Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

segunda-feira, março 01, 2021

Mourão concorda com Bolsonaro e diz que ‘a única saída é vacinar todo mundo, o resto é paliativo’


Mourão terá 'domínio da narrativa' quando parar de mentir | Direto da  Ciência

Mourão reconhece que o SUS é um sistema deficiente

Deu no Correio Braziliense
Agência Estado

Com a alta de casos e mortes pelo novo coronavírus, o vice-presidente Hamilton Mourão avaliou nesta segunda-feira, 1º, que a única forma de conter a pandemia da covid-19 é vacinar a população. Outras ações, na visão do vice-presidente, são “paliativas”.

Mourão, contudo, afirmou que governadores e prefeitos devem tomar as medidas que julgarem necessárias para impedir a disseminação do vírus.

SISTEMA DEFICIENTE – “O nosso sistema de saúde é um sistema que tem problemas”, disse na chegada à vice-presidência nesta manhã. Mourão destacou que antes mesmo da pandemia a falta de leitos de UTI já era uma dificuldade enfrentada no País. “Desde o começo a preocupação foi que a gente conseguisse manter a doença dentro da capacidade do sistema de saúde”, afirmou.

No sábado, 27, a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu liminar em ação ajuizada pelos Estados de São Paulo, Maranhão e Bahia contra o governo federal para a retomada do custeio de leitos de UTI destinados a pacientes com covid-19.

“Cada gestor, seja governador, seja prefeito, toma as medidas que julgar necessárias para impedir que a doença se alastre e ele não tenha condições de tratar as pessoas. Então é isso que está acontecendo”, avaliou Mourão. Nas últimas semanas, gestores locais anunciaram medidas mais duras para conter o avanço da covid-19, como fechamento de atividades não essenciais e a suspensão de aulas presenciais.

Situação complicada – O vice-presidente disse que a adesão a medidas restritivas por parte da população é uma situação “complicada”. Ele citou que a “população se cansou antes do tempo” por conta de ações de restrição tomadas anteriormente. “Na realidade, rapaz, a única saída para conter a pandemia é vacinar todo mundo. O resto tudo é paliativo. Então, a saída é a gente conseguir ir vacinando todos aí e consequentemente nós teremos condições de ter uma vida normal”, declarou.

Mourão criticou ainda a parcela jovem da população que não seguiu orientações contra aglomerações durante a pandemia. “Tem uma parcela da população que não consegue ficar dentro de casa, não aguenta ficar dentro de casa. Tem a turma jovem que vai para festa, aí fica todo mundo aglomerado na festa, depois encontra o pai, a mãe, o avô, a avó”, disse.

“O mais novo na maioria das vezes não tem sintoma, mas ele continua transmitindo. Então, são os problemas que cada gestor tem que buscar impedir para que determinados tipos de atividades ocorram”, concluiu.

Procuradores da República protestam contra celular funcional de R$ 3,6 mil: 'Esmola'


por Folhapress | Vinicius Sassine

Procuradores da República protestam contra celular funcional de R$ 3,6 mil: 'Esmola'
Foto: Reprodução / TechTudo

Mensagens obtidas pela Folha da rede interna usada por procuradores da República mostram a insatisfação de integrantes do Ministério Público Federal com a qualidade de um novo telefone celular, cujo preço de mercado oscila de R$ 2.600 a R$ 3.600, que passou a ser fornecido pela instituição.

O aparelho foi chamado de "esmola" por procuradores que recebem, além do salário de R$ 33,6 mil, auxílio-alimentação (R$ 910), abono pecuniário (de até R$ 29,9 mil) ou gratificação por acúmulo de ofício (de até R$ 7,5 mil).

Cada integrante do MPF (Ministério Público Federal) tem direito ainda a um notebook no valor de R$ 4.500 --a troca mais recente de aparelho foi feita em 2020-- e a um tablet funcional.

A opção pelo iPhone SE, feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República), foi bombardeada na rede interna de procuradores. Integrantes do MPF querem aparelhos mais modernos e mais caros.

Contracheques de um desses procuradores, disponíveis no sistema de transparência do MPF, registram recebimentos brutos de R$ 102 mil em janeiro, levando-se em conta a remuneração básica, 13º salário, um terço de férias e verbas indenizatórias, não sujeitas a abate teto. Integrantes do Judiciário e do Ministério Público têm direito a dois meses de férias.

Um contrato da PGR com a operadora Claro, assinado a partir de licitação concluída no fim de 2020, garante o fornecimento de aparelhos iPhone SE, em regime de comodato, em que não há compra de aparelhos.

Estão previstas linhas (a um custo individual de R$ 219,90 mensais) a 1.200 procuradores e a 650 servidores comissionados que usam celulares funcionais.

As mensagens, postadas na rede interna, são dirigidas ao secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação da PGR, Darlan Airton Dias, a quem cabe a gestão dos contratos.

Em nota, a PGR disse ter analisado as "ponderações apresentadas" e decidido manter a contratação, "por entender que foi feita a melhor escolha considerando as restrições orçamentárias e legais".

Em 9 de fevereiro, o procurador da República Marco Tulio Lustosa Caminha, que atua no Piauí, escreveu: "Darlan e colegas, recebemos aqui no estado um email perguntando se queremos receber somente um chip da claro, ou continuar recebendo um chip com o aparelho, COM O ALERTA QUE SE A OPÇÃO FOR ESTA ÚLTIMA O APARELHO SERÁ UM IPHONE SE!!!"

E prosseguiu: "É isso mesmo, Darlan??!!! Você acha mesmo que depois de mais de três anos com um iphone 7, já ultrapassado, processador lento, bateria ruim, tela pequena, vamos aceitar por mais outros 30 meses um iphone SE?? Acho que ninguém aqui é moleque, Darlan!!"

Segundo o procurador Caminha, 40% de seu trabalho é feito pelo celular.

"Isso é um insulto!! Não quero esmola! Acho que ninguém aqui quer esmola!! Estamos há quase um ano trabalhando de casa, celular, notebook, internet, energia"¦ Que bagunça é essa?? Estão querendo nos humilhar??!! Não aceito humilhação, Darlan. Acho que devemos ser respeitado!!!"

O procurador finalizou a mensagem perguntando quem vai pagar por esse "gato" e com um pedido "encarecido" aos colegas de MPF: "NÃO ACEITEM ESSA ESMOLA!!"

Caminha recebeu abonos pecuniários em janeiro de 2020 e de 2021, cada um no valor de R$ 29,4 mil, segundo os contracheques no serviço de transparência do MPF.

Além disso, de fevereiro a dezembro de 2020, recebeu gratificação por acúmulo de ofícios, no valor de R$ 4.800 a R$ 6.100 mensais. A remuneração total em janeiro chegou a R$ 102 mil, conforme os contracheques.

Em nota, a Procuradoria no Piauí disse que a fala na rede interna foi retirada de um contexto de ampla discussão sobre a necessidade de troca dos celulares.

"O cerne da discussão deu-se em razão da necessidade de trabalho, sobretudo neste período de home office, por celulares com telas maiores e sistema operacional seguro, como bem já recomendou a Secretaria de Tecnologia da PGR."

A Apple fornece segurança em seu sistema operacional e, na rede usada pelos procuradores, levantou-se a discussão sobre o contrato da PGR "não atender às necessidades dos membros em razão do tamanho da tela do aparelho iPhone SE, da defasagem em relação às novas tecnologias (5G) e do custo-benefício de um contrato longo, de 30 meses".

Segundo a Procuradoria no Piauí, o contrato foi suspenso pela PGR. Já a PGR afirmou que a contratação está mantida: "Trata-se de um modelo intermediário, que atende às necessidades a um custo adequado para a administração, possui sistema operacional reconhecidamente mais seguro, há uma cultura de uso na instituição e tem compatibilidade com outro equipamento (iPad) fornecido pelo MPF."

Sobre os abonos pecuniários, a Procuradoria no Piauí disse ser um direito do procurador. É o mesmo caso da gratificação por acúmulo de ofício, desde que o período seja superior a três dias úteis. Os recebimentos somaram R$ 69 mil em janeiro, não R$ 102 mil, conforme a nota.

Na rede interna, a mensagem do procurador Caminha foi corroborada pela procuradora Ana Paula Ribeiro Rodrigues, que atua no Rio. "É incrível essa notícia trazida pelo Marco Tulio. Torcendo para que haja algum equívoco nisso", afirmou.

"Eu ia perguntar O QUE ACONTECEU COM ESSA INSTITUIÇÃO. Mas, pensando bem, o que aconteceu eu sei: morreu, acabou, resta-nos agir como burocratas e ir levando e, quem pode, vai se virando ou cai fora. A pergunta é: COMO ISSO ACONTECEU?", prosseguiu.

A procuradora afirmou que "em alguns casos, a opção não aceitar a esmola não se coloca". "Essas notícias chegam nessa situação de penúria, em que a gente fica desesperado atrás de acumulações para poder complementar o salário. Isso para os 'privilegiados' que conseguem chances de acumular."

Ana Paula Rodrigues recebeu gratificações por acumulações de fevereiro a dezembro, de R$ 5.600 a R$ 7.400 por mês, conforme os contracheques disponíveis.

Em nota, o MPF no Rio disse que não comentará "supostas mensagens" enviadas por seus membros em canais internos de comunicação. Sobre o acúmulo de ofícios, o MPF deu a mesma explicação fornecida pela Procuradoria no Piauí.

Outro procurador, José Leão Junior, escreveu logo em seguida: "Existem estudos a mostrar que, quanto mais alguém é maltratado, vilipendiado ou seviciado em relação a um trabalho ou afazer, mais tal pessoa agarrar-se-á a seus escrúpulos para desempenhar com mais desvelo ou elevação tal afazer, de modo a não deixar entrar em colapso (ou processo de dissolução) certa faceta --que lhe é cara-- do self."

E finalizou: "Em suma, um jogo pavloviano em ordem de estimulação contraditória. Dizem que a rigor funciona direitinho."

Leão recebeu abonos pecuniários em janeiro de 2020 e em janeiro de 2021 (R$ 14,9 mil por mês) e gratificações por acúmulo de ofícios de fevereiro a dezembro (com valores mensais de R$ 3.700 a R$ 7.100).

Em nota, a Procuradoria da República em São Paulo afirmou que não comentará "possíveis mensagens privadas vazadas de seus membros".

Os abonos pecuniários são conversões de um terço das férias, previstas em lei, segundo a nota. O acúmulo de ofícios também é uma previsão legal, que permite a continuidade dos processos, com gratificação correspondente a um terço do subsídio do procurador designado, para cada 30 dias de acumulação, ainda conforme a Procuradoria em São Paulo.

Bahia Notícias

Governadores repudiam ataques do Governo Federal aos Estados

 em 1 mar, 2021 11:27

Presidente Jair Bolsonaro publicou os repasses em sua rede social (Foto: Reprodução da rede social do presidente)

Governadores de 16 estados brasileiros divulgaram nesta segunda-feira, 1º de março, um abaixo assinado manifestando preocupação em relação as declarações do Governo Federal, ao divulgar nos instrumentos de comunicação oficial, informações sobre os valores repassados para os Estados durante o ano de 2020. Os governadores entendem a divulgação como uma maneira de produzir informação distorcida, gerar interpretações equivocadas e atacar governos locais.

“Em meio a uma pandemia de proporção talvez inédita na história, agravada por uma contundente crise econômica e social, o Governo Federal parece priorizar a criação de confrontos, a construção de imagens maniqueístas e o enfraquecimento da cooperação federativa essencial aos interesses da população”, diz a nota.

matéria foi publicada no site do Governo Federal e em uma rede social do presidente Jair Bolsonaro no último domingo, 28 de fevereiro. Na matéria o Governo Federal afirma que vem realizando diversas medidas de apoio a estados brasileiros desde o início da pandemia, e que já foram repassados mais de R$ 420 bilhões direto aos caixas dos governos estaduais até 15 de janeiro de 2021.O Governo Federal alega ter suspendido as dívidas dos estados com a União e realizou o pagamento do Auxílio Emergencial à população.

Governo Federal publicou matéria com os repasses para o estados (Foto: reprodução do site do Governo Federal)

No abaixo assinado, os governadores afirmam que no modelo federativo brasileiro, boa parte dos impostos federais (como o Imposto de Renda pago por cidadãos e empresas) pertence aos Estados e Municípios, da mesma forma que boa parte dos impostos estaduais (como o ICMS e o IPVA) pertence aos Municípios, e que em nenhum desses casos a distribuição tributária se deve a um favor dos ocupantes dos cargos de chefe do respectivo Poder Executivo, e sim a expresso mandamento constitucional.

“Nesse sentido, a postagem hoje veiculada nas redes sociais da União e do Presidente da República contabiliza majoritariamente os valores pertencentes por obrigação constitucional aos Estados e Municípios, como os relativos ao FPE, FPM, FUNDEB, SUS, royalties, tratando-os como uma concessão política do atual Governo Federal. Situação absurda similar seria se cada Governador publicasse valores de ICMS e IPVA pertencentes a cada cidade, tratando-os como uma aplicação de recursos nos Municípios a critério de decisão individual”, aponta a nota.

Os governadores afirmam que os recursos efetivamente repassados para a área de Saúde é uma parcela minoritária dentro do montante publicado pelo Governo Federal, e todos os instrumentos de auditoria de repasses federais estão em vigor.

“Adotando o padrão de comportamento do Presidente da República, caberia aos Estados esclarecer à população que o total dos impostos federais pagos pelos cidadãos e pelas empresas de todos Estados, em 2020, somou R$ 1,479 trilhão. Se os valores totais, conforme postado hoje, somam R$ 837,4 bilhões, pergunta-se: onde foram parar os outros R$ 642 bilhões que cidadãos de cada cidade e cada Estado brasileiro pagaram à União em 2020?”, questiona a nota.

Assinaram o abaixo assinado os Governadores de Alagoas, Amapá, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.

Por Karla Pinheiro

Bahia Notícias

A cada três pessoas intubadas no Brasil com Covid-19, duas morreram


A cada três pessoas intubadas no Brasil com Covid-19, duas morreram
Foto: Reprodução / TV Globo

Dois a cada três brasileiros que são intubados com Covid-19 vêm a óbito. É o que aponta o levantamento "UTIs Brasileiras", realizado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira em parceria com a empresa Epimed, que analisou as internações de 98 mil pessoas desde o dia 1º de março de 2020.

 

Segundo o Uol, quase metade (46,3%) dos pacientes internados precisaram de ventilação mecânica. Desses, 66,3% morreram. Enquanto isso, pessoas que não precisam da intubação têm taxa de 9% de mortalidade.

 

O procedimento só é realizado em pacientes que desenvolvem a forma mais grave da infecção pelo coronavírus, quando o pulmão já está tão comprometido que causa debilidade respiratória severa.

 

"É preciso evitar esse mal-entendimento. Algumas pessoas começaram a achar: 'Se eu for intubado, vou morrer'. Aí aconteceram alguns absurdos de pessoas não irem para o hospital e morrerem em casa. Os pacientes precisam entender que, em casos graves, a única maneira dele não morrer é essa. Sem isso, a chance de morte é de 100%. Quando a intubação é feita de forma correta, o paciente não sente absolutamente nada", afirma Ederlon Rezende, coordenador do projeto e ex-presidente da Amib.

 

Apesar do número alto de mortes contabilizadas, Rezende afirma que as UTIs no Brasil salvam mais pacientes hoje do que no início da pandemia. "Um estudo feito com os 250 mil pacientes que precisavam de ventilação mecânica mostrou uma mortalidade de 80%. Estamos aprendendo a melhorar a sobrevida e temos conseguido alguns avanços", diz.

 

Ainda assim, as sequelas deixadas pelo novo coronavírus matam 25% dos pacientes que foram intubados, seis meses após deixarem o hospital. 

 

Na comparação entre hospitais públicos e particulares, os primeiros registram maior mortalidade. A taxa é de 49,4% contra 27,2%.

 

"Temos que destacar vários fatores para isso. O primeiro é que os pacientes que procuram o serviço público, habitualmente, têm um acesso limitado à atenção primária, são pacientes com mais comorbidades, que têm uma condição mais debilitada de quem usa o serviço privado. E, como a disponibilidade de leitos é muito maior na rede privada do que na pública, você vai receber pacientes menos graves. Além disso, é muito difícil encontrar uma UTI privada colapsada", explica Rezende.

Bahia Notícias
 

Liberou Geral! Ibama e Funai permitem que agricultores plantem em reservas indígenas


Facebook: linguagem para trabalhar a diversidade cultural na educação geográfica.

Charge do Sinfrônio (Arquivo Google)

André Borges
Estadão

 O Ibama e a Fundação Nacional do Índio (Funai) publicaram uma instrução normativa conjunta nesta quarta-feira, 24, que abre espaço para a produção agrícola no interior de terras indígenas, e não apenas pelos índios, mas também por meio de associações com outros produtores não indígenas. Pela nova regra, só fica proibido o arrendamento puro e simples, ou seja, o aluguel da terra indígena para os produtores de fora.

Com a medida, governo Jair Bolsonaro avança, aos poucos, em sua pauta de explorar o interior das terras indígenas, apesar de o tema ser de competência do Legislativo, por exigir regulamentações previstas na Constituição Federal.

DEPUTADO REAGE – Na tarde desta quarta-feira, 24, o deputado federal Rodrigo Agostinho (PSB-SP) protocolou na Câmara um projeto de decreto legislativo, no qual pede que os efeitos da instrução normativa sejam sustados. “A Instrução Normativa Conjunta n.º 1, de 22 de fevereiro de 2021 ataca frontalmente e desrespeita o direito ao usufruto exclusivo dos povos indígenas relativamente às suas terras tradicionais”, afirma o parlamentar, no documento.

A instrução prevê que o processo de licenciamento ambiental das produções poderá ser feito pelos “próprios indígenas usufrutuários por meio de associações, organizações de composição mista de indígenas e não indígenas, cooperativas ou diretamente via comunidade indígena”.

Segundo os órgãos que assinam a instrução, há “necessidade de construção de um normativo específico para estabelecer um rito específico entre Ibama e Funai para o licenciamento ambiental das atividades desenvolvidas pelos próprios indígenas, de forma isolada ou associativa”.

IMPACTO AMBIENTAL – O regramento prevê que a Funai terá 30 dias para manifestar em relação à legitimidade do empreendedor para propor o licenciamento ambiental dentro da terra indígena, prazo prorrogável pelo Ibama por até mais dez dias. O Ibama, ao verificar se a atividade ou o empreendimento é potencialmente causador de degradação significativa ao meio ambiente, definirá quais estudos ambientais serão exigidos.

O secretário adjunto do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber César Buzatto, critica a decisão. “Consideramos que a Instrução Normativa em questão é uma armadilha do governo Bolsonaro contra os povos indígenas do Brasil, por permitir a exploração das terras indígenas por parte de pessoas alheias às terras e aos povos, favorecendo o alastramento dos interesses do agronegócio no interior das terras indígenas e o consequente aprisionamento destas a um modelo exploratório insustentável ambiental e socialmente”, disse à reportagem.

Buzatto, que é advogado, também vê inconstitucionalidade no ato. “Avaliamos como inconstitucional a Instrução Normativa Conjunta, uma vez que ela ataca frontalmente e desrespeita o direito ao usufruto exclusivo dos povos indígenas relativamente às suas terras tradicionais.”

RURALISTAS AVANÇAM – A proibição legal de se explorar terras indígenas demarcadas não tem impedido que produtores fechem acordos com aldeias espalhadas por todo o País, avançando com o plantio de grãos e criação de gado sobre essas terras. Em dezembro de 2018, o Estadão fez um levantamento sobre as terras indígenas que eram alvos desse tipo de atividade irregular.

Segundo dados fornecidos à época pela Funai, por meio da Lei de Acesso à Informação, havia ao menos 22 terras indígenas do País com trechos arrendados para produtores, o que continua a ser proibido, mesmo pela nova instrução.

As negociações clandestinas entre produtores e indígenas incluem desde o pagamento de mensalidades para os índios, até a divisão da produção colhida ou vendida. Nessas 22 terras, havia mais de 48 mil índios convivendo com a exploração ilegal do solo. A área total arrendada aos produtores externos chegava a 3,1 milhões de hectares, um território equivalente a mais de cinco vezes o tamanho do Distrito Federal.

ILHA DO BANANAL – É no Tocantins que se encontra o maior caso dessas irregularidades. Na Ilha do Bananal, maior ilha fluvial do planeta, formada pelos rios Araguaia e Tocantins, lideranças de quase 4 mil indígenas de diversas etnias recebem mesadas para abrir suas terras a criadores de gado de corte. As margens da ilha de 1,3 milhão de hectares são cobiçadas pela qualidade do pasto, por conta do fluxo dos rios.

A região Sul do País é a que mais concentra as explorações ilegais. Das 22 terras indígenas com atividades irregulares, sete ficam no Rio Grande do Sul e uma no Paraná.

Em fevereiro de 2019, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, fizeram uma visita à Cooperativa Agropecuária dos Povos Indígenas Haliti-Paresis, Nambikwara e Manoki, no Mato Grosso. Salles, que usou cocar e apareceu em vídeo dançando com os índios, escreveu, na ocasião, que os índios “plantam e produzem com muita competência, demonstrando que podem se integrar ao agro sem perder suas origens e tradições”.

AVALIAÇÃO POSITIVA –A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que integra mais de 280 deputados, disse à reportagem que é favorável à instrução normativa. “A medida trata de licenciamento ambiental para atividades realizadas em terra já demarcadas e homologadas em busca da autossuficiência dos povos, com sustentabilidade e garantindo a dignidade da comunidade”, declarou.

Segundo a FPA, “a norma vem para regulamentar uma prática já adotada, como exemplo de alguns casos realizados no Mato Grosso, com anuência do Ministério Público Federal”.

A simplificação do processo de licenciamento ambiental, segundo a Frente, é “pauta prioritária” e a instrução “vai ao encontro das necessidades já identificadas no setor agropecuário brasileiro, bem como para as terras indígenas, de forma que garanta segurança jurídica ao processo de licenciamento”.

RENDA PARA OS ÍNDIOS – A produção agrícola indígena, declarou a bancada ruralista, tem o “objetivo de garantir acesso à renda, tecnologia e assistência técnica aos produtores indígenas no país e a possibilidade desses mesmos indígenas explorarem economicamente suas terras com atividades como agricultura e pecuária”.

Questionada sobre a legalidade de seu ato com o Ibama, a Funai declarou que “não coaduna com qualquer conduta ilícita”.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Parodiando o grande compositor Ataulfo Alves, podemos dizer que “a burrice nessa gente é uma arte”. O arrendamento de terras indígenas sempre ocorreu, especialmente em Roraima, para plantio de arroz. Era ilegal, mas do interesse dos índios, que não são chegados ao trabalho. Essa forma canhestra de legalização vai pegar muito mal no exterior, onda a imagem do Brasil já está mais do que emporcalhada, (C.N.)

Procuradores do MPF que recebem até R$ 100 mil protestam contra celular funcional de R$ 3.600: “uma esmola”


Charge reproduzida do Arquivo Google

Vinicius Sassine
Folha

Mensagens obtidas pela Folha da rede interna usada por procuradores da República mostram a insatisfação de integrantes do Ministério Público Federal com a qualidade de um novo telefone celular que passou a ser fornecido pela instituição, cujo preço de mercado oscila de R$ 2.600 a R$ 3.600.

O aparelho foi chamado de “esmola” por procuradores que recebem, além do salário de R$ 33,6 mil, auxílio-alimentação (R$ 910), abono pecuniário (de até R$ 29,9 mil) ou gratificação por acúmulo de ofício (de até R$ 7,5 mil). Cada integrante do MPF ( Ministério Público Federal) tem direito ainda a um notebook no valor de R$ 4.500 —a troca mais recente de aparelho foi feita em 2020— e a um tablet funcionais.

CRÍTICAS – A opção pelo iPhone SE, feita pela PGR (Procuradoria-Geral da República), foi bombardeada na rede interna de procuradores. Integrantes do MPF querem aparelhos mais modernos e mais caros.

Contracheques de um desses procuradores, disponíveis no sistema de transparência do MPF, registram recebimentos brutos de R$ 102 mil em janeiro, levando-se em conta a remuneração básica, 13º salário, um terço de férias e verbas indenizatórias, não sujeitas a abate teto. Integrantes do Judiciário e do Ministério Público têm direito a dois meses de férias.

Um contrato da PGR com a operadora Claro, assinado a partir de licitação concluída no fim de 2020, garante o fornecimento de aparelhos iPhone SE, em regime de comodato, em que não há compra de aparelhos. Estão previstas linhas (a um custo individual de R$ 219,90 mensais) a 1.200 procuradores e a 650 servidores comissionados que usam celulares funcionais.

“PONDERAÇÕES” – As mensagens de críticas aos aparelhos, postadas na rede interna, são dirigidas ao secretário de Tecnologia da Informação e Comunicação da PGR, Darlan Airton Dias, a quem cabe a gestão dos contratos. Em nota, a PGR disse ter analisado as “ponderações apresentadas” e decidido manter a contratação, “por entender que foi feita a melhor escolha considerando as restrições orçamentárias e legais”.

Em 9 de fevereiro, o procurador da República Marco Tulio Lustosa Caminha, que atua no Piauí, escreveu: “Darlan e colegas, recebemos aqui no estado um email perguntando se queremos receber somente um chip da claro, ou continuar recebendo um chip com o aparelho, com o alerta que se a opção for esta última o aparelho será um Iphone SE!!!”

E prosseguiu: “É isso mesmo, Darlan??!!! Você acha mesmo que depois de mais de três anos com um iphone 7, já ultrapassado, processador lento, bateria ruim, tela pequena, vamos aceitar por mais outros 30 meses um iphone SE?? Acho que ninguém aqui é moleque, Darlan!!”

INSULTO – Segundo o procurador Caminha, 40% de seu trabalho é feito pelo celular. “Isso é um insulto!! Não quero esmola! Acho que ninguém aqui quer esmola!! Estamos há quase um ano trabalhando de casa, celular, notebook, internet, energia… Que bagunça é essa?? Estão querendo nos humilhar??!! Não aceito humilhação, Darlan. Acho que devemos ser respeitado!!!”

O procurador finalizou a mensagem perguntando quem vai pagar por esse “gato” e com um pedido “encarecido” aos colegas de MPF: “Não aceitem essa esmola !!”. Caminha recebeu abonos pecuniários em janeiro de 2020 e de 2021, cada um no valor de R$ 29,4 mil, segundo os contracheques no serviço de transparência do MPF.

Além disso, de fevereiro a dezembro de 2020, recebeu gratificação por acúmulo de ofícios, no valor de R$ 4.800 a R$ 6.100 mensais. A remuneração total em janeiro chegou a R$ 102 mil, conforme os contracheques. Em nota, a Procuradoria no Piauí disse que a fala na rede interna foi retirada de um contexto de ampla discussão sobre a necessidade de troca dos celulares.

DISCUSSÃO – “O cerne da discussão deu-se em razão da necessidade de trabalho, sobretudo neste período de home office, por celulares com telas maiores e sistema operacional seguro, como bem já recomendou a Secretaria de Tecnologia da PGR.”

A Apple fornece segurança em seu sistema operacional e, na rede usada pelos procuradores, levantou-se a discussão sobre o contrato da PGR “não atender às necessidades dos membros em razão do tamanho da tela do aparelho iPhone SE, da defasagem em relação às novas tecnologias (5G) e do custo-benefício de um contrato longo, de 30 meses”. Segundo a Procuradoria no Piauí, o contrato foi suspenso pela PGR.

CONTRATAÇÃO MANTIDA – Já a PGR afirmou que a contratação está mantida: “Trata-se de um modelo intermediário, que atende às necessidades a um custo adequado para a administração, possui sistema operacional reconhecidamente mais seguro, há uma cultura de uso na instituição e tem compatibilidade com outro equipamento (iPad) fornecido pelo MPF.”

Sobre os abonos pecuniários, a Procuradoria no Piauí disse ser um direito do procurador. É o mesmo caso da gratificação por acúmulo de ofício, desde que o período seja superior a três dias úteis. “O exercício cumulativo permite o andamento dos feitos durante afastamentos de procuradores.” Os recebimentos somaram R$ 69 mil em janeiro, não R$ 102 mil, conforme a nota.

Na rede interna, a mensagem do procurador Caminha foi corroborada pela procuradora Ana Paula Ribeiro Rodrigues, que atua no Rio. “É incrível essa notícia trazida pelo Marco Tulio. Torcendo para que haja algum equívoco nisso”, afirmou. “Eu ia perguntar o que aconteceu com essa instituição. Mas, pensando bem, o que aconteceu eu sei: morreu, acabou, resta-nos agir como burocratas e ir levando e, quem pode, vai se virando ou cai fora. A pergunta é: como isso aconteceu?”, prosseguiu.

“PENÚRIA” – A procuradora afirmou que “em alguns casos, a opção não aceitar a esmola não se coloca”. “Essas notícias chegam nessa situação de penúria, em que a gente fica desesperado atrás de acumulações para poder complementar o salário. Isso para os ‘privilegiados’ que conseguem chances de acumular.” Ana Paula Rodrigues recebeu gratificações por acumulações de fevereiro a dezembro, de R$ 5.600 a R$ 7.400 por mês, conforme os contracheques disponíveis.

Em nota, o MPF no Rio disse que não comentará “supostas mensagens” enviadas por seus membros em canais internos de comunicação. Sobre o acúmulo de ofícios, o MPF deu a mesma explicação fornecida pela Procuradoria no Piauí.

“MALTRATADO” – Um terceiro procurador, José Leão Junior, escreveu logo em seguida na rede interna: “Existem estudos a mostrar que, quanto mais alguém é maltratado, vilipendiado ou seviciado em relação a um trabalho ou afazer, mais tal pessoa agarrar-se-á a seus escrúpulos para desempenhar com mais desvelo ou elevação tal afazer, de modo a não deixar entrar em colapso (ou processo de dissolução) certa faceta –que lhe é cara– do self.” E finalizou: “Em suma, um jogo pavloviano em ordem de estimulação contraditória. Dizem que a rigor funciona direitinho.”

Leão recebeu abonos pecuniários em janeiro de 2020 e em janeiro de 2021 (R$ 14,9 mil em cada mês) e gratificações por acúmulo de ofícios de fevereiro a dezembro (com valores mensais entre R$ 3.700 e R$ 7.100). Em nota, a Procuradoria da República em São Paulo afirmou que não comentará “possíveis mensagens privadas vazadas de seus membros”.

Os abonos pecuniários são conversões de um terço das férias, previstas em lei, segundo a nota. O acúmulo de ofícios também é uma previsão legal, que permite a continuidade dos processos, com gratificação correspondente a um terço do subsídio do procurador designado, para cada 30 dias de acumulação, ainda conforme a Procuradoria em São Paulo.

Braga Netto enfrenta críticas e a gestão da Casa Civil é vista como ‘apagada’ e ‘omissa’


Braga Netto defende Mandetta e é alvo de ala ideológica

Braga Netto não conseguiu fazer o governo federal se acertar

Gustavo Maia e Daniel Gullino
O Globo

O general da reserva Walter Braga Netto completou um ano como chefe da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro na semana passada sem alarde. De perfil discreto, ele atua nos bastidores na coordenação entre os ministérios e assessorando o presidente. A falta de vocação e disposição para os holofotes já começaram a render críticas entre alguns integrantes do governo, que classificam sua gestão como “apagada” e “omissa”.

Quando chegou ao Palácio do Planalto, em 18 de fevereiro do ano passado, as expectativas eram altas dentro do governo, em razão da pretensa militarização da cúpula da gestão Bolsonaro — ele vinha do comando do Estado-Maior do Exército. Braga Netto foi incumbido de fazer um choque de gestão, após a passagem de Onyx Lorenzoni pela Casa Civil, considerada fraca.

Avesso à imprensa, Braga Netto não concedeu sequer uma entrevista a um veículo de comunicação específico e participou de poucas coletivas, no início da pandemia.

ATOS NORMATIVOS – Procurada pelo Globo, a Casa Civil apresentou uma série de ações desenvolvidas desde que o ministro assumiu o posto. Elas incluem a participação na edição de mais de 1.500 atos normativos, a interlocução com a sociedade civil, e a Operação Acolhida, de recebimento de refugiados venezuelanos.

Quase simultaneamente à entrada de Braga Netto no governo, o coronavírus também chegou ao Brasil. O ministro assumiu então o papel de coordenador do comitê de crise e concentrou a comunicação das ações de combate à doença no Planalto. Um dos objetivos era agradar Bolsonaro, que estava irritado com o protagonismo do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

A avaliação de alguns governistas, em reservado, é que o esforço se dispersou ao longo dos meses, à medida que o número de mortes por Covid-19 crescia vertiginosamente. A principal queixa é uma suposta inação da pasta no processo de aquisição de vacinas.

CRISE DAS VACINAS – Na semana passada, o Ministério da Saúde pediu orientação da Casa Civil sobre como proceder para resolver os impasses nas negociações para compra de imunizantes dos laboratórios Janssen e Pfizer.

O comitê de crise contra a Covid-19, ainda em funcionamento, tem um grupo de trabalho focado em vacinas. Integrantes da Casa Civil acreditam que até o fim do primeiro semestre o Brasil já será autossuficiente na produção dos imunizantes.

Uma das ações de maior repercussão de Braga Netto foi o lançamento do programa de obras Pró-Brasil, em abril do ano passado. A iniciativa, contudo, sofreu resistência do ministro da Economia, Paulo Guedes. O episódio marcou uma inflexão na postura pública do chefe da Casa Civil.

SEM MARCA E SLOGAN – Integrantes da pasta alegam que os projetos elencados no programa acabaram sendo tocados em suas respectivas pastas, em especial pelo Ministério da Infraestrutura, sem a marca e um slogan.

Uma das atuais funções da Casa Civil é coordenar o processo de entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Dos 245 instrumentos necessários para integrar a entidade, o país cumpriu 98 (40%), sendo 33 nos últimos dois anos.

No início deste mês, o comitê de política ambiental do órgão cancelou a discussão sobre a entrada do Brasil no grupo por conta de uma carta enviada pela Human Rights Watch, segundo a qual o governo Bolsonaro tem trabalhado ativa e abertamente contra as políticas da OCDE. Outro revés foi o fim do mandato do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, aliado de Bolsonaro na iniciativa. Mesmo assim, dentro da Casa Civil a expectativa é que a entrada na OCDE será alcançada ainda em 2021.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – A entrada na OCDE é apenas Piada do Ano, o Brasil não tem mais a menor chance, devido à política adotada pelos três Poderes da República para garantir a impunidade dos corruptos, um tabu da organização internacional. Quanto à saída do governo, Braga Netto é imexível, igual a Rogerio Magri, ministro do Trabalho no governo de Collor. Magri levou a cachorra ao veterinário e justificou dizendo que ela era “um ser humano como outro qualquer”. É mais fácil Bolsonaro sair do que Braga Netto ser demitido. (C.N.)

Em destaque

Na igreja, bispa pede que Trump tenha misericórdia de migrantes e transgêneros

Publicado em 22 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Bispa fez apelo dramático e Trump fingiu não ter ...

Mais visitadas