Roberto Nascimento
Essa polarização Bolsonaro versus Lula não está fazendo bem só Brasil. De qualquer maneira, porém, é preciso manter uma dose de otimismo diária, principalmente para aliviar o sofrimento dos jovens, que estão entrando em depressão pela falta de perspectiva no futuro, devido à suspensão das aulas presenciais, em meio ao clima de crise insuflado presidente e seus filhos pelas redes sociais, nas lives e em qualquer entrevista tipo vôlei, nos cercadinhos do Palácio Alvorada, rodeados por seguranças e papagaios de piratas.
A situação da juventude está muito séria e poucos analistas estão se atentando para a gravidade de suas consequências.
GESTÃO DITATORIAL – Quanto à pandemia propriamente dita. a gestão da Saúde comandada pelo próprio Bolsonaro está sendo uma catástrofe. Nenhum ministro teve nem tem autonomia para trabalhar, pois precisa fazer o que o presidente quer. Se não o fizer, ele logo detona, sem a menor preocupação com a continuidade da política governamental.
Todos lembram que Bolsonaro sempre foi contra as vacinas e apostava na chamada “imunidade de rebanho”. Fica patente que o chefe do governo não demonstra solidariedade humana.
O lema “Deus acima de tudo” é uma falácia. Seu comportamento não é de um cristão. Usa-o pensando apenas nos votos dos evangélicos. Seu foco é a perpetuação no Poder, pensa em 2022 e até em mandatos perpétuos. Age como um Imperador.
OLÍMPIO NÃO O TRAIU – É errado dizer que Bolsonaro foi traído pelo major Olímpio, senador recentemente vítima da covid-19. O parlamentar paulista apenas seguiu as pegadas do povo que o elegeu. Todo político deve satisfação aos eleitores, a mais ninguém. Quem traiu o povo foi aquele que não cumpriu as promessas que fez para se eleger.
Uma delas é de que não aceitaria um novo mandato. Estamos esperando sentados, o projeto que extinguiria o segundo mandato para presidente, governadores e prefeitos. Seria favorável ao Pacote Anticrime, do então ministro Sérgio Moro, mas mandou a base aliada rejeitar o projeto.
O pior é que não se deve alimentar esperanças de surgimento de uma terceira via na eleição de 2020. Um artigo do jornalista Eurípedes Alcântara no Globo deste sábado explica bem a situação.
SEM TERCEIRA VIA – ” Não se iluda, se surgir uma nova liderança pregando um mínimo de união. Seja ela quem for, todas as ‘tribos’ (de Bolsonaro e de Lula) repentinamente parariam de brigar para, atipicamente juntas, detratarem essa nova liderança para, na sequência, voltarem a guerrear”.
No final, Eurípedes declara o seu pessimismo com o “triunfo do tribalismo via internet, nos condenando ao “todos contra todos” hobbeseano (Thomas Hobbes) em que, fechados em nossas cidadelas, estaremos nos lixando para o resto.
Vi isso nesse sábado, no Centro da Freguesia/RJ, com pessoas sem máscaras, aglomeradas, fumando e bebendo juntinhas, em lojas, barracas, hortifrutis, na parada dos ônibus, uma festa como se não tivesse o amanhã, sem que houvesse um vírus ameaçador e devastador sobre nossas cabeças, prontos a invadir nossas células.