Rosana Hessel
Correio Braziliense
Ao contrário das promessas do ministro da Economia, Paulo Guedes, de arrecadar R$ 1 trilhão com a venda das estatais federais, o governo Jair Bolsonaro (PL) inicia o quarto ano de mandato sem conseguir vender uma única grande empresa pública e, para piorar, cria uma nova estatal federal.
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), foi ativada, nesta terça-feira (4/1), em Brasília, a Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional S.A. (ENBPar).
PARA PRIVATIZAR – O mais incrível é que a nova estatal foi criada para viabilizar a privatização da Eletrobras, cujo processo de privatização vem se arrastando desde o governo Michel Temer (MDB).
“A ENBPar vai assumir as atividades da Eletrobras que não podem ser privatizadas, como as empresas Itaipu Binacional e Eletronuclear (Usinas Angra 1, 2 e 3) e a gestão de políticas públicas”, de acordo com nota do Ministério de Minas e Energia.
“As políticas públicas que ficarão a cargo da ENBPar são a universalização de energia elétrica (Luz Para Todos), Mais Luz para a Amazônia, contratos do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfra) e ações do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel)”, destacou o comunicado.
DUAS PROMESSAS – Depois da frustração do programa de privatizações, a venda da Eletrobras e dos Correios foram as duas únicas promessas do ministro Paulo Guedes para serem realizadas em 2022.
A nova estatal também será responsável por bens da União sob administração da Eletrobras e pelos contratos do Fundo Reserva Global de Reversão (RGR), assinados antes de 17 de novembro de 2016, que estavam sob a administração da Eletrobras.
A lei 14.182/2021, que dispõe sobre a desestatização da Eletrobras, autorizou a União a criar a empresa pública, que não será dependente do Tesouro Nacional. As principais receitas da companhia serão as geradoras Itaipu e Eletronuclear. A sede da nova empresa será em Brasília, como prevê o Decreto 10.791 de 10/09/2021, que criou a nova estatal. Por enquanto, não foram informados os números de funcionários e de diretores que devem compor a nova estatal.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Esse pessoal não se emenda. É uma Piada do Ano atrás da outra. Essa anedota de criar uma estatal para poder privatizar a Eletrobras, sem a menor dúvida, é uma piada da melhor qualidade. E a gente fica cada vez com mais saudades de Itamar Franco. Ele era governador de Minas quando pela primeira vez tentaram privatizar a Eletrobrás. Itamar acabou com a brincadeira ao ameaçar dar ordem ao efetivo da PM de Minas para defender as hidrelétricas do sistema Furnas. Vejam como Itamar faz falta no Brasil de hoje. Será que o governador Romeu Zema teria essa coragem? E que país é esse, Francelino Pereira? (C.N.)