Marcelo Copelli
A pré-indicação de Marta Suplicy para o cargo de vice de Guilherme Boulos na disputa pela Prefeitura de São Paulo não foi exatamente uma surpresa para muita gente. Ainda que integrando a administração de Ricardo Nunes, ela já sinalizava o retorno ao PT, avalizada pelo presidente da República, Lula da Silva.
Ontem, Nunes tratou a demissão da agora ex-secretária municipal de Relações Institucionais como página virada e que não classificava como “traição” a decisão da ex-prefeita da capital de deixar a sua gestão para ser candidata a vice numa chapa capitaneada por Guilherme Boulos na disputa pela Prefeitura da cidade neste ano. O acordo envolve a volta de Marta ao PT, sigla da qual se desfiliou de maneira pouco amigável em abril de 2015.
POLARIZAÇÃO – A escolha por Marta Suplicy ratifica, ao que tudo indica, o que deve ser a principal peça estratégica de campanha de Boulos, que é criar uma frente contra o bolsonarismo na cidade de São Paulo. Em tradução simultânea, manter a rota de polarização que nos últimos anos se acirrou no país e tem conduzido o cenário político nas mais diversas esferas.
Correligionários do candidato do PSol, inclusive, já dispõem nos bastidores do discurso de que Marta deixou a gestão municipal em razão da aproximação de Nunes com Bolsonaro. Boulos, por sua vez, já afirmou que a eleição deste ano “será uma batalha para que se possa enfrentar e derrotar o bolsonarismo”.
SEM FIGURAÇÃO – Há quem não seja tão otimista sobre o peso de Marta na campanha, que penderia muito para a esquerda, deixando o centro órfão e alvo fácil de outras candidaturas. Além disso, deve-se considerar que, concretizada a união, possivelmente poderão haver ruídos entre os aliados, pois Marta certamente não será peça decorativa num eventual governo.
Entre idas e vindas, uniões e separações, uma coisa é certa, pelo menos na eleição paulistana, a eleição já pode ser considerada nacionalizada e marcada pela polarização. A conferir.