Bela Megale
O Globo
Criticado até mesmo por aliados, após comprar uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) passou a fazer uma pergunta quando fala sobre o assunto com interlocutores: “Você também acha que eu errei?”.
O questionamento, por enquanto, é só retórica. O próprio senador costuma emendar na pergunta sua defesa, falando que é perseguido e que a família vinha sofrendo com a “falta de privacidade” por causa do escândalo das rachadinhas.
O filho 01 de Bolsonaro, no entanto, não entra no mérito de como pagará as parcelas, que chegam quase ao valor total de seu salário líquido de R$ 23,9 mil como senador.
PREJUÍZOS A BOLSONARO – Como a coluna informou, no Palácio do Planalto a avaliação da compra da mansão por Flávio é a pior possível. Para auxiliares do presidente, a mansão mina o discurso de austeridade de Bolsonaro e tem maior potencial de estrago que o caso Queiroz.
Um dos pilares da eleição de Jair Bolsonaro foi o enriquecimento dos filhos do ex-presidente Lula. Hoje, a mesma fatura chega para o presidente.
RECURSO NO STJ – A defesa de Flávio Bolsonaro protocolou nesta sexta-feira (5) um agravo regimental junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em que questiona a paralisação do julgamento de recursos apresentados pelo senador no caso Queiroz.
Na peça, os advogados Rodrigo Roca e Luciana Pires argumentam que não existe previsão legal no regimento interno da corte para que o relator do caso, Felix Fischer, determine novas diligências após a análise dos recursos já ter sido iniciada pela Quinta Turma. Eles ainda destacam que outros julgamentos, inclusive no Supremo Tribunal Federal (STF), estão atrasados por causa da medida.
“Isso implica em dizer que provocar-se mais atraso na conclusão do julgamento em questão – qualquer que seja o seu resultado – também significa emperrar-se outras duas instâncias – sendo uma delas o STF – que aguardam, como todo o país, a decisão do STJ para poderem seguir com os seus respectivos expedientes e até outros que guardam relação com o tema deste recurso”, escreveram os advogados.
CASO QUEIROZ – Fischer paralisou o julgamento de dois recursos de Flávio Bolsonaro no início da semana passada ao solicitar informações sobre o andamento do caso Queiroz na justiça do Rio. A defesa de Flávio questiona a medida na tentativa de retomar o julgamento que estava previsto para terça-feira passada.
Um dos recursos retirados da pauta questiona a inclusão no processo da rachadinha do relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que mostrou movimentações atípicas de Fabrício Queiroz. O documento trouxe o senador para o centro das investigações.
O outro recurso pede a anulação de todas as decisões de Flávio Itabaiana, juiz da 27ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio que conduziu o caso Queiroz. Se fossem julgados procedentes, os recursos anulariam toda a investigação contra o senador.