Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro enxergaram no ataque especulativo contra a ministra-chefe da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, um pretexto para o início de uma debandada de deputados do Centrão no Nordeste.
Por Gerson Camarotti
Essa semana, o líder do Republicanos, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), da Paraíba, pediu a cabeça de Arruda com o argumento de que a ministra não cumpriu acordos feitos para liberação de verbas por meio de emendas.
No Planalto é ressaltado que nunca se liberou tanto dinheiro para parlamentares como agora, principalmente, com as emendas de relator. Este ano foram empenhados R$ 15,256 bilhões dos R$ 16,865 previstos no Orçamento de 2021 para este tipo de verba.
"Motta até tem razão de cobrar acordo, mas não pode ser insaciável. Tudo tem limite", argumentou ao blog um auxiliar palaciano.
O movimento é visto com preocupação por aliados do Bolsonaro. A avaliação é que deputados do Centrão estão com dificuldade de subir no palanque pela reeleição do presidente, especialmente no Nordeste, por causa da rejeição elevada.
A avaliação no Planalto é que ao atacar Flávia Arruda diretamente, o deputado Hugo Motta mira o presidente Jair Bolsonaro e com isso tenta se afastar do governo. Tanto, que o próprio Bolsonaro saiu em defesa da ministra palaciana em entrevista em São Paulo.
“A indicação da Flávia Arruda foi minha. Por que eu a indiquei? Não é por ser mulher, por nada. É pela competência dela. Agora, onde a Flávia Arruda está errando? Desconheço. Se por ventura estiver errando, como acontece, né, eu chamo e converso com ela. Ela não será demitida jamais pela imprensa”, afirmou Bolsonaro nesta quarta-feira (5).
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também saiu em defesa de Arruda.
Para o Planalto, outros parlamentares do Centrão também estão em busca de uma desculpa para abandonar o barco de Bolsonaro.
O movimento de debandada foi deflagrado pelo ex-líder do governo, o senador Fernando Bezerra Coelho no final do ano passado, depois que não recebeu apoio do Planalto para disputar uma vaga de ministro do Tribunal de Contas da União.
Para aliados de Bolsonaro, a derrota de Bezerra Coelho na disputa pela vaga foi apenas um pretexto para deixar o governo. Isso porque o filho do senador que é prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, se prepara para disputar o governo de Pernambuco. E, por isso, não pode ficar associado a imagem de Bolsonaro.
G1