Baptista Chagas de Almeida
A semana começa com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) abrindo a metralhadora giratória e disparando ataques para tudo quanto é lado. O presidente Lula, ele acusou de "cupinizar" o governo. O Congresso, disse estar "bambo". Fica fácil falar mal dos políticos, depois de tantos escândalos dos últimos dias. É claro que houve reações de alguns congressistas, mas é difícil defender, por exemplo, que o Senado tenha 181 diretores, se são 81 os senadores. E que o ato moralizador é extinguir 50 deles e prometer cortar mais 50. A superestrutura administrativa continua exagerada e, pior, é financiada com o suado dinheiro do contribuinte. A Câmara dos Deputados, ainda que não esteja no meio do furacão como o Senado, deve algumas respostas à sociedade. O processo contra Edmar Moreira (sem partido-MG) deve começar a andar, mas em que pé ficaram as investigações sobre João Magalhães (PMDB-MG) e Ademir Camilo (PDT-MG), que tiveram seus gabinetes vasculhados pela Polícia Federal, com ordem judicial, durante a Operação João-de-barro?
Para não ficar apenas em Brasília, a velha máxima que indagava quem fiscaliza os fiscais está mais atual do que nunca. As denúncias envolvendo conselheiros dos tribunais de Contas de Minas e do Rio são muito graves e certamente vão aparecer novas. Encarregados de zelar pela probidade e moralidade no serviço público, usam a prerrogativa para obter vantagens, até pecuniárias (para tucanar a propina), em troca de proteção e favores a prefeitos que não seguiram os preceitos da lei nas administrações municipais. Sem contar que, no caso de Minas, há salários de marajás escondidos por obsequioso silêncio do Tribunal de Contas do Estado, que, simplesmente, finge que nada está acontecendo e se nega a dar uma resposta à sociedade mineira.
Falar mal da classe política é fácil porque ela dá motivo. Difícil é conseguir romper a barreira da impunidade, que é gênese do crime, já que os políticos, principalmente, acreditam piamente nela.
Fonte: Estado de Minas (MG)
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