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terça-feira, fevereiro 12, 2008

Bom para todos, menos para o País

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Teve um objetivo a decisão de ontem do presidente Lula de atender a maioria das indicações do PMDB para as diretorias das empresas elétricas: evitar a formação de uma CPI mista destinada a investigar os cartões de crédito corporativo através do apoio do partido às diretrizes oficiais. Quanto à CPI a ser constituída no Senado, encontra-se limitada, também pela fidelidade dos caciques do PMDB, a começar pelo ex-presidente José Sarney e seu grupo.
Numa palavra, foram-se os anéis mas ficaram os dedos, em termos de Palácio do Planalto. A impressão é de que apesar dos esforços da oposição deixarão de ser investigados os cartões de crédito corporativos utilizados por assessores do presidente Lula e de D. Marisa, bem como pelos seguranças encarregados de zelar pelos filhos do casal, em São Bernardo e Florianópolis.
Haverá uma compensação para os adversários do governo, uma espécie de agrado consentido pelo presidente Lula em seu encontro de ontem com os ministros José Múcio e Edison Lobão: dificilmente a CPI criará problemas para Fernando Henrique Cardoso, investigando os gastos do ex-presidente e de personagens de seu círculo mais íntimo.
Se houve algum perdedor, entre tantos vencedores, parece o PT. Afinal, os companheiros não concordavam com a entrega de tantas diretorias de estatais ao PMDB, já que ocupavam quase todas. Além disso, estavam ávidos de botar água no chope dos tucanos, porque, além de atingir Fernando Henrique, tinham José Serra na alça de mira. Mesmo assim, o PT também fará jus a alguns dividendos, porque qualquer prejuízo que viesse a ter o presidente Lula não deixaria de atingir o partido.
Política é assim mesmo, dirão os ingênuos, calcados em mil exemplos do passado recente e remoto, quando se trata de utilizar o poder em proveito próprio. É, mas não precisava ser. Afinal, do que menos se cogitou nesse episódio das indicações do PMDB foi da eficiência das empresas postas em leilão. A própria ministra Dilma Rousseff acabou se acomodando, ela que defendia a permanência ou a continuação de técnicos em funções ligadas ao fornecimento de energia para o País.
A pergunta que se faz é sobre os reais motivos de tanto açodamento do PMDB em ocupar as diretorias. A conclusão só pode ser uma, de que cada um dos nomeados terá sob sua responsabilidade gerir centenas de milhões e até bilhões de reais. Quem quiser que responda a indagação final: para quê?
Alckmin na cabeça
De São Paulo chegam informações sobre a impossibilidade de o governador José Serra evitar a candidatura de Geraldo Alckmin à prefeitura da capital. Sequer o apoio do ex-presidente Fernando Henrique à reeleição de Gilberto Kassab redundou em alguma coisa. O problema é que o atual prefeito será lançado candidato pelo DEM, colocando antigos liberais e tucanos em rota de colisão. O resultado pode ser o esfriamento da futura aliança entre os dois partidos em torno da candidatura presidencial de José Serra. Quem não para de rir, em Belo Horizonte, é o governador Aécio Neves...
Ainda sobre as eleições para a prefeitura paulistana: a ministra Marta Suplicy só admitirá o lançamento de seu nome de dispuser de chances razoáveis de eleição, coisa que as próximas pesquisas começarão a definir. Disputar por disputar, só pelo fato de o PT não dispor de outro candidato eleitoralmente forte, de jeito nenhum. Mesmo se o presidente Lula estimular a ministra e até se prometer que, derrotada, ela voltará ao ministério do qual precisaria desincompatibilizar-se em abril.
Ignora-se a disposição final do deputado Paulo Maluf, eterno e perigoso candidato, com seus milhões de votos certos. Ele também não admite entrar para perder e, por isso, aguarda os números que começarão a ser divulgados a partir do fim do mês. Se der, estará no seu elemento. Correndo por fora e com sua indicação à margem da ortodoxia partidária surge o deputado Aldo Rebello.
Má vontade americana
Os presidentes Lula e Sarkozy se encontrarão pela primeira vez, hoje, na Guiana Francesa. Poderão sedimentar acordo de venda de armas e de cooperação tecnológica entre Brasil e França. Na recente viagem feita a Paris o ministro da Defesa, Nelson Jobim, avançou importantes passos para a compra de aviões de caça de última geração para a Aeronáutica brasileira, de helicópteros para o Exército e de um submarino para a Marinha. Haverá a vantagem de o governo de Paris assegurar transferência de tecnologia e ações comuns na indústria bélica.
Os Estados Unidos não estão gostando nem um pouco dessa parceria, já que têm sido historicamente nossos fornecedores, mesmo com a desvantagem de não repassarem tecnologia. Se puderem, os americanos criarão dificuldades a essa aproximação do Brasil com a França.
Washington não engoliu até hoje a iniciativa do então presidente francês, Charles de Gaulle, que cinqüenta anos atrás, em plena guerra fria, expulsou de seu território a sede e as principais instalações da Otan, gerando uma das maiores caricaturas políticas de todos os tempos. A charge mostrava De Gaulle expulsando um soldado americano e dizendo: "Vão embora! E só voltem quando os alemães nos invadirem outra vez..."
No que depender dos Estados Unidos, qualquer acordo maior da França com o Brasil será ostensivamente sabotado. Vamos aguardar.
Fonte: Tribuna da Imprensa

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