Editorial
Quem, em sã consciência, contrata uma empresa por R$ 10 e paga R$ 20? Em tempos de crise ou de bonança, a resposta será ninguém. Entretanto, esta não parece ser a lógica aplicada pelo governo de Eduardo Braga e seus `colaboradores". Os pagamentos sem documentação revelados pela reportagem de capa da edição de hoje deste DIÁRIO mostram a ponta daquilo que pode ser um desagradável, mas revelador `iceberg".
Em linhas gerais, o que se descobriu é que o governo contratou a agência de publicidade Mene & Money por R$ 3 milhões. Depois disso, aditivou o contrato em mais R$ 6 milhões, totalizando R$ 9 milhões em contratos e aditivos. Até aí tudo bem, não fosse um detalhe: outros R$ 9,8 milhões foram pagos à empresa sem qualquer termo aditivo ou contrato que pudesse respaldar tal transação.
Trata-se, mais uma vez, de um escândalo com dinheiro público. A lógica dos ordenadores de despesa do governo do Estado não parece ser a mesma do cidadão comum ou mesmo dos manuais de administração pública. É senso-comum que nunca, jamais, em hipótese alguma, deve-se pagar por um serviço sem que ele já esteja concluído ou em fase de conclusão. Essa regra básica não foi obedecida, também, no caso das obras fantasmas do Alto Solimões. Será que agora estamos diante do escândalo das `propagandas fantasmas"?
Ainda que, com o passar dos dias, a Agência de Comunicação do Governo forneça suas explicações para o assunto, e que tudo não passe de um simples mal entendido administrativo, o episódio mostra uma falta de compromisso assustadora para com o dinheiro público. O dinheiro público, é bom lembrar, não é propriedade dos seus administradores, embora seja tratado desta forma na maioria das vezes.
Há alguns meses, o coordenador da ONG Transparência Brasil, Cláudio Abramo, mostrou-se perplexo com o volume de recursos gastos com publicidade pelo governo do Estado. Imagine só, leitor, o que ele diria se soubesse que além de gastar muito, o governo gasta esse recurso de forma irregular?
Fonte: Diário do Amazonas (AM)
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