Nelson de SáFolha
Este final de ano começou com manchetes no Drudge Report, portal de referência da direita americana, para os exercícios militares de Rússia, China e Irã no Oriente Médio. A cobertura se estendeu, entre outros, pelo chinês Global Times e pelo britânico Financial Times, este ressaltando que os “jogos de guerra projetam a influência crescente dos rivais dos EUA” na região.
Noite de domingo, os EUA divulgaram, por Washington Post e outros, o ataque a uma “milícia apoiada pelo Irã” no Iraque, não muito distante dos exercícios dos “rivais”.
RÚSSIA DISPARA – Ao fundo, New York Times e outros destacaram a estreia do “míssil hipersônico” Avangard. “Arma russa pode atingir 27 vezes a velocidade do som”, trombeteou Drudge.
E o Wall Street Journal reportou que neste fim de ano “Mercados russos disparam com investidores olhando para além das sanções dos EUA”, atentos “aos sinais de melhora da economia”, agora “aposta segura”.
E AO EMERGENTES? – O Financial Times parece se dividir quanto às perspectivas para Brasil e outros emergentes em 2020. Na sexta, sublinhou “desafios” como a projetada desaceleração dos EUA, ouvindo gestoras de investimento como Eaton Vance, CME Group e Rabobank.
Anotou que “os investidores foram surpreendidos quando protestos eclodiram no Chile, antes oásis de estabilidade, e se espalharam para a Colômbia”. Surgiram, por exemplo, dúvidas sobre o ritmo das reformas brasileiras.
HÁ ESPERANÇAS – No domingo, soltou que as “esperanças da América Latina repousam no Brasil” e suas reformas, acrescentando que “o Chile, antes estrela na América latina, projeta uma sombra sobre a região”.
Ouvindo brasileiros como o economista-chefe do Itaú, ressalta que eles “preveem que as políticas pró-empresas de Jair Bolsonaro vão finalmente entregar a tão esperada recuperação, impulsionando o crescimento para 2%-2,6% —embora admitam que previsão igualmente otimista para este ano não se concretizou”.
PÊNDULO VOLTOU -O correspondente Ernesto Londoño publica no New York Times que “o pêndulo voltou”, frase que ouviu do procurador Deltan Dallagnol para expressar o novo quadro, em que a “luta contra a corrupção parou”. Mais até: no subtítulo, “acabou”.
O agora ministro Sergio Moro é citado mais para o final, após menções ao “zelo e velocidade incomuns” na condenação que tirou Lula “das urnas e pavimentou o caminho para eleger o candidato de extrema direita”. Moro só aceitou perguntas por escrito e “algumas não respondeu”.