Camila Mattoso
Folha
O inquérito dos atos antidemocráticos virou palco de atrito entre a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República. O último desentendimento, exposto nos papéis, girou em torno do pedido, revelado pelo Painel, da autoridade policial de busca e apreensão na casa de Fabio Wajngarten, ainda secretário do governo Bolsonaro, e na Secretaria de Comunicação.
A PGR se manifestou contra a medida, e a PF sugeriu falta de coerência do órgão e ausência no ímpeto demonstrado no início da apuração.
AÇÃO SELETIVA – O argumento da PF se refere ao fato de a PGR ter solicitado dias antes buscas contra deputados, ativistas, jornalistas e apoiadores do presidente, mas ter sido contra as ações na Secom e em cima de Wajngarten.
A leitura na polícia é a de que a procuradoria diminuiu o ritmo pela proximidade dos alvos com o Palácio do Planalto.
Agora, a disputa nos bastidores é sobre o relatório entregue pela PF em dezembro com o resumo das diligências. A PGR entende que a delegada não encontrou provas dos crimes investigados. A polícia entende que não avançou sobre uma parte, até por falta de apoio da procuradoria, e que há outros elementos que necessitam de investigação.
DELEGADA QUIS ENCERRAR – Como mostrou a Folha, a procuradoria busca saídas para a investigação dos atos antidemocráticos. O primeiro atrito no inquérito aconteceu em junho do ano passado, logo após ser aberto. Na ocasião, a PF foi contra pedidos de busca solicitados pela PGR contra bolsonaristas.
À época, a delegada do caso alegou “risco desnecessário” à estabilidade das instituições ao pedir ao Supremo a postergação ou até o cancelamento da ação.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Uma matéria meio esquisita. Mostra que a Polícia Federal e a Procuradoria ficam brigando para ver quem atrasa mais as investigações dos atos antidemocráticos, que envolvem o próprio Planalto. Tudo muito estranho. (C.N.)