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terça-feira, dezembro 03, 2024

PL defende Costa Neto e culpa senador por relatório contra urnas

Publicado em 2 de dezembro de 2024 por Tribuna da Internet

Em seis meses na pasta, ministro Marcos Pontes dedicou 44 dias à agenda  internacional | TELETIME News

Marcos Pontes indicou engenheiro que fraudou laudo

Rafael Moraes Moura
O Globo

Após o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, integrantes do PL procuram achar um culpado pela iniciativa do partido de contestar o resultado das eleições de 2022 junto ao TSE.

O senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação de Bolsonaro, tem sido responsabilizado por colegas de partido por ter indicado ao presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto, o Instituto Voto Legal (IVL) para fiscalizar as urnas.

RELATÓRIO ARDILOSO – De acordo com a PF, o instituto elaborou um relatório apontando a possibilidade de fraudes na eleição, mesmo tendo constatado na verificação técnica que as urnas eram confiáveis e auditáveis. O documento do IVL foi usado pelo PL para pedir a anulação da vitória de Lula. O instituto é uma consultoria sediada em São Paulo e chefiada pelo engenheiro Carlos Rocha, um dos criadores da urna eletrônica.

Para os investigadores, esse foi o “o último ato” oficial do grupo que pretendia impedir a posse de Lula e serviu de fundamento “para a tentativa de golpe de Estado, que estava em curso”.

Em depoimento prestado à Polícia Federal em fevereiro deste ano, Costa Neto disse que “havia empresas capazes de exercer fiscalização das urnas” e que o então ministro Marcos Pontes “indicou que procurassem o Instituto Voto Legal, pois poderiam ajudar”.

CONTRATAÇÃO – Também afirmou que a contratação se deu em meados de 2022, com o objetivo de fiscalizar o andamento das eleições – um serviço que custou R$ 1 milhão pagos com recursos próprios do PL, de acordo com Costa Neto, e Rocha acabou indiciado pela PF na investigação. A revelação de que o consultor falsificou as conclusões do relatório foi recebida no PL com irritação.

“Quem apresentou o professor Carlos Rocha ao partido foi o astronauta, que dizia que ele era um gênio e ia constatar brechas nas urnas. Um discurso que gerou uma multa de R$ 22,9 milhões ao partido. Nunca entendemos qual era a do Carlos Rocha, nunca gostamos dele.”

O comentário diz respeito à multa aplicada à legenda em novembro de 2022 pelo então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, e depois confirmada pelo plenário da Corte, por litigância de má-fé, ou seja, acionar a Justiça de forma irresponsável.

HOUVE PRESSÕES – Segundo o presidente do PL, porém, foi justamente a ala política do partido, que incluía parlamentares e o próprio Bolsonaro, que o pressionou para ajuizar uma ação no TSE contestando o resultado das eleições.

Conforme informou o blog, o relatório da PF traz uma série de trocas de mensagens que mostram que a verificação conduzida por Rocha, na verdade, constatou que as urnas eletrônicas eram confiáveis, mas escreveu o contrário no relatório que baseou a representação do PL.

Pelas conversas captadas pela PF, os investigadores constataram que as hipóteses utilizadas por Rocha para lançar suspeitas infundadas sobre as urnas eram, na verdade, “teses de indícios de fraudes que circulavam pelas redes sociais, sem qualquer método científico”, fruto de um trabalho sem “rigor técnico”.

TRABALHO FRAUDADO – Semanas após a eleição, Rocha apresentou à legenda comandada por Valdemar Costa Neto um relatório afirmando que havia “inconsistências graves e insanáveis” nos modelos antigos de urnas do TSE. Foi com base nesse documento que Valdemar pediu ao tribunal em 22 de novembro de 2022 a anulação dos resultados de mais de 250 mil urnas de modelo anterior a 2020.

Procurado pela equipe da coluna, Marcos Pontes confirmou que ajudou na aproximação de Rocha com Costa Neto.

“Ele perguntou a mim, como ministro de Ciência e Tecnologia, se conhecia alguém que entendia da tecnologia das urnas. O profissional que eu sabia que tinha trabalhado com o desenvolvimento do equipamento era o engenheiro do ITA Carlos Rocha. Assim, passei o contato dele, e aí encerrou minha participação. Como ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, é comum você ser consultado sobre muitas áreas de desenvolvimento tecnológico para o país”, afirmou Pontes ao blog.

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