Aos Cinqüenta Anos de Carreira Musical , indubitavelmente, espetacular, tendo reunido, esse Fim de Semana, no Estádio/ Templo do Marcanã , habituado a grandes finais do Campeonato Brasileiro de Futebol , pelo menos Setenta Mil pessoas, de causar inveja ao próprio Clássico FlaxFlu , entre fãs, de todas as idades, unindo gerações inteiras, a começar por Vós, antigas admiradoras da “ Jovem Guarda ”, passando por Mães, Filhas e Netas , completamente apaixonadas, infelizmente, minha Consciência Residual, de Pseudo-escritor , obriga-me a observar, entretanto, alguns aspectos dessa verdadeira “ Lenda Viva ”, que o é, musicalmente falando, o “ Cantor ” - Roberto Carlos , também conhecido como: “ Rei .”
Tarefa das mais ingratas , e desprezíveis , a que me lanço, por certo, arregimentará uma Multidão de Criticas contra mim, ao tentar, aparentemente, tocando no Intocável , turvar a Imagem , quase Indelével , de um Verdadeiro Mito chamado “ Roberto Carlos ”, uma irredutível Unanimidade Nacional , mas, que, contudo, aspectos pessoais , e subjetivos , levam-me, obrigatoriamente, a fazê-lo, sob pena de lançar a minha consciência no Esgoto da Contra-mão da História .
Aliás, embora sendo o “ Rei ” uma Unanimidade, já dizia Nelson Rodrigues: “Toda unanimidade é Burra”
Então, vamos lá!
Roberto Ca r los, de quem, também, musicalmente, sou fã, Cachoeirense , do interior do Estado do Espírito Santo, o Autor de “ Detalhes ” tão pequenos de nós dois, talvez, seu maior sucesso, no entanto, também deve ser olhado em “ Detalhes ”...
Se não, vejamos:
Testemunha Política de um tempo que transcende a própria História , o Cachoeirense Roberto Carlos (“ Meu Pequeno Cachoeiro ” é lindo !—Remonta a origem rural e familiar de todo Homem), nem sempre o foi assim, um Musico Irrelutante , consagrado e adorado...
Surgido no Período mais latente da História Recente do Brasil, nunca cicatrizada, quando Tropas do Exército Brasileiro tomaram as ruas, fecharam teatros e censuraram jornais, Roberto Carlos, apareceu naquelas “ Jovens Tardes de Domingo...” , despretensiosamente, como um “Belo Garoto”, Paradigma da Sociedade Contemporânea que viria, de Rebeldia Comportada e Capitalista , numa parceria de “ Amigo ” com o Compositor Erasmo Carlos , a qual não mais se dissiparia, nos próximos 50 anos, conduzidos pelo Próprio Sistema , ao passo que outros Jovens , menos domesticados, partiam, improdutivamente, para a Guerrilha e a Luta Armada.
Assim, “ Dignatários ” representantes da “ Jovem Guarda ”, Movimento que, naqueles Finais-Anos Sessenta, em contrapartida com a romântica “ Bossa Nova ”, era a mais genuína expressão, do Tímido Rock Nacional , “made in Brazil”, com referencias musicais até hoje inesquecíveis, como a balada “ Parei na Contra-mão ” e “ Calhambeque _ Bi-bí ”.
Nesse interregno, enquanto os que contestavam a Brutalidade do Regime, advindo de 64, a , dita, Sacro-santa “ Revolução do Povo de Deus pela Liberdade ”, engajados na Resistência Cívica , eram presos e exilados, tais como Caetano Veloso, “ Caminhando contra o Vento, sem Lenço e sem Documento... ”, Gilberto Gil “ Soy Louco por ti América...” , Chico Buarque de Holanda “ Pai, Afasta de Mim esse Cale-se...” , Geraldo Vandré “ Para não dizer que Não falei das Flores... ”, Taiguara “ Hoje ” e Belchior “ Como Nossos Pais... ”, afora tantos outros, e inúmeros. Compositores Menos-expressivos , exatamente, por envolverem-se em “ Política ”, na justa acepção da palavra, transformando a Arte e a Musica em Instrumentos de Conscientização das Massas , o “ Rei – Roberto Carlos ”, contudo, inerte, enquanto seguia, fazendo “ Um Milhão de Amigos ”, compunha marchinhas que agradavam a Igreja , ás Famílias e ao Sistema: “ Jesus Cristo ”, “ Nossa Senhora ” e “ Lady Laura ”, que, sem concorrência ou contestação, trouxeram-lhe pronta Aclamação Pública , sem, ao menos, se importar com o que “ politicamente ” ocorria no Brasil dos Anos de Chumbo , o qual, muito provavelmente, não sentiu e nem viu.
Opção “Sua”, ou seja, direito que é conferido a todo, e qualquer, Cidadão Brasileiro , de opinar sobre o seu Próprio Destino , a que rumo vai conferir a sua própria vida, ao encarar a Musica como ela o é, mero Entretenimento , Roberto Carlos seguiu cantando: “ Olha ”, “ Café da Manhã ”, “ Cavalgada ”, e tantas outras canções que, por certo, o eternizarão...
Aliás, esse próprio, e Mordaz , “Critico”, se quer estaria aqui, cometendo esse Ato de Justiça Histórica , ao contestar o “ Absoluto ” Entronamento do Rei, aos Cinqüenta Anos de Carreira , Musicalmente Inimitável , se, há alguns anos atrás, o seu próprio Pai, e Mãe, no banco de trás do “ Velho Ímpala ”, rabo-de-peixe, ano 62, não tivessem sintonizado uma balada romântica, como as do “ Próprio-rei ”...
Mas, Justiça seja feita, são, enfim, “ Detalhes ” muito grandes para esquecer, e, a toda hora vão estar presentes:
Você vai ver !
Fonte: http://www.abdic.org.br/