Foto: Arquivo/Reprodução/Redes sociais
Candidato do MDB precisará fazer um esforço grande para reconquistar os titulares da Conder e Sufotur18 de janeiro de 2024 | 08:23Sem Conder e Sufotur na campanha, Geraldo Jr. não vai a lugar nenhum, por Raul Monteiro*
Quase um mês depois de anunciada formalmente a candidatura de Geraldo Jr. (MDB) à Prefeitura de Salvador, há poucos sinais de que ele foi abraçado como candidato do grupo governista liderado pelo PT na Bahia. Sua passagem pelo cortejo do Senhor do Bonfim, na última semana, primeiro ato público de sua pré-campanha, ocorrido num cenário de controle político reduzido, foi insuficiente para averiguar o patamar de sua popularidade e se as pessoas já o reconhecem como candidato à sucessão municipal do time petista. Há, ainda, muita água para rolar debaixo da ponte até a eleição de outubro.
Mas também não há como negar que, por enquanto, por inúmeros fatores, entre os quais se sobressai o de ser o atual incumbente, o prefeito Bruno Reis (União Brasil) leva várias vantagens sobre o candidato que deve se tornar o seu principal adversário. Está no comando da gestão, que deve se transformar numa máquina de guerra por sua reeleição na medida em que o tempo avançar, possui bons níveis de aprovação, segundo as pesquisas, as quais não detectam anseios por mudança na direção da cidade, e ainda conta com o apoio da principal liderança política do município, ACM Neto (União Brasil).
Não é por outra razão que, entre deputados da base do governo se faz um cálculo de que, para conseguir alavancar seu nome e ganhar musculatura para chegar à arena dos debates com alguma respeitabilidade como postulante, fundamental para confrontar Bruno, o candidato do MDB vai precisar contar com a ajuda explícita do governo baiano, que propôs sua candidatura ao grupo, por meio do apoio de pelo menos dois órgãos importantes: a Conder, verdadeira máquina de intervenções de infraestrutura nos municípios, e a Sufotur, órgão com autonomia financeira e capilaridade para promover ações no Estado associadas a qualquer candidato.
Se não conseguir comprometer os dois órgãos com a ajuda ao seu nome, Geraldo Jr., costumam dizer os parlamentares da oposição e do governo, pode se preparar para dar adeus aos planos de crescer no curso da campanha. Para atraí-los, no entanto, o candidato do MDB precisará fazer um esforço grande para reconquistar os titulares de ambos. Visto por Geraldo Jr. como uma ameaça aos planos de se viabilizar como candidato, Trindade virou alvo de maledicências do antigo colega de Câmara Municipal até o momento em que o senador Jaques Wagner (PT), principal defensor da candidatura do emedebista no governo, conseguiu tirá-lo do páreo.
Afilhado, como Trindade, do ministro Rui Costa (PT) no governo estadual, Diogo também pagou um preço alto por associar-se ao projeto de transformar o presidente da Conder em candidato. Por trás dos ataques, estava, segundo se comenta no governo, um Geraldo Jr. indignado com a possibilidade de perder a indicação para concorrer. Claro que, se a candidatura do emedebista for de fato apadrinhada pelo governo, nada impede que o governador Jerônimo Rodrigues (PT) determine a ambos que vistam sua camisa. Mas e se eles fizerem corpo mole? Jerônimo estaria disposto a submetê-los contra sua vontade? E de eventualmente trocar dois ruisistas por Geraldo Jr.?
* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.
Raul Monteiro