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terça-feira, julho 06, 2021

No desastre chamado Bolsonaro, renda do trabalho cai e reduz o poder de consumo

Publicado em 6 de julho de 2021 por Tribuna da Internet

Charge do Ivan Cabral (ivancabral.com)

Pedro do Coutto

Além das repetidas atitudes e atos negativos do governo Bolsonaro, um estudo revela dramaticamente a queda do poder aquisitivo da população, especialmente das classes D e E, os mais pobres. Reportagem de Eliane Oliveira, Cássia Almeida, Gabriel Shinohara e Alex Braga, O Globo, desta segunda-feira, mostra que, mais uma vez, a renda do trabalho no Brasil se retraiu, comprimindo a capacidade de consumo, especialmente das classes de menor remuneração que representam 54,7% da força de trabalho brasileira.

O levantamento é da Tendências Consultoria e, a meu ver, reflete também o resultado decorrente do congelamento salarial e da subida de preços, criando um impasse efetivamente impossível de ser superado. A solução somente seria factível se os salários empatassem com a inflação do IBGE e da Fundação Getulio Vargas. Como isso não aconteceu,a força de trabalho do país perde cada vez por maior distância a corrida contra os preços.

RETRAÇÃO – O estudo considera gastos essenciais com alimentação, habitação, transporte, saúde, educação e comunicação. Por esse motivo, principalmente pelo maior peso do gasto com alimentação para os mais pobres, estima-se que a renda disponível, o dinheiro que sobra após as despesas básicas, encolheu entre os que ganham menos. Nas classes D e E, a queda este ano será de 17,7%.

Quanto mais baixa for a renda, maior é o peso algébrico da alimentação, pois se trata de uma questão de sobrevivência. Os segmentos de renda mais alta sofrem um impacto menor pelo aumento dos alimentos pois possuem tanto despesas essenciais, quanto aquelas que não têm o mesmo caráter.

O consumidor geral pode praticar os preços mínimos, mas para isso terá que percorrer no mínimo três supermercados por dia, o que é muito pouco provável. Como se constata, o desastre da atual administração é maior do que aquele que se poderia pensar.

VOCAÇÃO – O presidente da República tem uma vocação ao erro irreversível. Tanto é assim que, segundo ele próprio, não tinha conhecimento do tamanho da ofensiva de corrupção na área do Ministério da Saúde. Empresas produtoras de vacinas que não tinham necessidade de intermediários passaram a ser estranhamente representadas por pessoas sem conhecimento suficiente do tema, como assinalou o senador Tasso Jereissati, e portadoras de propostas mirabolantes, como as feitas e recebidas por Luiz Paulo Dominguetti.

Esta semana, a partir de hoje, terça-feira, será inevitavelmente bastante tensa e igualmente densa, uma vez que o senador Omar Aziz, presidente da CPI, convocará depoimentos específicos de envolvidos na trama e até mesmo promoverá acareações. O quadro crítico cada vez mais se expande e se aprofunda deixando perplexa a opinião pública brasileira.

DESMATAR, MATAR E ROUBAR  –  Muito bom o artigo de Fernando Gabeira na edição de ontem de O Globo sobre três verbos: desmatar, matar e roubar. O desmatamento ganhou a dimensão de um escândalo praticamente igual ao da investida por comissões baseadas na venda de vacinas e em pagamentos muito acima do valor de mercado com a participação até do ex-diretor de insumos do Ministério da Saúde.

Mas chama a atenção um fato altamente negativo. O roubo, de uns tempos para cá, transformou-se numa rotina envolvendo administrações públicas  e privadas. Sim, porque a corrupção se desenvolve no  campo sinuoso em que se articulam empresas e administradores públicos.

INVERSÃO – Chegou-se ao ponto de se pensar que ser honesto é algo negativo para investidura em cargos de maior responsabilidade. Pode estar até acontecendo o seguinte, alguém se dirige a quem tenha a caneta e diz ironicamente: “Você vai nomear esse sujeito, fulano ? Ele é honesto, atrapalhará tudo”. O que era exceção, a partir do governo Fernando Collor, transformou-se em fato constante.

Gabeira ilumina o caminho no qual o verbo roubar ganha uma incrível transparência. Infelizmente, está sendo assim e com isso aumenta a pressão sobre opinião pública cuja única saída é esperar pelas urnas de 2022.

TAXAÇÃO DE DIVIDENDOS – Na edição de domingo, Adriana Fernandes, do Estado de São Paulo, publicou reportagem assinalando que, com a taxação de dividendos, projeto do ministro Paulo Guedes, a administração Bolsonaro pretende arrecadar mais de R$ 54 bilhões no Imposto de Renda. A investida contra os dividendos também se volta sobre os lucros das empresas, inclusive de pequenas e médias.

Com base em estudo feito pelo economista Sérgio Gobetti, solicitado pelo Estadão, a taxação de dividendos atingirá 20 mil pessoas físicas, com renda média anual de R$15 milhões e patrimônio proporcional a tal rendimento. Essas 20 mil pessoas, entre 3,6 milhões de contribuintes de renda acentuadamente alta, vão proporcionar a arrecadação adicional que o governo projeta. Entretanto, acredito ser muito difícil que os dividendos venham a ser tributados, principalmente porque o imposto já incidiu sobre o balanço das empresas, notadamente os bancos.

Seria um caso assim de bitributação. Além do mais, os detentores de grandes riquezas, assim considerados na reportagem, reagirão e possivelmente o Congresso Nacional não aprovará o projeto. Mais uma produção do ministro Paulo Guedes que já chegou ao ponto de sugerir a distribuição de sobras de restaurantes para combater a fome no país.

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