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sexta-feira, abril 04, 2025

Como reagir ao tarifaço? É melhor esperar e fazer os cálculos de custos e benefícios

Publicado em 4 de abril de 2025 por Tribuna da Internet

Charge do dia 02/04/2025

Charge do Cau Gomez ( A Tarde)

Hélio Schwartsman
Folha

Nossos instintos recomendam responder na mesma moeda, mas essa pode não ser a melhor estratégia. Sociedades humanas só se viabilizaram porque desenvolvemos meios de evitar que indivíduos pudessem tirar vantagem do grupo sem dar sua cota de contribuição. Um dos mecanismos com que a evolução nos dotou para lidar com isso é o sentimento de indignação com injustiças e a correspondente vontade de punir aproveitadores, mesmo que tenhamos de incorrer em custos pessoais.

É interessante notar que isso já existe em algum grau entre outros mamíferos sociais e mesmo aves. Viralizou na internet anos atrás o vídeo de um macaco capuchinho revoltado por ter recebido uma recompensa pior do que a dada a seu colega símio que havia desempenhado a mesma tarefa que ele.

NA MESMA MOEDA – Nosso primeiro impulso, portanto, é responder às tarifas de Donald Trump na mesma moeda (“tit-for-tat”). Alguns países já anunciaram o troco. O Congresso brasileiro aprovou, a toque de caixa, legislação que autoriza o governo a fazer isso.

A questão é que vivemos hoje em sociedades muito mais complexas do que as dos grupos de caçadores-coletores nos quais a estratégia do “tit-for-tat” se mostrou vencedora.

Para início de conversa, as tarifas americanas não afetam igualmente todos os setores produtivos. Alguns podem até ser beneficiados, já que outros países pagarão taxas ainda mais altas. Tarifas retaliatórias generalizadas também aumentariam o preço de maquinário e matérias-primas que usamos aqui, o que não parece muito inteligente.

REFLETIDAMENTE – Não estou obviamente dizendo que o Brasil ou qualquer outro país não devam responder. Só sugiro que o façam não com o fígado (sistema 1), mas refletidamente, após fazer as contas relevantes e sopesar todas as alternativas possíveis (sistema 2).

Descartada a hipótese de um boicote global aos EUA, a forma mais realista de o mundo se livrar de Trump e suas sandices talvez seja deixar que a inflação que ele está contratando faça com que o eleitor americano se revolte e puna o Partido Republicano.

Nesse caso, o melhor a fazer é esperar, tentando manter as dores tarifárias no menor nível possível.


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