Publicado em 4 de abril de 2025 por Tribuna da Internet

Deputada exibiu foto e perguntou: “É socialista ou tolo?”
Bela Megale
O Globo
Aprovado no fim de fevereiro pelo Comitê Judiciário da Câmara dos Estados Unidos, o projeto de lei que pode barrar a entrada de Alexandre de Moraes no país ainda é visto com certo ceticismo por representantes do governo norte-americano. Antes de virar lei, o texto precisa ser aprovado pelo plenário da Câmara e do Senado.
Em conversas a portas fechadas com autoridades brasileiras, representantes do governo Donald Trump avaliam que a proposta não faz parte das prioridades da gestão do atual presidente, e nem dos congressistas. Mas destacam que o projeto teve grande adesão de parlamentares democratas, que fazem oposição a Trump, por enxergarem a medida como uma maneira de frear chefes de Estado considerados autoritários.
CASO ELON MUSK – Ou seja, na leitura de representantes do governo dos EUA no Brasil, o texto não tem o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) como principal alvo, como alegam os políticos bolsonaristas.
O nome de Moraes não é citado diretamente no projeto, mas um de seus autores, o deputado republicano pela Califórnia Darrell Issa, chegou a dizer que a proposta foi apresentada como uma resposta às decisões do STF.
Na fala que fez para defender a medida, há pouco mais de um mês, Darrell Issa disse que “o projeto de lei surgiu quando Elon Musk se recusou a aceitar as exigências do Brasil e o X foi desativado em um país inteiro”, mas acrescentou que a proposta decorre do exemplo não só do Brasil, “mas também da União Europeia, do Reino Unido e da Austrália”.
VIA DE MÃO DUPLA – Depois que o projeto foi aprovado no Comitê da Câmara, o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA publicou uma nota nas redes sociais na qual disse que “o respeito à soberania é uma via de mão dupla entre os Estados Unidos e parceiros, incluindo o Brasil”.
O Itamaraty decidiu responder ao comunicado e afirmou rejeitar qualquer tentativa de politizar decisões judiciais, além de destacar a importância do respeito à independência dos poderes.
Entre representantes do governo Trump, a manifestação do Ministério das Relações Exteriores foi considerada “desproporcional”. A avaliação desses membros da gestão Trump é que qualquer ação que seja considerada uma afronta à liberdade de expressão terá resposta oficial do governo dos EUA.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Péssima notícia para Moraes, que teve sua foto exibida no Capitolio pela deputada Maria Salazar. Se já há democratas contra ele, a aprovação da lei restritiva passa a ser garantida. (C.N.)