Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

sábado, abril 09, 2022

O fim do mercantilismo europeu




Na reunião de cúpula UE-China da semana passada Van der Leyen foi invulgarmente clara ao avisar que, apoiando a Rússia, a China corre o risco de um êxodo de investimento estrangeiro europeu. 

Por Madalena Meyer Resende (foto)

À medida que as ações criminosas russas na guerra da Ucrânia tomam contornos horríficos, o apoio “sem limites” da China à Rússia torna-se claro. A abstenção da China em criticar a Rússia é tida por Washington como evidência da consolidação da aliança sino-russa. A administração Biden assume que, mantendo o seu alinhamento com a Rússia, a China irá tornar a competição entre os grandes poderes numa guerra fria global que empalidecerá a conflictualidade que se viveu entre 1947 e 1989.

A guerra da Ucrânia está a levar a Europa a mudar profundamente a sua atitude perante a China. Se há dezasseis meses, em Dezembro de 2020, a UE assinava um Acordo Gobal sobre Investimento que coroava a estratégia comercial que pautou a sua relação com a China nos últimos vinte anos, durante a Cimeira UE-China da semana passada os Europeus mostraram estar alinhados com os EUA na forma como lidar com Pequim. A China é hoje vista como cúmplice das atrocidades cometidas pela Rússia e, depois de goradas as tentativas de comprometer a China nas tentativas de refrear Putin, a Presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen e o Presidente do Conselho Europeu Charles Michel fecharam as portas a quaisquer concessões comerciais.

A cimeira marcou o fim do mercantilismo económico que dominou a abordagem da Europa durante as últimas duas décadas. Crescentemente a Europa olha para a relação com a China primariamente pelo prisma da competição estratégica e da segurança. No diálogo com o Presidente da China Xi Jinping e o Primeiro Ministro Li Keqiang, Van der Leyen foi invulgarmente clara ao avisar que, apoiando a Rússia, a China corre o risco de um êxodo de investimento estrangeiro europeu. Em relação à ratificação do Acordo Global sobre Investimento (CAI), negociado em Dezembro de 2020 pela Presidência Alemã e travado pelas sanções impostas à China pelo Parlamento Europeu perante a repressão contra os Uyghurs, Charles Michel foi peremptório em como a UE não pretende levantá-las.

A indiferença da diplomacia de Pequim face à catástrofe humanitária que se vive na Ucrânia chocou os líderes europeus e levou-os a formular uma estratégia para lidar com a nova realidade internacional. Tornou-se claro que os europeus devem aumentar a pressão contra a Rússia ao mesmo tempo que mostram à China que a sua associação estreita com Putin vai contra a estabilização das relações sino-europeias. Apesar de parecer pouco, parece ser o melhor que os europeus podem fazer. Poderá não salvar a Ucrânia de mais destruição, mas poderá convencer algumas facções em Pequim de que os interesses de Putin não são necessariamente os seus.

Observador (PT)

Em destaque

Artigo de Barroso revela que presidente do Supremo não gosta da Constituição

Publicado em 15 de janeiro de 2025 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Charge do Cazo (Blog do AFTM) Carlos Andreazza Es...

Mais visitadas