Helga Cirino, do A TARDE
Deputados procuraram irregularidades na delegacia de furtos de veículos, no Iguatemi
A inspeção em delegacias da capital, pela Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da Assembleia Legislativa (AL), marcada para esta quinta, dia 16, não aconteceu porque os deputados estaduais João Carlos Bacelar (PTN), líder da comissão, Heraldo Rocha (DEM) e Eliedson Ferreira (DEM) foram barrados em todas as três unidades em que estiveram. Nas delegacias de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos (DRFRV), de Furtos e Roubos (DRFR) e 3ª CP (unidade do bairro de Cajazeiras) foram informados de que não havia autorização da Secretaria da Segurança Pública (SSP) para acesso às instalações. De acordo com os delegados, instâncias superiores da SSP informaram que seria necessário montar “um esquema especial” para a visita. “Eles querem que avisemos quando vamos chegar? Queremos é encontrar as unidades nas reais circunstâncias do cotidiano. Vão maquiar a realidade?”, questionou-se o vereador Bacelar. A comissão deixou o Centro Administrativo da Bahia (CAB) por volta das 9 horas, com destino à DRFRV, no Iguatemi. A titular, delegada Cristiane Inocêncio Xavier, não estava na unidade e eles foram recebidos pelo delegado plantonista da manhã, Geraldo Vilaboim.
“A cada 47 minutos, em Salvador, um carro é roubado. Estes três agentes que recebem as vítimas aqui não têm condições de atender à demanda de trabalho”, reclamou o presidente da comissão parlamentar. Depois, seguiram à Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, onde foram recebidos pelo delegado titular, Antônio Cláudio Pereira Oliveira. O delegado também não deu acesso às instalações da unidade e acrescentou não ter sido autorizado a passar outras informações aos deputados estaduais. “O secretário da Segurança Pública vai ter de explicar isso. Do que eles têm medo?”, questionou Bacelar. A última unidade visitada foi a Delegacia de Cajazeiras, onde os três parlamentares também não conseguiram informações sobre o serviço. Secretário – O secretário da Segurança Pública, César Nunes, rebateu a crítica, sem entrar no mérito da falta de autorização para a inspeção: “É mesmo importante que eles conheçam de perto o que herdamos de outros governos. Estamos revendo esta situação e nunca se investiu tanto em segurança pública como hoje, com recomposição de efetivo e aquisição de viaturas”.
Nunes foi convocado pelos deputados estaduais para discutir a situação nas unidades de Salvador no próximo dia 29, em uma plenária na Assembleia Legislativa do Estado. A inspeção foi motivada por relatório do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia (Sindpoc), entregue à comissão. Foi produzido com informações sobre 12 delegacias da capital.
“Em 80% das delegacias, as viaturas precisam de manutenção ou substituição, e em 70% delas falta armamento, os policiais utilizam armas oriundas de apreensões”, disse o vice-presidente do Sindpoc, Marcos de Oliveira Maurício. “Faltam coletes à prova de balas e equipamentos utilizados nas investigações, como máquinas fotográficas, GPS e computadores”, acrescentou. Até dezembro de 2008, as delegacias de Salvador possuíam 312 vagas para presos em fase de investigação, mas estavam superlotadas, com 655 internos.
Fonte: A Tarde
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