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quarta-feira, dezembro 29, 2010

Banco abre 3.698 vagas

Carol Rocha
do Agora

A empresa Cobra Tecnologia, do Banco do Brasil, abriu concurso para 3.698 cargos de ensinos médio e superior em todas as regiões do país. Desse total, 215 são para preenchimento imediato e 3.483 são para formação de cadastro de reserva (11 são destinadas a deficientes). Os cargos são de analistas administrativo e de operações, auxiliar de operações e técnicos administrativo e de operações.

Os salários variam de R$ 575,88 a R$ 2.994,56. A empresa oferece ainda vale-refeição, vale-transporte, plano de saúde, reembolso farmácia, auxílio creche e outros benefícios conquistados em acordos coletivos.

Os selecionados serão contratados em regime de experiência pelo prazo de 45 dias, prorrogável por igual período. Se o desempenho for aprovado, o funcionário será contratado em regime CLT.

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora nesta quarta,

Mais de 240 mil protestam contra aumento dos parlamentares

Edson Sardinha

As festas de fim de ano não apagaram a indignação do cidadão brasileiro com o aumento de 62% autoconcedido pelos parlamentares há duas semanas. Mais de 240 mil pessoas já assinaram o manifesto virtual contra a elevação do salário de deputados, senadores, ministros de Estado, presidente e vice-presidente da República para R$ 26,7 mil.

Proteste! Assine aqui o manifesto virtual


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Ontem (27), cerca de 100 estudantes foram contidos na entrada do Congresso, onde pretendiam protestar contra o aumento. Diante da resistência da Polícia Legislativa, o grupo se deslocou para a rampa do Palácio do Planalto, de onde foi retirado cerca de meia hora depois por policiais militares do DF. Também houve protesto semelhante no Congresso na semana passada. Outro ato de repúdio foi prestado, também na semana passada pelo bispo Manoel Edmilson da Cruz. Ele rejeitou, em meio a uma sessão no plenário do Senado, receber uma homenagem, a comenda Dom Hélder Câmara, em protesto contra o aumento.

O abaixo-assinado que circula pela internet tem como primeiro signatário Mauro Eduardo Bearare Júnior. “Esse projeto amplia o abismo entre o Parlamento e a sociedade. É advocacia em causa própria. O percentual de 62% para os parlamentares e mais de 130% para presidente e ministros, diante da realidade brasileira, é evidentemente demasia. Vamos mostrar a indignação do povo brasileiro quanto ao autoritarismo evidente na manipulação do orçamento e dos recursos provenientes de arrecadação de impostos e cofres públicos”, diz o manifesto virtual, indicado ao Congresso em Foco pelo leitor Fagner Nicácio por meio do twitter (@congemfoco).

O Senado e a Câmara aprovaram no último dia 15, com agilidade raramente vista no Parlamento, o Projeto de Decreto Legislativo 3036/10, que aumenta os vencimentos de deputados federais, senadores, do presidente e vice-presidente da República e dos ministros de Estado para R$ 26,7 mil. O texto foi aprovado primeiro pela Câmara. Menos de três horas depois, a proposta recebeu o aval dos senadores. Os senadores precisaram de menos de cinco minutos para aprovar o projeto.

A proposta busca equiparar a remuneração dos ocupantes desses cargos com a dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O novo salário entra em vigor a partir de 1º de fevereiro de 2011, quando começa a próxima legislatura.

Nas duas Casas, a votação foi simbólica, modalidade em que não há declaração de voto por cada parlamentar. Na Câmara, porém, foi possível identificar os deputados que aprovaram o regime de urgência, medida que permitiu a votação relâmpago da proposta, como mostrou o Congresso em Foco.

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Fonte: Congressoemfoco

Lula chora e diz que sua vitória teve “dedo de Deus”

Edson Sardinha

A três dias de deixar a Presidência da República, o presidente Lula chorou três vezes esta noite em discurso feito em seu estado natal, Pernambuco. Lula foi às lágrimas ao ouvir uma homenagem de um poeta popular, ao ouvir o discurso do governador Eduardo Campos e ao falar de sua trajetória política.

"Eu não quero chorar mais do que já chorei. Vocês sabem que uma coisa que eu admiro no povo é que o povo chora para fora, o povo ‘cafunga’, lacrimeja, e político chora para dentro, fica com vergonha, e fica engolindo lágrimas, quando deveria colocar lágrimas para fora", disse o presidente, conforme relata o site G1.

Para Lula, sua chegada ao poder teve o “dedo de Deus”. "Eu sou agradecido a Deus em primeiro lugar, porque se não fosse o dedo de Deus não era normal que um retirante de Caetés, que saiu do sertão para fugir da fome, se transformasse em presidente da República do Brasil. Isso só pode ter o dedo de Deus".

O presidente disse que seguiu os conselhos da mulher, Marisa Letícia, ao disputar as eleições presidenciais de 2002, depois de três derrotas consecutivas. Segundo ele, seu caso mostra como é importante acreditar em si mesmo para alcançar os objetivos de vida. "Nós não conseguimos tudo, mas nós conseguimos gostar de nós, conseguimos nos respeitar, aprendemos acreditar em nós, e quem acredita em si próprio nunca será derrotado."

Trabalho

Ele afirmou que essa mesma convicção o fez superar adversidades principalmente do primeiro mandato. “Eu duvido que tenha tido um presidente da República que tenha trabalhado o tanto que eu trabalhei, que tenha viajado o tanto que eu viajei, que tenha cumprimentado as pessoas o tanto que eu cumprimentei. E não faço isso à toa porque eu quero sentir o pulsar do coração, da alma e da mente de cada mulher e de cada criança desse país. E foi com essa convicção que eu consegui governar o primeiro mandato depois de tantas coisas ruins que aconteceram e conseguimos chegar ao segundo mandato", disse.

Lula foi condecorado com a Ordem do Mérito dos Guararapes, a principal comenda do estado, durante a inauguração do Memorial Luiz Gonzaga. Ele pediu apoio à presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), e disse que continuará a participar da vida política do país. "Deixo a Presidência, mas não pensem que vão se livrar de mim, porque vou estar nas ruas deste país para ajudar a resolver os problemas do Brasil", declarou.

O presidente ainda fez um balanço de seus oito anos de governo, destacou as obras feitas no Nordeste e homenageou o ex-governador Miguel Arraes (PSB), avô do atual governador de Pernambuco.
Fonte: Congressoemfoco

Nos jornais: Centrais atacam mínimo de R$ 540 defendido por Lula

O Estado de S. Paulo

Lula resiste e centrais atacam novo mínimo

Em dia de protesto de estudantes contra o reajuste dos parlamentares, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou da campanha dos sindicalistas por um salário mínimo superior à proposta de R$ 540. As centrais sindicais reivindicam o valor de R$ 580.

Lula, que tomou café da manhã com jornalistas, disse que qualquer alteração no mínimo será decidida pela sucessora, Dilma Rousseff. Para o presidente, os sindicalistas não estão aceitando acordo fechado em 2007, que prevê reposições do salário mínimo levando em conta perdas com a inflação e a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes.

"Os companheiros sindicalistas não podem fazer um acordo e esse acordo só vale quando se é para ganhar mais", disse. "Temos um acordo para recuperar o salário mínimo até 2023."

Lula muda discurso e afirma que Dilma será sua candidata em 2014

A quatro dias do fim do mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou ontem desfazer o mal-estar causado pela afirmação de que pode disputar o terceiro mandato em 2014, feita em entrevista na semana passada. Em conversa no Palácio do Planalto, disse a jornalistas que fará campanha por Dilma Rousseff. “A Dilma será minha candidata”, garantiu. Lula preferiu atribuir a antecipação do debate sucessório à oposição. “Cabe a quem está no governo governar e não ficar preocupado com a pauta de 2014.” Ele disse ainda que não será copiloto de Dilma. “Ficarei na torcida, na arquibancada”.

'Mídia tem de parar de achar que não pode ser criticada', diz Lula

No seu último café com jornalistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado do ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, expôs a sua mágoa em relação à cobertura jornalística do seu governo e tentou agradar o subordinado defendendo o projeto de regulação da mídia. "Não defendo o controle da mídia, mas a responsabilidade", disse. "A mídia tem de parar de achar que não pode ser criticada."

Nos dois mandatos, Lula sempre deixou a polêmica da regulação da mídia limitada ao âmbito das conferências lideradas por setores do PT e aos seus discursos em épocas de crise política. Os quatro ocupantes do Ministério das Comunicações no governo Lula – Miro Teixeira, Eunício Oliveira, Hélio Costa e José Filardi – mantiveram, por exemplo, o tradicional esquema de concessão de rádios a políticos.

Alckmin e Kassab já brigam por 2012

Adversários na última eleição municipal em 2008, o governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Gilberto Kassab (DEM) começam a ensaiar uma disputa pelo controle da sucessão da Prefeitura de São Paulo em 2012.

Kassab quer dar as cartas na indicação do sucessor, o que o fortalecerá na eleição de 2014, quando pretende concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. O problema é que o futuro governador também tem planos e, segundo aliados, não deixará de indicar alguém do seu grupo para o cargo.

O atual prefeito, no entanto, impedido pela lei de disputar a reeleição, não estaria, segundo seus aliados, disposto a aceitar um candidato do PSDB sem total disposição de defender sua gestão à frente da maior cidade do País. Kassab quer usar a eleição de 2012 como plataforma de lançamento para 2014, ou seja, precisa de um aliado que defenda sua imagem e faça propaganda de seu governo.

CGU demite ex-secretária adjunta da Receita Federal

A ex-Secretária Executiva do Ministério da Previdência Social e ex-secretária adjunta da Receita Federal Liêda Amaral de Souza foi demitida do serviço público "por valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública". A resolução, do ministro-chefe da Controladoria Geral da União (CGU) em exercício, Luiz Navarro de Brito Filho, foi publicada no Diário Oficial do último dia 23.

Liêda foi responsável, junto com outros três funcionários, por firmar contrato superfaturado com o Instituto Virtual de Estudos Avançados - Vias, em julho de 2004. O instituto era dirigido pelo professor universitário Ricardo Miranda Barcia, amigo de Liêda que, à época, chefiava a Assessoria de Gerenciamento de Risco. O objeto do contrato foi a realização do projeto "Pesquisa e Desenvolvimento de um Sistema Integrado" no qual seria utilizada gestão do conhecimento com inteligência artificial para implantação da "Metodologia do Gerenciamento de Riscos da Previdência Social". Um mês depois, como secretária-executiva, Liêda assumiu o ministério interinamente, nas férias do titular, Amir Lando (PMDB).

'Somos o único País que tem quatro instâncias recursais'

Uma mudança radical no sistema de recursos judiciais está na cabeça do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso. Uma proposta que visa a diminuir radicalmente a impunidade, acabar com a proliferação de recursos para os tribunais superiores e encurtar a duração dos processos.

Peluso adiantou ao ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, José Eduardo Martins Cardozo, que trabalhará para mudar a Constituição e estabelecer que todos os processos terminem depois de julgados pelos tribunais de Justiça ou pelos tribunais regionais federais. Os recursos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao STF serviriam apenas para tentar anular a decisão, mas, enquanto não fossem julgados, a pena seria cumprida.

Reajuste pode ficar abaixo da inflação de 2010

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva corre o risco de encerrar seus oito anos de mandato dando uma "tungada" nos trabalhadores. O salário mínimo de R$ 540, valor que ele confirmou ontem, corresponderá a um reajuste de 5,88% sobre os atuais R$ 510. No entanto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado para corrigir o mínimo e as aposentadorias, já acumulava 5,83% de janeiro a novembro e pode chegar a 6,5% no ano.

Caso o INPC encerre o ano em 6,5%, o mínimo terá uma perda de 0,6% em relação à inflação - o pior resultado em 15 anos, segundo levantamento da consultoria LCA. Em 1997, o piso salarial teve aumento real (acima da inflação) de apenas 0,2%. Outro ano de cofres fechados foi 2003, o primeiro da era Lula: aumento real de apenas 0,5%. Nos demais anos, porém, foram concedidos reajustes generosos. Em 2010, por exemplo, os trabalhadores tiveram ganho de 5,9% acima da inflação. Em 2006, foram 12,9%.

O Globo

'Acordo não pode ser só para ganhar mais'

Embora mantenha no ar a possibilidade de voltar a se candidatar em 2014, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que vai trabalhar pela reeleição de Dilma Rousseff. Disse que esse é o caminho justo e legítimo, mas ressalvou que ainda é cedo para falar sobre a próxima eleição e que esse debate agora só interessa à oposição. Durante café da manhã com jornalistas que fazem a cobertura diária do Palácio do Planalto, Lula falou de vários assuntos. Disse que gostaria de voltar a ser amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, disse que o pior momento de seus dois mandatos foi o acidente com o avião da TAM, em 2007 - e não o escândalo do mensalão - e sustentou que o salário mínimo, hoje de R$510, será de R$540 e não R$580 como querem os sindicalistas.
Mínimo de R$ 540 opõe Lula a sindicatos

O movimento sindical reagiu de pronto ontem à declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu a elevação do salário mínimo de R$510 para R$540, valor aprovado pelo Congresso no Orçamento da União de 2011. Em nota, a Força Sindical chamou o valor de "pífio aumento" e anunciou que, se não for mudada a proposta, o presidente da entidade, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), apresentará emenda com o valor de R$580, durante a votação da Medida Provisória a ser editada pelo presidente da República fixando oficialmente o novo salário mínimo que vai vigorar a partir do próximo dia 1º de janeiro.

A expectativa das centrais sindicais era de que, em comum acordo, Lula e a presidente eleita, Dilma Rousseff, anunciassem uma proposta maior, fixando um mínimo de pelo menos R$550. Por enquanto, interlocutores do governo dizem que prevaleceu a ordem das equipes econômicas, a de Lula e a de Dilma Rousseff, de não passar dos R$540.

Lula: quem estudou fez menos no governo

Em mais uma despedida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou ontem para dar uma cutucada em seus antecessores. Sem citar Fernando Henrique Cardoso, Lula disse, num evento da comunidade científica, que presidentes que estudaram mais do que ele não fizeram tanto pelo setor quanto o seu governo. Elogiado pelos pesquisadores presentes na inauguração da nova sede do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em Brasília, Lula afirmou que antes dele nunca na História um presidente tinha ido ao CNPq e escutado cientistas falarem bem do governo.

- (Antes) tinha coisas boas que não tinham investimento. Se todos os governos fizessem o óbvio, ninguém errava. Foram 25 anos de atrofiamento da economia brasileira. Somente em 2003 houve uma política para o biodiesel. Isso poderia ter sido feito por outras pessoas que estudaram mais do que eu. Não fizeram porque não quiseram - disse.

Cresce interesse por meio ambiente

Tema desprestigiado por muito tempo pelos brasileiros, o meio ambiente já desperta mais interesse do que assuntos relacionados à saúde. Esta é a conclusão da pesquisa realizada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia com 2.016 pessoas. Segundo o levantamento, 83% dos entrevistados afirmaram que o meio ambiente é o assunto que mais importa, contra apenas 58% que pensavam desta forma em 2006. Naquele ano, 60% dos entrevistados disseram ter muito interesse em medicina e saúde. Este ano, o interesse atingiu 81% nessas duas áreas.

A política só é vista como um assunto "muito interessante" por 9% dos entrevistados. E, segundo a pesquisa realizada em parceria com a Unesco, os políticos estão em descrédito. Perguntados sobre quem inspira menos confiança, 74% disseram que são os políticos. Os médicos são os mais confiáveis, com 30,5%. Em segundo lugar estão os jornalistas, com 27,4%.

Governo vai distribuir CD-ROM sobre ditadura

No apagar das luzes da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo decidiu ensinar aos estudantes de escolas públicas como eram os porões da ditadura, como funcionava a repressão e como se davam as torturas. O conteúdo dessa aula sobre as vítimas da repressão - incluindo a lista e a biografia dos 384 desaparecidos políticos - está reunido no CD-ROM "Direito à memória e à verdade", que será distribuído aos cerca de 7,2 milhões de estudantes de ensino médio das escolas públicas do país. O material foi produzido pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos e pelo Ministério da Educação (MEC).

O documento digital é um dos mais completos arquivos com registros daquele período: são 10.505 imagens e trechos de 380 filmes e documentários. Há até a inclusão de 4.892 canções que marcaram a ditadura, de 1964 a 1985. O CD-ROM mostra o que ocorria nos teatros, na TV e na imprensa do Brasil e do mundo.

FH afirma que ele, e não Lula, mudou o Brasil

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse anteontem ao programa "Manhattan Connection", do GNT, que ele, "sem falsa modéstia", e não o presidente Lula, mudou o Brasil. Segundo o ex-presidente, o Brasil era um, antes da consolidação da economia conquistada em seu governo. E disse que Lula só não herdou um país melhor por causa do medo que o mercado tinha do que o petista poderia fazer. O ex-presidente disse ainda que a presidente eleita, Dilma Rousseff, encontrará um país num bom momento, mas frisou que, em função do aumento de gastos públicos no governo Lula, terá que fazer "ajustes na economia". E afirmou ter dificuldades para entender o que ela, por vezes, quer dizer:

- Eu mudei o Brasil. Sem falsa modéstia. O Brasil era um, antes da consolidação da economia, e passou a ser outro. O Brasil foi muito melhor do que o que o presidente Lula pegou. O ano que ele pegou piorou, mas por causa dele. Por causa do medo que o mercado tinha do que ele dizia que ia fazer. E, para sorte de todos nós, não fez. A Dilma vai pegar uma economia em bom momento, mas uma situação fiscal bastante difícil também.

Para tucano, Vargas foi o maior presidente

Ao ser perguntado sobre quem teria sido o maior presidente do Brasil, Fernando Henrique não incluiu seu nome nem o do presidente Lula na resposta. Disse que o maior presidente foi Getulio Vargas. Citou ainda Juscelino Kubitschek, Campos Salles, Rodrigues Alves e o general Castelo Branco.

- Getulio pensou o futuro do país e também Castelo, ao seu modo.

FH criticou Lula pelo uso da máquina pública para eleger Dilma Rousseff:

- Lula desrespeitou a legislação, a Justiça multou, mas ele até satirizou a Justiça e não aconteceu nada.

Um jornalista perguntou por que a oposição foi fraca e não pediu o impeachment de Lula na investigação do mensalão, principalmente após o publicitário Duda Mendonça confessar no Congresso que recebeu recursos ilegais da campanha que elegeu Lula em 2002.

- Aquilo era caso de a Justiça considerar nula a eleição de Lula, mas não aconteceu nada - disse FH.

Caras pintadas contra reajuste de parlamentares

Estudantes ocuparam ontem a rampa do Palácio do Planalto para protestar contra o reajuste de 61,8% nos salários de deputados federais e senadores, aprovado este mês pelo Congresso Nacional. O grupo de cerca de 70 manifestantes também parou o trânsito na Esplanada dos Ministérios. A Polícia Militar entrou então em confronto com os estudantes, usando cassetetes e spray de pimenta, para desbloquear a avenida.

O protesto ocorreu por volta de 12h20m. Os manifestantes surpreenderam a segurança do Planalto e subiram a rampa reservada a solenidades oficiais. Com cartazes e bandeiras, gritaram palavras de ordem contra o aumento. Seguranças da Presidência e policiais militares impediram a entrada no palácio.

Renda pesa mais que raça no acesso à saúde

O nível social do paciente pesa muito mais do que a sua cor na desigualdade existente no acesso à saúde pública no Brasil. É o que defendem especialistas, ao analisarem o estudo do economista e pesquisador da UFRJ Marcelo Paixão divulgado domingo pelo GLOBO. Segundo a pesquisa dele, brancos e negros têm acesso desigual ao Sistema Único de Saúde (SUS), o que é contestado por especialistas do setor.

- Eu não concordo que o SUS é racista. A ideia de que é necessária uma política de saúde para negros é bastante polêmica. Eu não concordo - sustenta a professora de Economia da Saúde da UFRJ Ligia Bahia.

Para a médica, as desigualdades de renda são tão grandes que acabam "ofuscando" outras variáveis, como raça e gênero:

- Se alguém chegar falando português correto num hospital vai ser mais bem atendido. Já se for um branco ariano falando errado vai ser mais mal atendido. É uma discriminação sutil: a discriminação por status. O mesmo ocorre com quem chega mais bem ou mais mal vestido. É um simplificação dizer que o problema está só na cor da pele.

Folha de S. Paulo

Planalto pulveriza sua propaganda em 8.094 veículos

Quando Luiz Inácio Lula da Silva tomou posse, em janeiro de 2003, apenas 499 veículos de comunicação recebiam verbas de publicidade do governo federal. Agora, o número foi para 8.094. Esses jornais, revistas, emissoras de rádio, de TV e "outros" estão espalhados por 2.733 cidades. Em 2003, eram só 182 municípios. Só neste ano eleitoral de 2010, o dinheiro para publicidade de Lula passou a ser distribuído para 1.047 novos veículos de comunicação. A categoria "outros" inclui portais de internet, blogs, comerciais em cinemas, carros de som, barcos e publicidade estática, como outdoors ou painéis em aeroportos. Chama a atenção o aumento do número de "outros". Em 2003, eram apenas 11. Agora, são 2.512. A informação do governo é que a maioria é composta por sites e blogs na internet. Lula e sua equipe de comunicação não escondem a simpatia pelo novo meio digital. O presidente foi o primeiro a conceder uma entrevista exclusiva dentro do Planalto para o que a administração petista chama de "blogs progressistas".

Polícia faz busca em casa de cunhado de Alckmin

A polícia fez ontem uma operação de busca e apreensão na casa do empresário Paulo Ribeiro, cunhado do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Paulo é um dos 11 irmãos de Lu Alckmin, futura primeira-dama do Estado. Ribeiro é investigado pelo Ministério Público sob suspeita de fazer parte de um cartel acusado de superfaturar preços de merenda em contratos com prefeituras. O processo em que ele aparece como suspeito corre sob segredo de Justiça. Uma das casas de Ribeiro fica em Pindamonhangaba, a cidade natal de Alckmin e de sua mulher.
O pedido de busca e apreensão foi feito pelo setor de crimes financeiros do Ministério Público do Estado e autorizado pela Justiça.

Juíza quebra sigilo de conselheiro do TCE

Investigados sob suspeita de ter recebido propina da Alstom em troca de contratos públicos do governo de São Paulo, 11 pessoas e uma empresa não conseguiram provar a origem do seu patrimônio, segundo decisão da juíza Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi. Para comprovar se os bens têm origem lícita ou não, ela determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal desses investigados desde 1997. A medida atinge Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e chefe da Casa Civil do governador Mario Covas entre 1995 e 1997, e Jorge Fagali Neto, irmão do presidente do Metrô. Marinho e Fagali Neto tiveram contas bloqueadas na Suíça por autoridades daquele país. A suspeita dos promotores suíços é que essas contas tenham recebido comissões ilícitas da Alstom.

Robson Marinho diz que possui renda compatível com patrimônio

Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, disse à Folha que não tem nenhum fundamento a hipótese de que ele tem um patrimônio incompatível com seus rendimentos. "Tenho renda compatível com meus bens. Não tenho só o salário de conselheiro. Tenho uma série de imóveis alugados", afirmou. Para ele, o promotor Silvio Marques, que investiga a Alstom, parte de "uma premissa mentirosa". "Ele diz que eu dei um voto favorável ao contrato Gisel 2 [em que a Eletropaulo contratava a Alstom], mas jamais houve tal voto. Esse contrato nunca foi apreciado pelo TCE." O voto que deu sobre a Alstom era sobre a extensão de garantias, segundo ele. Marinho diz que não pode comentar a conta que promotores suíços dizem ter encontrado em nome dele naquele país. "O processo corre em segredo de Justiça", disse.

Filhos de Lula são sócios em 2 holdings

Dois dos filhos do presidente Lula, Fábio Luís e Luís Cláudio, abriram em 16 de agosto deste ano duas holdings -sociedades criadas para administrar grupos de empresas-, a LLCS Participações e a LLF Participações.
Ao final de oito anos de mandato do pai, Lulinha e Luís Cláudio figuram como sócios em seis empresas. A Folha constatou, porém, que apenas uma delas, a Gamecorp, tem sede própria e corpo de funcionários.
Seu faturamento em 2009 foi de R$ 11,8 milhões, e seu capital registrado é de R$ 5,2 milhões. Ela tem como sócia a empresa de telefonia Oi, que controla 35%. As demais cinco empresas não funcionam nos endereços informados pelos filhos de Lula à Junta Comercial de São Paulo. São, por assim dizer, empreendimentos que ainda não saíram do papel.
As seis empresas dos filhos de Lula atuam ou se preparam para atuar nos ramos de entretenimento, tecnologia da informação e promoção de eventos esportivos.

Bens condizem com atividades, dizem irmãos

Fábio Luís, o Lulinha, disse à Folha que sua evolução patrimonial nos últimos oito anos está de acordo com suas atividades profissionais e com seus ganhos. O mesmo afirmou o seu irmão Luís Cláudio. "É público e notório: trabalho com futebol e tive o retorno compatível com a minha atividade profissional em grandes clubes do país, como São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos", afirmou. Luís Cláudio disse que a LLCS foi registrada no endereço de outra empresa porque o negócio está no início.
"Ainda estou procurando um local definitivo para a sede. Por ora, ela possui apenas um endereço de referência, que poderá se tornar definitivo caso eu consiga locar uma sala da Bilmaker, gerida por grandes amigos meus."

Se posse fosse hoje, Alencar não poderia ir, afirma médico

Se a posse de Dilma Rousseff fosse hoje, o vice José Alencar não teria condição de ir à cerimônia, segundo avaliação feita ontem pelo médico Roberto Kalil Filho. Kalil reiterou, contudo, que o vice passa bem e mantém quadro estável. Desde o dia 22, ele está internado no Sírio-Libanês com quadro de hemorragia digestiva. O médico Raul Cutait, que faz parte da equipe que atende Alencar, disse que estuda a saída dele da UTI para um quarto hoje ou amanhã.

Ex-guerrilheiro recebeu visto dos EUA por engano

Interpretada como sinal de abertura na política externa de Barack Obama, a concessão de visto ao ex-guerrilheiro Paulo de Tarso Venceslau foi, na verdade, um deslize da diplomacia americana. Ele integrou o grupo que sequestrou o embaixador Charles Burke Elbrick, em 1969, para forçar a ditadura a libertar presos políticos. Os outros participantes da ação, como o ministro Franklin Martins (Comunicação Social) e o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), até hoje não podem pisar nos EUA. Telegrama obtido pelo WikiLeaks (www.wikileaks.ch) revela que o consulado em São Paulo concedeu o visto sem perceber de quem se tratava. Depois de o caso vir a público, a embaixada em Brasília recomendou a Washington mantê-lo, para evitar uma possível crise com o Itamaraty.

Correio Braziliense

Caminho livre para Dilma

A quatro dias de passar o cargo a Dilma Rousseff, Lula tenta demonstrar que já se acostumou com a ideia de que deixará a presidência, após oito anos. Em conversa com jornalistas, num café da manhã, fez a avaliação de seu mandato em tom de despedida. E praticamente descartou a volta, deixando a futura presidente à vontade no PT para tentar a reeleição. “Só existe uma hipótese de ela (Dilma) não ser candidata em 2014: ela não querer.” Mas o petista ainda tem decisões difíceis a tomar. Uma delas é sobre a extradição do italiano Cesare Battisti.

Bota-fora de Rosso custa R$ 6,8 milhões

A água a R$ 4,89 foi suspensa. O lanchinho de R$ 21,48 também. Mas a festa na Esplanada dos Ministérios patrocinada pelo Governo do Distrito Federal continua e custará R$ 6,8 milhões, dinheiro suficiente para construir quatro escolas, 130 casas populares ou colocar em funcionamento 2,5 mil leitos de UTIs, uma deficiência na capital do Brasil. O maior volume de dinheiro, R$ 3,6 milhões, pagará o cachê dos artistas. Outros R$ 3,2 milhões serão para financiar a estrutura do evento, que começou no Natal e só termina no ano-novo. A audiência, no entanto, está longe de justificar o volume de recursos aplicados nas comemorações. No último domingo, segundo estimativas da Polícia Militar, 15 mil pessoas participaram da festa e apenas seis mil ficaram para assistir à banda Roupa Nova, a principal atração da noite.

Na última sexta-feira, o Correio noticiou com exclusividade detalhes sobre as despesas planejadas pelo GDF para os eventos da virada. A reportagem contou, por exemplo, que o governo havia previsto a compra de 840 garrafas de 300 ml para servir no camarim dos artistas contratados e staff dos shows. Cada unidade a R$ 4,89. Mais caro que a água francesa da marca Perrier e quase cinco vezes o valor das mais acessíveis, como a São Lourenço, cuja garrafa de 300 ml sai a R$ 1,02. Um lanchinho com fruta, sanduíche de presunto, queijo, alface, tomate e refrigerante foi orçado em R$ 21,48. Diante da polêmica que os números causaram, o GDF cancelou a água e o lanche.

Mas a Secretaria de Cultura manteve de pé a apresentação das 53 atrações contratadas para os sete dias de festa na Esplanada.

Vulnerabilidade na rampa

Quando um turista mais animado com os traços do arquiteto Oscar Niemeyer tenta pisar sobre a rampa do Palácio do Planalto para fazer uma foto, logo é repreendido pela segurança. O caminho por onde a presidente eleita, Dilma Rousseff, subirá no próximo sábado para receber a faixa presidencial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é guardado por homens das Forças Armadas, sob a supervisão do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI-PR). A eficiência mostrada aos visitantes no dia a dia, no entanto, não foi a mesma no fim da manhã de ontem. Um grupo de manifestantes tomou e permaneceu na rampa por quase uma hora até ser retirado por seguranças.

A menos de uma semana da posse, a vulnerabilidade do acesso ao segundo andar do prédio, onde estão os salões de eventos, chamou a atenção de quem passava pela Esplanada dos Ministérios no momento. Para evitar sustos durante a cerimônia do próximo fim de semana, a organização vai contar com cerca de 3 mil profissionais, incluindo militares e integrantes das polícias Federal, Militar e Civil. O GSI-PR, porém, preferiu não se pronunciar sobre o ocorrido de ontem porque, de acordo com a assessoria do órgão, não se manifesta sobre o esquema de segurança da sede do governo federal.

A herança de Lula para a educação

Marina Figueiredo, 17 anos, e Lucas Gouveia, 18, se prepararam para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) durante todo o ano, com o objetivo de conseguir uma vaga na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2011. Mas os erros de impressão em um dos cadernos da prova transformaram o concurso numa verdadeira novela, que ainda pode ter novos capítulos e reviravoltas. “Achei um desrespeito o que aconteceu neste ano, mostrou a desordem e a desorganização na educação do país. Se hoje está desse jeito, o futuro já fica comprometido”, reclama Marina. E não foi a primeira confusão envolvendo o teste aplicado pelo Ministério da Educação. No ano passado, um vazamento das impressões fez com que o exame fosse cancelado e os estudantes voltaram novamente aos locais de prova. O episódio mostraram que a educação no país ainda está longe do que os brasileiros querem.

Segurança é o elo mais fraco

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerra esta semana a sua passagem pelo poder, após oito ano no Palácio do Planalto, com índice recorde de popularidade. Segundo pesquisa CNI/Ibope divulgada em 16 de dezembro, 87% dos entrevistados aprovam a gestão do presidente, enquanto 80% classificam o governo de ótimo ou bom. Os significativos avanços na área social e na economia, por exemplo, puxaram esses índices para o alto. Mas alguns setores representaram pontos fracos do governo, como a segurança pública, que, segundo os institutos de pesquisa, é o campo mais mal avaliado da gestão petista. E caberá a Dilma Rousseff, que assume a chefia do Executivo federal a partir de sábado, cumprir a promessa de campanha e ampliar as ações voltadas para a área.

“Entre os temas gerais que mobilizam aqueles que se preocupam com o país, poderíamos citar o meio ambiente, a imigração, a segurança, a judicialização, a educação, as tecnologias e a inovação produtiva. Nenhum deles, no entanto, opera de forma tão dramática um conjunto de externalidades quanto a segurança em seu viés público”, afirma o presidente da Fundação Getulio Vargas (FGV), Carlos Ivan Simonsen Leal, no livro Segurança e cidadania. Para ele, o tema vincula-se à própria soberania do Estado e a seu monopólio sobre o uso legítimo da força.

Pactos de fidelidade no Senado

Com as perdas eleitorais dos partidos que fizeram oposição ao governo, a era do DEM à frente da “prefeitura” do Senado pode chegar ao fim. Depois da gestão de Efraim Morais (DEM-PB) e do atual primeiro-secretário da Casa, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), a administração dos recursos de custeio do Senado pode cair nas mãos de parlamentares governistas. Depois de uma série de escândalos envolvendo o mau uso do dinheiro público, a Casa fez estudo para tornar mais transparentes os gastos com pessoal e empresas privadas. Ainda assim, o próximo primeiro-secretário do Senado terá a missão de revisar quatro anos de contratos com firmas que já passam por processo de fidelização perante o caixa do Legislativo.

Dos 432 contratos em vigor no Senado, 46 foram prorrogados sem a realização de nova licitação. Desses, 29 ganharam aditivos. O montante utilizado para pagar os contratos renovados sem nova conferência de oferta de preço é de R$ 49,3 milhões. De 2007 até dezembro de 2010, o Senado já pagou, em aditivos, R$ 2,5 milhões a mais do que o valor contratado inicialmente.

Nova sessão de hemodiálise

O vice-presidente da República, José Alencar, permanece em quadro clínico estável, mas ontem foi submetido a nova sessão de hemodiálise na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde está internado há seis dias. Hoje ou amanhã, ele poderá ter alta da UTI. Apesar de pedir a todo momento para ir à posse da presidente eleita, Dilma Rousseff, os médicos ainda não têm como afirmar se ele será liberado. Segundo o cirurgião Roberto Kalil Filho, se a posse fosse hoje, o paciente não teria condições de participar. “É muito cedo e é prematuro afirmar isso. Mas ele praticamente só fala sobre isso”, disse o médico.

Faltam mais de 5,2 milhões de moradias

O trecho de um ditado popular sugere: quem casa quer casa. Nunca essa realidade esteve tão próxima dos brasileiros agora, em que a estabilização econômica e o incremento da renda têm permitido a muitas famílias, especialmente as das classes C e D, sonharem com a moradia própria. “Mãe” do programa Minha Casa, Minha Vida, a presidente eleita, Dilma Rousseff, que tomará posse no sábado, promete construir e reformar 2 milhões de casas e apartamentos em seus quatro anos de mandato. Quase nada diante da realidade que se apresenta para o Brasil, que viverá seu auge produtivo nos próximos 20 anos.

Exame da OAB é caso do Supremo

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ari Pargendler, informou na última sexta-feira que o Supremo Tribunal Federal (STF) é quem deve decidir o mérito da liminar do desembargador Vladimir Souza Carvalho, do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), de 13 de dezembro, que suspende a obrigatoriedade da aprovação no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para exercício da advocacia.

O procedimento do STJ é uma resposta ao pedido de suspensão de segurança requerido pelo Conselho Federal da OAB e pela Seção Ceará da OAB contra a liminar concedida pelo TRF-5 para que dois bacharéis sejam inscritos na OAB independentemente da aprovação no exame.

Fonte: Congressoemfoco

Um cálice de vinho tinto de sangue

Folhapress

Folhapress / Presídio Tiradentes (em primeiro plano), em São Paulo, onde Dilma ficou presa quase 3 anos Presídio Tiradentes (em primeiro plano), em São Paulo, onde Dilma ficou presa quase 3 anos
Armas e tortura


As marcas da resistência à ditadura contribuíram para Dilma, segundo colegas, se tornar uma pessoa “operacional”, principalmente após as sessões de tortura

29/12/2010 | 00:01 | Rosana Félix, enviada especial

Para quem militava ou participava da luta armada contra o regime militar, como Dilma Rousseff, a morte era vista como um caminho quase inevitável. Segundo colegas que a conheceram no passado, as marcas da resistência contribuíram para ela se tornar uma pessoa “operacional” – ou seja, destemida e muito exigente. Mas ela também é lembrada como uma pessoa doce e companheira, apesar das atrocidades sofridas nos porões da ditadura.

Ao longo de 1968, com o crescimento das ações armadas contra o governo e dos protestos exigindo a redemocratização, os militares, em vez de puxarem o freio, pisaram no acelerador. Em outubro daquele ano, a polícia invade o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (SP).

Arquivo Nacional

Arquivo Nacional / Reação dos militares contra as ações dos revolucionários Ampliar imagem

Reação dos militares contra as ações dos revolucionários

Torre das donzelas

Fama de má cozinheira

Dilma cumpriu pena no Presídio Tiradentes, em São Paulo. Parece até um impropério afirmar isso, mas muitos ficavam aliviados quando chegavam ao local. Em comparação à Oban e ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops), a prisão era um lugar seguro. Não havia o terror e a selvageria dos torturadores.

As mulheres ficavam em uma ala separada, chamada de “Torre das Donzelas”. Em ambos os casos os prisioneiros se dividiam para fazer atividades corriqueiras. Mas, coitadas das companheiras quando Dilma ia para a cozinha. Segundo o livro de memórias Tiradentes, um presídio da ditadura, a fama dela não era nada boa.

“Só não éramos piores do que a famosa dupla Dilma e Cida Costa”, diz Eleonora Menicucci de Oliveira no livro. Outra coautora do livro, Márcia Mafra, relata que felizmente estava aprendendo a lidar com o fogão, “porque senão nosso ‘turno cozinhífero’ seria tão trágico para o estômago e o paladar das outras quanto o dia da dupla Dilma-Cida Costa. Você vai conhecê-las, são pessoas incríveis, mas não aceite um convite delas pra jantar.”

Mas Dilma também é lembrada pelo companheirismo. “Quando cheguei, recebi de Joana e Dilma, duas antigas amigas de militância em Belo Horizonte, um imenso afeto e carinho que me ajudou a segurar as ‘barras emocionais’”, diz Eleonora.

No dia a dia, os presos também faziam muito artesanato, artes plásticas ou jogavam. Os familiares providenciavam livros e notícias sobre a resistência e o governo militar. Os presos, de várias correntes de esquerda, também debatiam muito. O período também serviu para um exame de consciência e uma autocrítica da luta armada.

Há um esboço de reação oficial na capital federal. O deputado federal Márcio Moreira Alves (MDB) faz discursos contra a ditadura e o governo pede licença ao Congresso para processá-lo, o que não ocorre, surpreendentemente. O então presidente, general Artur da Costa e Silva, edita o Ato Ins­­­titucional n.º 5, em 14 de dezembro de 1968, mesma data em que Dilma completava 21 anos. Começavam os Anos de Chumbo no Brasil.

O ato fechou o Congresso, cassou direitos políticos e institui a censura à imprensa. Qualquer cidadão poderia ser preso, sem maiores explicações, e ficar incomunicável por até dez dias. Se­­gundo o jornalista Elio Gaspari, no livro A Ditadura Envergonhada, “esses prazos destinavam-se a favorecer o trabalho dos torturadores”. Quase 70 professores foram expulsos de universidades – dentre eles, Fernando Henrique Cardoso e Caio Prado Júnior. Nem os artistas foram poupados. Marília Pêra, Caetano Veloso e Gilberto Gil estavam nas primeiras levas dos camburões com destino às carceragens da polícia. Aproximadamente 340 políticos tiveram seus diretos políticos suspensos. O Congresso foi reaberto em outubro de 1969, para eleger o general Emílio Garrastazu Médici à Presidência.

Wanda

Durante a guerrilha, Dilma usou vários codinomes, como Luiza, Wanda, Estela, Marina, Maria e Lúcia, entre outros. Mas isso não foi suficiente para mantê-la no anonimato. Ela e o marido moravam no Conjunto Solar, em uma região central de Belo Horizonte. Ela havia concluído o segundo ano do curso de Economia. Mas, em janeiro de 1969, após um assalto a banco, diversos dirigentes do Comando de Libertação Nacional (Colina) foram presos. Nos dias seguintes a polícia fez uma investida contra a organização, e oficiais foram mortos. A reação militar foi feroz, com muitas prisões e ameaça de fuzilamento. Dilma e Galeno voltaram ao apartamento pelo menos mais uma vez, para destruir documentos, e, depois de algumas semanas, foram para o Rio de Janeiro. Em março de 1969, o apartamento do Solar foi vistoriado pela polícia.

Segundo diversos relatos, Dilma não participava das ações armadas. Ela ficava nos bastidores, planejando. Mas recebia treinamento militar, com aulas de tiro, explosivos e confrontos abertos. “Ela nunca foi das mais militares. Eu também não. A Dilma sempre valorizou muito a mobilização social e nunca defendeu o foco guerrilheiro puro, de ir para o mato com arma”, avalia o antigo mentor, Apolo Heringer Lisboa, líder da Política Operária (Polop).

No Rio de Janeiro, continuou a trabalhar nos bastidores, segundo relatos. A Colina fundiu-se com a Vanguarda Popular Revolucio­­­nária (VPR), resultando na VAR-Palmares. Conforme consta no processo movido pelo governo militar contra Dilma na época da ditadura, ela zelava por armamento pesado, como 58 fuzis Mauser, 4 metralhadoras Ina, 2 revólveres e 3 carabinas.

Entre munições e reuniões, conheceu um novo amor, o advogado Carlos Franklin Paixão de Araújo. Posteriormente, comunicou Galeno que estava com outra pessoa – segundo relatos, o casamento não ia bem há algum tempo. Ele próprio já deu declarações de que ela era “mais intelectual” do que ele.

A ditadura também tinha o intelecto de Dilma em alta conta. Em denúncia feita pelo Ministério Público Militar, ela é descrita como “uma pessoa de dotação intelectual bastante apreciável” e “figura feminina de expressão tristemente notável”. Também foi chamada de “Joana D’Arc da subversão”.

Ela também ajudou a planejar aquele que foi o mais bem-sucedido crime da resistência brasileira: o roubo ao cofre do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros – um dos políticos conhecidos como “rouba mas faz”. O sobrinho de Ana Benchimol Capriglio­­­ni, amante de Adhemar, repassou as coordenadas para os integrantes da VAR-Palmares. O cofre foi roubado no Morro Santa Teresa, no Rio de Janeiro, e rendeu a fortuna de US$ 2,6 milhões. Parte do dinheiro teria ido para a Suíça, mas o destino certo nunca foi sabido.

Segundo Apolo, o roubo “deturpou” a realização do grupo. O dinheiro precipita tudo, e apressou nossa destruição. Aí rachamos. Voltou a ser a VPR e a Dilma ficou na Palmares. Logo depois foi presa.

O terror

A detenção ocorreu em 16 de janeiro de 1970, em um bar da Rua Augusta, em São Paulo, onde costumava encontrar um colega de guerrilha, que havia sido preso e confessado o ponto de encontro com lideranças da esquerda.

Segundo depoimento concedido em maio de 1970, Dilma disse que, entre janeiro e fevereiro daquele ano, foi torturada por 22 dias seguidos, na sede da Oban (Operação Bandeirante). Foi submetida a choques, pau de arara e maus-tratos morais e psíquicos. A denúncia foi feita à Justiça Militar, em Juiz de Fora, em maio daquele ano. Ela enfrentou processos em diferentes estados e foi condenada. Mas a pena foi reduzida pois as acusações eram as mesmas. No final de 1973, saiu da cadeia.

O governo ditatorial não admitia a existência de tortura. Um material ilustrativo é o livro Os anos de chumbo a repressão (disponível em http://cpdoc.fgv.br/producao_intelectual/arq/13.pdf), composto por depoimentos de militares sobre a época.

Em 2003, em uma entrevista ao jornalista Luiz Maklouf Carvalho para atualização do livro Mulheres que foram à luta armada, Dilma relembrou a época. “Levei muita palmatória. Depois da palmatória, eu fui pro pau de arara. Fizeram choque, muito choque, mas muito choque. Eu lembro, nos primeiros dias, que eu tinha uma exaustão física, que eu queria desmaiar, não aguentava mais tanto choque. Eu comecei a ter hemorragia.”

Fonte: Gazeta do Povo

Morador teme volta dos traficantes

Folha de S.Paulo

RIO - Um mês após a ocupação do complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, no Rio, moradores caminham com tranquilidade pelas ruas das favelas e visitantes trafegam sem receio de serem vistos como "forasteiros". Mas ainda não é possível dizer que a vida lá é igual à de outros bairros.

Crianças ganharam mais liberdade e espaço para brincar nas ruas e vielas, antes perigosas, com o ir e vir de muitas motos em alta velocidade, guiadas por homens armados.

"Só o tempo vai dizer se foi bom ou não. Para nós, mudou do civil para a farda, mas o fuzil é o mesmo", diz um morador do Alemão, que prefere não se identificar. Moradores lembram que esta é a terceira vez que a polícia ocupa o complexo. Houve operações de grande porte em 2002 e 2007. "Das outras vezes, depois que ela saiu, tudo voltou como antes", diz outro morador.

O receio é que a presença do Estado não seja definitiva e que os traficantes voltem.

Na favela da Grota correm histórias de cartas ameaçadoras que teriam chegado a residentes, com ameaças de vingança feitas por traficantes. A Associação de Moradores nega que elas existam.

O comércio local sente o impacto da ocupação: as vendas caíram após a saída dos traficantes, que compravam ali para consumo próprio e para distribuir entre os moradores.

Além disso, perdeu-se a receita que vinha dos que iam ao lugar em busca de drogas e acabavam parando nos bares. "Vinha gente de todo lado, de Ipanema, do Leblon...", conta o dono de um bar. Ele estima que a redução em seus ganhos tenha sido de 70%.

Por outro lado, o complexo passou a ter coleta de lixo e formalização de serviços antes clandestinos, como distribuição de gás, energia, tv por assinatura, além da regularização de documentos.

Fonte: Agora

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Jovem não se arrepende de críticas a nordestinos

Léo Arcoverde
do Agora

Autor de um e-mail racista enviado para a escola de samba Acadêmicos do Tucuruvi (zona norte), o estudante de jornalismo Caio Cézar Soares, 22 anos, afirmou, ontem, estar arrependido das palavras que utilizou na mensagem, mas não da crítica feita à agremiação.

A escola prestará uma homenagem aos nordestinos que vivem em São Paulo no Carnaval 2011.

No e-mail, Caio afirmou, com palavras de baixo calão: "Capital do Nordeste é o c....! Vão todos tomar no c..., escola de mer...!" Caio, que é filho e neto de pernambucanos, se define como "separatista".

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora nesta quarta,

Teto do INSS deverá ir para R$ 3.659 em 2011

Ana Magalhães
do Agora

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá conceder um reajuste apenas igual à inflação para os aposentados do INSS que ganham acima de um salário mínimo (R$ 510, hoje) a partir do dia 1º de janeiro. Segundo o Agora apurou com uma fonte ligada ao governo, Lula deverá editar nos próximos dias uma medida provisória com aumento de 5,52% para esses benefícios.

Com esse índice, o teto previdenciário --valor máximo pago pela Previdência Social-- passará de R$ 3.467,40 para R$ 3.658,80, um aumento de R$ 191,40 (veja ao lado os novos valores). O novo benefício será pago a partir do dia 1º de fevereiro para quem ganha acima do mínimo.

O índice de 5,52% está no Orçamento de 2011, aprovado na semana passada pelo Congresso, e equivale à projeção da inflação para este ano, medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). A correção inflacionária pelo INPC para os aposentados que ganham acima do piso está prevista em lei.

Leia esta reportagem completa na edição impressa do Agora nesta quarta,

Correção: Tiririca é internado em hospital de Fortaleza

Agência Estado

A nota enviada anteriormente contém um erro. O deputado Tiririca foi diplomado, e não empossado deputado federal. Segue o texto corrigido:

O recém diplomado deputado federal Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca (PR), foi internado na tarde de hoje no Hospital São Mateus, em Fortaleza, Ceará. O hospital particular não soube informar se Tiririca havia dado entrada para uma operação de apêndice, como reportou a imprensa local. O hospital apenas confirmou que o deputado estava de fato internado em sua unidade.
Fonte: A Tarde

terça-feira, dezembro 28, 2010

Oito anos de degustação

“Os pedágios da corrupção política e da falta de educação e formação de boa parte da sociedade brasileira são os dois fatores mais graves que permanecem ao final da era Lula. Aqui, ele não pode abrir a boca para dizer que 'nunca antes na história do país' mudanças foram produzidas"


Certamente, há um bocado de complexidade na administração de um país grande, com uma imensa falta de uniformidade social, com quistos como os provocados pelo crime organizado no Rio de Janeiro especialmente, com um sistema de educação considerado um dos piores do mundo, com taxa de corrupção altíssima, etc, etc, como o Brasil. Mas o presidente Lula, ao fazer um balanço da sua passagem pelo cargo, conclui que lidar com todos esses problemas foi “gostoso até demais”.

E deve ter sido “gostoso até demais” mesmo. Com uma popularidade de mais de 80%, nunca vista no final de um governo, elegendo como sua sucessora alguém até então desconhecida do mundo político, com recordes na taxa de pleno emprego, economia estabilizada e inclusão social nunca vista, Lula tem mesmo razão de concluir seu mandato satisfeito.

E é evidente a percepção de como ele se sentiu à vontade no posto. Morar num palácio, conversar de igual para igual com os principais governantes do mundo, voar no Aerolula. Lula viveu tudo isso com muito prazer. E não é verdade dizer que qualquer um assim faria. Para citar um exemplo, Itamar Franco sempre pareceu alguém pouco à vontade no posto. Quem o acompanhou como presidente sabe. Itamar fugia da segurança para ir ao shopping de Fusca com a namorada. Passou dois anos insistindo em levar uma vida de pessoa comum que o cargo lhe negava. Ou seja: do ponto de vista da rotina presidencial, das benesses e das obrigações, o que para Lula foi uma delícia, pode ter sido um tanto quanto penoso para Itamar.

A isso se soma a compensação pelas respostas dadas pelas ruas, seja na percepção da sua popularidade, seja nas urnas que elegerem Dilma. Mas, voltando aos problemas listados lá no primeiro parágrafo, a gente sabe que, apesar dos avanços, as complexidades brasileiras continuam fazendo vítimas diárias. E Lula, com a sensibilidade que certamente tem, deve sair sabendo que seus oito anos de mandato não resolveram todos os problemas brasileiros. Ao final do “gostoso até demais”, é o gostinho amargo que fica desses oito anos de degustação. Talvez resida aí o maior desafio que terá Dilma Rousseff: quando Lula deixar a Presidência, e o país sair da sombra provocada pela sua imensa e popular presença, é possível que aflorem de forma mais visível os nossos problemas, e a perspectiva de que temos de enfrentá-los.

Muitos balanços da era Lula foram publicados nos últimos dias. Assim, sem a pretensão da originalidade, vamos a mais um deles aqui. A diferença será avaliar o impacto do que houve de positivo e negativo na perspectiva da ausência de Lula no poder.

Estabilidade econômica – Quando conversamos com investidores, embaixadores ou outros agentes estrangeiros que atuam no Brasil, há sempre um ponto em comum na impressão deles. Todos consideram que o país tornou-se um porto confiável para investimentos. Cumpre as regras do mercado e não está disposto a fazer loucuras. Ou seja: lucra cada vez mais como opção de investimentos externos, e sabe que a contrapartida exigida é que nenhuma guinada haverá na condução da economia. Antes das eleições, em conversas com diplomatas espanhóis e portugueses, eles diziam ter absoluta certeza de que nada mudaria vencesse as eleições Dilma ou José Serra. Assim como Lula manteve os pressupostos de política econômica que Fernando Henrique Cardoso já mantinha, assim fará Dilma. Esse é um ponto da vida brasileira que entrou no automático.

Desenvolvimento e política social – É aqui que está o pulo do gato da era Lula, onde seu governo diferenciou-se de Fernando Henrique e onde garantiu as altíssimas taxas de popularidade que conquistou. Até Fernando Henrique, o controle da inflação e da estabilidade econômica era feito com uma imensa contenção do crédito e do consumo. Evitava-se o avanço de novas camadas da sociedade ao mercado porque se acreditava que isso faria a inflação estourar e que se perderia o controle. Lula apostou na certeza de que deveria facilitar o crédito e melhorar as condições das populações de baixa renda com a ampliação dos programas sociais. Com isso, incrementou fortemente o mercado interno. Quando estourou a crise mundial, o país estava menos dependente dos mercados externos. O Brasil assim escapou da crise. E a imensa satisfação das camadas mais pobres que antes não tinham acesso ao consumo transformou Lula nesse fenômeno de popularidade.

Política externa – Ser chamado pelo presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, de “o cara” está longe de ter sido uma brincadeira gratuita. A política externa de Lula foi um dos pontos mais coerentes e que seguiu sem maiores correções de rumo desde o início. Apoiou-se em dois pontos, e, de um modo geral, mostrou-se adequado em ambos. Em primeiro lugar, partiu do pressuposto de que as mudanças que aconteciam no eixo econômico do mundo abriam espaço para a construção de novas parcerias das quais o Brasil poderia se tornar protagonista. Assim, aproximou-se da China, da Índia. Criou os Brics (o conjunto que hoje forma com outros países emergentes na economia – Rússia, China, Índia, e, agora, a África do Sul). Firmou parcerias firmes com a França. Assim, ganhou musculatura para o segundo ponto: exercer um papel maior de protagonista nos debates internacionais. Nesse ponto, pode ter falhado em moderar as críticas ao Irã ou à Venezuela. Mas é inegável que o Brasil hoje tem opiniões mais respeitadas no plano internacional.

Educação – Lula talvez não tenha se dado conta do imenso impacto negativo da imagem que passava de homem que se fez por si mesmo, sem escola, sem educação formal. Esqueceu-se que era um fenômeno difícil de se repetir. A identificação que gerou nas pessoas com origem semelhante à sua tinha chance quase zero de se repetir nas suas trajetórias, num mundo com cada vez menos espaço para os trabalhos braçais e não especializados. Dentre os países do grupo emergente do qual faz parte, o Brasil tem hoje índices iguais de potencial econômico, mas índices vergonhosamente inferiores quando se verifica a educação de seu povo. Analfabetismo, escolas precárias, baixa formação. Quando o país perceber que não há espaço para um segundo Lula, já terá perdido a batalha para os outros países no futuro.

Corrupção e formação política – Ao avaliar o ministério que formou, que não consegue agradar nem a ela, Dilma provavelmente percebe o tamanho do ônus que vem da escolha de não tentar alterar a prática política. Lula elegeu-se em 2002 centrando o discurso da sua campanha na promessa de uma alteração profunda no plano da ética nas relações políticas. A propaganda do governo é incapaz de esconder que, nesse ponto, a era Lula falhou de forma retumbante. A popularidade de Lula poderia ter estabelecido um pacto com a sociedade, no qual o governo poderia propor um programa de mudanças e impor ao Congresso essa agenda. Se a população apoiasse o programa, o Congresso acabaria, sem alternativa, por encampá-lo. Como nunca houve com clareza tal agenda, o caminho seguido foi o mesmo de sempre: conquistar a qualquer preço a maioria, e essa maioria, satisfeita com as contrapartidas em cargos e em verbas, aprovaria o que lhe fosse pedido. O resultado foram os vários escândalos surgidos. Em muitos momentos, Lula viu-se apenas na condição de defensor de biografias que os escândalos manchavam. Fez assim com José Sarney, com Renan Calheiros, com Jader Barbalho. Chegou ao cúmulo ao afagar Fernando Collor, um presidente que ajudou a derrubar e que tinha feito o mais feio e pesado dos jogos para derrotá-lo em 1989. Difícil conseguir conciliar tal perdão com coerência ou retidão de caráter.

O ministério que tomará posse com Dilma no sábado é só o fruto mais recente das consequências de tal relação política. E é nesse ponto que o Brasil, após os oito anos de degustação da era Lula, talvez mais perca. É evidente que ministros políticos que nada entendem das pastas que ocupam terão menos capacidade de fazer evoluir os setores que ficam sob suas responsabilidades. É evidente que o país perde quando parte das verbas públicas precisa atender aos interesses políticos dos aliados (para dizer o mínimo), pulverizadas nas emendas individuais ao orçamento. Que são, de acordo com as palavras do próprio ministro da Controladoria Geral da União, Jorge Hage, os principais fatores de desvio e corrupção com o dinheiro público.

Os pedágios da corrupção política e da falta de educação e formação de boa parte da sociedade brasileira são os dois fatores mais graves que permanecem ao final da era Lula. Aqui, ele não pode abrir a boca para dizer que “nunca antes na história do país” mudanças foram produzidas.

*É o editor-executivo do Congresso em Foco. Formado em Jornalismo pela Universidade de Brasília em 1986, Rudolfo Lago atua como jornalista especializado em política desde 1987. Com passagens pelos principais jornais e revistas do país, foi editor de Política do jornal Correio Braziliense, editor-assistente da revista Veja e editor especial da revista IstoÉ, entre outras funções. Vencedor de quatro prêmios de jornalismo, incluindo o Prêmio Esso, em 2000, com equipe do Correio Braziliense, pela série de reportagens que resultaram na cassação do senador Luiz Estevão

Outros textos do colunista Rudolfo Lago*


Fonte: Congressoemfoco

Uma caixa de pizza assola o Distrito Federal

O ano de 2009 terminou com Brasília estarrecida com o esquema de corrupção descoberto na Operação Caixa de Pandora. E o ano de 2010 termina com a cidade abandonada e nenhuma punição da maioria dos envolvidos

Terracap
Eles deixaram o governo, mas mantiveram seus apoios. Antigos aliados evitaram que Arruda e Paulo Octávio fossem punidos pela CPI da Corrupção no DF

Mário Coelho

A CPI da Corrupção da Câmara Legislativa do Distrito Federal, criada para investigar o esquema de propina conhecido como mensalão do Arruda, em referência ao ex-governador José Roberto Arruda, vai parar na Justiça. Em 3 de dezembro, seis dias depois de a Operação Caixa de Pandora completar um ano, as investigações dos distritais sobre o esquema de propina que assombrou o Distrito Federal ganharam contornos de tragicomédia. Além disso, o encerramento da legislatura mostrou a pouca vontade dos parlamentares em investigar o caso. O episódio parece ter servido apenas para a condenação política, que leva de volta o PT ao Governo do Distrito Federal. Agnelo Queiroz prepara-se para receber no dia 1º de janeiro uma cidade abandonada, com a grama transformada em mato alto e lixo se acumulando pelas ruas.

Quase quatro meses após aprovar um relatório pedindo o indiciamento de 22 pessoas, entre elas os ex-governadores José Roberto Arruda e Joaquim Roriz e o ex-vice-governador Paulo Octávio, os distritais da CPI da Corrupção derrubaram o texto do relator Paulo Tadeu (PT). No lugar dele, aprovaram o inquérito conduzido pela Polícia Federal, que pede o indiciamento de oito pessoas. Por conta da mudança, o petista vai entrar na Justiça para que o presidente da CLDF publique o texto original, aprovado em 25 de agosto.

“Vamos entrar na Justiça para que o presidente da Câmara publique o relatório aprovado. Além disso, vamos denunciar a manobra que estão fazendo à OAB e ao Ministério Público”, disse o relator, que se tornará secretário de governo de Agnelo, ao Congresso em Foco. Ao tomar a iniciativa de aprovar o relatório da PF, os próprios deputados que participaram da sessão – Aguinaldo de Jesus (PRB), Batista das Cooperativas (PRP) e Raimundo Ribeiro (PSDB) – acabaram com a razão de existência da CPI, na visão de Paulo Tadeu. “É atitude de um amontoado político”, disse. Até agora, quase quatro semanas depois, os petistas ainda não entraram na Justiça para garantir a publicação do primeiro relatório.

A manobra levou três meses e foi antecipada pelo Congresso em Foco em 30 de agosto. Na oportunidade, uma semana depois de aprovarem o relatório, os distritais já se movimentavam para aprovar uma nova redação. Chegaram inclusive a convocar uma sessão da CPI com a mesma pauta da semana anterior, como se não houvessem aprovado o texto antes. A intenção era tirar do relatório Paulo Octávio, Fábio Simão (ex-chefe de gabinete do ex-governador José Roberto Arruda), Roberto Giffoni (ex-corregedor do governo do DF) e José Humberto Pires (ex-secretário de governo de Arruda).

Em 3 de dezembro, distritais que faziam parte da base aliada ao então governador Arruda – dois deles ex-secretários de Estado –, conseguiram. Ao aprovar o texto da PF, tiraram nomes como de Paulo Octávio, de Roberto Giffoni e de José Humberto Pires. Empresas também foram retiradas do texto. Apesar de a CPI não indiciar imediatamente essas pessoas – a tarefa cabe à polícia e ao Ministério Público – , os nomes dos envolvidos ficam eternizados no relatório da comissão, entrando nos anais da Casa.

Nos bastidores, parlamentares afirmaramm que a pressão era muito grande para anular o relatório de Paulo Tadeu. E ela partiu tanto de políticos quanto de empresários acusados de abastecer o esquema de propina que envolveu membros do Executivo e do Legislativo locais. Ninguém queria ver seu nome vinculado á investigação que atraiu os olhos da sociedade brasileira durante meses. E que ajudou a reforçar o esteriótipo de que Brasília é a sede da corrupção.

Após a sessão no dia 3 de dezembro, Raimundo Ribeiro (PSDB) leu trechos da ata da reunião de 25 de agosto para reforçar o argumento de que o relatório de Tadeu foi aprovado com ressalva de que seriam feitas alterações acordadas na ocasião. Segundo ele, o relator não cumpriu o acordo e enviou o documento diretamente ao presidente da Câmara, deputado Wilson Lima (PR).

Ribeiro argumentou ainda as dificuldades enfrentadas pela CPI, como as mudanças na sua composição, o fato do principal depoente, Durval Barbosa, não ter respondido às perguntas feitas pelos deputados, e a não disponibilização da íntegra do inquérito nº 650 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que segundo ele prejudicaram o resultado dos trabalhos da Comissão.

“O relatório da Polícia Federal foi resultado de um ano e meio de investigações, com uso de toda a tecnologia possível, apoio do Ministério Público e da Justiça”, afirmou, em favor da substituição de relatórios. Ele disse que o relatório caiu em vício formal por não ter sido entregue para o presidente da CPI. Também comentou sobre a dificuldade em conseguir dados sobre os investigados, e que documentos foram apresentados após a aprovação do texto de Paulo Tadeu.

Sem processo

Este não é o único exemplo negativo dado pela Câmara Legislativa. No início da Operação Caixa de Pandora, oito parlamentares foram apontados como possíveis beneficiados pelo esquema de propina. Destes, dois renunciaram: o então presidente da CLDF, Leonardo Prudente (sem partido, ex-DEM) e Junior Brunelli (PSC). Eurides Britto (PMDB) preferiu enfrentar o processo por quebra de decoro parlamentar e acabou cassada pelos pares.

Os outros cinco, no entanto, não sofreram nada. Em junho, após a cassação do mandato da peemedebista, os membros da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar decidiram não fazer nada com os processos. No final de novembro, depois de mais de três horas de discussões e de duas suspensões da reunião, os membros da comissão decidiram, por três votos favoráveis, um contrário e uma declaração de impedimento, arquivar os processos dos distritais Benedito Domingos (PP), Benício Tavares (PMDB), Rôney Nemer (PMDB), Aylton Gomes (PMN) e Rogério Ulysses (PRTB). O argumento para acabar com os processos: falta de tempo.

Fonte: Congressoemfoco

Reajuste de político motiva protesto

Folha.com

BRASÍLIA - Cerca de 80 estudantes subiram ontem a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília (DF), para protestar contra o aumento salarial de mais de 60% concedido a deputados e senadores, que gerou efeito cascata no país.

Os manifestantes, que estavam em frente ao Congresso, correram para o Planalto e pegaram os seguranças de surpresa. Eles conseguiram subir a rampa do prédio.

Um estudante tentou abrir a porta de vidro no topo da rampa e que dá acesso ao salão nobre do palácio, mas foi contido por um segurança.

A Polícia Militar e os seguranças da Presidência fizeram um cordão de isolamento, mas não conseguiram retirar os estudantes da rampa, que gritavam "Não sou otário, tirando do meu bolso para pagar o seu salário" e "Você aí parado também foi roubado".

O Congresso aprovou no último dia 15 projeto que aumenta o salário de deputados federais, senadores, presidente, vice-presidente da República e dos ministros de Estado para R$ 26,7 mil.

De acordo com o texto, deputados e senadores terão um reajuste de 61,8%, uma vez que recebem atualmente R$ 16,5 mil, além dos benefícios. No caso do presidente da República e do vice, que recebem atualmente R$ 11,4 mil, o reajuste será de 133,9%. O aumento dos ministros será maior ainda, já que eles recebem R$ 10,7 mil.

Os parlamentares, o presidente, o vice-presidente e os ministros estão sem reajuste desde 2007. A inflação no período, no entanto, foi inferior a 20%.

Fonte: Agora

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