Evandro Matos
A um ano e meio para as eleições de 2010, o PMDB da Bahia já se prepara para a disputa. Além de possuir dois nomes fortes para a chapa majoritária – o do ministro Geddel Vieira Lima e o do prefeito João Henrique-, o partido já tem quase pronta uma relação de candidatos à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa. Parceiro do PT nas eleições de 2006, quando ajudou a eleger o atual governador Jaques Wagner, agora os peemedebistas ensaiam voo próprio e prometem não deixar "o cavalo passar selado" sem montar. Ou, mais do que isso, "o partido está criando condições para que o cavalo passe selado", como diz Lúcio Vieira Lima, presidente estadual da legenda.
Quem vai à sede do partido, em Costa Azul, percebe toda uma movimentação que confirma a declaração de Lúcio Vieira Lima. Ali, além de atender prefeitos e lideranças do interior, Lúcio inspeciona o jornal do partido, coordena o envio de peças publicitárias para os municípios, atende ao telefone e pede providências aos funcionários para dinamizar os serviços. Um verdadeiro cão de guarda do irmão Geddel Vieira Lima, o provável candidato do PMDB ao governo do Estado em 2010.
E faz tempo que o ministro Geddel age com desenvoltura tanto na mídia quanto no Ministério da Integração Nacional, onde comanda a polêmica obra de transposição das águas do Rio São Francisco e projetos como o Baixio de Irecê e o de Salitre, em Juazeiro. Geddel alega transparência nas suas posições e, para explicar o seu futuro político, conduz o barco ao estilo do "deixa a vida me levar", recorrendo aos versos da canção de Zeca Pagodinho. E assim ele dribla a pressa da imprensa e segue convivendo dentro da base aliada de um governo em que serve como ministro, e de outro, o estadual, onde o seu partido controla duas secretarias.
Mas, à medida que o tempo passa, ficam mais claras as posições do PMDB, e para muitos não há mais dúvida sobre o futuro do ministro Geddel Vieira Lima. Como publicado neste jornal em primeira mão, dias atrás, o peemedebista segue pavimentando a sua candidatura ao governo do Estado em 2010. Porém, como todos os outros pretendentes ao Palácio de Ondina, exceto o governador Jaques Wagner, que já se lançou à reeleição, recorrem ao "vai depender da conjuntura" para poder se definir.
Ao ministro Geddel, quatro possibilidades se abrem num horizonte fértil: vice da provável candidata do PT, a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff; disputar o governo do Estado numa composição com o Democratas; ou disputar o Senado na chapa encabeçada pelo governador Jaques Wagner; ou, ainda, disputar o Senado numa aliança com o Democratas, tendo o ex-governador Paulo Souto na cabeça de chapa. Embora tudo dependa da futura "conjuntura", nunca é demais lembrar que isso também são meras especulações. Mas são especulações formadas sobre cenários possíveis, que se projetam para um campo real e cada vez mais forte.
Mas, para disputar o Palácio de Ondina, o PMDB tem ainda a opção do prefeito João Henrique, caso o ministro Geddel Vieira Lima decida por outro destino no seu leque de opções. Embora não tenha sido incluído na última pesquisa realizada para o governo do Estado, é certo que o prefeito de Salvador tem o seu espaço reservado no coração do eleitor baiano, principalmente depois da sua reeleição em 2008. Cada vez mais distante do PT, João Henrique não descarta disputar o governo ou fazer uma aliança com os democratas, como já aconteceu na eleição do segundo turno de Salvador.
Um exército a caminho de Brasília
Para dar suporte à chapa majoritária que pretende lançar ou fazer parte em 2010, o PMDB também já prepara um batalhão de pré-candidatos à Câmara Federal e à Assembleia Legislativa do Estado.
Na Câmara Federal, Lúcio Vieira Lima, presidente do partido e irmão do ministro Geddel, é quem encabeça a lista dos que vão disputar um mandato. A entrada de Lúcio significa justamente a ocupação do espaço que pertenceu ao ministro que, ao revelar que não voltaria mais à Câmara Federal, deu a primeira senha de que poderia disputar o governo do Estado em 2010.
Na lista dos que vão disputar um assento em Brasília estão nomes conhecidos pelos eleitores, como os atuais deputados federais Colbert Martins, Marcelo Guimarães Filho e Raimundo Veloso, que vão tentar a reeleição. A lista é reforçada ainda com nomes como o do deputado estadual Arthur Maia, que vai tentar um voo mais alto, dos ex-prefeitos Misael Aguilar (Juazeiro) e Antônio Henrique (Barreiras).
Ou de figuras conhecidas da política baiana, como os ex-deputados federais e ex-prefeitos Genebaldo Correia (Santo Amaro), Ubaldo Dantas (Itabuna) e Ubaldino Júnior (Porto Seguro).
Mas na lista de pretendentes à Câmara Federal consta também o nome do prefeito Fernando Antônio da Silva Pereira (Tato), de Cachoeira. "Estamos procurando nomes para disputar em todas as regiões do Estado", declarou Lúcio Vieira Lima, demonstrando a sua preocupação em mapear o espaço peemedebista.
Para a Assembleia Legislativa, o PMDB também já tem pronta uma lista com vários nomes e que contempla todas as regiões da Bahia. Além dos atuais deputados Leur Lomanto, Luciano Simões, Joelcio Martins, Ferreira Ottomar, Maria Luiza Carneiro, Marizete Pereira e Virginia Hagge, que vão para a reeleição, o partido terá na disputa também os vereadores soteropolitanos Sandoval Guimarães, Alan Sanches, Alfredo Mangueira, Silvonei Sales, Pedro Godinho e Everaldo Bispo. Vão para a disputa também os secretários municipais de Salvador, Fábio Mota (Sesp), que tem base no município de Valente, e Almir Melo (Transportes), com base em Canavieiras.
Mas na relação dos pré-candidatos a uma vaga na Assembleia Legislativa constam os nomes também dos ex-deputados Renato Costa (Itabuna) e Álvaro Pinheiro (Itanhém), do prefeito Hermenilson Carvalho (Lapão), dos ex-prefeitos Humberto Leite (Santo Antônio de Jesus), Jean Cavalcante (Cruz das Almas), Rock Skin (Muritiba), Astor Araújo (Itaquara), Luiz Carlos (Ipirá), Rui Macedo (Jacobina), Jucélio Carmo (Alagoinhas), Marco Túlio (Boquira), Beda (Ubaitaba), Paulo Madeirol (Conde), Neto (Macaúbas), Toinho (Tapiramutá) e Deto Venâncio (Ponto Novo).
A disputa por uma vaga para deputado estadual também traz nomes desconhecidos, embora alguns tenham lastro eleitoral pelo grau de parentesco com lideranças tradicionais nos seus municípios. Este é o caso, por exemplo, do jovem Diego Maia, filho da atual prefeita de Candeias, Maria Maia, que segue a trilha da sua opositora Tânia Magalhães, que elegeu o filho Júnior Magalhães para o mesmo cargo na eleição passada. Há ainda os nomes do professor Abel (Vitória da Conquista), Marcio Veloso, filho do deputado federal Veloso (Ilhéus), Evaldo Martins, irmão do deputado federal Colbert Martins (Feira de Santana), Nestor Neto, ligado ao PMDB Jovem, e o de Pedro Tavares, chefe de gabinete do vice-governador Edmundo Pereira.
Fonte: Tribuna da Bahia
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