Uma possível vitória de Kassab pode ter sérios reflexos sobre 2010, acredita o presisente
BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou o dia ontem fazendo uma avaliação do resultado das eleições, em reunião com alguns dos principais ministros e assessores com assento no Planalto. Interlocutores de Lula relataram que ele está convencido de que, no segundo turno, terá que se empenhar em algumas cidades, particularmente em São Paulo, onde sentiu que existe uma "onda" a favor do candidato do DEM, Gilberto Kassab, que superou a petista Marta Suplicy e se classificou em primeiro lugar para o segundo turno.
Lula, de acordo com as mesmas fontes, considera que é fundamental impedir que Kassab ganhe a disputa na capital paulistana porque isso traria sérios reflexos nas eleições de 2010. Lula deverá subir nos palanques principalmente onde candidatos do PT enfrentam políticos do PSDB ou do DEM.
Na reunião, o presidente deixou claro que participará das campanhas em vários municípios, além da capital paulista. É o caso de São Bernardo (SP), onde aposta na eleição do petista Luiz Marinho contra o tucano Orlando Morando, e em Guarulhos, onde Sebastião Almeida, do PT, luta contra Carlos Roberto de Campos, também do PSDB.
Lula ainda não traçou toda a agenda de viagens, mas terá pouco tempo para se dedicar às campanhas municipais, pois a partir da próxima segunda-feira estará visitando Espanha, Índia e Angola. Com isso, sobrarão apenas dois fins de semana para as campanhas, além desta semana e da última antes do segundo turno da eleição, marcado para 26 de outubro.
O presidente ainda não decidiu se irá ou não a São Luiz, onde João Castelo, do PSDB, enfrenta Flávio Dino, do PC do B, e a Cuiabá, onde Wilson Santos, do PSDB, enfrenta Mauro Mendes, do PR. Entre as cidades menores, Lula pode ir a Joinville, onde Carlito Mess, do PT, enfrenta Darci de Mattos, do DEM.
Além da "onda Kassab", em São Paulo, Lula se sentiu atropelado pela onda que elegeu Micarla de Souza, do PV, no primeiro turno, e derrotou Fátima Bezerra, do PMDB. Lula, contrariando as sugestões dos políticos locais, resolveu participar da campanha de Fátima Bezerra e não conseguiu favorecer a candidatura dela, que ficou fora do segundo turno. Lula estava empenhado especialmente nesta eleição, porque queria, pessoalmente, derrotar seu principal adversário no Estado, o senador José Agripino (DEM).
O presidente não deverá ir a Porto Alegre fazer campanha Deixará ao ministro gaúcho Tarso Genro (Justiça) e à ministra Dilma Roussef (Casa Civil), que conhece a política no Rio Grande do Sul, a tarefa de apoiar a candidata Maria do Rosário, do PT, contra José Fogaça, que, apesar de ser do PMDB, partido da base governista, sempre foi um opositor da administração federal. O presidente não pretende ir lá, porque sabe que os problemas dessa disputa poderão refletir no Congresso, em Brasília.
Da mesma forma, o presidente não deve ir ao Rio de Janeiro. Lula não nutre simpatia por nenhum dos dois candidatos: não perdoa Eduardo Paes, do PMDB, aliado de Sérgio Cabral, pela sua conduta na CPI dos Correios, nem do deputado Fernando Gabeira, do PV, outro partido da base, porque este, na Câmara Federal, vota sistematicamente contra seu governo.
Ao avaliar as ondas mais expressivas que surgiram no País, o presidente incluiu nelas a subida de Leonardo Quintão, do PMDB, em Belo Horizonte, contra o candidato da curiosa aliança PT-PSDB.
No caso da capital baiana, não existe, segundo interlocutores do presidente, a menor chance de participação dele, porque, ali, a disputa é muito complicada, pois envolve dois candidatos fortíssimos da base, apoiados por ministros do governo.
Os efeitos políticos das eleições ainda não foram completamente analisados. Eles só aparecerão no decorrer da semana, à medida que forem sendo identificados os reais adversários e os reais derrotados que cobrarão de Lula a falta de apoio. Lula poderá enfrentar problemas no Congresso, porque ainda precisará conviver dois anos e três meses com os derrotados.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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