Fransciny Alves
O Tempo
O deputado federal mineiro Aécio Neves (PSDB) pode deixar os bastidores para assumir a presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. Ele negociou diretamente com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), mas o PSL tem reivindicado o colegiado, que antes estava nas mãos de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Os líderes de bancada se reuniram, na tarde desta quinta-feira (4), para definir as presidências das 25 comissões permanentes do Legislativo, mas não chegaram a um acordo. Tradicionalmente elas são distribuídas por critério de proporcionalidade: partidos e blocos com maior número de parlamentares na Casa conseguem ficar com o comando de mais colegiados.
“ÓBICES” – Aos jornalistas, Lira disse que o único compromisso que fez durante a campanha para o comando do Legislativo foi em relação à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Antes da reunião começar, ele foi questionado se as “óbices” para chegar a um acordo se tratava das Relações Exteriores, mas ele negou.
“Não há imbróglio nenhum. Só não houve acordo nas pedidas e demos um tempo a mais para que os líderes se entendam. Se não se entenderem, será feita na ordem de prioridade de proporcionalidade, sem nenhum estresse”, disse Lira ao sair da reunião.
Com essa indefinição, uma nova reunião vai ser feita na próxima terça-feira, dia 9. E se os líderes decidirem que o colegiado deve permanecer com o PSL, o indicado deve ser o deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP).
PRESTÍGIO – No comando da comissão, Aécio pode voltar a ter prestígio público. Isso porque ele teria diálogo direto com o Ministério das Relações Exteriores e com embaixadas de outros países. O mineiro havia permanecido nos bastidores desde 2017, quando se envolveu no escândalo da mala de dinheiro de propina do Grupo J&F, do empresário Joesley Batista.
A polêmica resultou em desgaste político, fazendo com que ele passasse de segundo colocado nas eleições presidenciais de 2014 a deputado federal. Ao perceber que não teria chances de reeleger senador no pleito de 2018, ele optou por disputar uma cadeira na Câmara Federal.
ARTICULAÇÃO – Desde então, o tucano vem se articulando nos bastidores. E, se antes a ala bancada do PSDB na Câmara ligada ao governador de São Paulo, João Doria, tinha mais força, agora está nas mãos de Aécio. Uma das maiores provas é que o aliado dele, Rodrigo de Castro (MG), é o líder do partido na Casa.
Os tucanos apoiaram formalmente Baleia Rossi (MDB-SP), candidato de Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara, mas o ex-senador atuou nos corredores da Casa para ajudar a eleger Lira, e a expectativa é de que ele leve melhor nessa queda de braço de um cargo importante da Câmara.