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segunda-feira, janeiro 15, 2024

Quantidade de pleitos não garante qualidade da democracia global - Editorial




Este ano baterá todos os recordes eleitorais no mundo, mas há risco de maior corrosão democrática

Por uma conjunção de calendários, este ano baterá todos os recordes eleitorais. Cerca de 2 bilhões, quase metade da população adulta do planeta, tomarão parte em votações em mais de 60 países de todos os continentes em 2024. Provavelmente só em 2048 o mundo voltará ter tantas disputas eleitorais. Até dezembro, haverá eleição no país mais poderoso (Estados Unidos) e no mais populoso (Índia). No Brasil, a disputa é pelas prefeituras e câmaras municipais. Na Indonésia, estão em jogo Presidência e Congresso. Na União Europeia, vagas no Parlamento. Haverá eleições em países com maioria muçulmana (Paquistão), católica (México) e anglicana (Reino Unido). Mesmo disputas em países pequenos podem ter importância global, como a ocorrida ontem em Taiwan, um desafio à influência da China.

Se, na quantidade, o ano parece a festa da democracia, em qualidade 2024 é menos vistoso. Os pleitos na Rússia, na Venezuela e no Irã demonstram que depositar o voto na urna é um passo imprescindível, mas insuficiente para um país ser democrático. Quando a oposição é perseguida, presa e impedida de participar, a eleição se transforma em mero teatro. Mesmo quando há alguma competição, a saúde da democracia não está garantida.

Universidades e centros de pesquisa dedicados a definir, classificar e medir sistemas políticos tendem a concordar que vivemos um período de corrosão democrática. Pelo sexto ano consecutivo, houve declínio da democracia em pelo menos metade dos países, diz a organização International IDEA, com sede na Suécia. É a queda mais longa desde o início das análises, em 1975. Para o também sueco instituto V-Dem, os avanços globais registrados nos últimos 35 anos estão desaparecendo. Na medição da Freedom House, sediada em Washington, a liberdade global caiu pela 17ª vez desde 2007. Caso políticos com tendências autoritárias ou seus aliados continuem no poder ou voltem ao Executivo em 2024, o que já não está bom poderá ficar ainda pior.

A origem dos riscos à democracia não é definida por coloração ideológica. No México, o presidente Andrés Manuel López Obrador, de esquerda, erodiu a confiança no sistema político ao centrar suas forças contra a autoridade eleitoral. Impedido pela Constituição de buscar a reeleição, lançou como candidata a ex-prefeita da Cidade do México, uma fiel seguidora. As perspectivas para os Estados Unidos não são melhores. Mesmo depois do caos reinante em seu mandato, das tentativas de mudar os resultados de 2020, das mentiras, dos processos na Justiça e promessas absurdas, Donald Trump, da direita, segue competitivo nas eleições de novembro. Uma segunda passagem pela Casa Branca promete um teste institucional ainda maior.

Para sobreviver, a democracia precisa melhorar o bem-estar da população. Sem isso, vira alvo fácil de demagogos. Quase 75% dos sul-africanos, que também votarão neste ano, dizem estar dispostos a aceitar um regime autoritário se houver trabalho e combate ao crime. Candidatos a autocrata não faltam por toda parte, nem os meios para ascenderem. Sem regulação, redes sociais e aplicativos de mensagens são plataformas para todo tipo de desinformação. Para não falar na inteligência artificial. A onda populista deve servir de alerta a quem acredita nas liberdades individuais. A festa democrática de 2024 deveria celebrar não só a quantidade, mas também a qualidade.

O Globo

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