Guilherme Russo
do Agora
O casal de aposentados Geraldo Silva, 75 anos, e Maria Geni Silva, 69, sofreu um golpe, em janeiro deste ano, que vem se tornando cada vez mais comum no Estado: para conseguir uma suposta indenização em um falso processo do TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo, os idosos acabaram tendo que pedir um empréstimo de R$ 1.945,20 no banco. E nunca receberam os R$ 29 mil prometidos.
'Cartas da Justiça têm aviso de recebimento'
O golpe começou com uma carta que Silva recebeu em sua casa, em Praia Grande (71 km de SP), no começo de janeiro. O envelope continha uma falsa notificação do TJ que dizia que ele havia sido beneficiado por uma ação indenizatória contra o Coifa (Círculo dos Oficiais e Intendentes das Forças Armadas), entidade que fazia seguro de vida a militares e funcionários públicos.
O aposentado contou que, há 39 anos, realmente fez um seguro de vida com essa instituição, quando ainda era funcionário público. A nota dizia que o beneficiário, que era sua mulher, poderia "resgatar os valores através da conta corrente/poupança ou, até mesmo, através de precatório".
Maria Geni teria que ligar para algum dos três telefones da capital paulistana que estavam listados na carta. "Só no último número me responderam", contou a costureira aposentada.
A carta era assinada por um advogado que, segundo a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), não existe. "Era assinatura com tinta!", disse Maria Geni. "Ao ligar, disseram que era do TJ, que eu teria que ligar para outro lugar, procurar outro advogado".
Quando a aposentada ligou para o outro número fornecido, também de São Paulo, o suposto advogado que atendeu lhe explicou que a indenização era de R$ 29 mil. O Agora ligou em todos os números ontem à tarde, mas não obteve nenhuma resposta.
De acordo com o documento falso, o dinheiro estava na "4ª Vara Civil (sic) do Estado de São Paulo". Porém, o golpista disse a Maria Geni que ela teria que pagar taxa de R$ 1.945,20 para liberar o dinheiro.
Os golpistas disseram que um oficial de Justiça passaria para recolher o dinheiro. Porém, ninguém apareceu. Ela voltou a ligar no fim do mês passado, e pediram para transferir a quantia para uma conta corrente de uma agência de Embu-Guaçu (Grande SP), o que foi feito em 2 de abril. "Até hoje a gente está devendo esse dinheiro", disse Silva.
Quando Maria Geni ligou para reclamar que os R$ 29 mil não entravam em sua conta, escutou dos golpistas que tinha, agora, outros R$ 84 mil para receber. Mas que havia uma nova taxa (R$ 6.655,20).
Desconfiada, a aposentada resolveu procurar uma advogada para esclarecer o caso. Um boletim de ocorrência de estelionato foi registrado em 20 de abril na Delegacia de Polícia de Praia Grande.
A advogada vai registrar o caso no 1º DP de São Paulo (Sé), que concentra investigações de golpes que mencionam o TJ.
Fonte: Agora
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