Pedro do Coutto
Os senadores do bloco do governo, presentes na sessão de ontem na CPI da Pandemia, mobilizaram-se e partiram para o ataque contra o denunciante Luiz Paulo Dominguetti, buscando desacreditar o seu relato e levantando uma série de fatos negativos sobre o integrante da Polícia Militar de Minas Gerais.
Foi colocada a questão sobre quais motivos ele não formalizou a denúncia à PMMG e deixou para revelá-la na entrevista de terça-feira desta semana na Folha de São Paulo. A ofensiva do governo, sem dúvida, abalou a presença de Dominguetti na CPI, mas não o conteúdo da proposta, segundo ele apresentada pelo então diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, na base de US$ 1 de propina para cada dose de vacina negociada
COMISSÃO – O preço da unidade estava em US$ 15, muito superior ao dos demais laboratórios fabricantes. A proposta foi considerada como um exagero na medida em que prometia um fornecimento de 400 milhões de doses da Astrazeneca para o Ministério da Saúde. A comissão seria assim, de acordo com Luiz Paulo Dominguetti, de US$ 400 milhões.
Despertou perplexidade toda a negociação e os seus aspectos. A acusação contra Ferreira Dias permaneceu na atmosfera de Brasília porque em momento algum os apoiadores do governo Bolsonaro contestaram o conteúdo da denúncia do intermediário Dominguetti. Assim, a crise permanece.
Senadores governistas chegaram a pedir a prisão de Dominguetti, mas o presidente da CPI, senador Omar Aziz, não acolheu a proposta. Promoverá na próxima semana uma acareação entre os personagens citados no relato de ontem.
PRODUTO INTERNO BRUTO – Eis aí uma questão a ser explicada pelo IBGE e pela Fundação Getúlio Vargas. Como pode haver perspectiva de crescimento do Produto Interno Bruto este ano na escala de 3% a 4%, se a taxa de desemprego ficou em 14,7% no trimestre encerrado em abril, de acordo com reportagem de Carolina Nalin e Alex Braga, O Globo ?
São milhares de brasileiros e brasileiras lutando sem conseguir retornar ao mercado de trabalho. Fica evidente que os que conseguirem se empregar encontrarão salários muito menores do que a média que encontrariam se a situação entre demanda e oferta fosse de equilíbrio. Além disso, os repórteres, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua) do IBGE, revelaram que a mão-de-obra desperdiçada no Brasil chega a 33,2 milhões de pessoas, uma elevação de 2,7% no último trimestre.
Não faz sentido, na minha opinião, projetar um crescimento do PIB numa escala muito superior à taxa demográfica se o desemprego continua subindo e sufocando grandes parcelas da população. O IBGE e a FGV fariam um trabalho bastante útil à sociedade analisando o processo que coloca em posições antagônicas a previsão de crescimento do PIB e o número de desempregados no Brasil.