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terça-feira, abril 12, 2022

Empreiteira que usa firma de fachada fez reuniões sem ata com ministro e Alcolumbre

Publicado em 12 de abril de 2022 por Tribuna da Internet

Rogério Marinho diverge de Guedes e defende aumento do gasto público | Exame

Começam a aparecer os “podres” do ex-ministro Marinho

Mateus Vargas e Flávio Ferreira
Folha

A empreiteira que tem dominado licitações de pavimentação do governo Bolsonaro, muitas vezes participando sozinha ou na companhia de uma empresa de fachada, fez reuniões sem registro em atas com o então titular do Ministério do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

A Engefort, construtora com sede em Imperatriz, sul do Maranhão, explodiu em verbas na atual gestão e sob Bolsonaro foge de sua tradição ao obter também contratos para asfaltamento longe de sua base.

CIFRAS MILIONÁRIAS – Até agora, o governo reservou cerca de R$ 620 milhões do Orçamento para pagamentos à empresa —o valor total já quitado a ela soma R$ 84,6 milhões. Apesar do volume, como revelou a Folha, a empresa é uma caixa-preta e silencia sobre seus contratos e a firma de fachada usadas nas concorrências.

A fonte de recursos dela são contratos com a Codevasf, estatal federal entregue por Bolsonaro ao centrão em troca de apoio político, e as verbas das emendas parlamentares, ampliadas no esquema do toma-lá-dá-cá pelo Congresso no atual governo.

Registros de agendas oficiais da Codevasf mostram 19 encontros de representantes da Engefort com dirigentes da estatal. Em 28 de janeiro de 2022, o então ministro Rogério Marinho (PL-RN) estava de férias, mas se encontrou com o presidente da Codevasf, Marcelo Moreira, e com Fernando Teles Antunes Neto, gerente comercial da Engefort. Moreira ainda recebeu, em 22 de setembro de 2021, o senador Davi Alcolumbre e Antunes Neto.

REGISTROS SUMIRAM – Os registros do tema das conversas, da lista de presença e dos documentos de agendamento das reuniões não existem, segundo informou a Codevasf após questionamento da Folha via Lei de Acesso à Informação.

Pelo mesmo canal, o ministério afirmou que Marinho, de férias, esteve em Brasília após ser convocado para uma reunião com Ciro Nogueira (Casa Civil). “Momentos antes da audiência no Palácio do Planalto, recebeu representantes da empresa Engefort, vencedora da licitação de obras nos Estados de Amapá-AP, Bahia-BA, Ceará-CE, Minas Gerais-MG, Paraíba-PB, Rio Grande do Norte-RN e Sergipe-SE”, disse o ministério.

“A audiência foi acompanhada pelo presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba — Codevasf, Marcelo Moreira, e contou com a participação de Fernando Teles, Diretor da Engefort, e de Eduardo Almeira, Gestor Técnico da Engefort”, afirmou ainda a pasta.

FORA DA AGENDA – O encontro não foi divulgado na agenda do ministro. O MDR disse que a página na internet que mostra o compromisso de Marinho já estava programada para informar apenas que ele estava de férias.

Em nota enviada após a publicação desta reportagem, a Codevasf disse que a reunião com Rogério Marinho “serviu para orientação de que houvesse observância de prazos contratuais na execução de obras”.

Cerca de dois meses depois da reunião com o presidente da Codevasf e Alcolumbre, em dezembro de 2021, a Engefort teve a companhia de uma empresa que a Folha descobriu ser de fachada em uma licitação para pavimentação da Codevasf no Amapá.

LICITAÇÃO FRAUDADA – A Folha questionou na semana passada e nesta segunda-feira (11) a assessoria de Alcolumbre sobre o tema da reunião com a Engefort, mas não recebeu resposta.

Nessa concorrência, realizada na forma de pregão eletrônico, as duas únicas empresas participantes foram a Engefort e a Del Construtora Ltda., que está registrada em nome de um dos irmãos dos sócios da líder Engefort. Esse pregão levou à assinatura de um contrato no valor de R$ 62,5 milhões para pavimentação no Amapá.

Na documentação apresentada pela Engefort para a disputa, constam como sócios da empresa Carlos Eduardo Del Castilho e Carla Cristiane Del Castilho.

TUDO EM FAMÍLIA – Segundo a ata do pregão, a Del chegou a enviar um link para acesso à sua documentação, porém a pasta estava vazia. Se a firma tivesse apresentado os papéis, teria sido possível verificar que o sócio administrador da Del é Antonio Carlos Del Castilho Júnior, irmão dos sócios da Engefort.

A falta da documentação levou a Del a ser desclassificada, e a Engefort ganhou o contrato também praticamente pelo valor cheio.

Em 2020 o presidente Bolsonaro fez um aceno justamente a Marinho e Alcolumbre e sancionou o projeto de lei que amplia a área de atuação da Codevasf, políticos contemplados pela mudança.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Muito importante a matéria enviada por José Antonio Perez. É mais um escândalo de corrupção do governo, já envolvido em outros casos, como: licitações facilitadas nas emendas secretas, pois a Codevasf recebeu R$ 3 bilhões em emendas e não consegue provar valor de obras; favorecimento ao partido PP com verbas do Fundo da Educadão; atuação livre de pastores que o então ministro da dizia priorizar a pedido de Bolsonaro; destinação de R$ 26 milhões em kit robótica para escolas sem água e computador; denúncia de corrupção na compra superfaturada da vacina Covaxin, que foi abortada por denúncia etc. E por aí vamos num governo que diz ter vencido a corrupção, mas interfere na Polícia Federal, na Abin e na Receita para proteger a família e os amigos. Ah, Brasil… (C.N.)

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