Charge do Oliveira, reprodução do Humor Político
Aguirre Talento e Márcio Falcão
Folha
Transferências internacionais de contas ligadas à Odebrecht no
exterior para o doleiro Alberto Youssef foram usadas para o pagamento de
propina ao PP, principalmente ao ex-deputado João Pizzolatti (SC),
segundo a Procuradoria-Geral da República. A informação consta da
denúncia protocolada na quarta-feira (30) no Supremo Tribunal Federal
contra Pizzolatti, o ex-ministro Mário Negromonte (ex-PP-BA) e outros
cinco políticos do PP sob acusação de recebimento de dinheiro desviado
da Petrobras, por meio da diretoria de Abastecimento.
Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, um dos
delatores, Rafael Ângulo, transportador de valores de Youssef,
apresentou quatro comprovantes de transferências bancárias no exterior
que tinham relação com esses pagamentos de propina.
Os repasses foram entre 2009 e 2010 em contas na Alemanha que,
segundo o Ministério Público, seriam ligadas à Odebrecht, para contas na
China e em Singapura, totalizando US$ 1,5 milhão. “Todos esses
documentos contêm vinculação à empresa Braskem [ligada à Odebrecht]”,
escreveu Janot.
NEGÓCIO DA BRASKEM
Segundo o procurador-geral da República, a propina era referente a um
negócio da Braskem com a Petrobras. “Realizadas as transferências
bancárias internacionais, Alberto Youssef disponibilizava as
correspondentes quantias em reais, no Brasil, ao PP e particularmente a
João Alberto Pizzolati Junior. Dessa forma, entre 2009 e 2010, pelo
menos US$ 1.530.000 foram repassados a título de propina”, afirmou o
procurador-geral.
Além disso, Janot apresenta uma série de elementos encontrados contra
Pizzolatti. A operação de busca e apreensão em seus endereços encontrou
patrimônio que estava mantido em nome de terceiros, segundo a denúncia.
Por exemplo, um automóvel registrado em nome de uma loja de veículos, e
um apartamento que tinha em Blumenau também sem estar em seu nome.
Foram encontrados ainda depósitos em dinheiro, fracionados, na conta pessoal dele, no total de R$ 330 mil.
FAMÍLIA NEGROMONTE
A denúncia também aponta depósitos fracionados, sem identificação do
depositante, feitos nas contas de dois ex-assessores do ex-ministro
Negromonte, como pagamentos de propina.
Foram R$ 336 mil depositados por meio de 169 operações para um assessor e R$ 534 mil em 116 operações para o outro.
Para Janot, ambos só recebiam salários da Câmara ou de outros órgãos
públicos e “não tinham motivos nem recursos para movimentar tanto
dinheiro, sem identificação de origem”.
De acordo com a denúncia, um dos assessores repassou R$ 60 mil em 37
operações para a conta pessoal mantida por Negromonte e seu filho, o
atual deputado Mário Negromonte Júnior (PP-BA).
YOUSSEF NA PARADA
Ainda contra o ex-ministro, Janot aponta entregas em dinheiro feitas
por emissários do doleiro Alberto Youssef e transferências da empresa
Unipar Carbocloro a um empresário da Bahia como forma de pagar
Negromonte.
Embora focada nos dois ex-deputados e no filho de Negromonte, a
denúncia também aponta corrupção dos deputados Arthur Lira (PP-AL), Luiz
Fernando Faria (PP-MG), José Otávio Germano (PP-RS) e Roberto Britto
(PP-BA). No caso deles, o principal elemento foram doações feitas por
empresas acusadas de envolvimento com a corrupção na Petrobras.
Os delatores Alberto Youssef e o ex-diretor de Abastecimento Paulo
Roberto Costa já sustentaram em seus depoimentos que as doações eram uma
das formas de pagamento da propina.
Segundo dados da PGR ao STF, o PP e Paulo Roberto receberam R$ 357,9
milhões em propina de contratos da estatal, entre 2006 e 2014.
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