de Brasília cujo nome remete aos Candangos – como foram chamadas as pessoas que construíram a cidade. É identificada como RA-19 e possui mais de mil 14 habitantes. É considerada uma ilha dentro de um corredor ecológico, pois está inserida no corredor verde, formado ao longo do córrego Riacho Fundo, Córrego do Guará e Córrego Vicente Pires.

Lago Paranoá

É um lago artificial que estava desenhado no projeto de Lúcio Costa. Muitos duvidaram que seria possível “criar” um lago no meio do Cerrado. O fato de ele ter sido viabilizado foi uma das vitórias do persistente Juscelino Kubitschek na empreitada da construção de Brasília. É um ícone eternizado em letra de música e um dos símbolos da cidade.

Os políticos votaram a favor da mudança não porque acreditassem na importância ou viabilidade dela, mas justamente por estarem certos de que o presidente jamais cumpriria com a palavra e que essa seria, portanto, a ruína de seu governo. Os jornais da época, por sua vez, mostravam-se contrários a mudança, refletindo a visão da maioria elitista.

Os cerca de 600 funcionários da Câmara que viviam no Rio estremeciam só de pensar em abandonar a vida carioca e partir rumo ao desconhecido. Mesmo após o início das primeiras obras, ainda havia quem duvidasse e jurasse que as fotos eram montagens e que Brasília não passava de uma ilusão criada por um presidente utopista. Porém a história se mostrou outra. A construção de Brasília incorporou definitivamente ao Brasil uma região que já era parte dele, mas que praticamente ninguém conhecia. O Centro-Oeste e o Norte, que antes tinham cerca de meio habitante por metro quadrado, viram a chegada da rodovia Belém-Brasília mudar completamente esse cenário. No ano de sua inauguração, a antes deserta Brasília, já possuía 60 mil habitantes, número que cresceu amplamente nas décadas seguintes superando em mais que o dobro a estimativa de que abrigaria no máximo 500 mil.

Cronologia: Uma nova capital em 3 anos e 7 meses

1956

19 de setembro

Cinco meses depois de apresentada, é aprovada por unanimidade a lei para transferência da capital.

2 de outubro

Juscelino Kubitschek visita o local pela primeira vez.

10 de novembro

Depois de 20 dias de construção, é inaugurado o Catetinho, residência oficial durante o período das obras.

31 de dezembro

Concluída a Ermida Dom Bosco, primeira obra de alvenaria.

1957

18 de fevereiro

JK assina a escritura pública que determina a transferência do terreno do Distrito Federal. 11 de março Prazo de entrega dos projetos para o concurso. Somente 26 dos 63 inscritos entregaram. O projeto ganhador foi entregue 10 minutos antes do encerramento. 15 de março Foi divulgado o ganhador: Lucio Costa. 2 de abril Inaugurada a pista do aeroporto. 3 de abril Começam as obras do Palácio da Alvorada. 3 de maio Na presença de 15 mil pessoas, Dom Carlos Carmelo reza a primeira missa de Brasília.

1º de outubro

Sancionada a lei que estabelece a data da mudança: 21 de abril de 1960.

1958

4 de janeiro

Início das obras do Congresso Nacional.

18 de julho

Começam as obras da Esplanada dos Ministérios.

30 de junho

Inaugurações: Palácio da Alvorada, Eixo Monumental, Avenida das Nações e Brasília Palace Hotel.

10 de julho

Começo das obras do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal.

5 de outubro

Primeiro asfaltamento.

1959

Junho

Entregues os primeiros blocos de apartamentos.

Dezembro

Fim das obras do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

1960

21 de abril

Os Três poderes da República são instalados em Brasília, às 9h30.

1970

31 de maio

Inauguração da Catedral, depois de mais de dez anos de construção.

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