Publicado em 28 de julho de 2023 por Tribuna da Internet
Augusto Tenório
Estadão
A base do presidente Lula na CPMI do 8 de janeiro quer convocar para prestar depoimento, na condição de testemunha, o segundo-tenente do exército Osmar Crivelatti, que foi braço-direito do tenente-coronel Mauro Cid no governo Bolsonaro.
O movimento é uma reação à postura de Cid ao depor no colegiado, quando ficou em silêncio até quando perguntado sobre sua idade. Como testemunha, Crivelatti não poderia se calar.
ASSESSOR PESSOAL – Hoje, o militar que se tornou o alvo da CPMI é um dos assessores pessoais de Bolsonaro. Foi Crivelatti quem entregou à Polícia Federal, junto com o advogado de Bolsonaro, Paulo Cunha, as armas que o ex-presidente recebeu dos Emirados Árabes Unidos.
O pedido de convocação para depoimento como testemunha foi apresentado pela deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder do governo na Câmara.
No requerimento, Jandira considera a necessidade de elucidação dos fatos que antecederam os ataques do dia 8 de janeiro. Como testemunha, o militar não teria a oportunidade de permanecer em silêncio, como fez Mauro Cid.
ERA COORDENADOR – O tenente Osmar Crivelatti foi coordenador administrativo da Ajudância de Ordens da Presidência da República na gestão Bolsonaro.
Para a deputada federal autora do requerimento, Jandira Feghalli, o segundo-tenente acompanhou o período em que se desenvolveu a preparação dos atos antidemocráticos.
Preso desde maio, Cid ficou em silêncio após conseguir no Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da ministra Carmen Lúcia, um habeas corpus para se esquivar de perguntas que pudessem incriminá-lo.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É um erro achar que o tenente será obrigado a responder a todas as perguntas. O direito ao silêncio tem caráter pessoal, exercido ou não pelo depoente. Caso se recuse a falar, pode passar de testemunha a investigado como cúmplice, com quebra de sigilos e tudo o mais. (C.N.)