Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Filho gera dívida de idosos

Marcelle Souza
do Agora

Eunice Maceió Francisco, 62 anos, aposentada, teve que pegar um empréstimo após o marido ficar doente. Josefa Messias do Nascimento, 65, também aposentada, ficou com uma dívida de R$ 2.000 porque não pagou as fotografias tiradas de seus netos.

Elas fazem parte dos 3% de endividados paulistanos que têm mais de 60 anos, de acordo com um levantamento da ACSP (Associação Comercial de São Paulo). Desde 2008, o número de idosos nessa situação varia de 2% a 4%.

Apesar da porcentagem baixa, os idosos têm um perfil diferente de endividado. "Os idosos normalmente assumem dívidas para ajudar a família. Pegam empréstimo ou emprestam o nome para alguém que está com o nome sujo", afirma Emílio Alfieri, economista-chefe da ACSP.

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora nesta segunda

Veja 60 mil chances em seleções de todo o país

Enviar por e-mail
03/01/2011Veja 60 mil chances em seleções de todo o paísCarol Rocha
do Agora

O ano de 2011 começa com uma boa previsão para quem pretende tentar uma chance no funcionalismo. A expectativa é que sejam criadas aproximadamente 55 mil vagas em seleções municipais, estaduais e federais. Somadas às 5.319 chances que já estão abertas, com vagas no Estado, serão 60.039 oportunidades.

Para os concursos já abertos ou com data de inscrição definida, é possível saber os cargos e os salários. Entre eles, há duas seleções no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (286 oportunidades).

Dessas, 93 vagas são para escrevente técnico judiciário, nas comarcas e foros distritais de Guarulhos (Grande SP) e de Campinas (93 km de SP). É preciso ter o ensino médio. O salário é de R$ 2.782,60.

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora nesta segunda,

Começaram as pressões

Carlos Chagas

Antes mesmo da posse, começaram as pressões sobre Dilma Rousseff. Os mesmos de sempre, ou seja, as elites neoliberais, entre críticas virulentas ao Lula por não ter feito, exigem que a sucessora faça. Fazer o quê? Atender a seus interesses retrógrados, expostos nos editoriais dos principais jornalões:

Reforma trabalhista, com o que chamam de “revogação de anacrônicos direitos”, daqueles que não conseguiram suprimir até agora. Sob o pretexto de verem reduzidos os encargos das folhas de pagamento das empresas, chegam veladamente à supressão do décimo-terceiro salário, das férias remuneradas e das horas extraordinárias. Parece brincadeira, mas é aí que pretendem chegar.

Reforma tributária, como a entendem, sob a égide da enganadora proposta de “melhor será mais cidadãos pagarem impostos porque, assim, todos pagarão menos”. Uma farsa, pois desejam mesmo é taxar os pobres, para os ricos terem diminuídos seus impostos. Forçarão mais isenções, no modelo daquela maior, de que investimentos e especulações com dinheiro estrangeiro não pagam imposto de renda. Que tal livrar as especulações nacionais, também?

Reforma política é outra moeda de duas faces. No fundo, gostariam de reduzir o número de pequenos partidos, mas não só os de aluguel. Visam calar a voz dos pequenos partidos de esquerda, históricos ou modernos, do tipo PCdoB, PCB, PSB, Psol e outros, que ainda protestam, transformando os grandes em massa amorfa, insossa e inodora, nivelados no mesmo denominador comum. Imaginam PMDB, PSDB, PT, PP e outros cedendo às suas imposições, já que manteriam sua independência formal, mas rezariam pela cartilha da acomodação neoliberal.

Reforma de gestão também entra no cardápio. Impõem a redução de gastos públicos e a minimização do poder do Estado, preocupados em reduzir sua presença na economia e no plano social. Pregam a demissão em massa do funcionalismo, a suspensão de concursos públicos, o congelamento e até a redução de vencimentos e salários nas empresas privadas. Investimentos em políticas públicas, só se participarem dos lucros, da medicina ao ensino, dos transportes à geração de energia. �

Reforma da Previdência Social não poderia faltar, dentro do objetivo maior de sufocar o que é público em favor do que pretendem privado. A meta é nivelar por baixo todas as aposentadorias, reduzindo-as ao salário mínimo, para levar a classe média a investir nas aposentadorias privadas, como se não fosse direito do trabalhador encerrar com dignidade suas atividades depois de décadas de esforço continuado. Alegam que a Previdência Pública dá prejuízo, quando não dá. Além do mais, o governo é um só, o caixa deveria funcionar num sistema de vasos comunicantes, porque muitas de suas atribuições dão lucro. �

Como o Lula atendeu pouco a essas reivindicações, apesar de haver cedido em muitas, imaginam poder pressionar e aprisionar Dilma Rousseff, cuja estratégia e imagem entendem amoldar aos seus interesses. Podem estar enganados…

SEM COMPROMISSO COM O ERRO

Chamou a atenção a repetição, no discurso de posse da nova presidente, de sua decisão de não compactuar com o erro, os desvios e os malfeitos, se verificados em sua administração. Tomara que assim aconteça e que o primeiro episódio de corrupção, daqueles que fatalmente ocorrem em todos os governos, seja enfrentado com mão de ferro. Condições para isso Dilma Rousseff dispõe, até mais do que o Lula dispôs. Não tem compromisso com partidos, muito menos com grupos econômicos.

MOCINHOS E BANDIDOS

Lembrou Helena Chagas, em discurso na transmissão do ministério da Comunicação Social, recebido das mãos de Franklin Martins, lições de um seu velho professor, sobre não estar o mundo dividido entre mocinhos e bandidos. A praga do maniqueísmo e a prevalência das verdades absolutas tem acompanhado os governos desde que o mundo é mundo, mas, em contrapartida, só com tolerância e compreensão chega-se a resultados compensadores.
Fonte: Tribuna da Imprensa

Dilma: a esquerda chega ao poder

Para o deputado Arlindo Chinaglia, a nova presidenta é a primeira representante de esquerda de fato a chegar ao poder no país. A dimensão disso na condução do país, porém, dependerá do peso que terão as forças mais conservadoras num governo de coalizão



Dilma é a primeira chefe de Estado brasileira de origem socialista revolucionária
Rudolfo Lago

O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) disse que só um momento o emocionou de fato no discurso de posse da presidenta Dilma Rousseff: a menção que ela fez à memória daqueles que tombaram na luta contra a ditadura militar. No coquetel oferecido para convidados no Itamaraty na noite de sábado, após as solenidades da posse, Chinaglia repetia que era a primeira vez, desde a derrubada da ditadura e a redemocratização do país, que um chefe de Estado homenageou em discurso aqueles que morreram no combate ao regime de arbítrio dos militares. Mais do que isso, Dilma demonstrou todo seu orgulho de ter participado da geração que pegou em armas contra ditadura, seja pelas palavras no seu discurso, seja por gestos, como o convite que fez às suas 17 companheiras de cela no período em que ficou presa em são Paulo no Departamento de Ordem Política e social (Dops) em São Paulo.

- É a primeira vez que se dá o devido valor à importância que essa resistência à ditadura teve - comentava Chinaglia.

No discurso de Dilma, na presença das senhoras que estiveram presas com ela, Chinaglia enxergava a chegada ao poder, pela primeira vez, de uma representante de fato do que se convencionou chamar de esquerda: o grupo de pessoas que acreditou numa saída revolucionária, socialista, para o mundo. Gente como o próprio Chinaglia.

Dilma promete "luta obstinada" contra pobreza

O primeiro discurso de Dilma como presidente

"Sonhar é romper limite do possível"

O discurso de Dilma no Parlatório

Flagrantes da posse de Dilma e da despedida de Lula

A história da reconstrução democrática brasileira começa com Tancredo Neves. Tancredo era um político conservador. Combatia a ditadura pelo fato de ser um democrata convicto, por acreditar que o melhor para a condução de um país é o sistema de pesos e contrapesos da democracia, com suas vozes de apoio aos governos e de oposição. Tancredo morreu antes de chegar ao poder e entregou o país a quem nem mesmo essa convicção tinha. Antes de romper com o regime militar e formar a coalizão que o tornou vice de Tancredo, José Sarney era ninguém menos que o presidente do PDS, o partido que apoiava a ditadura.

Fernando Collor não tinha qualquer ligação com qualquer grupo que tenha combatido a ditadura. Chegou a ser filiado ao PMDB, mas depois de redemocratização. Sua vitória na primeira eleição direta após a ditadura foi produto especialmente da inovação que trouxe: o uso do marketing, capaz de captar e produzir as frases de efeito que melhor traduzem no momento o que o povo quer ouvir. Artificial como um refresco de pacote, Collor durou o tempo que duram as coisas artificiais. Dois anos depois, estava deposto do poder. Sucedeu-o Itamar Franco, outro político de caráter mais conservador e convicção democrata, semelhante a Tancredo.

A primeira guinada mais à esquerda deu-se com Fernando Henrique Cardoso. Intelectual que produziu alguns dos principais conceitos acadêmicos usados pela esquerda para explicar o Brasil durante a ditadura, Fernando Henrique, porém, optou por uma aliança mais liberal e conservadora, ao se unir ao PFL no governo.

Mesmo para um petista como Chinaglia, a chegada de Lula não representou exatamente a chegada da esquerda ao poder. "Lula é, como todo sindicalista, um reformista. Ou seja, alguém que luta para obter ganhos para a sua classe, mas sem romper com as estruturas. Ele nunca foi um revolucionário", explica Chinaglia. "Sua visão socialista é mais a de um verdadeiro cristão", diz Chinaglia. Ou seja: alguém que luta por melhorias sociais com a visão de que a desigualdade é algo cruel e injusto.

"Dilma é a primeira presidenta brasileira que, pelo menos em um momento da sua vida, acreditou que a saída para o país e para o mundo era revolucionária", analisa. "Nesse contexto, sua trajetória política é ainda mais rica que a de Lula. Ela pagou um preço mais caro pela defesa das suas convicções". Quando jovem, Dilma engajou-se em duas organizações clandestinas de esquerda que pregavam a revolução marxista e a luta armada no combate à ditadura militar na década de 60: o Comando de Libertação Nacional (Colina) e a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Foi por esse envolvimento que Dilma foi presa e torturada primeiro na Operação Bandeirantes e depois no Dops.

Durante a campanha, a exploração do passado revolucionário de Dilma foi explorado de modo esparso. Foi usado para designar que ela era uma mulher de coragem, mas com uma certa desidratação do aspecto político, para agradar a parcela majoritária conservadora da sociedade brasileira. Os discursos e os gestos da posse mostram, porém, que Dilma não tem agora nenhum intenção de esconder seu passado. No trecho de "Grande Sertão, Veredas", de Guimarães Rosa, que citou em seu discurso, ela fala em "coragem". Um dos encontros reservados que teve após a posse, antes do coquetel no Itamaraty, foi com suas 17 companheiras de cela. Um político de oposição recebeu dela tratamento especial: o deputado José Aníbal (PSDB-SP), seu companheiro de clandestinidade do movimento político em Belo Horizonte, na década de 60. "Faço questão que você conheça minha mãe", convidou Dilma, dirigindo-se a Aníbal. O que ele representará, porém, no contexto da condução do governo dependerá da força política que terão seus parceiros mais conservadores num governo de coalizão.

Chinaglia exemplifica com um dos pontos mais delicados do acerto de contas que o país precisa fazer com seu passado: a abertura dos arquivos da ditadura. Países que viveram regimes militares ainda mais duros que o brasileiro, como Argentina e Chile, fizeram esse acerto, com a publicação de documentos e a punição dos que cometeram abusos. No Brasil, o acerto político feito na redemocratização não apenas anistiou envolvidos de ambos os lados pelo que fizeram durante a ditadura. O mais grave é que gerou uma zona de sombra sobre mais de vinte anos de história brasileira: o que se fez, como se fez, em nome do quê, e mesmo quem morreu, em que circunstâncias, de que forma, é algo que o país não sabe. O perfil de Dilma poderia vir a significar uma aceleração, afinal, desse processo de abertura desses arquivos. Chinaglia, porém, não acredita nisso. "Isso é um assunto que não deve partir dela, como presidenta da República. Tem de vir da pressão da sociedade", considera.
Fonte: Congressoemfoco

Nos jornais: Cortes de gastos serão foco de início do governo

Folha de S. Paulo

Cortes de gastos serão foco de início do governo

A presidente Dilma Rousseff abre seu primeiro dia útil de trabalho, amanhã, definindo o tamanho dos cortes de gastos necessários para equilibrar o Orçamento. Ela se reúne logo pela manhã com o ministro Guido Mantega (Fazenda) e seu secretário-executivo, Nelson Barbosa, para tratar da questão do ajuste fiscal. Os primeiros cálculos do Ministério do Planejamento indicam a necessidade de fazer um bloqueio de gastos no Orçamento de 2011 na casa dos R$ 20 bilhões.

Técnicos da Fazenda, porém, defendem um corte maior. Além do bloqueio, querem vetar receitas incluídas pelo Congresso, que beiram os R$ 28 bilhões. O tamanho do corte será definido por Dilma e pode ficar perto de R$ 30 bilhões se depender apenas da vontade dos técnicos da Fazenda, o que representaria quase a metade de todo investimento da União previsto no Orçamento do primeiro ano de governo da petista.

Presidente começa novo governo com piora na economia

Dilma Rousseff ganhou a Presidência e assumiu ontem embalada no maior crescimento econômico em um quarto de década. Chegou sua hora de pagar a conta. No início de 2011, a inflação sobe, o dólar retomou trajetória de queda, as contas externas pioraram e a economia para pagar a dívida pública diminuiu.

No dia 19 de janeiro, o Banco Central poderá se ver obrigado a aumentar os juros para conter a inflação. Isso pode trazer impactos negativos sobre a dívida pública e o dólar. Mas a prioridade do Banco Central é com a inflação. Em 2010, até novembro, o IPCA (índice oficial de preços) subiu 5,25%. Ele deve fechar o ano passado perto do teto da meta do BC (6,5%).

Dilma promete erradicar a miséria e projeta país de classe média sólida

Dilma Vana Rousseff, 63, tomou posse ontem como a primeira mulher e a 40ª pessoa a ocupar a Presidência da República do Brasil. Num longo discurso no Congresso Nacional, em que citou o escritor mineiro Guimarães Rosa (1908-1967), Dilma fez várias menções à questão de gênero, louvou o governo de Luiz Inácio Lula da Silva e prometeu erradicar a miséria e transformar o Brasil num país de "classe média sólida e empreendedora".

A presidente chorou no final da fala, ao mencionar sua participação na luta armada contra a ditadura e homenagear os que "tombaram pelo caminho". Ela fez menção à tortura ao dizer que suportou as "adversidades mais extremas" infligidas a quem "ousou" "enfrentar o arbítrio". Não tenho qualquer arrependimento, tampouco ressentimento ou rancor".

Dilma diz que será "rígida" com corrupção

Dilma Rousseff tomou posse ontem como a primeira presidente mulher do Brasil afirmando que a pobreza extrema "envergonha o país". Repetiu a promessa do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, de erradicar a fome, e prometeu entregar um país de "classe média sólida e empreendedora". Aos 63 anos, a ex-militante de esquerda e ex-presa política foi declarada empossada às 14h52 por José Sarney (PMDB-AP), antigo apoiador da ditadura militar.

Ela dedicou a vitória aos que "tombaram pelo caminho" durante a repressão. "Não tenho qualquer arrependimento, tampouco ressentimento ou rancor." Escolhida por Lula para ser a candidata à sucessão depois do principal escândalo de corrupção do governo, o mensalão, Dilma prometeu ser "rígida" e disse que "não haverá compromisso com o erro, o desvio e o malfeito".

Itália pode retaliar Brasil com veto a acordo militar

O Brasil poderá sofrer a primeira consequência diplomática por ter decidido não extraditar o terrorista italiano Cesare Battisti daqui a menos de duas semanas. No próximo dia 11, o Parlamento italiano deve votar a aprovação de um acordo de cooperação militar firmado entre Brasil e Itália que prevê o desenvolvimento de projetos para a construção de navios de patrulha oceânica, fragatas e embarcações de apoio logístico.

Esse é o último passo para que a negociação possa sair do papel. Em recente entrevista à imprensa italiana, o ministro da Defesa, Ignazio La Russa, afirmou que tudo o que o governo italiano podia fazer em relação ao acordo há havia sido feito e que o "resto cabe ao Parlamento".

Cerimônia reúne 30 mil pessoas sob forte chuva

Cerca de 30 mil pessoas enfrentaram forte chuva ontem para assistirem à festa da posse de Dilma Rousseff na Esplanada dos Ministérios. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), choveu ontem três vezes mais que a média para janeiro em Brasília, de 8 mm por dia -foram 7 mm em apenas uma hora bem no momento em que a presidente chegou à Catedral de Brasília, de onde desfilou até o Congresso.

Quando Dilma começou o cortejo em carro fechado -o plano inicial era fazer o percurso em carro aberto-, parte das pessoas correu para tentar acompanhá-la pelo enlameado gramado da Esplanada dos Ministérios. Também precisaram correr na chuva as seis policiais que escoltaram o Rolls Royce presidencial da Catedral ao Congresso. O grupo feminino foi um pedido da Presidência, em deferência a Dilma.

Lula ignora roteiro e adia saída do Palácio

Fiel ao estilo que marcou seu governo, Luiz Inácio Lula da Silva se despediu da Presidência com choro e nos braços da multidão. Ele foi o centro das atenções na cerimônia para a entrega da faixa a Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto. "Lula, cadê você/ eu vim aqui só para te ver", gritavam cerca de 3.000 militantes que foram à praça dos Três Poderes, segundo estimativa da PM. Quando ele apareceu para receber a sucessora, o público explodiu em gritos.

Lula quebrou o protocolo várias vezes para adiar a saída do palácio. Ouviu o discurso de sua ex-ministra no parlatório e acompanhou os cumprimentos às autoridades estrangeiras. Em seguida, deixou-se agarrar por fãs que se aglomeravam na grade e deixou a praça com o vidro do carro oficial aberto, acenando.

Alckmin assume SP e defende o legado tucano

Geraldo Alckmin assumiu o governo de São Paulo personificando o novo discurso do PSDB. Ontem, em sua posse, defendeu o legado da sigla, mas pregou "inovação", com ênfase em políticas sociais, além de parceria com Dilma Rousseff. "Defender, aprimorar e inovar, para ampliar ainda mais o nosso legado em São Paulo, são os desafios que o povo paulista me confiou", disse o governador na posse. A ênfase na cooperação entre governos e o foco em políticas sociais presentes no discurso de Alckmin coincidem com a teoria da refundação da sigla, do senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG).


O Estado de S. Paulo

Dilma exalta Lula e se diz presidente "de todos"

Primeira mulher a assumir a Presidência do Brasil, petista prometeu governar 'sem rancor'. Ao receber a faixa, qualificou o ex-presidente de 'o maior líder popular' que este País já teve. Em discurso no Congresso, garantiu manter o combate à 'praga' da inflação e defendeu o Estado forte. Dilma lembrou seu passado como militante contra a ditadura e homenageou 'os que tombaram' na luta armada.

Dilma Vana Rousseff, de 63 anos, tomou posse ontem como a primeira presidente do Brasil e disse que será a 'presidente de todos os brasileiros', governando "sem rancor". Em discurso no Parlatório, ela agradeceu a "ousadia" dos eleitores e prestou tributo ao ex-presidente Lula, "o maior líder popular que este País já teve". No Congresso, Dilma reforçou o compromisso de combater a "praga" da inflação - quando ministra era criticada da alta dos juros para conter os preços. A presidente defendeu ainda o modelo de Estado forte, prestador de serviços e indutor de investimentos. Disse que a prioridade será erradicar a miséria, mas também prometeu empenho nas reformas política e tributária. Deu garantias de manutenção da liberdade de imprensa e lembrou seu passado como militante contra a ditadura, homenageando os que "tombaram pelo caminho e não podem compartilhar a alegria deste momento".

Uma despedida em clima de apoteose

Lula foi mais Lula do que nunca no seu último dia como presidente da República, encerrado com o primeiro discurso como ex-presidente. Em São Bernardo do Campo (SP), resumiu sua sensação de dever cumprido e de ter superado "preconceitos" que, segundo ele, enfrentou ao longo de sua trajetória carreira política. "Volto para casa de cabeça erguida. Posso dizer na frente do meu povo que, depois de provar que um metalúrgico tem condições de ser presidente da República, nós elegemos uma mulher", afirmou, diante de cerca de 1,5 mil pessoas.

Trechos do discurso

"Venho consolidar a obra transformadora do presidente Lula"

"Podemos ser, de fato, uma das nações menos desiguais do mundo - um país de classe média sólida e empreendedora"

"Não tenho qualquer arrependimento (sobre a luta armada), tampouco rancor"

Palocci disse 'não' a Dilma e ganhou a Casa Civil

Antes de convidar o deputado Antonio Palocci Filho (PT-SP) para assumir a chefia da Casa Civil, a presidente Dilma Rousseff fez a ele uma pergunta inesperada. "Você quer ser candidato na próxima eleição?", indagou, sem rodeios. Diante da resposta negativa, Dilma sorriu, um tanto quanto incrédula.

Foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, maior defensor do retorno de Palocci ao primeiro escalão do governo, quem deu a dica para Dilma. O conselho era para que ela lançasse a pergunta a todos os ministeriáveis, incluindo os do PT. No caso de Palocci, porém, o jogo foi combinado com Lula. Quatro anos e nove meses após deixar o comando da Fazenda, ele volta ao governo, desta vez com Dilma, para ser o mais poderoso auxiliar da primeira mulher presidente.

Aliados assumem elogiando Lula e Dilma

Os principais aliados do governo federal nos Estados não economizaram elogios à presidente Dilma Rousseff nem a seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva. Ao assumirem seus cargos ontem, os governadores que apoiaram a petista mesclaram questões locais, como criminalidade e crescimento das economias de seus Estados, a temas como a partilha dos royalties de petróleo e obras de infraestrutura financiadas pela União.

Tucanos cobram apoio sem ataques

Os governadores dos Estados controlados pela oposição tomaram posse ontem com um discurso parecido, pregando bom relacionamento com a presidente Dilma Rousseff, mas deixando claro que vão exigir atenção e verbas do governo federal. O governador reeleito de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), foi além: cobrou a necessidade de austeridade nos gastos públicos do governo federal. Ele defendeu uma reforma da gestão pública do Estado brasileiro. "Não seremos capazes de fazer a travessia para o desenvolvimento sem ajustar com coragem os gastos com a máquina pública, reorientando sempre os recursos para os investimentos", disse em seu discurso de posse, na Assembleia Legislativa.

Voluntarismo dá lugar à discrição

O novo ministro das Relações Exteriores é fã da banda Radiohead, obcecado com a entrada do Brasil no Conselho de Segurança ampliado na ONU e adora cuidar dos mínimos detalhes, da cor das toalhas em recepções até o tamanho dos canapés servidos em coquetéis. A expectativa é que Antonio Patriota, de 56 anos, seja um chanceler com menos brilho próprio do que seu antecessor, Celso Amorim, que se desentendeu com a presidente-eleita Dilma Rousseff ao insistir em questões polêmicas como a aproximação com o Irã.

Patriota é cria de Amorim - os dois trabalharam juntos de alguma forma nos últimos 15 anos. Mas não se espera que ele siga o tipo de política externa voluntariosa de seu mentor. O novo chanceler é conhecido por ser disciplinado e cioso da hierarquia, e deve seguir à risca uma política externa que será mais ditada pela presidente e bem mais discreta.

Patriota é tido como diplomata brilhante. Sempre entre os melhores alunos do Instituto Rio Branco, ganhou a medalha de Vermeil, reservada aos primeiros colocados do curso. "Ele é daqueles que lembram qual foi a posição adotada pelo Brasil na crise do Chipre em 1974", brinca um diplomata que trabalhou bastante tempo com o futuro chanceler.

Carioca, ele ocupou os principais postos da hierarquia do Itamaraty - secretário-geral das Relações Exteriores, subsecretário-geral político e chefe de gabinete do chanceler. No exterior, serviu em Pequim, Genebra, Caracas e Nova York. Entre fevereiro de 2007 e outubro de 2009, foi embaixador em Washington.


O Globo

Ao assumir, Dilma promete enfrentar desafios pós-Lula

A economista Dilma Vana Rousseff, de 63 anos, assumiu a Presidência da República prometendo consolidar o legado do presidente Lula e fazendo uma carta de intenções de seu governo: erradicar a miséria, melhorar a saúde, a segurança e a educação. Também prometeu reformas política e tributária, que o governo Lula não fez. Dilma reafirmou compromissos com a estabilidade econômica, a democracia e a liberdade de expressão. Ex-guerrilheira, eleita numa disputa acirrada, ela também fez um discurso de conciliação. Disse que estende a mão à oposição e que quer ser a presidente de todos os brasileiros. Presa, torturada pela Ditadura militar, chorou ao lembrar os companheiros que morreram e disse que não guarda arrependimento, mas tampouco ressentimento ou rancor. Dilma destacou que é a primeira mulher a chegar ao Planalto e prometeu "honrar as mulheres, proteger os mais frágeis e governar para todos". Mineira, citou Guimarães Rosa para dizer que precisará de coragem para a tarefa de governar.

"Entreguei minha juventude ao sonho de um país justo e democrático; suportei as adversidades mais extremas, infligidas aos que ousamos enfrentar o arbítrio. Não tenho qualquer arrependimento, tampouco tenho ressentimento ou rancor"

Dilma Rousseff, presidente da República

Uma despedida com muito choro

Foi uma despedida muito difícil para o ex-presidente Lula. Ele chorou em vários momentos do dia. Mesmo antes de passar a faixa a Dilma, estava tão emocionado que assessores precisaram dar uma dose de uísque para se acalmar. Ao descer a rampa, Lula quebrou o protocolo e foi chorar nos braços do povo. Na Base Aérea, chorou mais uma vez antes de embarcar no Aerolula. Da janelinha do avião deu adeus.

Posse de Dilma: o encontro com o passado

A presidente Dilma Rousseff se reuniu, na noite de sábado, numa sala reservada no Itamaraty, com familiares e 17 ex-companheiras de prisão dos tempos de luta contra a ditadura militar. Algumas foram barradas pelo cerimonial e depois liberadas para participar do coquetel.

Quando entrava na sala reservada, Dilma encontrou com o deputado federal José Aníbal (PSDB-SP) e parou para dar um afetuoso abraço. Aníbal foi companheiro de Dilma na organização revolucionária marxista Política Operária (Polop), em Belo Horizonte.

- Vamos entrar comigo. Eu vou te levar para ver a minha mãe - convidou Dilma, lembrando que os dois militaram juntos em Minas Gerais.

Aécio promete oposição leal ao Brasil, porém vigorosa

Político mais aplaudido na celebração da posse do governador Antonio Anastasia (PSDB), o ex-governador e senador eleito Aécio Neves (PSDB) prometeu fazer uma oposição "atenta e vigilante" ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), mas disse que espera o apoio de senadores da base do governo para construir uma agenda de reformas de interesse do país.

- Como brasileiro, desejo a ela sorte em sua gestão, mas repito: não há governo forte sem oposição forte. Faremos uma oposição leal ao Brasil e aos brasileiros, mas vigorosa em relação às ações do governo - disse Aécio, acrescentando que deve concluir, em até dois meses, um esboço de uma agenda de reforma política e tributária do país, além de medidas que julga necessárias ao fortalecimento de estados e municípios.

Aécio afirmou já ter mantido conversas com senadores da base da presidente e estar otimista em relação à construção das reformas, para que o Congresso não seja "caudatário de uma agenda de interesse exclusivo do Poder Executivo".

- Isso apequena o Congresso e é o que tem acontecido ao longo dos últimos anos - afirmou.

Mulheres respondem por 66% dos gastos no país

Com a maior participação das mulheres no mercado de trabalho, elas já respondem por 66% do consumo no Brasil. Em cifras, esse poder de decisão nas compras de casa e da família representa R$ 1,3 trilhão em gastos por ano, segundo a empresa de pesquisas Sophia Mind. É o décimo maior mercado feminino do mundo e que tem potencial para crescer ainda mais.

- A renda da mulher continuará a crescer e, com isso, seu poder de decisão sobre as compras. Das empresas de alimentação que tradicionalmente já falam com as mulheres a novos nichos, como bebidas, planos de saúde e seguro de carro, há uma demanda crescente para o público feminino - afirma Bruno Maletta, da Sophia Mind.

As solteiras têm fôlego para gastar mais em produtos e serviços, disse Maletta. Diferentemente da solteira do início do século passado, lembrou ele, a prioridade hoje está na carreira e não em casar.

- Elas têm uma renda "ociosa" que não pode ser negligenciada pelo varejo. Estamos falando, especialmente, de um grupo de 30 anos, que já está no mercado de trabalho há algum tempo, tem mais anos de estudo, tem bom salário e não tem filhos. Muitas ainda moram com os pais. Os gastos são para elas.

Cabral: agora é a vez da educação

Depois de reafirmar o compromisso de retomar as áreas dominadas pelo crime, o governador Sérgio Cabral disse ontem, na posse, que o desafio agora é levar o estado entre os cinco melhores no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), ranking em que o Rio é o penúltimo.


Correio Braziliense

Podemos fazer mais e melhor

Sob forte chuva e emoção contida, Dilma Rousseff assumiu a Presidência da República com o compromisso de aprofundar as conquistas do antecessor Lula, e de governar para todos os brasileiros. No discurso de 40 minutos no Congresso Nacional, Dilma antecipou algumas metas à frente do Palácio do Planalto, como a modernização do sistema tributário e o combate à inflação. Mais tarde, no parlatório em frente ao Palácio do Planalto, a presidente reiterou que comandará o país com "um espírito de união" em favor dos mais necessitados. Luiz Inácio Lula da Silva encerrou o segundo mandato nos braços do povo. Após entregar a faixa presidencial, ele mais uma vez quebrou o protocolo e se misturou às centenas de admiradores que se aglomeravam na Praça dos Três Poderes. A posse de Dilma Rousseff atraiu 30 mil pessoas à Esplanada e reuniu representantes de mais de 130 países, entre eles a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.

Agnelo decreta emergência na Saúde e exonera 18,5 mil

O primeiro dia de Agnelo Queiroz como governador do DF teve momentos distintos e intensos. Do discurso emocionado de posse, em que relembrou sua trajetória de vida e prometeu recuperar a cidade, o petista passou à ação. Anunciou providências contra o caos nos hospitais. Também dispensou comissionados e suspendeu licitações. Ainda enfrentou uma crise política com os distritais para a composição da Mesa Diretora da Câmara, eleita ontem à noite.

Fonte: Congressoemfoco

domingo, janeiro 02, 2011

Parlamentares esperam reforma política em 2011

Deputados e senadores que acompanharam posse de Dilma veem cenário favorável para aprovação de reforma, mas estabelecem primeiro ano de mandato como prazo limite. Veja quais as expectativas de aliados e oposicionistas em relação ao novo governo

Edson Sardinha e Mário Coelho

Primeiro, foi o ex-presidente Lula. Em outubro, ele disse que assim que deixasse a Presidência iria se empenhar na aprovação de uma reforma política. Ontem (1º), foi a vez de sua sucessora. Em seu primeiro discurso como presidenta, Dilma Rousseff defendeu mudanças profundas no processo eleitoral. "Na política, é tarefa indeclinável e urgente uma reforma com mudanças na legislação para fazer avançar nossa jovem democracia, fortalecer o sentido programático dos partidos e aperfeiçoar as instituições, restaurando valores e dando mais transparência ao conjunto da atividade pública." Declarações assim mostram que, após oito anos de idas e vindas, a reforma política começa a ganhar corpo no Congresso. Esse é o sentimento revelado pela maioria de 11 parlamentares, três deles recém-eleitos, ouvidos pelo Congresso em Foco que acompanharam a cerimônia de posse de Dilma.

Para a maioria deles, levar adiante as reformas política e tributária logo no primeiro ano de mandato será o maior desafio da nova presidenta. Caso não tenha sucesso nessa tarefa já no primeiro ano de governo, Dilma dificilmente conseguirá evitar que as duas propostas tenham o mesmo destino que tiveram no governo Lula, ou seja, repousar nas gavetas do Congresso. A reforma política que sairá ainda é uma incógnita: voto distrital, financiamento público de campanha, voto em lista pré-ordenada, fidelidade partidária e fim das coligações nas eleições proporcionais são alguns dos temas a serem discutidos.

Mas as reformas não serão os únicos desafios de Dilma, na avaliação dos quatro oposicionistas e oito governistas ouvidos pelo site. Entre as grandes barreiras a serem transpostas pela presidenta logo no início de seu governo, estão: estabelecer uma forma própria de diálogo com o Congresso, evitar uma eventual fissura de sua base de apoio, superar a falta de carisma em relação a Lula, manter a estabilidade econômica, investir em infraestrutura, combater a corrupção e reduzir os gastos públicos. Veja o que os parlamentares esperam do governo de Dilma Rousseff e de 2011:

Luiza Erundina (PSB-SP), deputada reeleita
"A relação do Executivo com o Legislativo e os partidos tem de ser mais transparente. Tem de haver agora um investimento grande na reforma política. Muitos problemas enfrentados recentemente se devem ao esgotamento dos partidos políticos. A relação do governo com os partidos não é boa. Os partidos perderam identidade. Uma democracia forte pressupõe partidos fortes, mesmo aqueles que são da base do governo. O partido do governo não pode abrir mão de ter projeto próprio. Senão, daqui a quatro anos, será apenas uma força auxiliar do Executivo. O Legislativo precisa avançar para uma reforma política que surja de um pacto com a sociedade."

Demóstenes Torres (DEM-GO), senador reeleito
"Dilma terá o grande desafio de manter essa composição com todos os partidos que a apoiaram na eleição. Ao que parece, esse leque partidário da situação sofre fissuras. Com a composição ministerial que ela fez, muitos partidos estão desagradados. Ela precisa fazer as reformas tributária e política, que ela quer e que nós queremos fazer logo de cara, porque o momento que ela tem prestígio é este, depois ela vai ser cobrada, inclusive pelos próprios aliados. Acho que ela terá muitas dificuldades na conversação com aliados e oposição. Ao que tudo indica, essa composição feita não tem muito para ser mantida."

Gleisi Hoffmann (PT-PR), senadora eleita
"Quem vai puxar a reforma política será o ex-presidente Lula. A iniciativa não vai partir da presidenta Dilma. Ela apoia, quer que faça, mas isso é uma ação do Congresso Nacional. Nós temos de dar conta de fazer a reforma política. Se não dermos conta de fazer início no início desta legislatura, cabe a nós convocarmos um plebiscito para uma constituinte exclusiva revisora, como Lula havia dito. Acredito que essa possibilidade seja a mais viável. O PT é favorável a isso. Mas vai depender do Congresso, isso não é de competência do Executivo. Não adianta o governo ter maioria." "O grande desafio de Dilma no primeiro ano será mostrar seu perfil e forma de governar. Não digo dissociar-se do governo do presidente Lula porque ela é uma continuidade. Mas mostrar quem ela de fato é, a personalidade que ela tem, a forma de tocar as coisas. Isso vai ser importante para o Brasil e para ela também. O segundo será manter a estabilidade econômica. A gente aproveitar e fazer com que esse ciclo virtuoso continue. Em nenhuma hipótese podemos afrouxar para voltar a inflação e tampouco pesar a mão na questão dos juros, o que pode frear nosso desenvolvimento econômico. Tenho certeza de que a presidente Dilma terá equilíbrio para resolver isso."

Valdir Raupp (PMDB-RO), senador reeleito e novo presidente do PMDB
"O principal desafio de Dilma será continuar as políticas públicas e o crescimento econômico que o presidente Lula proporcionou. Dificilmente esse crescimento continuará em 2011 por causa da falta de infraestrutura. Para retomar o crescimento, ela terá de acelerar os investimentos em infraestrutura. Pelo menos não temos problema na área de energia elétrica. De toda forma, Dilma e o vice-presidente, Michel Temer, são bastante criteriosos e vão procurar errar o mínimo possível. Agora na vice-presidência, o PMDB terá uma responsabilidade ainda maior na governabilidade. Um partido desse tamanho não pode se dar ao luxo de fazer oposição. O PMDB está todo pacificado e Dilma está acertando logo de início."

Lúcia Vânia (PSDB-GO), senadora reeleita
"A presidenta Dilma é muito determinada. Dos presidentes recentes, ela é a que tem maior base política. Por isso, tem todas as condições para fazer reforma tributária e a reforma política. O primeiro gesto dela deveria ser a reforma política. O PSDB sempre foi favorável à reforma e tem o compromisso com o voto distrital, com a fidelidade partidária, o financiamento de campanha e o voto em lista. Essas eleições mostraram a necessidade enorme de uma reforma, não podemos ficar com esse sistema que aí está."

João Almeida (PSDB-BA), deputado
"O maior desafio de Dilma será manter a estabilidade da moeda. Isso implica baixar os juros em consequência de sustentar o crescimento que nós temos aí. Nós estamos numa economia com crescimento inferior à média de todos os países da América Latina, com exceção talvez ao Haiti. De qualquer modo, é um bom patamar de crescimento, um crescimento médio em oito anos de 3,6%. O brasileiro se acostumou a isso. O governo terá que promover isso, ou até promove-lo em escala maior. E, para isso, é preciso combate efetivo à inflação, baixar juros e, o mais grave, promover o corte dos gastos públicos. Ela terá de promover melhor qualidade do gasto público."

Arlindo Chinaglia (PT-SP), deputado reeleito
"O maior desafio de Dilma será manter essa expectativa, no Brasil e no mundo, de um país essencialmente democrático, que está crescendo economicamente com distribuição de renda e jogando outro papel no plano mundial, porque o que acontece em qualquer país está vinculado ao que acontece no resto do planeta. Ela terá de dar continuidade ao governo Lula, de altíssima popularidade, e, ao mesmo tempo, fazer os ajustes que a situação tanto nacional quanto mundial impuserem ao governo brasileiro. Ela vai naturalmente conduzir com esses parâmetros, até porque já ajudou o governo Lula. Até que se prove o contrário, a presidente terá sólida maioria, o que permitirá que o Congresso aprove o que ela propõe e, principalmente, dialogue com o governo e a sociedade para acertar mais."

José Carlos Aleluia (DEM-BA), deputado
"Primeiro, ela terá de ajustar a economia, que está descendo a ladeira. A inflação está fora de controle, o câmbio está destruindo a indústria nacional, os empregos brasileiros estão indo para a China, o Brasil está virando a fazenda e a mina da China. Se nós não mudarmos isso, a nossa indústria será destruída rapidamente. É só perguntar a qualquer industrial e a qualquer trabalhador, não trabalhador de mentirinha como o Lula, mas trabalhador de fato de indústria, para ver que a indústria está perdendo competitividade."

Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), deputado eleito
"Dilma terá de manter o que o presidente Lula construiu, principalmente os avanços nos programas sociais e na educação, mas terá de recuperar a saúde pública, que está em nível de sucateamento. Seu maior desafio será superar as demandas de combate à corrupção, situação que o governo Lula não conseguiu atender. A República veio a ser acometida por sucessivos escândalos, e muitos deles ficaram pelo caminho, sem esclarecimento ou punição. Por falta de instituições capazes, não? A Polícia Federal foi a mais demandada no combate ao crime organizado, mas com descompasso entre a atividade policial e os instrumentos legais disponíveis que não conseguiu implementar no Congresso. A presidente Dilma deve ajudar o Congresso a tirar da gaveta instrumentos de combate à corrupção que domina o cenário nacional, dinheiro que faz falta à educação, à saúde e à segurança pública."

Wellington Dias (PT-PI), senador eleito
"Embora contando com um dos melhores professores de política do país, que é o ex-presidente Lula, certamente Dilma vai precisar de uma equipe e de lideranças no Congresso Nacional para esse trabalho de Parlamento, muito exigente, com a presença de ex-presidentes, ex-governadores, e lideranças destacadas no Brasil que têm uma posição clara. A eleição foi bem disputada e, mais que a outra, teve não só a disputa de um projeto, mas de temas palpitantes. Certamente, a presidente Dilma vai precisar muito de costurar entendimentos para as grandes reformas que o Brasil ainda precisa: a política e a tributária. Agora mesmo temos a regulamentação do pré-sal e uma conjuntura internacional muito complexa. Tenho a visão de que os efeitos da crise internacional ainda vão chegar muito forte no ano de 2011 no Brasil. Tudo isso é desafiador, e estaremos aqui a colaborar."

Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), deputado
"O maior desafio da presidente Dilma será garantir o bom andamento da economia e realizar as reformas, sobretudo, a política. A reforma política foi feita pela metade pelo atual Congresso. Todos viram de perto a importância que a sociedade deu à Lei da Ficha Limpa. Precisamos discutir o voto distrital misto para readequar a relação entre o eleitor e o eleito. Há um desencanto com a política. A reforma vai acontecer porque o ambiente já está criado. O PMDB tem esse compromisso."

Marta Suplicy (PT-SP), senadora eleita
"Ela vai ter uma queda de aprovação, claro, tem que ter. Você conhece alguém no mundo que tenha isso (87% de popularidade)? Acho que ela está preparada. No começo sempre tem uma coisa assim. Depois ela vai conquistar de novo, isso faz parte do processo."

Leia ainda:

Dilma promete "luta obstinada" contra pobreza

O primeiro discurso de Dilma como presidenta

Fonte: Congressoemfoco

"Sonhar é romper limite do possível"


Fábio Pozzebom/ABr
Lula passa a faixa presidencial para Dilma: presidenta fala em governar somando sonho e realidade

Rudolfo Lago

A presidenta Dilma Rousseff voltou a se emocionar ao receber de Lula a faixa presidencial no Parlatório, na segunda solenidade de sua posse. Num discurso mais curto do que o feito antes no Congresso Nacional, Dilma misturou as condições reais que terá para o seu governo com seus sonhos de país. E construiu uma bela frase: "Sonhar e perseguir um sonho é romper os limites do possível".

Depois de citar Guimarães Rosa no discurso feito no Congresso, no Parlatório Dilma citou outra mulher governante: Indira Ghandi,que foi primeira-ministra da Índia entre 1966 e 1977 e entre 1980 e 1984. "Não se pode trocar um aperto de mãos com os punhos fechados", foi a frase de Indira Ghandi usada por Dilma. A frase foi o mote para Dilma pregar uma união dos brasileiros em torno de temas como a educação e a eliminação das diferenças sociais.

Antes do discurso, Dilma inovou ao passar em revista a tropa dos Dragões da Independência. Ela parou a revista no meio para beijar a bandeira do Brasil. Quando a presidente saiu do Congresso, já não chovia em Brasília. E ela pode, então, desfilar no Rolls Royce presidencial aberto até o Palácio do Planalto, ao lado de sua filha, Paula, que usava um vestido azul.

No alto da rampa do Palácio, Lula, ao lado de sua mulher, Marisa, a esperava sorridente. O presidente recebeu Dilma com um forte abraço. Mais tarde, Lula deixou o Parlatório logo depois de passar a faixa presidencial. O momento passava a ser só de Dilma Rousseff.

Fonte: Congressoemfoco

Caso Battisti está resolvido, diz procurador-geral da República

Mário Coelho

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou neste sábado (1º) que, uma vez decidido que o ex-ativista de esquerda italiano Cesare Battisti não será extraditado, o assunto está resolvido. Na visão dele, a extradição é de responsabilidade do presidente da República. Portanto, com a decisão do ex-presidente Lula de manter Battisti no Brasil e negar o pedido da Itália, não existe a necessidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) analisar o caso novamente.

"Decidida pelo Executivo a concessão do refúgio, não caberia mais qualquer discussão no âmbito do Judiciário", afirmou Gurgel, em entrevista concedida momentos antes da posse da presidenta Dilma Rousseff no Congresso. O chefe do Ministério Público entende que Lula, ao examinar os pressupostos de concessão de refúgio político, tomou uma decisão que não pode ser revertida. "Decidiu o presidente pelo indeferimento da entrega, o assunto está resolvido", completou.

Questionado do motivo de Battisti não ter sido solto ainda, Gurgel disse que há dúvidas no Supremo sobre o cumprimento ou não da decisão de Lula. "Na verdade, há uma dúvida se o assunto voltaria ao Supremo Tribunal Federal. Há ministros do Supremo que têm ponto de vista diversos", comentou. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o presidente do STF, Cezar Peluso, afirmou que a corte vai analisar os argumentos usados pelo presidente Lula para manter o ex-ativista no país.

No último dia de seu governo, Lula decidiu manter Battisti no Brasil na condição de refugiado político. A posição do ex-presidente vai de encontro à determinação do Supremo, dada em 2009, de negar o status de refugiado e aceitar o pedido de extradição feito pela Itália. O ex-ativista foi preso no país em 2007 pela Polícia Federal.

Battisti foi condenado na Itália por quatro assassinatos que teria cometido entre 1977 e 1979, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Depois de sair da França, Batistti está preso no Brasil desde 2007. Ele se declara inocente das acusações e diz que é perseguido pelo atual governo, de perfil conservador, da Itália.

Sobre Dilma Rousseff, o procurador-geral da República lembrou que a eleição da petista é positiva para o país pela forma que aconteceu, com o resultado proclamado rapidamente e sem dúvidas sobre a votação. "Temos a renovação, um dos aspectos que mais qualifica a República", comentou.

Fonte: Congressoemfoco

Nos jornais: Dilma lançará plano para erradicar miséria

Folha de S. Paulo

Dilma lançará plano para erradicar miséria

Dilma Vana Rousseff, 63, torna-se hoje a primeira mulher a ocupar a Presidência da República. Quadragésima presidente do país, sua prioridade já foi definida: lançar um plano nacional de erradicação da miséria.
O plano fará parte de seu discurso de posse, que vai enfatizar a necessidade de aprofundar as mudanças iniciadas por Luiz Inácio Lula da Silva, seu antecessor e mentor político. A ideia será sintetizada no mote "um Brasil que apenas começou".

Sob o carimbo da continuidade, Dilma quer cravar seu próprio selo social, a exemplo do Fome Zero e do Bolsa Família, arrimo da alta aprovação lulista.

Ela já marcou reunião com sete ministros para discutir um plano que elimine a pobreza extrema em quatro anos -uma das principais promessas de campanha da petista.

A ideia é reunir os programas existentes no governo e lançar novos, como iniciativas específicas de financiamento e capacitação profissional, portas de saída do Bolsa Família.

Em seu último dia, Lula ganha máquina de café e pílulas de "amor" e "dedicação"

Nas últimas 24 horas de seu governo, Lula se emocionou com despedidas de ministros e funcionários do Palácio do Planalto. Desde a véspera, o presidente vinha atendendo, entre um evento e outro, pedidos de fotos de servidores e entusiastas de sua gestão. Funcionários se aglomeraram em um dos corredores do Planalto para tentar uma foto de despedida.
Dos servidores, Lula ganhou presentes, como uma máquina de café expresso e uma caixa de "remédio", com pílulas de "amor, carinho e dedicação". Após as confraternizações, Lula ainda se encontrou com o vice-presidente do Conselho de Estado de Cuba, José Ramón Ventura, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Do lado de fora, mais gente tentava se despedir de Lula.

Dilma quer resposta sobre desaparecidos

A presidente Dilma Rousseff quer dar uma resposta oficial do Estado brasileiro aos familiares dos mortos e desaparecidos na ditadura militar (1964-1985), o que pode incluir um mea culpa da Presidência e dos militares. A Folha apurou que Dilma articulará um acordo com as Forças Armadas, o Congresso e entidades como as de direitos humanos e a OAB.
A intenção é, num prazo de dois anos, construir uma narrativa oficial e definitiva sobre as circunstâncias das mortes e desaparecimentos.
Não há números precisos, mas se estima que cerca de 400 pessoas foram mortas e que desapareceram entre 130 e 160 opositores do regime.

Lula mantém Battisti e abre crise com Itália

No último dia de seu governo, o presidente Lula negou a extradição do terrorista italiano Cesare Battisti e abriu uma nova crise diplomática com a Itália. Ao anunciar que Battisti ficará no Brasil com o status de imigrante, e não como refugiado ou asilado, o presidente argumentou que o italiano, caso volte ao seu país, poderá sofrer perseguição por "opinião política, condição social ou pessoal". O ato causou revolta na Itália. O embaixador italiano em Brasília, Gherardo La Francesca, foi convocado a Roma para tratar do caso. Na linguagem diplomática, a convocação é considerada um ato de protesto.

Supremo não tem prazo para libertar italiano

Os ministros do Supremo Tribunal Federal deverão libertar Cesare Battisti, mas não há prazo para que isso ocorra. Responsável por decretar a prisão do italiano, em 2007, o tribunal é que vai emitir o alvará de soltura.
O presidente do STF, Cezar Peluso, confirmou anteontem que o tribunal deverá analisar os argumentos usados por Lula para manter Battisti no Brasil a partir de fevereiro, quando termina o recesso do Judiciário.
Para o ministro Marco Aurélio Mello, contudo, Battisti deve ser solto imediatamente e a decisão de Lula não deve ser revista pela Corte.

Cabral cola em Lula e traça estratégia para ser vice em 2014

Às vésperas de completar 48 anos, o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) inicia seu segundo mandato disposto a fixar a imagem de responsável por um "choque de gestão" no Estado do Rio.
A estratégia é para, no mínimo, ser candidato a vice na disputa presidencial de 2014. Em seu cenário ideal, o cabeça de chapa seria Lula, já que sabe que somente ele poderia bancá-lo como candidato a vice frente às diversas correntes peemedebistas. Na escolha do vice de Dilma Rousseff, por exemplo, o PMDB impôs o nome de Michel Temer à então candidata petista. Cabral avalia que dificilmente conseguiria que o partido viesse a aceitar indicá-lo como vice em 2014, a menos que Lula o exigisse.

Alckmin assume SP de olho em projeto eleitoral

O tucano Geraldo Alckmin estreia hoje um governo desenhado sob medida para seu projeto eleitoral, seja a busca da reeleição ou da Presidência da República. Além da tentativa de ampliação do arco de alianças -com inclusão do PSB e reserva de espaço para o PMDB, por exemplo- a montagem de seu secretariado mostra um esforço de asfixia de um potencial adversário do tucanato em 2014: o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM). "Temos que levar o governo mais para esquerda", justificou Alckmin nos últimos dias a interlocutores.

Reeleitos não cumpriram metas de 2006

Governadores reeleitos em outubro reassumem hoje sem ter cumprido integralmente as promessas feitas na campanha eleitoral de 2006.
A Folha fez um levantamento das principais promessas dos políticos. Há metas genéricas, como redução da pobreza e fim da impunidade, e outras concretas, como construção de hospitais e contratação de policiais.
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), reassume sem ter aumentado o número de farmácias populares de 18 para 40, como prometeu. Hoje, são 19 unidades. A Secretaria da Saúde do Estado apontou outros avanços, como o aumento do número de leitos.

Oposição controlará mais da metade do eleitorado e fará contraponto a Dilma

Os governadores de oposição que tomam posse hoje vão comandar a maior parte do eleitorado brasileiro e serão um contraponto à gestão federal petista. Juntos, os dois maiores partidos da oposição, PSDB e DEM, controlarão dez Estados e 52,5% dos eleitores. O governador reeleito de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli (PMDB), também apoiou José Serra (PSDB) na campanha, contrariando orientação do seu partido.
O PSDB elegeu oito governadores e será o partido com o maior número de Estados sob seu comando, entre eles os maiores colégios eleitorais do país, São Paulo e Minas. Governadores que apoiaram Dilma Rousseff (PT) na eleição venceram em 16 Estados, que representam 46,2% do eleitorado nacional.

O Estado de S. Paulo

Começa o governo Dilma

Dilma Rousseff assume hoje como a primeira mulher presidente do Brasil. O mandato da petista, que quer ser chamada de “presidenta”, começa sob a sombra do enorme carisma de seu antecessor e padrinho político, Lula. “Eu não posso errar”, diz Dilma – que, fiel a sua fama de durona, já planeja reuniões de trabalho para “ontem”. Após oito anos, Lula passará a faixa à sua criatura deixando um legado de acertos e descompassos políticos, econômicos e sociais. Lula teve como marca os solavancos de sérias crises políticas, como a do mensalão, mas também a inegável redução da desigualdade social e a manutenção da estabilidade econômica. Para compensar o peso dessa herança, Dilma terá a maior base de apoio já formada em torno de um presidente desde a redemocratização do Brasil.

Lula veta projeto do Senado e cria cadastro de bons pagadores por MP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou integralmente o projeto de lei aprovado em dezembro no Senado e criou uma regulamentação própria para o cadastro positivo, banco de dados dos bons pagadores. A Medida Provisória 518, acompanhada do veto, foi publicada no Diário Oficial da União de ontem e começa a valer imediatamente. O projeto de lei aprovado pelos senadores foi alvo de críticas dos órgãos de defesa do consumidor por, simplesmente, criar o cadastro positivo sem estabelecer regras para o compartilhamento de informações dos bons pagadores. Isso, segundo as instituições, abriria brechas para a violação de privacidade e discriminação dos consumidores.

Bancos foram contemplados

A defesa do consumidor nunca mereceu a devida atenção do governo petista, especialmente em face das práticas abusivas dos bancos. Mas pelo menos horas antes de fechar a cortina do seu último mandado, o presidente Lula ouviu, em parte, os consumidores ao vetar o projeto de lei que implementava o chamado cadastro positivo.

O ato não deixa de surpreender por contrariar, ainda que minimamente, o interesse dos banqueiros e de suas entidades. Digo minimamente, porque não houve, em verdade, veto ao cadastro positivo em si, mas ao malévolo projeto de lei sobre o assunto aprovado pelo Congresso Nacional.

Lula deixa para Dilma reajuste de aposentados

O governo federal deixou para a próxima semana a publicação da medida provisória que define o reajuste dos aposentados e pensionistas que recebem mais que o salário mínimo. Como não houve negociação e acordo entre centrais sindicais, representantes dos aposentados e do Executivo, os benefícios deverão ser corrigidos apenas pela inflação, ou seja, com base na estimativa do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 5,5%.

A expectativa do presidente da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), Warley Martins Gonçalles, no entanto, é de que os aposentados ganhem um pouco mais que isso. O índice oficial da inflação de 2010 só será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 20 de janeiro e, na avaliação do presidente da Cobap, ele pode ser maior do que os 5,5% projetados.

Aumento de 5,8% do seguro-desemprego já está em vigor

O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat) decidiu ontem elevar em 5,88% o valor do seguro-desemprego, que entra em vigor hoje. O porcentual de reajuste é o mesmo aplicado ao salário mínimo. O aumento do mínimo, que passou de R$ 510 para R$ 540, foi fixado por uma Medida Provisória (MP) assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O reajuste ficou abaixo do defendido pelas centrais sindicais, que pressionaram o Palácio para elevar o valor para R$ 580.

Tributo sobre energia é prorrogado por 25 anos

O consumidor vai continuar pagando por mais 25 anos um encargo que encarece a conta de luz. Poucas horas antes da virada do ano, o governo incluiu em uma Medida Provisória a prorrogação, até 2035, da cobrança da chamada Reserva Global de Reversão (RGR). Essa espécie de tributo custou aos brasileiros cerca de R$ 1,6 bilhão em 2009.

A decisão tomada de última hora provocou reações das entidades do setor elétrico. "O governo perdeu uma oportunidade muito importante de reverter parte da explosão dos custos da energia para os consumidores", disse Paulo Pedrosa, presidente-executivo da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).

Economia dita vaivém da popularidade

Em pesquisas de avaliação do governo, vale o saldo. Do total de ótimo/bom, subtrai-se a soma de ruim/péssimo: resultado positivo é aprovação; negativo, desaprovação. O "regular" não conta. Nesse critério, Luiz Inácio Lula da Silva bateu o recorde presidencial de José Sarney.

A série histórica do Ibope mostra que muita coisa mudou entre um e outro. Mas o motivo subjacente que orientou as curvas de popularidade do governante de plantão segue sendo o mesmo: o desempenho da economia.

O País, enfim, reage à pobreza

Visto pelos gráficos do chamado coeficiente de Gini, que mede a desigualdade de renda, o Brasil de Lula é uma curva em queda constante. Sem que o País deixasse as piores posições no ranking mundial de concentração de renda, a desigualdade entre os mais ricos e mais pobres caiu ano a ano a partir de 2003, algo que não se viu nas quatro décadas anteriores. Dados oficiais indicam que 31,7 milhões de brasileiros deixaram a pobreza e outros 12,6 milhões não podem mais ser considerados miseráveis.

A pobreza extrema, que a presidente Dilma Rousseff prometeu erradicar, ainda é condição de 13,5 milhões de brasileiros, segundo os dados mais recentes disponíveis, mas é a classe média quem domina agora.

Ao final da gestão, população vê saúde como o principal problema

A seis meses do fim do mandato do presidente Lula, o governo quis saber qual era o principal problema do País. Pesquisa de opinião encomendada pela Secretaria de Comunicação da Presidência - feita em 4.500 domicílios de 240 municípios do País - apontou a saúde como o principal problema. Essa era a percepção de 36% dos entrevistados, porcentual bem maior do que o medido em 2009, quando a saúde era apontada como o principal problema por 22,7% da amostra da população.

A saúde apareceu como maior problema brasileiro em todas as faixas de renda, à frente de temas como desemprego, habitação e corrupção. Mas foram os pobres os que mais se queixaram, aqueles que dependem dos serviços públicos, segundo a pesquisa encomendada.

O Globo

No adeus, Lula deixa para Dilma crise diplomática com a Itália

Em seu ultimo dia no cargo, o presidente Lula abriu uma crise diplomática com a Itália ao decidir não extraditar o ex-ativista de extrema esquerda Cesare Battisti, condenado à prisão perpetua em seu país. O governo italiano protestou duramente e chamou de volta seu embaixador. Battisti ficará no Brasil com status de estrangeiro. Em meio a crise e sob a sombra do presidente que sai com popularidade recorde, Dilma Rousseff toma posse hoje como a primeira mulher no Planalto. E herda os desafios de conter os gastos públicos, elevar o investimento em infraestrutura, além de melhorar a qualidade da educação e da saúde.

Na despedida, provocação aos EUA

Mesmo sem uma solenidade pública para falar, o ex-presidente Lula deu um jeito de, no último dia no exercício do cargo, improvisar um evento para fazer o derradeiro discurso: de manhã, ao receber cumprimento de servidores e ministros. Emocionado, mas sem chorar, fez um balanço de seus dois mandatos, leu um trecho de seu programa de governo de 2002, no qual anunciava que lutaria para que não se repetisse o que ocorrera na década de 90, segundo ele: a população sem usufruir conquistas no campo econômico.

Para Lula, ele passará para a História como o único presidente que fez mais do que prometera no programa de governo. Ele também aproveitou para alfinetar a oposição, pela última vez no cargo:

- Eu gosto de falar "nunca antes" porque sei que tem adversários e gente que não gosta, que sofre quando eu falo. Como eles pensam que sofro quando eles falam mal de mim, então retribuo dizendo que nunca antes na História do país houve, dentre deste palácio, nesta sala, a quantidade de movimentos sociais participando, falando, propondo e decidindo políticas que o governo brasileiro tinha que executar.

AGU: 'contornos de polarização ideológica'

O parecer da Advocacia Geral da União (AGU) no qual o presidente Lula se baseou para manter o ex-ativista Cesare Battisti no Brasil afirma que, se for extraditado, o italiano pode ser vítima de pressão da opinião pública. O documento lembra que o tratado de extradição entre os dois países permite a negativa da extradição, se houver risco de "perseguição e discriminação" ao réu. Em contrapartida, boa parte do texto é dedicada a tentar pacificar o estado de ânimo do governo italiano.

"Eventual negativa de extradição não qualifica, e nem demonstra, e nem mesmo sugere, qualquer avaliação negativa para com as instituições italianas, presentes ou pretéritas. Trata-se, tão somente, de cumprimento de previsão do tratado", diz o parecer, assinado por Arnaldo de Moraes Godoy, da AGU.

Dilma prometerá erradicar miséria e conter gastos

Primeira mulher a tomar posse como presidente da República, Dilma Rousseff (PT) assume o cargo hoje prometendo erradicar a pobreza extrema no país como sua principal meta de governo. Além da mensagem social, ela assumirá o compromisso público de manter o controle de gastos e evitar o risco inflacionário, em uma condução responsável da economia. Mas decidiu descartar de seu pronunciamento qualquer referência ao termo ajuste fiscal.

A mensagem de Dilma terá dois momentos distintos: um mais formal, num longo discurso de 45 minutos no Congresso, e outro mais emotivo, que será feito no parlatório do Palácio do Planalto. Mas nos dois discursos Dilma irá estabelecer as principais diretrizes e compromissos de seu governo. Em sua fala, haverá o cuidado para não usar a palavra continuísmo.

Segundo interlocutores, Dilma agradecerá a ousadia do povo de ter primeiro eleito um operário, numa referência direta ao ex-presidente Lula. E, depois, por ter eleito uma mulher. Com isso, pretende enfatizar a novidade histórica que foi a sua eleição.

A partir de hoje, desafios em diferentes áreas

O jogo começou, e a presidente eleita, Dilma Rousseff, corre contra o tempo para manter o país no rumo do crescimento sustentado. Na visão de analistas, o novo governo precisará emitir sinais imediatos e adotar medidas em curtíssimo prazo para recuperar credibilidade e manter a economia nos trilhos, afastando o fantasma da inflação e assegurando mais investimentos para o país, passaporte indispensável para o sucesso da atual gestão.

Especialistas ouvidos pelo GLOBO consideram que 2011 deve começar com medidas restritivas na área fiscal, não apenas para o equilíbrio das contas públicas, mas para sinalizar uma nova postura que diferencie a gestão de Dilma da última fase do governo Lula:

Pelo script, Lula entra e sai calado

Pelo roteiro oficial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrará mudo e sairá calado do Palácio do Planalto, limitando sua participação à entrega da faixa presidencial a Dilma Rousseff e, no máximo, cumprimentando-a com palavras de felicitações ditas somente a ela na hora da cerimônia. Mas isso é o que o cerimonial da Presidência e do Itamaraty desenha. Como Lula, em seus oito anos de mandato, fugiu de todos os scripts, é incerto se sua participação na festa da posse de hoje será a de um coadjuvante.

Ministros que estiveram com Lula nesta última semana saíram de seu gabinete com a constatação de que tudo pode ocorrer. Afinal, todos sabem: o presidente é emotivo, faz questão de se misturar ao povo e, como já disse em várias ocasiões, não pode ver um microfone que não resiste à tentação de fazer um discursinho, de improviso, claro.

Aeroportos vão para iniciativa privada

AInfraero vai perder mais da metade dos 67 aeroportos que administra atualmente, adiantaram ao GLOBO fonte do governo e da equipe de transição. A estatal ficará com cerca de 30 terminais. Os demais serão repassados aos estados e municípios, que poderão concedê-los à iniciativa privada. Os mais movimentados e mais rentáveis, no entanto, como Galeão (Tom Jobim), Cumbica (Guarulhos-SP) e Viracopos (Campinas), continuarão sob o guarda-chuva da Infraero. No Rio, os de Jacarepaguá e de Macaé, por exemplo, poderão ser explorados pelo setor privado.

Conforme informou ontem o colunista do GLOBO Ancelmo Gois, as medidas para a concessão dos aeroportos à iniciativa privada já estão sendo discutidas pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, e a presidente Dilma Rousseff, que toma posse hoje.

Correio Braziliense

A vez de Dilma

“Mudar muito para quê, se 83% aprovam o atual governo?” A pergunta foi dita por um dos ministros na reunião em que Dilma Rousseff definiu a linha do discurso que fará hoje, quando tomará posse como a primeira mulher eleita presidente do Brasil. Ela assume com o desejo de se mostrar como algo novo dentro de um governo com cara de velho, porém, querido por mais de 80% dos brasileiros, conforme demonstram as pesquisas de opinião. O maior desafio, ninguém duvida: manter a popularidade nos níveis atuais, sem a presença do maior comunicador do Planalto, o próprio Luiz Inácio Lula da Silva.

Hoje, a imagem de criador e criatura divulgada na campanha terá um só corpo, o de Dilma. E com os sinais totalmente invertidos em relação a 2003, quando Lula assumiu pela primeira vez o governo com o lema da mudança. Naquele dia, o Brasil apostou em alguém tarimbado em política sem muito conhecimento na área de gestão. Passados oito anos, o país será comandando por aquela que Lula apontou como excelente gestora. Porém, avaliada por muitos como alguém sem experiência política.

A posse de vários olhares

Nunca antes na história deste país uma posse presidencial será registrada por uma gama tão grande de olhares. Das gigantescas máquinas munidas de filme preto e branco empunhadas na posse de Fernando Collor de Mello, passando pelas também gigantescas — mas já coloridas — câmeras que registraram Fernando Henrique Cardoso subir a rampa do Palácio do Planalto à recém-geração digital que fotografou Luiz Inácio Lula da Silva, em quase 20 anos de democracia, o perfil do brasileiro que vai à Esplanada dos Ministérios saudar o novo presidente mudou muito. Filmadoras e câmeras digitais, Ipads, smartphones. Tudo isso formando uma imensa rede multimídia de tempo real, registrando cada segundo da posse de Dilma Rousseff.

Todas as mulheres da presidente

Se toda mulher tem um pouco de Leila Diniz pela vontade de quebrar padrões de comportamento, Cléo, Marly, Jane têm ainda um pouco de “Dilma” em suas personalidades. Essas mulheres foram escolhidas — com outras 10 — pela presidente eleita para acompanhá-la na nova rotina presidencial. Pessoas próximas as consideram decididas, fortes, leais e discretas, características comuns à presidente. Elas devem integrar o Gabinete Pessoal da Presidência da República. As nomeações serão divulgadas nos primeiros dias do ano.

O poder está com elas

O feito de Dilma Rousseff, eleita a primeira presidente do Brasil nas últimas eleições, soma-se a alguns outros de mulheres que foram pioneiras na política mundial. Desde os primórdios, ainda na antiguidade, com a então rainha do Egito Cleópatra, passando pela escolha de primeiras-ministras e de chefes de Estado na Europa e na Ásia, até a eleição das primeiras representantes com cargos eletivos no governo brasileiro. Ao subir a rampa do Palácio do Planalto e receber a faixa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a petista entra de vez para a história.

Até os adversários

Dezoito dos 27 governadores eleitos e reeleitos confirmaram presença na cerimônia de posse da presidente Dilma Rousseff. Eleita para seu primeiro mandato, a petista mostra que assumirá com influência, alavancada pelo peso político de Luiz Inácio Lula da Silva. Ela conseguiu movimentar cerimoniais de vários estados para que até mesmo governadores de partidos adversários pudessem prestigiar sua posse. Muitos marcaram as solenidades simples e curtas, de menos de duas horas, para o início da manhã ou madrugada de hoje, articulando assim a agenda local com a nacional. Além de fazer um aceno de boa vontade para a nova presidente, adversários decidiram esquecer os ataques da eleição para acompanhar a despedida de Lula, no melhor espírito democrático. Governadores tucanos como Marconi Perillo (GO), Siqueira Campos (TO), Geraldo Alckmin (SP), José Anchieta Júnior (RR), Teotônio Vilela (AL) e Beto Richa (PR) optaram por apressar a cerimônia para embarcarem rumo a Brasília.

Fonte: Congressoemfoco

Como copiar fotos para o CD?

Alessandra Kormann

Como passo fotos do computador para um CD? Que tipo de disco eu devo usar?
Gege

Assim que vc insere um disco virgem no drive (pode ser um CD-R normal), o Windows pergunta o que deseja fazer com ele. Uma das opções é "Gravar arquivos em disco/ Usando janelas". Clique em cima dela. A seguir, vai surgir uma janelinha, pedindo para vc dar um nome para o disco. Digite "Fotos", por exemplo, e clique em "Avançar!". O sistema vai formatar o seu disco, preparando-o para receber os arquivos. Assim que a formatação for concluída, vai surgir uma nova janela, com a informação "Arraste arquivos para esta pasta para adicioná-los ao disco".

Do lado esquerdo da tela, a unidade de CD ou DVD vai estar selecionada, já com o nome que vc deu ao disco. Em cima, vc vai encontrar as pastas com os arquivos que estão na sua máquina. Provavelmente, eles estarão na pasta "Meu Computador" ou na pasta com o seu nome, se vc tiver um perfil de usuário próprio. Vá clicando em cima das pastas até localizar as fotos. Qdo encontrá-las, clique em cima delas para selecioná-las.

Se quiser selecionar todas, use a tecla "Shift" (a seta para cima). Se quiser selecionar fotos fora de ordem, use a tecla "Ctrl". Finalmente, arraste as imagens com o mouse para a "Unidade de CD ou DVD", onde está o seu disco, e aguarde a cópia ser feita. E pronto! Se o disco não for virgem e já tiver um monte de arquivos gravados, vc pode gravar mais imagens nele, se houver espaço. Clique com o botão direito do mouse no menu "Iniciar" (o símbolo do Windows no canto esquerdo inferior da tela) e selecione "Explorar". Faça o mesmo procedimento de selecionar e arrastar as imagens.

Envie sua dúvida para o e-mail batepapo.internet@grupofolha.com.br. Informe a sua idade e a cidade onde mora. As perguntas selecionadas serão publicadas sem identificação do remetente. A coluna pode publicar apenas trechos das questões.

Fonte: Agora

Fotos do dia

A gata Larissa Gomes está na "Frizz Magazine" Larissa nasceu no Paraná, mas adotou o Rio Em 2010, a gata foi musa da Vila Isabel
Dilma discursa aos parlamentares no Congresso Nacional Nova presidente desfila no Rolls Royce presidencial ao deixar o Congresso Nacional Dilma recebe a faixa presidencial de Lula no Palácio do Planalto

Leia Notícias do seu time

vencer


    • Corinthians
    • São Paulo
    • Palmeiras
    • Santos
    • Portuguesa
    • Guarani
    • Ponte preta
    • São Caetano
    • Santo André
    • Prudente

A realidade, mais fascinante do que a ficção

Carlos Chagas

Oito anos atrás, fomos dormir, ou ficamos acordados, imaginando como tinha sido possível um torneiro-mecânico suceder um sociólogo na presidência do Brasil. Vivíamos uma democracia, é claro, com eleições livres, mas pela primeira vez na História chegava ao poder alguém despojado das credenciais clássicas das elites ou da burguesia.

O desconhecido se desatava à frente, sem carta de marear, talvez navegar não fosse possível, diria o saudoso dr. Ulysses, se ainda estivesse entre nós.
A realidade revelou-se mais fascinante do que a ficção. Ainda que Luiz Inácio da Silva tivesse divulgado sua “Carta aos Brasileiros”, prometendo manter as instituições, os compromissos externos e a economia de mercado, muitos duvidavam. Outros previam e até ansiavam pelo inusitado.

Transcorridos dois mandatos, o Lula vai para casa levando a maior popularidade jamais conquistada por um presidente da República. Estava certo quando repetia o singular “nunca na História deste país”… Além de contentar as elites e redimir as massas, atendeu a classe média.

Retomou o desenvolvimento, voltamos a crescer, inseriu o Brasil em novo patamar internacional e fez mais: sozinho, escolheu e elegeu uma auxiliar há oito anos desconhecida pela opinião pública. Uma mulher, acrescente-se.
Claro que o Lula cometeu erros. Não realizou tudo o que pretendia. Mas deixa um saldo excepcional. Merece todos os elogios.�

EM BUSCA DAS DIFERENÇAS

Começa que é mulher, a primeira a exercer a presidência da República. Há que buscar outras diferenças. Jamais se poderá esperar que Dilma exprima um papel-carbono ou um vídeotape do Lula. Nem seria desejável, em termos de futuro.

De início, o berço. A nova presidente vem de uma família de classe média alta, jamais passou fome, exceção quem sabe nos três anos em que ficou presa. Outra diferença: o presidente que se despede só permaneceu uma semana na cadeia. Não pegou em armas contra a ditadura, se considerarmos que discursos, greves e passeatas constituem outro tipo de armas.

Ela, não. Assumiu a luta impossível, certamente um erro ideológico, mas profundamente respeitável. Em termos de personalidade também diferem. Tolerância tem sido a marca do Lula. Dilma é áspera. Cobra resultados e não hesita em levantar a voz e passar pitos em quem quer que seja, maquiadora ou ministro.

Perfeccionista, uma, sempre atenta ao conjunto, sem esquecer o varejo. O outro, cuidando mais do atacado, ainda que preocupado com certos detalhes. Semelhanças, é claro que também existem. Ambos cederam a pressões político-partidárias, na hora da composição de seus ministérios.

Para contra-atacar, ele revelou-se maior do que seus ministros e seu próprio partido, não raro relegando-os à indiferença. Ela, pelo jeito, vai pelo mesmo caminho.

Politicamente, são de esquerda, mas moderada, nunca furibunda. Quanto ao social, o Lula começou combatendo a fome. Dilma promete extirpar a pobreza. Ambos, no entanto, atentos ao mercado e suas sutilezas.

No final de seu segundo mandato, o Lula tornou públicas as críticas aos Estados Unidos, que fazia na intimidade. Dilma talvez demore um pouco, mas certamente não se deixará seduzir pelo canto da sereia que por sinal comparece à sua posse.

Em suma, não é o desconhecido que se desata à frente, mesmo sendo inevitáveis as tempestades. Só que a caravela e a carta de marear são outras.

Fonte: Tribuna da Imprensa

“Habemus Papa”, e Dona Dilma desceu a rampa com Lula, com medo de que ele não fosse embora

Helio Fernandes

Não tem mandato vitalício, como no Vaticano, e nem sabe até quando irá a duração do que está assumindo. Fez questão (um fato inédito), de descer a rampa com Lula, não era consideração, e sim medo de que ele não fosse embora.

Pela Constituição (e temos tantas que podem citar e repetir à vontade), os presidentes têm prazo de validade estipulado. É bem verdade que a República (ou o destino?) devorou tantos presidentes, que temos quase o mesmo número de vices que assumiram como presidentes eleitos. E mesmo os “presidentes”, assumiam sem saber quanto tempo durariam ou resistiriam.

Seu antecessor, inventor e grande eleitor, tem feito afirmações as mais contraditórias. Acredito até que não seja crueldade e sim incerteza. Num momento deixa entrever, “posso voltar, se houver dificuldade”. No outro, para o mundo para retumbar: “A Dilma só não fica 8 anos se não quiser, esse, hoje, é um direito dos presidentes”.

Ninguém acredita em Lula, principalmente em matéria de sucessão. “Nunca na História deste país, alguém teve tanta dúvida sobre seu próprio futuro presidencial”, quanto Lula.

Está bem, passou o mandato, isso estava no roteiro que ele mesmo escreveu. Os bem informados, sabem que Lula tentou de todas as maneiras o terceiro mandato, não conseguiu.

E só não conquistou o terceiro, era um lugar comum: se conseguir esse imaginário “terceiro”, não sai nunca mais. Ninguém esqueceu a alegria, a satisfação e o deslumbramento depois da visita ao Gabão.

Só se lembrou de uma coisa que recitava para todos, íntimos ou não: “Puxa, ele está há 32 anos no Poder”.

***

PS – O discurso de Dona Dilma não teve nenhuma importância, não há uma frase que fique batendo agradavelmente no ouvido de tantos, nem mesmo dos 55 milhões que votaram nela. Iam votar em quem, se o “adversário” se chamava José Serra?

PS2 – E Dona Dilma está farta de saber que não garantirá a permanência no Poder, por quatro anos, oito, ou mesmo até 2014, com palavras. Tem que FAZER. Mas não mostrou nada na campanha, nem no discurso VAZIO de ontem.

Uma despedida em clima de apoteose

Agência Estado

Lula foi mais Lula do que nunca no seu último dia como presidente da República, encerrado com o primeiro discurso como ex-presidente. Em São Bernardo do Campo (SP), resumiu sua sensação de dever cumprido e de ter superado "preconceitos" que, segundo ele, enfrentou ao longo de sua trajetória carreira política. "Volto para casa de cabeça erguida. Posso dizer na frente do meu povo que, depois de provar que um metalúrgico tem condições de ser presidente da República, nós elegemos uma mulher", afirmou, diante de cerca de 1,5 mil pessoas.

O ex-presidente chegou com atraso, às 22h45 de ontem, à festa preparada pelo diretório municipal do PT, com apoio da prefeitura comandada pelo petista Luiz Marinho. Antes, visitou seu ex-vice, José Alencar, no Hospital Sírio-Libanês. Lula chegou a São Bernardo acompanhado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que havia prometido ao aliado "deixá-lo em casa" e foi aplaudido pelo público.

A recepção em São Bernardo encerrou um dia repleto de cenas que marcaram os oito anos de mandato de Lula. Em Brasília, o ex-presidente misturou-se a militantes petistas, chorou várias vezes, posou em formação de time de futebol com seus seguranças, compondo um verdadeiro concentrado de seu estilo exibido nos últimos oito anos. Das primeiras horas do dia com a família no Palácio da Alvorada até acenar da janelinha da cabine do piloto do Aerolula, na Base Aérea, por volta de 17h30, Lula despediu-se do poder em todos os momentos. Até o hino do Corinthians o ex-presidente ouviu ser tocado pela banda da Aeronáutica, enquanto subia no avião que o levaria a São Paulo.

Emoções

Antes de passar a faixa para a presidente Dilma Rousseff, o agora ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conteve as lágrimas. Ao abraçar a sucessora, no gabinete do terceiro andar do Palácio do Planalto, na tarde de ontem, ele disse uma das poucas frases pronunciadas em público no seu último dia de governo. "Eu e o povo brasileiro confiamos em você", disse Lula a Dilma, com voz embargada, segundo relato de um dos auxiliares.

Dilma e o vice-presidente Michel Temer quebraram a tradição e desceram a rampa junto com Lula. Ministros do governo seguiram o ex-presidente para também prestar uma última homenagem. "Agora é que vai cair minha ficha", disse ele, brincando com ministros. Ele quebrou o protocolo, atravessou a rua e foi cumprimentar homens e mulheres que se concentravam atrás do alambrado.

Com os olhos vermelhos e paletó desabotoado, Lula enxugou as lágrimas em um lenço branco, apertou a mão de eleitores, distribuiu beijos e abraços e recebeu um troféu de um adolescente cara-pintada. Enquanto ele se jogava nos braços da multidão, Dilma dava posse ao ministério.

Família

Lula passou a manhã no Palácio da Alvorada com Marisa Letícia e os filhos Fábio, Luiz Cláudio e Sandro. Da equipe mais próxima do presidente, só o chefe da segurança, general Gonçalves Dias, e o fotógrafo da Presidência, Ricardo Stuckert, estiveram no Alvorada.

Quando José Sarney declarou Dilma presidente da República, precisamente às 14h52, Lula ainda estava na residência oficial. Ele deixou o Alvorada já como ex-presidente. Cerca de 30 turistas o esperavam do lado de fora do Alvorada. Nenhum militante apareceu com cartaz ou bandeira do PT.

Antes de Dilma chegar ao Planalto, Lula apareceu no Salão Nobre. Acompanhado de Marisa Letícia, ele saiu abraçando e beijando os convidados. "Vocês estão com cara de ministro e eu de ex-presidente", brincou, assim que passou ao lado dos futuros ministros. Alertado da chegada iminente de Dilma, Lula saiu em disparada para a rampa do Planalto.

Antes de sair de cena, nas últimas horas de seu primeiro dia como ex-presidente, Lula reafirmou que não vai sair da vida pública, no discurso feito em São Bernardo. "O fato de eu ter deixado a Presidência não significa que eu tenha deixado a política", afirmou Lula. "Eu ainda tenho muita coisa a fazer." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: A Tarde

Em destaque

Desaceleração da China é inevitável e o Brasil precisa se situar melhor

Publicado em 4 de novembro de 2024 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Queda da população está enfraquecendo a economia ...

Mais visitadas