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quinta-feira, agosto 31, 2023

PF ferida em ataque de Roberto Jefferson pede indenização de R$ 1 milhão por danos morais

Por Redação

PF ferida em ataque de Roberto Jefferson pede indenização de R$ 1 milhão por danos morais
Foto: Valter Campanato / EBC

A policial federal de 32 anos que ficou ferida após ataque a tiros de fuzil e granadas do ex-deputado Roberto Jefferson, em outubro do ano passado, entrou com uma ação na justiça pedindo R$ 1 milhão por danos morais, psicológicos e estéticos.

 

Jefferson atacou policiais federais que cumpriam um mandado de prisão contra ele em Comendador Levy Gasparian (RJ), na manhã de domingo, em 23 de outubro de 2022. Após horas de negociação, ele se entregou para a polícia e segue preso desde então. O ex-deputado é réu por tentativa de homicídio contra os policiais.

 

Segundo o Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias, na ação protocolada no judiciário no último sábado (26), a advogada Estela Nunes descreveu as lesões sofridas pela policial, que ficou com cicatrizes: ferimentos na cabeça, cotovelo, joelho, além de uma profunda lesão na região do quadril.

 

Os dois ferimentos principais que deixaram cicatrizes foram no rosto, atingido por um tiro de fuzil de raspão, e um no quadril, provocado por estilhaços de um tiro que atingiu a arma da profissional de segurança.

 

“Foram causados danos de muitas ordens diferentes. Não é só um dano. É dano físico, estético, moral, contra a honra e a imagem. A brutalidade e a violência do ato foram muito grandes”, explicou a advogada Estela Nunes.

Proposta de Orçamento de 2024 terá R$ 168 bi em receitas extras, divididas em três pilares


Por Idiana Tomazelli | Folhapress

Lula e Haddad
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Para alcançar o déficit zero prometido pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda), o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai enviar a proposta de Orçamento de 2024 com uma previsão de R$ 168 bilhões em receitas extras, a partir de medidas que ainda precisam da aprovação do Congresso Nacional ou implementação pelo Executivo.
 

O grau de incerteza que cerca essas fontes de arrecadação tem alimentado a pressão dentro do próprio governo para rediscutir a meta fiscal até o fim deste ano, como mostrou a Folha de S.Paulo. O Ministério da Fazenda vê o movimento como "fogo amigo".A pasta avalia que o reequilíbrio das contas é fundamental para estabilizar a trajetória da dívida pública. Por isso, a meta de zerar o déficit não é um "cavalo de batalha", diz um integrante da equipe econômica, mas sim um alvo a ser perseguido e com o qual se busca convencer o Legislativo da necessidade de aprovar as medidas.
 

As iniciativas para elevar a arrecadação estão divididas em três pilares.
 

O primeiro é o de recomposição da base fiscal e correção de distorções, com duas ações. Uma é o projeto de lei que muda as regras de julgamentos de conflitos tributários no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). A expectativa do governo é arrecadar R$ 54,7 bilhões, valor que estará na proposta de Orçamento de 2024.
 

Segundo a fonte do governo, trata-se de uma estimativa "conservadora", que ainda não considera todo o potencial de arrecadação diante de um estoque de R$ 1,1 trilhão em disputas no tribunal administrativo.
 

Por outro lado, o valor desconsidera os jabutis inseridos no texto (que poderiam reduzir o poder de fogo das medidas) porque há uma chance elevada de eles serem vetados pelo presidente a pedido da Fazenda.
 

A outra ação é a MP (medida provisória) que vai regulamentar a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre a tributação de benefícios fiscais do ICMS.
 

A equipe econômica espera arrecadar R$ 37,3 bilhões, o que inclui apenas o fluxo futuro de receitas, sem contabilizar a solução para o estoque do que não foi pago devidamente pelas companhias em anos anteriores.
 

O entendimento do governo é que, ao ampliar o lucro das empresas, os incentivos concedidos no âmbito do ICMS não relacionados diretamente a investimentos devem ser incluídos na base de cálculo de IRPJ e CSLL, tributos federais.
 

A decisão do STJ deu vitória ao governo, mas prevê que a Receita Federal fará a cobrança depois das declarações das empresas, mediante fiscalização, o que poderia dificultar a recuperação desses valores.
 

A MP vai prever que haja um processo para as empresas justificarem os investimentos ao Fisco, e então a Receita conceda um crédito financeiro equivalente a 25% do valor, a ser usado no abatimento dos tributos federais. Assim, não será necessário esperar a fiscalização.
 

O segundo pilar trata de isonomia tributária e enfrentamento a abusos. Nesse grupo de medidas estão a MP para taxar fundos exclusivos de investimento no Brasil e o projeto de lei, com urgência constitucional, para tributar os fundos e recursos offshore (mantidos em paraísos fiscais fora do país).
 

Os dois atos foram editados por Lula na segunda-feira (28). A expectativa é arrecadar R$ 13,28 bilhões com fundos exclusivos e R$ 7,05 bilhões com offshores no ano que vem.
 

O governo, porém, admite que o valor final das receitas com fundos exclusivos pode ficar menor em meio às negociações com o Congresso.
 

Os rendimentos acumulados nos fundos dos "super-ricos" são hoje tributados apenas no resgate dos recursos ou na liquidação do investimento. A MP institui o chamado "come-cotas", recolhimento semestral de 15% a 20% de Imposto de Renda sobre os ganhos, mas o governo quer também cobrar sobre o estoque acumulado até aqui.
 

O texto prevê uma alíquota reduzida de 10% para quem aderir ao pagamento imediato sobre o estoque, já a partir de dezembro de 2023, mas os parlamentares querem reduzir a cobrança a 6%. Segundo o integrante da equipe econômica ouvido pela reportagem, a Fazenda está disposta a negociar um patamar de 7% ou 8%, caso isso signifique maior adesão à modalidade.
 

Uma terceira medida do eixo de isonomia tributária é o fim do JCP (Juros sobre Capital Próprio), uma forma alternativa de uma empresa remunerar seus acionistas recolhendo menos tributos. A avaliação do governo é de que o uso do mecanismo foi desvirtuado, o que justifica sua extinção.
 

O governo vai incluir no Orçamento uma previsão de receitas da ordem de R$ 10 bilhões com o fim do JCP. Um integrante da equipe econômica, porém, admite que essa fonte de arrecadação é uma das mais incertas dentro do pacote.
 

A avaliação do governo é que o debate sobre o JCP está menos maduro do que a taxação dos fundos exclusivos ou offshore, por exemplo.
 

Empresas têm ponderado sobre a necessidade de discutir mudanças no JCP em conjunto com as demais regras de tributação da renda das empresas —eixo que será alvo da segunda fase da Reforma Tributária, ainda a ser enviada ao Congresso. O governo tem se mostrado sensível a este argumento.
 

Por isso, o Executivo vai enviar um projeto de lei para tratar do tema da JCP, mas sem urgência constitucional.
 

Segundo a fonte do governo, o texto vai "justificar" a inclusão da estimativa de arrecadação na proposta de Orçamento de 2024, mas a expectativa é fazer uma discussão mais ampla ao longo dos próximos meses.
 

O terceiro eixo é uma demanda das próprias empresas e consiste no que o governo tem chamado de uma melhora no relacionamento com a administração tributária federal.
 

O governo vai colocar em prática novas modalidades de transação tributária —uma espécie de renegociação de dívidas de contribuintes sob condições mais atrativas, com possibilidade de descontos— ainda não exploradas pelo Executivo.
 

Uma delas será executada pela PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) e vai oferecer negociação para contribuintes resolverem disputas envolvendo grandes teses do Judiciário. O governo prevê arrecadar R$ 12 bilhões com essa iniciativa.
 

As teses incluem, por exemplo, os parcelamentos especiais e extraordinários feitos desde 2000 que geraram um contencioso enorme por causa da exclusão de contribuintes por não pagamento ou parcela inferior ao valor mínimo.
 

Como já há uma série de decisões favoráveis aos devedores, não se trata neste caso de livrá-los da cobrança, mas sim permitir seu retorno aos programas de renegociação mediante os benefícios. O objetivo da PGFN é fazer um edital da transação para solucionar esses e outros processos.
 

O governo também vai explorar o instrumento da transação tributária no âmbito da Receita Federal. A proposta de Orçamento vai incluir cerca de R$ 30 bilhões com essas negociações —segundo a equipe econômica, o valor equivale a apenas 2% do estoque de créditos ainda em fase de cobrança na Receita.
 

O Orçamento também prevê receitas com outras medidas, como a regulamentação de apostas esportivas. Uma MP e um projeto de lei já foram enviados ao Congresso Nacional.
 

O governo vai incluir na peça orçamentária uma estimativa de R$ 700 milhões, aquém do potencial indicado pelas empresas, de cerca de R$ 10 bilhões.
 

Outros R$ 3 bilhões são esperados com medidas menores, a serem detalhadas após a entrega do projeto de Orçamento nesta quinta-feira (31).
 

O governo também prevê o ingresso de cerca de R$ 20 bilhões com a nova regra de tributação de preços de transferência, mas o valor ainda não foi incluído no Orçamento.
 

Há também negociação com o Senado Federal para aprovar uma nova rodada de repatriação de recursos no exterior, o que pode gerar novas receitas, mas isso ainda é considerado incerto pelo governo.


VÍDEO: Cantor Regis Danese sofre grave acidente de carro

Quinta-Feira, 31/08/2023 - 08h00

Por Redação

VÍDEO: Cantor Regis Danese sofre grave acidente de carro 
Foto: Reprodução/Redes Sociais

O cantor gospel Regis Danese, que ficou nacionalmente conhecido pela música “Como Zaqueu”, sofreu um grave acidente de trânsito na noite desta quarta-feira (30) enquanto estava a caminho de um show em Ceres, em Goiás.

 

 

Nas redes sociais, o artista publicou um vídeo pedindo orações enquanto recebia atendimento médico.

 

"Eu acabei de sofrer um acidente a caminho do show em Ceres. Estou aqui sendo atendido. O carro arrebentou todo. Orem por mim!", diz Danese.

 

De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o carro do cantor invadiu a pista contrária no final de uma curva. Regis, que dirigia o veículo ao lado do irmão, perdeu o controle da direção e bateu de frente com uma carreta. O irmão dele e o motorista da carreta não ficaram feridos.

 

Regis foi encaminhado para o Hospital Estadual de Jaraguá (Heja) e de acordo com sua filha, Brenda Danese, ele teve um trauma torácico e quebrou o braço, sendo necessária uma cirurgia, que será feita em outra unidade hospitalar.

 

123milhas detalha dívidas na Justiça, mas nem todos clientes estão na lista; o que fazer para receber?


Por Cristiane Gercina | Folhapress

123 Milhas
Foto: Divulgação

A 123milhas detalhou, no pedido de recuperação judicial feito à 1ª Vara Empresarial de Belo Horizonte, a lista de credores que devem ser atendidos caso a ação seja aceita pelo Judiciário. No entanto, nem todos os clientes que compraram pacotes da linha Promo123, suspensa desde 18 de agosto, estão listados no documento.
 

Não foi informado o motivo para que nomes tenham ficado de fora do processo, que tem 5.700 páginas, mas o consumidor precisa ficar atento ao desenrolar do caso para solicitar aos administradores da recuperação judicial o ressarcimento, caso não recebam a notificação informando sobre o plano de pagamento.
 

Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que, inicialmente, não é possível o cliente ingressar no processo antes que haja a decisão da Justiça aceitando o plano de recuperação da 123milhas, que ainda não foi detalhado pelos advogados da companhia.
 

No entanto, é necessário estar atento ao desenrolar do caso no Judiciário, porque assim que a decisão for deferida, há um prazo de 15 dias para ser incluído na lista de pagamento, sob o risco de ficar sem receber ou de ter que entrar com ação na Justiça, o que trará novos gastos.
 

QUEM ESTÁ NA LISTA DE PAGAMENTO DA 123MILHAS?

A lista de credores da empresa reúne os próprios donos —os irmãos Augusto Julio e Ramiro Julio Soares Madureira—, centenas de pequenos hotéis e pousadas em diversas regiões do Brasil, agências de turismo, bancos e o Google, além de outras grandes empresas.
 

As dívidas somam R$ 2,3 bilhões dos quais R$ 2,2 bilhões são para os chamados credores quirografários, onde se encontram os consumidores da 123milhas e HotMilhas e os seus respectivos fornecedores, além de instituições financeira. No entanto, nem todos os clientes que compraram pacotes estão listados.
 

Segundo o advogado Alexandre Berthe, especialista em direito do consumidor, as informações listadas no processo pela empresa ainda podem ser ajustadas. Com isso, novos credores poderão ser incluídos. "De início, não necessariamente as pessoas precisam ficar assustadas que o nome delas não está na lista. Talvez tenham listado apenas os credores que já têm uma decisão judicial, por exemplo", afirma.
 

A lista apresentada pela 123milhas à Justiça tem cerca de 2.000 clientes que comparam pacotes de viagem ou passagens flexíveis para ser utilizadas entre setembro e dezembro, período em que o serviço foi suspenso, segundo uma fonte que preferiu não se identificar.
 

O total de consumidores, no entanto, é muito menor do que o tamanho da linha promocional, que representa 5% dos 5 milhões de clientes anuais da companhia, o que dá cerca de 250 mil pessoas. Nem todas faziam parte da suspensão das ofertas para os meses de setembro a dezembro.
 

VOU RECEBER O DINHEIRO SE EU NÃO ESTIVER NA LISTA?

Filipe Denki, da Lara Martins Advogados, especialista em recuperação judicial, afirma que, para receber o dinheiro a que tem direito, o consumidor precisa estar na lista. No entanto, neste momento, não há muito o que ser feito, mas, quando houver a decisão da Justiça, é possível solicitar a habilitação no processo.
 

"Quem não estiver na lista precisará pedir a habilitação administrativa em até 15 dias. Caso contrário, terá de entrar na Justiça para solicitar o ingresso. Depois que a empresa abrir a RJ, vai enviar uma carta informando que tem um crédito, se o cliente não receber [a carta], precisa providenciar a habilitação", afirma.
 

COMO FAZER PARA ENTRAR NA LISTA DE PAGAMENTO?

Denki diz ainda que a habilitação poderá ser feita diretamente com os administradores da recuperação judicial no prazo inicial de 15 dias. No entanto, é possível entrar na lista até a consolidação do quadro geral de credores, mas, após o prazo, essa inclusão só ocorrerá após ação judicial, que trará novos gastos ao consumidor.
 

A maioria das reclamações listadas no processo de recuperação judicial é de pacotes entre R$ 3.000 e R$ 30 mil, mas há gastos que ultrapassam os R$ 50 mil. Segundo especialistas, o plano de recuperação deverá prever pagamento dos valores, mas com deságio que pode chegar a 70% ou 80% do valor original. Em uma dívida de R$ 10 mil, por exemplo, o consumidor pode receber entre R$ 2.000 e R$ 3.000.
 

QUANDO VOU RECEBER O QUE PAGUEI À 123MILHAS?

Os consumidores lesados pela 123milhas podem estar entre os últimos que vão receber o dinheiro da empresa, segundo especialistas. O motivo é que fazem parte da categoria dos quirografários, que não têm garantia real de pagamento dos valores.
 

Segundo a lei de falências e recuperação judicial, no caso de falência, há uma ordem de pagamento estabelecida, que não pode ser modificada. Neste caso, recebe primeiro quem tem dívida trabalhista, depois, são pagos os créditos tributários, e, em seguida, os quirografários, categoria que envolve não apenas clientes, mas bancos e prestadores de serviços como hotéis, pousadas e companhias aéreas.
 

No caso da recuperação judicial, há um plano de pagamento mais flexível, segundo o advogado Rodrigo Macedo, especialista em recuperação e falência na Andrade Silva Advogados. "É possível à empresa em crise estruturar seu plano de recuperação judicial, que nada mais é do que uma proposta aos seus credores, contemplando prazos e condições distintas para cada classe de credores", diz.
 

Camila Crespi, especialista em reestruturação empresarial e advogada na Luchesi Advogados, acredita que, como o caso envolve um grande número de consumidores, que são credores de valores menores, a empresa possa criar uma subclasse especial para eles e oferecer condições melhores no seu plano de pagamentos das dívidas.
 

O QUE DIZ A 123MILHAS?

Em nota, a 123milhas informou que a lista enviada à Justiça poderá ser ajustada com a inclusão de novos credores ou mesmo com "ajustes de valores dos créditos listados por meio de procedimentos de habilitação e divergência", conforme prevê a lei 11.101, de 2005, que trata sobre falência e recuperação judicial.
 

"Esta atualização poderá ocorrer durante o processamento do pedido de recuperação judicial", completa a empresa, sobre o caso a ser julgado pela Vara de Belo Horizonte. No seu site, a empresa continua a oferecer passagens com preços mais atrativos, mas no link sobre a Promo123, há um aviso informando que não irá fazer nenhum pagamento, sob risco de sofrer penalidades.
 

A companhia também pede desculpas. "A 123milhas está fazendo todos os esforços para apresentar o plano de recuperação judicial que busca viabilizar a preservação da empresa e a quitação dos compromissos com seus clientes. Mais uma vez, pedimos desculpas pelos transtornos, assumindo o compromisso de manter todos informados, seja via o processo, seja via o site da 123milhas."
 

HÁ ALGUMA CHANCE DE RECEBER MEU DINHEIRO ANTES?

Segundo o advogado Daniel Báril, coordenador da área de insolvência e reestruturação de Silveiro Advogados, o pagamento dos valores exige uma certa ordem de prioridade, que, neste caso, deve ser dada aos créditos trabalhistas.
 

No entanto, afirma que, uma prática aprovada pela Justiça é a criação de subclasses dentro de uma classe de pagamentos. "É muito comum a gente ter distinção entre quirografários, de um modo geral, criando condições melhores para fornecedores essenciais, ou colaborativos', diz.
 

Com isso, não há chances de receber antes dos empregados lesados, mas pode ser que, dentro da classe considerada como quirografário, o plano de recuperação preveja pagamento antecipado aos consumidores na frente dos demais lesados.

Projeto do governo proíbe que militar da ativa se candidate, mas pode ser ministro


MILITARES NO GOVERNO - Miguel Paiva - Brasil 247

Charge do Miguel Paiva (Brasil 47)

Cézar Feitoza e Julia Chaib
Folha

O governo Lula (PT) decidiu enviar ao Congresso Nacional uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que criará regras para proibir que militares da ativa das Forças Armadas disputem eleições ou ocupem cargos no primeiro escalão do Executivo. A definição do conteúdo da PEC ocorreu na segunda-feira (28), cinco meses após o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, ter fechado um acordo sobre o tema com os comandantes Tomás Paiva (Exército), Marcos Olsen (Marinha) e Marcelo Damasceno (Aeronáutica).

O impasse que atrasou o envio da proposta ocorreu por indefinição do Palácio do Planalto, que recebeu em março uma primeira versão da redação. O ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, avaliava inicialmente encaminhar o texto ao Congresso dentro de um projeto já em tramitação, para acelerar a análise. A ideia agora é que um parlamentar governista no Senado apresente o texto avalizado pelo Planalto.

ESCOLHA DO RELATOR – Um dos mais cotados para a relatoria é o líder do governo na Casa, Jaques Wagner (PT-BA), que foi ministro da Defesa em 2015. Ele diz que ainda não foi procurado pelo Planalto. “Mas eu vou lutar pela relatoria”, disse. O texto, assinado por Múcio e pelo ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), diz que a Constituição define limites para a atuação política dos militares.

“O texto constitucional veda aos militares, por exemplo, a sindicalização e a greve, bem como a filiação a partido político enquanto estiverem na ativa. Além disso, tendo em vista a relevância da atividade militar, o ordenamento jurídico lhes impõe restrições à cumulação de cargos, bem como ao exercício de cargo, emprego ou função pública civil temporária”, diz trecho do documento.

Os dois ministros argumentam ainda que a proibição de militares permanecerem na ativa quando disputarem eleições ou ocuparem cargos no primeiro escalão do Executivo é uma “cautela adicional” para garantir a “neutralidade política das Forças Armadas”.

VAI PARA RESERVA – “Com esse objetivo, propõe-se que o militar em serviço ativo, estável, que queira se candidatar a cargo eletivo, seja transferido para a reserva no ato do registro da candidatura”, afirmam os dois ministros.

Para evitar casos como o do governo de Jair Bolsonaro (PL), que colocou militares da ativa em cargos estratégicos do Executivo, a proposta ainda cria uma “vedação para que eles ocupem cargos de Ministro de Estado, enquanto estiverem na ativa”.

Na gestão de Bolsonaro, os generais Eduardo Pazuello e Luiz Eduardo Ramos atuaram como ministros da Saúde e da Secretaria de Governo, respectivamente, ainda nos quadros ativos do Exército. Ramos deixou a Força após pressão política, e Pazuello decidiu permanecer na ativa mesmo diante de críticas.

SEM PUNIÇÃO – Na pré-campanha de Bolsonaro à reeleição, o ex-ministro da Saúde chegou a participar de uma motociata promovida por apoiadores do ex-presidente e saudou, ao microfone, os manifestantes.

A participação de Pazuello foi alvo de uma investigação no Exército, para possível punição por desrespeito ao Estatuto Militar. O comando da Força, no entanto, decidiu não punir o militar.

As mudanças promovidas pela proposta são no artigo 14, para limitar a elegibilidade de militares àqueles que estão na reserva, e no artigo 87, mas, a pedido de Jaques Wagner deixa de transferir para a reserva os militares que assumirem cargos de ministro de Estado.

Artigo 142 – A PEC também não mexe no artigo 142, como defendia setores do PT. Parlamentares do partido de Lula elaboraram uma proposta mais ampla, que retirava da Constituição a possibilidade de as Forças Armadas participarem de operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem).

A proposta, capitaneada pelo deputado Carlos Zarattini (PT-SP), estava na fase de recolhimento de assinaturas quando Múcio e os comandantes das Forças decidiram apresentar a PEC dos militares na política a Lula.

Pelas regras atuais, militares da ativa podem pedir uma licença de suas funções para se filiar a partidos políticos e disputar eleições. Se não forem eleitos, as Forças Armadas autorizam o término da licença, e os oficiais ou praças podem voltar aos quartéis.

REGRA PERMISSIVA – A avaliação de Múcio e dos comandantes das Forças é que a regra é permissiva e, na prática, pode causar a politização dos militares.

“Você não pode imaginar como isso é salutar para o país, para a democracia. O militar tem carreira, serve ao Estado brasileiro. Você sai para a política, tem insucesso [na eleição] e volta: você não é mais nem militar e fica sonhando com uma nova eleição”, disse o ministro à Folha em março.

“[O militar que tenta a política] perde os princípios hierárquicos e perde o gosto pelas Forças Armadas. Nós não estamos proibindo. Quem for que seja feliz na política. Quem ficar que seja forte como militar”, completou.

UM PENTE-FINO – Nesse mesmo caminho, os comandantes das Forças fizeram um pente-fino para identificar militares da ativa que estavam filiados a partidos políticos — infração prevista na Constituição.

“Com o propósito de cumprir a legislação vigente, decorrido o prazo estipulado de 90 dias sem que haja a correspondente desfiliação, serão adotadas as medidas disciplinares cabíveis em decorrência do eventual descumprimento da norma constitucional”, dizia um comunicado interno da Marinha, obtido pela Folha, que dava prazo para os militares se desfiliarem.

Exército e Aeronáutica tomaram idênticas providências em relação a seus quadros.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Quanto mais longe os militares estiverem da política, melhor. Um dos erros de Bolsonaro foi ter militarizado o governo. O resultado administrativo foi razoável, levando-se em conta a pandemia, mas o resultado político foi desastroso e balançou a democracia. (C.N.)


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